História Her - Camren - Londres?

Camila POV

A volta pra casa pareceu ser mais demorada, mesmo que digam que a volta sempre é a mais rápida, pra mim foi como se eu tivesse passado anos esperando que o avião pousasse agora em Miami.

Shay e Ash haviam dormido mais uma vez. Eu impaciente movimentando as pernas pra cima e pra baixo. Talvez todas as minhas cutículas tivessem sido arrancadas com os dentes. Eu precisava saber que ela estaria lá quando eu pousasse.

A comissária de bordo deu seu aviso. Estávamos sobrevoando Miami e pousaríamos em minutos. Lá estava eu afivelando meu cinto de segurança para o pouso. Meu coração querendo bater fora do peito tamanho foi minha ansiedade.

- Ela vai estar lá. Não se preocupe. – Shay apertou minha mão quando o avião finalmente pousou em solo firme. Eu respirei fundo e disse a mim mesma suas palavras recém ditas. Ela vai estar lá.

Eu quis passar por cima de todos para sair mais rápido da aeronave, mas todo mundo parecia agir em câmera lenta só para me irritar e me deixar mais nervosa.

Alcançamos o saguão de desembarque dentro do aeroporto. Havia muita gente para que eu pudesse a encontrar de cara. Meus olhos vagaram a procurando em vários rostos no salão. Dinah estava sorrindo quando finalmente a encontrei, mas ela não foi a pessoa a quem eu estive procurando. Quem sabe ela apenas se atrasou.

- Finalmente de volta ao lar!! – Me puxou para um abraço e beijou minha têmpora com carinho. – Como foi o vôo?

- Ela não veio? – Perguntei quando me afastei dela e meus olhos só podiam correr mais uma vez a procura de alguém que eu esperava encontrar agora.

- Ela quem? – Dinah perguntou tomando minha mala de mim e olhando o troféu em minhas mãos.

- A Lauren. Ela não apareceu? – Eu respirei fundo e torci o máximo que pude para Dinah sorrir e dizer “Vamos, ela está te esperando em casa”, mas em vez disso, ela só pareceu mais confusa.

- Eu não vi a Lauren esses dias. Na verdade, eu não sei dela. Vocês não se falaram ainda? – Me encarou quase preocupada. Eu quis chorar. Ela não estava ali.

- Não, Dinah. Eu estive ligando, mandado mensagens, quase querendo me comunicar por telepatia se possível, mas ela não responde nunca. Você está de carro? – Perguntei quando impaciente, caminhei para fora do aeroporto.

- Não, pensei que seria melhor pegar um táxi. – Respondeu me alçando. – Seus pais estão te esperando em casa e alguns amigos também. Estamos todos felizes por vocês terem ganhado a competição. Não quer convidar as meninas pra virem também?

- Você pode levar minhas coisas pra casa? Eu tenho que encontrar a Lauren. – Parei para a encarar. Dinah pareceu surpresa.

- Como assim? Nós estamos te esperando para comemorar. – Ela falou enquanto puxava minha mala para mais perto dela.

- Eu não posso comemorar sem ela. – Provavelmente meus olhos estavam enchendo de lágrimas, mas eu respirei fundo. Eu a encontraria. – Vou na casa dela perguntar se ela está lá, então eu volto pra casa. Vou tentar não demorar muito.

- Eu acho que você precisa dormir. Está quase paranoica. -  Dinah me deu um sorriso triste e me abraçou rapidamente. – Não vou te convencer a tentar procurar por ela depois da comemoração. Te conheço o suficiente pra saber o quão teimosa você é. Então pode ir. Eu vou avisar a todo mundo pra esperar um pouco.

- Obrigada, Dinah. Você é a melhor amiga do mundo! – A entreguei o troféu da competição. Ela deu um sorriso brincalhão e convencido. – Nos vemos daqui a pouco.

Eu parei o próximo táxi e dei um sorriso fraco para Dinah quando entrei. Ela acenou e o táxi se movimentou se afastando do aeroporto.

O lugar óbvio para ter notícias dela, foi sua cara. Se ela não estivesse lá, então alguém pelo menos poderia me dizer onde ela estava. Dei o endereço ao taxista e minutos depois de um trânsito caótico, ele estacionou em frente a casa dos seus pais. Tomei outra respiração profunda.

Paguei o táxi e caminhei em direção a porta da casa. Minhas pernas pareciam pesar 100 kg a cada passo que eu dava. Meu coração batendo forte contra o peito. Toquei a campainha e segurei meu coração nas mãos esperando ser atendida.

Taylor, irmã mais nova da Lauren, me atendeu na porta. Ela pareceu confusa quando perguntei sobre a Lauren e pediu para que eu entrasse. Não me deu nenhuma explicação sobre o porque de ter ficado confusa. Me pediu para esperar na sala e desapareceu. Talvez ela fosse chamar a irmã. Tentei me manter positiva.

Não demorou muito até que alguém voltasse e em vez da Lauren, sua mãe foi quem veio até mim. Eu dei um sorriso fraco. Ela me olhou curiosa.

- Você está atrás da Lauren? – Perguntou se sentando ao meu lado no sofá.

- Sim. Eu acabei de chegar de Nova Iorque e ela não atendeu nenhuma das minhas ligações antes. – Falei sentindo o ar quase pesar demais nos meus pulmões. – Sabe onde ela está?

Clara me olhou confusa assim como Taylor havia me olhado antes. Virou o rosto e encontrou o olhar da filha mais nova que nos observava próxima ao corredor que levava a cozinha. Clara me encarou novamente.

- Qual foi a última vez em que se falaram? – Perguntou.

- Na terça passada? – A respondi como pergunta. Minha positividade havia sido sugada do meu corpo.

- Ela não te falou pra onde estava indo? – Fez outra pergunta. Respirei fundo tentando acalmar minha mente. Por que ela não me dizia onde a filha estava de vez?

- Não. Aconteceu alguma coisa com a Lauren? Ela está bem? – Perguntei mais nervosa. Clara balançou a cabeça com um sorriso fraco.

- A Lauren está em Londres, Camila. Eu pensei que tivessem conversado sobre isso. Ela viajou no sábado. Pensei que soubesse. – Falou e tudo desapareceu da minha visão. Foi como se eu estivesse cega. – Ofereceram a ela um trabalho grande em Londres e ela ficou alguns dias cogitando a ideia. Disse que conversaria com você antes de tomar qualquer decisão, então quando ela apareceu mais tarde dizendo que havia aceitado a proposta, pensamos que vocês haviam conversado.

- Eu não sabia. – Foi tudo o que eu disse minutos depois e simplesmente desabei chorando porque parecia tudo culpa minha. Ela havia pedido pra conversar e eu disse que estava ocupada demais. Ela disse adeus no celular e eu não lembrei que nós nunca nos despedíamos. Chorei porque eu não soube mais o que fazer.

Clara me puxou para um abraço e repetiu que tudo iria ficar bem. Eu fiquei com raiva de mim mesma. Por eu ter sido tão idiota a ponto de a deixar sair do país sem que eu dissesse o que deveria dizer. Eu a amava e nunca deveria ter a deixado partir.

- Quando tempo ela vai ficar lá? – Finalmente minha voz havia voltado e eu pude perguntar. Clara me olhou com um sorriso mais animado dessa vez.

- São só 6 meses. Ela vai estar de volta. 6 meses passam voando. Não vai demorar. – Disse segurando minhas mãos.

- Não posso ficar 6 meses sem ela. – Voltei a chorar. Taylor sentou perto de nós e segurou minha outra mão.

- Não fica assim, Mila. Ela vai voltar logo. Você vai ver. Isso vai passar muito rápido e vocês vão estar bem de novo. – Sorriu confiante.

Passei mais alguns minutos ali, com elas duas tentando me convencer que daqui a 6 meses tudo estaria bem, mas por hora, tudo em mim estava mal e eu precisei de um espaço só meu. Quis o meu quarto, minha cama para chorar e dormir.

Não lembrei da pequena comemoração em casa ou que havia ganho a competição com as meninas. Haviam umas 25 pessoas na minha casa. Todas gritando e comemorando o troféu que havíamos ganhado e de eu finalmente ter voltado pra casa. Meu espaço sozinha teve de esperar. As pessoas não eram culpadas pelas idiotices que eu fazia na vida, então eu sentei ali com elas e fingi estar tudo bem, quando tudo dentro de mim chorava.

É claro que desabei novamente mais tarde quando entrei no meu quarto e tudo o que me veio a cabeça foi quando ela estava aqui me dando um pedaço de mim mesma dentro de um espaço pequeno em uma casa. Lá estava eu chorando nos braços da Dinah depois de contar que eu havia deixado o amor da minha vida escapar e fugir de mim por besteira. Ela sempre deveria estar em primeiro lugar, foi sempre assim que ela me fez sentir, que eu estaria no topo antes de tudo em sua vida e então eu a coloquei em segundo plano para algo que não me importava mais agora. Eu nunca deveria ter ido pra Nova Iorque.