História Her - Camren - O mar nunca é calmo sempre (Parte I)

Lauren POV

Veronica contou sobre seu encontro com Lucy durante nosso café da manhã em uma lanchonete próxima a praia. Era uma das minhas favoritas, mas eu não conhecia muito bem os donos do lugar, apenas costumava vir muito aqui, pegar uma das mesas, fazer meu pedido e comer algo enquanto eu observava o mar. As vezes eu achava que ele me entendia muito bem. Naquela manhã eu queria ter certeza.

Nós estávamos na minha mesa, Vero rindo sobre algo que eu havia acabado de falar sem pensar enquanto eu observava o mar calmo, as ondas quase beijavam suavemente e amavelmente a linha da areia da praia. Era calmo, livre, suave, limpo, as ondas pareciam se desenhar na água verde. Talvez fosse como eu estivesse me sentindo naquela manhã. Leve.

Eu voltei pra casa depois de deixar Veronica em uma loja de conveniências, ela falava com Lucy ao celular.

Meus pais ainda dormiam quando entrei em casa. Era domingo, então como sabem, dia de acordar depois das 9h. Subi a escada e segui para o meu quarto. Joguei os sapatos no chão ao lado da porta, tirei o vestido e o joguei para a poltrona do quarto. Segui para o banheiro.

Eu senti falta dela. Do seu cheiro ainda presente ao meu corpo, mas agora mais fraco. Eu queria ter sempre seu cheiro em mim, porque era tão maravilhoso assim como todo o resto dela.

Lauren – Uma briga muito grande ou você resolveu mesmo o assunto?

Eu enchi a banheira e entrei na água quente, relaxando meu corpo entre as espumas não tão altas. Não demorei muito no banho. Camila não respondeu a minha mensagem.

Eram 15h. Eu estava em uma reunião na casa de uma das amigas dos Iglesias que havia ficado louca pelo meu trabalho. Talvez se perguntem, “você está louca? Está trabalhando a quase quatro semanas seguidas. Não precisa de uma pausa?”. Vou lhes dizer. Lembram do meu apartamento? Bem, ele não está totalmente mobiliado do jeito que eu quero, então vou trabalhar até dezesseis semanas seguidas se isso significa que terei algum dinheiro para encher meu apartamento com as coisas que eu realmente quero.

Havíamos fechado negócio. Não séria grande coisa como os Iglesias, mas ainda assim, o trabalho me renderia um pouco mais do que todo o trabalho na casa deles. E é obvio que viram uma Lauren sorridente de orelha a orelha deixando aquela mansão em um bairro luxuoso de Miami.

Chequei o celular quando entrei no carro. Nenhuma mensagem a não ser da minha mãe perguntando se eu preferia lasanha ou pizza para o jantar. Parece que dona Clara não iria para a cozinha hoje. Eu sorri, mas ainda não era a mensagem que eu queria encontrar.

Estava passando perto da escola da Sofia quando me deparei com algumas pessoas e crianças com fantasias entrando pela escola e um grande cartaz informando sobre uma peça de teatro infantil da escola. O carro dos Cabello estava estacionado no estacionamento do lado da escola e eu parei um pouco mais a frente me perguntando se Sofia se apresentaria.

Não pensei duas vezes antes de deixar o carro ali e seguir para dentro da escola a procura do auditório para onde todos estavam indo.

Uma das professoras antigas da Taylor estava recolhendo bilhetes para a entrada no auditório. Espero que ela lembre que gostava de mim. Me aproximei sorrindo.

- Lauren? – Perguntou assim que me viu. Sorri mais largo. – Veio assistir a peça das crianças?

- Se me deixar entrar sem um desses ingressos, então a resposta é sim. – Pisquei e ela gargalhou colocando a mão no meu ombro.

- Ouvi falar que se formou em Seattle. Voltou e está decorando a casa de muitas pessoas. – Ela piscou. - Vamos, Lauren. Mostre um pouco de amor a esses pequenos. O ingresso custa apenas 10.

- Ainda tem ingressos a venda?

- É um teatro infantil de escola. Estava esperando que o mundo corresse para comprar ingressos pra isso? Apenas os pais vem e se tiverem sorte, os dois pais. – Ela pegou os ingressos de algumas pessoas que passaram por nós para dentro do auditório. – Então, ainda tem interesse em assistir A bela e a fera?

- Você me ganhou quando disse A bela e a Fera. É um dos meus clássicos favoritos, mas não o favorito. – Rimos. – Você conhece Sofia Cabello?

- Sim. Ela é uma ótima aluna, mas não sou sua professora ainda. – Eu abri a bolsa e tirei uma nota de 20. – Por que pergunta sobre ela? Veio a assistir? Ela é adorável, não?

- Sim. Muito adorável. – Eu estava sorrindo quando olhei para dentro do auditório. Foi rápido o modo como os meus olhos encontraram Camila de costas rapidamente ao lado dos pais. – Fique com o troco. As crianças merecem.

Eu não esperei que ela falasse algo a mais e entrei no auditório. Parei ainda na parte de trás e procurei uma poltrona livre próxima deles. Infelizmente a maioria ao lado deles já estavam ocupadas. Sentei em uma cadeira lateral e não tirei meus olhos de Camila, porque era impossível.

Ela estava sorrindo quando uma garota correu em sua direção e pulou em suas costas a abraçando. Camila gargalhou e virou de frente para a garota e a abraçou de novo. Um abraço forte, íntimo e longo demais.

A conversa delas pareceu animada, a garota com ambas as mãos no rosto da Camila. A peça teria seu início e Camila tirou sua bolsa de cima da poltrona ao seu lado, onde a garota logo ocupou o lugar que deveria ser meu e não dela.

Olhei para o palco quando as crianças entraram ao som do piano. Um dos professores tocava e outra professora auxiliava as crianças. Bela apareceu. Uma garotinha com cabelo castanho claro, olhos azuis, seguindo o padrão bobo de princesa da Disney.

Voltei a observar Camila. Uma das mãos da garota repousava sobre a coxa dela, Camila com a mão logo em cima da mão da garota. Franzi as sobrancelhas? Elas pareciam próximas demais.

A fera entrou e eu me surpreendi. Sofia estava vestida com uma fantasia de monstro, mas ainda assim, era fácil dizer que era ela. A voz ajudou muito. Eu sorri e senti meu peito encher de orgulho de ver a pequena no palco em um personagem não tradicional para ela.

- É uma garota? – A mulher ao meu lado perguntou. Ela tinha uma câmera nas mãos.

- Sim. É uma garota. – Eu a respondi sorrindo, mesmo sem saber se a pregunta havia sido pra mim.

- Que engraçado. Pensei que garotas não gostassem desses papéis. – Falou novamente.

- Bem, ela é esperta para saber que não importa o personagem que faremos, ela quer ser diferente e tem uma ótima mente. – Olhei finalmente para a mulher. Ela sorriu.

- Ela está indo muito bem. É sua filha? – Perguntou. Eu ri.

- Não. Mas se um dia eu tiver uma filha, talvez queira que ela seja assim e não tenha medo de fazer diferente. – Respondi. Ela apenas afirmou com a cabeça. Voltou a olhar o palco.

Queria que Camila me visse, mas em vez disso, ela parecia ocupada demais ouvindo um sussurro muito próximo da garota ao seu lado. Minhas mãos apertaram minhas coxas quando a garota beijou o rosto dela. Sofia gritou no palco.

A fera estava tentando fazer Bela se afastar, porque era assim que ela fazia com todos que chegavam mais perto. Ou ela as atacava, ou ela as afastava para longe.

Tentei focar apenas em Sofia ate o fim da peça, mas Camila e a outra garota estando tão próximas, me fez sentir um incômodo horrível. Era como se eu quisesse jogar uma fileira de poltronas sobre a garota para ela se afastar do que era meu.

- Meu filho!! – A mulher ao meu lado falou animada e ligou a câmera quando um garotinho pequeno e loiro apareceu no palco. Realmente muito adorável.

A peça acabou minutos depois. Bela e a Fera ficaram juntas no final. Eu estava feliz pela escola ter aceitado deixar Sofia fazer o papel de Fera. Isso significava grande coisa. As crianças saberiam que não era errado amar quem quer que fosse.

Camila não desgrudou da garota que parecia literalmente se atirar para cima dela. Sofia desceu do palco enquanto todos ainda aplaudiam depois de eles agradecerem. Não esperei quando ela correu em minha direção e não na direção dos seus pais, que seguiram a pequena com o olhar.

- Lauren!!! – Ela gritou correndo animada para mim e a segurei nos braços quando ela pulou me abraçando. – Você veio!!

- Claro que eu vim. Acha que eu perderia sua peça? Você foi ótima ali, pequena fera. Muito ótima. – A beijei o rosto pintado e ela riu sentindo cócegas.

- Obrigada! – Segurou meu rosto com as duas mãos e franziu o nariz rindo. Camila já havia feito a mesma coisa. – Você vai brincar comigo hoje? Podemos comer sorvete?

- Não sei, amor. Seus pais estão ali. Por que não vai lá falar com eles? – Perguntei a colocando de volta no chão. Alejandro e Sinu estavam sorrindo na nossa direção enquanto Camila estava séria e a garota continuava lhe abraçando de lado.

- Você não vem? Vem!! – Sofia disse puxando minha mão para que eu seguisse na direção da sua família.

Ela pulou nos braços da mãe logo em seguida. Eu parando um pouco distante, mas cumprimentei Alejandro rapidamente. Sinu sorriu pra mim. Eles então focaram na pequena Sofia e os elogios começaram como tinha que ser.

Camila estava olhando pra mim. Ela tinha um sorriso quase curto nos lábios. A garota olhando para qualquer outra coisa no auditório.

- Não sabia que Sofia tinha te contado sobre a peça. – Camila se aproximou e falou baixo.

- Ela não falou. Estava passando em frente e vi as pessoas entrando. O carro dos seus pais estão no estacionamento, então imaginei que estariam aqui também. Eu teria ficado feliz se tivesse me convidado para ver sua irmã. – Falei séria e quase decepcionada por não ter sido realmente convidada. Camila respirou fundo. Os ombros caíram.

- Você não precisa vir. É só uma peça de escola. Já havia me convidado para a ópera. – Disse calmamente. Tentou sorrir, mas não encontrou o meu sorriso.

- Eu precisava vir. Tanto que se não me convidou, o destinou achou um jeito de me trazer aqui. Sofia foi ótima e eu teria ficado triste se não tivesse vindo. É algo importante para ela, não? – A garota voltou e abraçou novamente Camila por trás.

- Oi. Sou a Megan. – Se apresentou e estendeu a mão pra mim.

- Lauren. - Pausa. - Jauregui. – Não aceitei sua mão. Ela pareceu confusa e voltou a mão para a cintura da Camila. – Eu vou indo. Tchau.

A garota se despediu, Camila não. Fui até Sofia e seus pais e me despedi deles. Sofia tentando implorar que os pais deixassem que eu a levasse para tomar sorvete. Eu disse que a levaria outro dia. Lhe dei um beijo no rosto e recebi um na ponta do nariz. Ela gargalhou.

Voltei pra casa. Encontrei meus irmãos na piscina do lado de fora. Meu celular vibrou antes que eu me aproximasse mais deles.

Camila – Desculpa não ter respondido antes. Meu celular estava carregando e acabei esquecendo quando viemos pra escola. Não tivemos uma briga grande. Mama entendeu.

Lauren – Sem problemas. Fico feliz que ela tenha entendido e que você se divertiu com a Megan.

Camila – O que? Megan é uma velha amiga. Claro que nós iríamos nos divertir.

Lauren – Estou ocupada. Até mais!