História Her - Camren - A volta pra casa

Camila POV

Depois de deixar Vancouver e seguir caminho para Miami, eu me vi relembrando cada acontecimento das últimas semanas.

Minha viagem com Dinah havia começado incrivelmente bem e eu mataria a saudade do meu namorado que morava em outro país. Nós encontramos Shawn no nosso primeiro dia no Canadá, mas ele teve que viajar para resolver algum problema familiar. Não me incomodei porque estava com minha melhor amiga.

No segundo dia nos encontramos com Normani, uma amiga de internet nossa. Ela foi extremamente linda e carinhosa com a gente. Disse alguns pontos da cidade para a gente conhecer enquanto meu namorado estava fora. Foi exatamente o que Dinah e eu fizemos.

Havia tanta coisa para se conhecer em Vancouver. Eu poderia a colocar na minha lista de lugares favoritos no mundo.

Três dias depois, Normani nos convidou para uma festa de um amigo dela e acabou que Dinah também conhecia alguns garotos que estariam na festa. Não me perguntem o tamanho da lista de contatos da Dinah.

A festa foi boa, até eu terminar na cama com uma garota que eu nem ao menos lembrei o nome no dia seguinte. Meu namorado estava fora e eu havia sido hipnotizada pelos olhos esmeraldas na minha frente. Não resisti ao seu primeiro toque e me afoguei no calor do seu corpo.

Acontece que essa garota era a melhor amiga da Normani e nos encontramos no dia seguinte, logo no dia em que Shawn voltou. Pensei que o furacão fosse começar ali, mas não. Incrivelmente os dois se aproximaram e saíram juntos. Eu tive que confiar nela que prometeu não contar o que havíamos feito na festa. Eu tentei culpar a bebida, mas eu não tinha bebido mais do que uma garrafa de cerveja. Fiz porque fiquei tão perdida e atraída por ela, que meu corpo não soube recuar quando suas mãos tocavam partes de mim que apenas meu namorado podia.

Fui idiota em confiar nela. Lauren não é de confiança. Ela teve que abrir a boca e estragar tudo. Fazendo com que o furacão virasse meu namorado, ou que meu namorado virasse um furacão.

Shawn gritou, jogou coisas na parede, me xingou de todos os nomes e por fim, eu estava quase o implorando para que não terminasse comigo. Eu sabia que tinha errado, mas ele também beijou outras bocas.

Acabei sozinha chorando ainda mais no caminho de volta pro hotel. Eu queria socar o rosto lindo daquela garota e se eu pudesse voltar no tempo, eu realmente não faria o que tinha feito. Eu a manteria longe.

Tão vadia quanto eu. Ela ainda negou o que fez. Minha viagem estava acabada. Eu queria ir pra casa e me afundar em minha cama até que a dor de ter terminado com Shawn desaparecesse. Eu queria ficar sozinha no meu quarto.

Dinah dormiu e eu saí as 5 da manhã em direção ao aeroporto. Eu não iria dizer nada pra ela sobre ir embora ou ela iria tentar me impedir e eu não queria ter Dinah gritando comigo também. Apenas voltei pra casa.

O vôo está quase no fim. Estamos chegando em Miami e as lágrimas já se acumulam nos meus olhos mais uma vez. Fazer besteiras durante viagens é o que eu faço de melhor. Acabei com o meu relacionamento de 2 anos, deixei Dinah enlouquecendo, provavelmente e eu tinha uma pessoa em mente a qual eu queria poder fazer com que ela não existisse mais.

- Olá. Tem alguém aqui? – Gritei pela casa assim que entrei e tudo estava em silêncio.

Procurei meus pais e minha irmã mais nova pela casa toda e eles não estavam lá. Simplesmente corri para o meu quarto, tomei um banho enquanto deixava mais lágrimas caírem e acabei dormindo de toalha na cama.

- Camila? – Ouvi a voz da minha mãe próxima e alguém sentou ao meu lado na cama. – Quando você chegou? Está tudo bem?

Eu murmurei algo, mas foi claro que ela não entendeu. Mama riu e me deixou um beijo na testa.

- Volte a dormir. Quando o jantar ficar pronto, a Sofi vem te chamar. – Disse quase em um sussurro e me beijou novamente fazendo um carinho suave no meu rosto.

Eu queria ter levantado quando ouvi o nome da minha irmã, mas estava tão desanimada e quase tudo em mim doía.

Dinah me acordou quando me ligou e perguntou como eu estava e se já tinha chagado em casa. Eu tinha a melhor amiga do mundo e continuei sendo uma vadia, como Shawn me chamou, por ter deixado ela tão desesperada quando eu fui embora sem avisar. Havia estragado nossa viagem.

Nós conversamos por alguns minutos até que Sofia bateu na porta do quarto e a abriu lentamente espiando com seus olhos pequenos para me encontrar ainda na cama. Eu abri meu melhor sorriso assim que nossos olhos se encontraram.

Sofia correu até a cama e se jogou para cima de mim. Eu ainda estava só de toalha, então me enrolei mais debaixo do cobertor. Depois de encher minha pequena irmã de beijos, abraços e muito carinho, ela me chamou para o jantar e eu não levei mais de 5 minutos para colocar qualquer roupa no corpo e encontrar minha família. Era bom estar em casa.

- Pensei que só fosse voltar em duas semanas, hija. – Papa disse e eu tentei forçar um sorriso para fingir estar bem. – O que a fez voltar mais cedo?

- Eu estava morrendo de saudades. Não iria conseguir ficar os dois meses fora. – Olhei para minha irmã e um sorriso verdadeiro me tomou o rosto. Tão pequena, tão linda, tão criança, tão inocente. Muito diferente de mim.

- A Dinah voltou pra casa também? – Mama perguntou enquanto servia comida para Sofia.

- Ela vai ficar mais alguns dias em Vancouver e depois volta. Vai passar aqui antes de voltar pra casa. – Dei de ombros com a resposta e por fim servi meu próprio prato. Eu não sentia fome, mas sabia que tentar me livrar do jantar iria criar uma situação ruim, então comi como se realmente precisasse.

Após o jantar, levei Sofia e Harley, nosso cão, para uma volta no quarteirão. Ela estava contando sobre tudo o que lhe aconteceu nas semanas que eu estive fora. Falou sobre suas notas altas na escola, sobre um garoto novo na sua turma, seu desempenho no piano e finalmente sobre a nova família que havia se mudado para a casa ao lado.

Eu não liguei muito para o fato de finalmente termos novos vizinhos. Dois anos atrás, a família que morava na casa foi presa por tráfico de drogas. Eles praticamente forneciam drogas para quase toda a cidade e nem ao menos nos passou pela cabeça que eles fossem realmente criminosos. Meus pais ficaram horrorizados e até quiseram se mudar, mas Sofia e eu havíamos crescido ali e eu não perderia os amigos da escola. Dois anos e finalmente uma nova família para a casa vazia.

Dinah e eu costumávamos invadir o segundo andar e cantar alto ou fazer besteiras. Bebemos uma vez e usamos coisas que não deveríamos. Não acho que nasci pra drogas.

Eu não tive uma boa noite de sono. Primeiro porque minha mente estava muito ocupada com tudo o que havia acontecido. Segundo porque eu estava me sentindo mal por ter acabado com minha viagem com minha melhor amiga e finalmente por último, porque os vizinhos do lado ainda estavam desencaixotando suas coisas e havia barulho no quarto em frente ao meu. Eu não senti saudades de ter vizinhos.

Lauren POV

Adormeci durante praticamente todo o vôo para Seattle. Felizmente Ally, minha amiga da Universidade, me encontrou no aeroporto e me deu carona até o campus. Eu pegaria algumas coisas e documentos do final do curso.

Ally sempre foi muito prestativa e costumava estar sempre ali por mim, o que eu agradeceria eternamente. Ela ajudou muito nos meus momentos de crises de ansiedade ou quando eu caía na cama chorando por saudade da minha família em Miami. Ela também estava longe de casa, então entendia muito bem o que eu sentia.

Eu iria acabar me afastando das minhas amigas de agora e retornando para os amigos que eu tinha me esperando em Miami. A saudade agora seria invertida. Lucy não deixou de ligar na minha última noite em Seattle. Estávamos morrendo de saudades uma da outra e eu a queria ver o mais rápido possível para desabafar sobre minha viagem a Vancouver. Não comentei muita coisa com a Ally, porque sabia que mesmo que fôssemos boas amigas, ainda não sentia que tínhamos tanta intimidade.

Haviam passado apenas 2 dias em Seattle para finalmente voltar para casa de verdade. Ally mandaria algumas outras coisas que eu não havia pego.

Estava esperando pelo meu pai para me buscar no aeroporto, mas em vez disso, Lucy apareceu e eu quase desmanchei em lágrimas. Nós estávamos tão diferentes. Lucy apenas ficou mais e mais bonita com o passar dos anos e nosso abraço valeu para minimizar a saudade monstra que sentíamos desde que eu havia mudado para a Seattle.

- Meu Deus, finalmente voltou. Nós estamos morrendo de saudades. – Lucy disse ainda durante nosso abraço.

- Sim, eu voltei. Finalmente! A Vero veio com você? – Perguntei animada e ela deu de ombros não me respondendo. Sua expressão mudou. Ela ficou séria tentando forçar um sorriso. Eu a conhecia muito bem para saber que não era real. Ela respirou fundo, sorriu de novo e pegou minha mala, seguindo em direção a saída do aeroporto. – Está tudo bem?

- Claro. – Lucy estava estranha e eu não conseguia imaginar exatamente o motivo para sua estranheza.

Ela não queria comentar nada durante o caminho pra casa, mas acabou cedendo e falou que ela e Veronica tinham se distanciado porque aparentemente, Vero não era a mesma pessoa que eu havia deixado quando fui embora.

- Tem certeza que essa é realmente a Vero? – Eu tentei rir, mas Lucy ainda estava séria. - Bem, eu acho que vou ter que conversar sério com ela.

- Ela não vai mudar, Lo. Não espere algo bom vindo dela. Estou te avisando. E falando nela, ela se mudou com a família para outro bairro. – Estacionou o carro em frente a minha casa e me ajudou novamente com as malas. – Seus pais estão na festa de formatura do Chris. Se quiser eu posso te levar pra lá. Ainda da tempo de pegar ele recebendo o diploma.

- Meu Deus! O Chris está se formando!! – Disse um pouco nervosa. Quanto tempo eu passei fora mesmo? – Obrigada, Lucy. Eu vou aceitar mais uma rodada da carona.

Nós ficamos presas em um engarrafamento enorme e tudo o que eu esperava, era não chegar depois do fim da festa e felizmente, quando entrei no salão da escola, Chris foi o próximo aluno a ser chamado.

- Bem na hora. – Lucy riu e nós aplaudimos enquanto meu irmão subia para receber seu diploma de conclusão do ensino médio. Me senti velha demais por um instante. – Ele está lindo.

- Sim e bem mais alto do que da última vez. Parece um homem. – Lucy me abraçou de lado e continuou sorrindo enquanto eu me sentia extremamente orgulhosa pelo meu irmão. - Lucy, não me deixe chorar.

- Lauren emotiva está de volta ao lar. – Gargalhou baixo e eu a empurrei levemente. Logo voltamos a aplaudir enquanto Chris se posicionava ao lado dos colegas de turma em cima do palco.

Não foi difícil achar meus pais. Papai estava se desmanchando em um choro orgulhoso pelo filho e chorou mais ainda assim que eu os encontrei. Estive com tanta saudade deles. Estar de volta estava sendo bem melhor do que tudo o que eu havia imaginado. Estar finalmente nos braços dos meus pais, me fez sentir mais feliz do que nunca.

Taylor estava mais linda do que nunca. Minha irmã mais nova não desgrudou de mim um minuto sequer durante o resto da formatura do Chris. Eu senti tanta saudade deles.

Acabamos o dia festejando em um dos meus restaurantes favoritos de Miami e um dos mais caros também. Estávamos felizes por Chris e por eu finalmente estar de volta em casa. Um dos vinhos mais caros da casa para comemorar a formatura do meu irmão, minha volta pra casa e o meu novo emprego. É claro que comemoramos minha própria formatura ali também. Eles não puderam ir para Seattle para me ver receber o diploma da Universidade, mas senti o orgulho dos meus pais em seus olhos enquanto eu contava como tudo foi maravilhoso.

Nós todos estávamos externamente felizes, mas algo dentro de mim dizia que essa felicidade seria um tanto que passageira. Principalmente pra mim.