História Her - Camren - A festa (Parte I)

Lauren POV

Era Outubro quando finalmente desembarquei no aeroporto de Vancouver. Depois de alguns minutos ainda no aeroporto, o deixei buscando por um taxi logo em seguida. O clima era agradável, a cidade extremamente deslumbrante e eu mal podia esperar para finalmente encontra-la.

O taxista me foi exatamente simpático e me deu algumas instruções sobre o que fazer durante minha estadia na cidade, mas eu não estava preocupada com isso. Eu teria alguém para me guiar aos melhores lugares e eu não podia negar estar ansiosa por isso desde o inicio do ano.

- É aqui? - O homem perguntou no banco do motorista e eu olhei para a casa de dois andares ao qual o taxi estacionava em frente.

- Bem, acho que sim. É o número que me deram. - Eu observei alguns detalhes da fachada da casa. Extremamente canadense, eu pensei. - Obrigada!

- Tenha um bom dia, senhorita. - O homem me ajudou com a mala antes que ele finalmente pudesse seguir seu caminho de volta para perto do aeroporto, onde ele provavelmente iria passar o dia levando e trazendo pessoas à vários lugares da cidade.

Eu respirei fundo antes de subir os 4 degraus da pequena escada que levava a varanda da casa e finalmente apertei o pequeno botão do lado direito. Pude ouvir passos próximos a porta e um outro barulho um pouco mais forte, indicando que algo havia ido de encontro ao chão.

- Eu atendo! - A voz feminina soou do lado de dentro e eu abri um sorriso espontâneo assim que reconheci quem deveria ser. - Lauren!!!! Finalmente você chegou!!

- Mani!! - Fui direto ao encontro de seu abraço e me envolvi forte com os braços ao redor de sua cintura. - Espere, me deixe olhar para você. Meu Deus, como você pode ficar tão mais bonita com o passar do tempo.

- Não venha com esse papo, Lauren. - Ela riu e me deu um beijo rápido na bochecha e novamente nos abraçamos.

Eu havia conhecido Normani no inicio do ano, enquanto eu realizava um trabalho da universidade e assistia palestras as quais seriam de extrema importância para concluir o desenvolvimento do trabalho para a disciplina. Desde que nos esbarramos no fim de uma das palestras, no lado leste da cidade de Seattle, iniciamos uma amizade profunda e sincera. Normani estava apenas há alguns meses em Seattle, enquanto eu conhecia a cidade como se fosse minha própria casa, o que não era exatamente mentira. Ela voltou para Vancouver depois de 3 semanas e eu a prometi visita-la assim que me formasse na universidade e foi exatamente o que eu fiz.

- Vamos lá, entre. Está esfriando aqui fora. - Normani falou enquanto me ajudava com a única mala e mochila que eu havia levado na viagem. Infelizmente eu não passaria muito tempo. - Como foi a viagem?

- Foi tranquila. Consegui ler o fim do livro que eu estava lendo e quase consegui enviar um email, mas a comissária de bordo não foi muito simpática em pedir que eu desligasse o aparelho. - Nós subimos a escada até o andar superior logo após eu cumprimentar seus pais na sala. Ela abriu a porta de um dos quartos empurrando a mala e a deixando próxima a cama. - Esse é meu quarto?

- Sim. Eu deixaria você dormir comigo, mas acho que os Jauregui preferem um pouco de privacidade. - Disse enquanto sorria e eu devolvi o sorriso. Ela me conhecia muito bem.

- Bem, não seria problema dividir uma cama com você e você sabe disso, mas obrigada, acho que consigo relaxar melhor aqui. - Eu disse e Normani me puxou para um abraço forte mais uma vez. - Ainda não acredita que eu cheguei, não é?

- Claro que não. Eu estava com tanta saudade desse rostinho e desses olhinhos verdes, você não faz ideia. - Ela segurou meu rosto com as duas mãos e eu sorri talvez um pouco envergonhada por saber que já havia dado em cima dela algum tempo atrás. - Você está com fome, eu acabei de pedir algo e deve estar chegando. Se quiser, troque de roupa ou tome um banho e quando ouvir a campainha, desça para me fazer companhia. Vou te deixar se organizar por aqui.

- Obrigada, Mani. - Eu disse e ela piscou pra mim já do lado de fora do quarto, então fechou a porta e seus passos ficaram cada vez mais distantes até que eu já não pudesse ouvir.

Eu não iria organizar as roupas fora da mala ou algo do tipo. Preferia tudo como estava, mas eu realmente precisava deitar a cabeça por um momento e talvez tomar um banho para finalmente encontra-la novamente para o almoço.

Durante a noite, Mani me levou para conhecer alguns lugares pela cidade e foi assim durante o resto da semana. Nós acordávamos cedo, saíamos para algum café próximo e então seguíamos para o fim da lista de lugares que eu precisava conhecer enquanto estava lá. Normani se mostrou uma excelente guia e foi tão boa para mim quanto eu fui para ela em Seattle.

- Lo, um amigo meu vai dar uma festa na casa dele. Os pais dele estão fora por alguns dias e você sabe, os jovens são jovens em qualquer lugar do mundo. Eu disse que iria, então... você vai me acompanhar, certo? - Perguntou se jogando na minha cama enquanto eu dobrava algumas roupas e as guardava de volta dentro da mala. Ela havia insistido que eu guardasse tudo no armário, mas como eu havia dito quando cheguei, eu prefiro as coisas arrumadas como estavam.

- É muito longe daqui? - Perguntei não sabendo exatamente o que queria com essa informação, porque realmente pouco me importava onde ele morava.

- Não, fica uns 20 minutos. Você pode dirigir meu carro. - Ela brincava com os cachos no cabelo enquanto encarava o teto parecendo pensativa.

- Por que você mesma não dirige? Eu não conheço muito bem a cidade. - Disse fechando a mala e a empurrando para o canto perto da porta do quarto.

- Porque... eu quero te ver dirigir. - Ela olhou pra mim e abriu um sorriso grande, mostrando todos os dentes perfeitamente brancos e alinhados.

- Como quiser, Senhorita Kordei. - Eu me joguei ao seu lado na cama e então nos duas encaramos o teto.

- Você vai gostar dele. Ele é bem legal e as festas que ele dá, são sempre memoráveis. - Normani concluiu o fim da conversa sobre a festa e horas depois, nos vimos correndo para estar prontas a tempo de ir à tal festa.

Nós havíamos saído no inicio da tarde e visitado um museu e perdido bastante tempo esperando em uma fila pelo melhor sanduiche da cidade, segundo ela. Como havíamos pego um destino mais longe nesse dia, acabamos chegando em cima da hora de sair novamente. Tomamos um banho rápido, cada uma em seu quarto e nos vestimos com as primeiras roupas que apareceram e que se encaixaram no requisito "sair para uma festa de noite".

Eu havia pego uma calça preta, bastante surrada no joelho, um cropped branco, meus coturnos inseparáveis que estavam em tempo de sair andando sozinhos por aí e como a noite estava bem mais fria agora, eu decidi por vestir uma jaqueta preta por cima. Não tive muito tempo para arrumar o cabelo ou ao menos passar uma maquiagem descente no rosto, o que me resultou em sair com o cabelo solto exatamente como ele é e apenas uma maquiagem básica.

- Vamos, Lauren. A festa começou faz 1 hora e meia. - Mani gritou do lado de fora do quarto e o barulho de saltos ecoaram pelo piso de madeira da casa, indicando que ela deveria estar descendo a escada.

Demoramos mais tempo do que deveríamos levar para chegar na casa do tal amigo da Normani, mas assim que chegamos, fomos recebidas muito bem. O amigo dela se chama Kevin e ele realmente é bem legal, assim como os amigos mais próximos dele. Estávamos conversando enquanto bebíamos na varanda da área atrás da casa. Uma piscina enorme era iluminada e cerca de umas 20 pessoas se encontravam fazendo qualquer tipo de brincadeira ou se pegando dentro da água. Como eles não estavam sentindo frio?

- Então, Lauren, certo? - Um dos amigos do Kevin se aproximou quando o resto dos garotos desceram para a piscina e Kevin arrastou Normani para algum lugar da casa, me deixando sozinha ali com o tal garoto.

- Sim, Lauren. - Estendi a mão para o cumprimentar e ele aceitou de bom grado, mas não desviou o olhar de mim. - Você?

- Luís. - Ele sorriu e eu devolvi o sorriso sendo simpática. - Você não é daqui, não é? Ouvi o Kevin falar de uma amiga da Normani que estava vindo passar uns dias. Me pergunto se é você.

Eu não havia prestado muita atenção ao que ele estava falando, então apenas acenei afirmando e dei um gole na cerveja na minha mão. Meus olhos estavam perdidos sobre uma das garotas perto da piscina. Ela estava sorrindo, abertamente e brilhantemente. Parecia conversar com outra garota que dessa vez, estava já dentro da água.

- Você não vai entrar? - Ouvi a garota loira falar para ela. O sorriso dela aumentou e então ela baixou a calça branca que estava usando. Devo comentar que talvez o meu ritmo cardiaco tenha aumentado também devido a bela vista que eu tinha agora.

- Onde você mora então? - Luís perguntou chamando minha atenção e eu o olhei rapidamente.

- Seattle, mas sou de Miami. Eu estava em Seattle para a universidade. - Disse mais uma vez sem o olhar e agora a garota que prendia minha atenção pulava na piscina antes dando um pequeno grito.

- Dinah, eu vou te matar. Você disse que a água não estava fria. - Ela se encolheu na borda da piscina e a amiga gargalhou alto jogando um pouco de água sobre ela. - Eu vou morrer congelada.

- Que legal e o que você estuda lá? - O garoto perguntou mais uma vez e eu finalmente decidi o dar um pouco mais de atenção.

- Design de Interiores. - Eu sorri levando a garrafa mais uma vez a boca. - Conhece aquela garota?

- Qual delas? A loira ou a morena? - Ele perguntou seguindo meu olhar para onde elas estavam na piscina.

- A morena. - Eu não esperei por dar um sorriso um tanto curioso para ela quando seus olhos bateram sobre os meus e ela rapidamente desviou o olhar parecendo tentar se esconder, então aí estava a minha curiosidade.

- Ahh, eu não a conheço muito bem, mas ela se chama Camila. A loira é amiga da Normani também, elas não são daqui, igual você. - Ele falou dando um aceno para a garota loira dentro da piscina e ela o retribuiu fazendo o mesmo e lhe dando um sorriso grande. - Por que não damos um pulo na piscina?

- Não me parece apropriado. - Mais um gole na cerveja. - Digo, a noite está bem fria, então... eu não quero ficar doente ou algo do tipo. Tenho uma cidade para aproveitar em mais alguns dias até que eu tenha que voltar pra casa.

- Bem, tudo bem. Podemos fazer outra coisa se você quiser. - Ele falou observando metade do meu rosto e eu o olhei rapidamente. Eu conhecia o olhar nos olhos dele e eu ri por isso. Ele estava dando em cima de mim. - Mas só se você quiser.

- Na verdade eu não quero e... - A morena na piscina pareceu ser vencida pelo limite que o frio estava lhe causando e imaginei que ela iria sair dali o mais rápido que pudesse. - Desculpe. Eu vou ali rapidinho.

Sem esperar por qualquer outra palavra do rapaz, eu me afastei em direção a piscina. Deixei minha garrafa de cerveja praticamente vazia sobre a mesa mais próxima e puxei a toalha branca que estava estendida sobre uma das cadeiras na borda da piscina.

- Me deixe lhe ajudar. - Minha voz soou mais rouca do que o normal e os olhos da morena se encontraram com os meus novamente. Ela estava se erguendo na borda para deixar a água fria. Sua mão agarrou a minha e eu a puxei para cima. - Você está gelada.

- A água está muito fria. Não sei como eles aguentam ficar aí dentro. - Ela disse com dificuldade quando seu queixo falhou e ela começou a tremer pelo contato do ar também frio com seu corpo molhado.

- Eles estão se movimentando. Se você tentasse se mover um pouco, seu corpo se manteria aquecido por mais tempo na água fria, mas fico feliz que tenha saído. Aqui, me deixe enrolar você na toalha, você vai se sentir mais quente. - Disse passando a toalha em volta dos ombros dela e sem reclamar ou dizer algo, ela aceitou se encolhendo debaixo da toalha seca. - Bem melhor.

- Obrigada. - Agradeceu se enrolando mais a toalha e seguindo seus olhos para os meus. - Por que disse que ficou feliz que eu tivesse saído da piscina?

- É que assim eu posso conhecer você melhor. Sabe, eu não entraria ali. Estou confortável estando aquecida. - Eu estava observando seu rosto e em como todas as linhas e detalhes lhe eram tão femininos, tão latinos. Definitivamente, ela não era daqui também. Os olhos com cílios longos, dando-lhes um formato encantador, o nariz com linhas marcantes e finas, os lábios... perfeitamente bem desenhados, lhes fazendo parecer extremamente convidativos.

- Ahh... - Ela sorriu e ficou vermelha quando percebeu onde meus olhos estavam fixos. - Eu sou...

- Camila. Eu sei. - Eu conclui antes que ela terminasse de se apresentar e me aproximei um pouco mais dela. Talvez fosse uma aproximação perigosa ou eu estivesse lhe invadindo o espaço, mas não me importei. - Sou Lauren.

- Lauren. É um nome muito bonito, igual você. - Ela arregalou os olhos logo após deixar que as palavras lhe escapassem dos lábios. - Digo, o nome é bonito e você... você também é bonita.

- Tudo bem. Obrigada! - Eu sorri e uni os lábios tentando os umedecer. - Você e seu nome também são muito bonitos.

Camila abaixou a cabeça e pude notar quando suas mãos apertaram a toalha em volta de si com certa força. Nome, rosto, voz, corpo, mente. Ela parecia ser inteiramente bonita.

- Eu preciso encontrar um quarto para me trocar. Talvez eu não fique doente se eu me vestir logo. - Camila cortou o momento silencioso em que estávamos enquanto eu lhe observava.

- Claro. Eu lhe acompanho. - Eu disse simplesmente e ela franziu as sobrancelhas com um sorriso talvez um pouco confuso.

- Você não precisa fazer isso. - Disse sorrindo mais abertamente e eu me abaixei recolhendo suas roupas no chão.

- Eu sei que não preciso, mas eu quero. - Dei de ombros e segui para dentro da casa com suas roupas em minhas mãos. Eu só precisava encontrar um quarto vazio agora.