História Hello Suga - Capítulo Vinte

 

Quando Taehyung foi embora, tranquei a porta e comecei a arrumar nossa bagunça. Ele sabe como melhorar meu humor, e também sabe como me transformar numa dançarina maluca. Tivemos até uma competição pra saber quem dançava melhor "Up and Down" do grupo Exid. Mas terminou sem um vencedor, porque decidimos formar uma dupla. 

 

Depois que eu arrumei tudo eu podia simplesmente ir dormir ou pensar mais no porque de Yoongi resolver me ignorar, mas cara, eu tenho vinte anos! Minha noite não pode acabar assim. Não posso acabar numa fossa só porque quem eu gosto me ignorou. Então eu posso ir no mercado e comprar algumas bebidas para me afogar definitivamente. 

 

-Isso! Preciso de álcool! 

 

Troquei de roupa e sai de casa. Jin não ficaria orgulhoso dessa minha atitude maaaas... Seok Jin pode me perdoar dessa vez. E eu não fazer nada de mais. 

 

-É...só são duas ou três garrafas... 

 

Entrei no mercado e depois de olhar para a cara gorda do homem do caixa, eu sai do local. Bem...essas coisas não funcionam assim. Eu não preciso fazer isso e depois voltar pra casa como uma perdedora. Eu conhecia um bar perfeito, e eu não faria nada de errado. Aigo, porque eu tenho que me preocupar com isso? 

 

Andei e andei até ver o letreiro do Club Mass, fazia tempo que eu não vinha aqui, entrei e como  não tinha muita gente, fui direto pro balcão. Eu não ficava bêbada facilmente, mas hoje eu queria sair no mínimo tonta. E o objetivo é claro. Esquecer aquele anêmico. 

 

-O que vai querer? -O Barman perguntou e pensei um pouco. 

 

-Soju. -Respondi. 

 

As pessoas que estavam no balcão e até o próprio barman, riram da minha cara. Qual é? Eu tinha perdido mesmo o jeito. Olhei para todas aquelas garrafas e fiz outra escolha. 

 

-Me traga uma dose de vodca. 

 

-Ok. 

 

 

~ 

 

 

Eu já estava ficando tonta, as coisas estavam começando a ficar turvas, e eu precisava voltar pra casa. Tomei de uma vez a dose de tequila e peguei o dinheiro que eu tinha na bolsa e coloquei em cima do balcão. Tentei avistar a saída mas eu não sabia de onde tinha saído tanta gente. Tentei achar um caminho no meio de toda aquela gente e acabei esbarrando em alguém. 

 

Era um homem. Eu tinha certeza já que com o impacto minhas mãos foram parar no tronco dele. Visualizei a jaqueta escura mas virei e tentei andar na direção da porta. Me desequilibrei e mãos fortes me seguraram. Quando olhei para ele minha cabeça doeu. Ele parecia tanto com o Suga... 

 

-Aigooo... - Coloquei as mãos na cabeça. Porque tudo tem que me lembrar ele? 

 

A iluminação não estava boa, eu estava praticamente bêbada, e mãos fortes ainda me sustentavam. Quer saber, eu posso ter meu próprio "Yoongi". Puxei o cara pelo colarinho e o empurrei ate a parede mais próxima. 

 

-Vo... 

 

O interrompi com um beijo. Mas ele me segurou e me afastou. 

 

-Você esta louca garota?! 

 

-Eu não preciso saber seu nome...-Eu disse de olhos fechados. -Só continue com o beijo. 

 

Esperei ele me afastar, mas para a minha surpresa ele me virou e senti a parede fria em contato com a minha pele. Ele tomou meus lábios e deu inicio a um beijo intenso. Precisei de ar e senti a mão dele segurando meu cabelo. Ele deu um leve puxão pra trás, e começou a descer os beijos nada santos pelo meu pescoço. Eu sei que não deveria, mas estava adorando aquilo. As mãos dele desceram para a minha cintura e eu me arrepiei por inteiro. Voltei a beija-lo como eu queria e ele me apertou mais contra a parede. É...isso não vai acabar bem. 

 

-D-Desculpa... 

 

Coloquei minha mão no peito dele e o empurrei. E como se nada tivesse acontecido, voltei a andar até a porta, mas parei e olhei trás, ele estava de costas e pude ver os cabelos dele, eram pretos. Passei pela porta e senti o frio me atingir. Eu nem tinha olhado direito pro rosto daquele homem. Mas ele não era o Yoongi. A vida não seria tão boa comigo. Eu nem consigo acreditar que fiz mesmo isso. 

  

Cambaleei e chamei um taxi. Eu podia me dar esse luxo, ou chegaria muito tarde em casa. Se bem que...são duas da manhã, e Jin deve está dormindo. Não estou no melhor estado para pedir alguma coisa a Deus, mas...Please God, help me! Meu irmão não pode me ver assim... 

 

Dei o endereço para o motorista e ele foi muito educado perguntando se eu estava bem, para depois me dar um sermão. Enxerguei a minha casa e fui me arrastando até ela. Parei na porta, vizualizei a fechadura e tentei encaixar a chave. Depois de um tempo, consegui isso com dificuldade. Liguei a luz da sala e fui direto pro sofá. 

 

-Onde é que você estava? 

 

Pulei e encarei Jin que estava parado na entrada da cozinha. 

 

-E-Eu... 

 

Ele andou na minha direção e parou na minha frente. Respirou fundo como se estivesse inalando todo o ar daquela sala e me olhou. 

 

-Você estava bebendo. - Ele disse cheio de certeza e eu engoli em seco. 

 

-N-Não Jin... 

 

-Não minta pra mim. 

 

-Você vai brigar se eu disser que sim? - Perguntei. 

 

-Vou. 

 

-Mas eu estou bem... 

 

-Você sabe o quanto eu fiquei preocupado quando não te vi em casa?! Por que você não atendeu?! O que você tem na cabeça pra sair sozinha desse jeito? Você sabe que horas são?! E pior foi encher a cara e sabe Deus o que poderia acontecer! 

 

-Eu to bem ta legal?! - Gritei e me levantei. 

 

-Não! 

 

Encarei meu irmão e eu realmente não estava com saco pra discutir. 

 

-Ok. Vou ir dormir. -Eu disse e ele ficou em silencio provando que ele estava chateado, muito chateado. 

 

Entrei no meu quarto e me joguei na cama. Peguei o celular, olhei o numero de Yoongi e pensei em enviar uma mensagem xingando ate as futuras gerações dele. Mas só consegui encarar aquele numero e pensar em todos os momentos legais em que ele não agiu como um ignorante insensível. É...não consigo segurar essas lagrimas idiotas. Eu sou uma fraca mesmo, fiz de tudo pra não chorar mas... 

 

-Você é um idiota, Min Yoongi... -Disse e joguei o celular longe. -Mas eu gosto de você. 

 

Coloquei as mãos no rosto e tentei me acalmar. Eu não queria pensar nele. Eu o odeio com todas as minhas forças, mas meu coração é o único que não consegue aceitar isso. 

 

-Gosta de quem? 

 

Ai droga. Olhei para Jin e tentei pensar numa desculpa. 

 

-O que ta fazendo aqui? Sai! - Apontei para a porta mas ele não se moveu. 

 

-Responde logo. 

 

-Gosto de mim mesma. - Cruzei os braços. 

 

-Ok, você não quer falar. 

 

-Não. Agora pode ir. 

 

Eu ia acabar chorando de novo e não queria ter que explicar nada ou até mesmo ver ele preocupado comigo. 

 

-Por que resolveu ir beber a essa hora? 

 

-Eu só quis ser normal por um tempo. -Dei com os ombros e ele se aproximou. 

 

-Maninha...você sabe que... 

 

-Eu não posso beber. Sofri um acidente com minha família e quase morri, eu não estava com o cinto e acabei com um corte grave na barriga que atingiu meus rins, eu sei, Jin. Foi culpa minha. 

 

-NÃO FOI CULPA SUA!- Ele gritou e me assustei. 

 

-J-Jin... 

 

-Pare de achar que aquele maldito acidente foi culpa sua! 

 

-Foi eu que comecei aquela briga idiota! -Gritei. 

 

-O carro derrapou, tinha óleo na pista, papai não conseguiu segurar o carro. 

 

-Mas se ele não tivesse se distraído... 

 

Comecei a soluçar e imediatamente o meu choro se tornou real. Jin me abraçou tentando me acalmar. 

 

-Você precisa se desprender disso...precisa abaixar toda essa fortaleza que criou ao seu redor. Ninguém é culpado daquele acidente. 

 

Meu irmão estava certo, e me olhava pedindo para que eu entendesse de uma vez por todas que a culpa não era minha. Mas e se aqueles sonhos voltarem e me fizerem lembrar do último olhar do meu pai ou do grito assustado da minha mãe, e eu simplesmente não conseguir suportar a ideia de ter perdido eles, o que eu vou fazer? Olhei Jin por alguns minutos antes de responder o que ele queria ouvir. 

 

-H-Hum...está bem. Você está certo. -Ele sorriu e eu acabei sorrindo também. 

 

-Então...Como é o nome dele? Digo, de quem você gosta. 

  

Jin perguntou e eu me senti bem em dizer. Mesmo que admitir isso não mude nada. 

 

-Min Yoongi. Aquele bastardo. 

 

-Quer que eu fale com ele? -Ele perguntou e eu arregalei os olhos. 

 

-Lógico que não! Jin, eu tenho 20 anos! 

 

-Continua sendo minha irmãzinha. -Bagunçou meus cabelos e sorriu. -Agora durma, amanhã você vai pra faculdade? 

 

-Você podia me liberar amanhã né... 

 

-Ok. Vou deixar seu café pronto. 

 

-Valeu Jin! 

 

O abracei e ele riu. Depois levantou e já estava saindo do quarto quando eu resolvi finalmente dizer o que ele merecia ouvir. 

 

-Eu te amo, Jin. 

 

Eu vi os olhos dele brilhar mas ele não chorou, apenas assentiu com a cabeça. Ele não precisava dizer que me amava, eu já sabia disso. Estava claro em cada atitude dele. Na paciência que ele tinha, no cuidado que ele mostrava, no quanto ele me amava apesar do que eu era. Demorei a fechar os olhos, mas senti meu corpo relaxar e consegui adormecer. 

 

Quando acordei já passava das onze horas, eu precisava começar a preparar o almoço. Depois que fiz minha higiene matinal, peguei uma maçã e pensei no que fazer. Verifiquei se tinha todos os ingredientes e comecei a fazer o Bulgogue. Peguei o radio rosa do Jin e coloquei meu pendrive. Para a surpresa de qualquer um, a musica clássica encheu o ambiente. Quando estava quase dando doze horas, liguei para o Jin. 

 

-Jin, já está chegando? 

 

-"Já estou no caminho." 

 

-Ok. 

 

-"Estou levando um convidado, espero que tenha arrumado a casa." 

 

-Claro Jin. Xau, estou te esperando. 

 

Bem, se Jin pode convidar alguém, eu também posso. Aproveito que estou com o celular e disco o número do Tae, no segundo toque ele atende. 

 

-Kim Taehyung, é hoje que você vai comer a comida da Noona! 

 

-"Credo, não quero morrer não." 

 

-Mas... 

 

-"To brincando, chego ai em cinco minutos, mona." 

 

-Ooook! 

 

Desliguei o celular e olhei ao redor. É...agora eu só preciso ajeitar nossa "mesa", e talvez varrer a casa, lavar alguns pratos e tirar meus esmaltes de cima do sofá. Ai Deus, não nasci pra isso não.