História Her (romance lésbico) - Um pub e dois corações quebrados

 Rachel e Olivia mal trocaram duas ou três palavras dutante a noite. Havia uma tensão ali. Rachel nã sabia se o sentimento era esse, mas era alguma coisa parecida com culpa por levar o namorado naquele lugar. Claro que ela não teve escolha, eles tinham tido uma briga feia mais cedo. “Quero conhecer esses seus amigos” “Não gostei dessa tal de Olivia” “A gente mal tem tempo pra se ver e você prefere sair com eles” e por aí começaram as acusações e como Rachel não gostava de brigar, cedeu a chantagem emocional do namorado e o levou. Mas a cada minuto que passava ela se arrependia de ter saído de casa.

 A noite se passava e ela via seu namorado tentar se enturmar com seus amigos. Cada tentativa era falha. Eles não encontravam assuntos em comum. Os garotos não gostavam de futebol, ele não ouvia musica pop e por aí vai. O único que conseguiu manter um dialogo com ele foi Bruno, o namorado de André e mesmo assim foi sobre negócios e trabalho.

- Tem certeza que vai continuar bebendo? – Fala Fred no ouvido de Olivia. 

- Não tem como sobreviver a essa noite sem álcool. Dou um jeito de irmos pra casa.

- Podemos ir com André. O namorado dele é o único responsável  que não bebeu aqui. Ou com o senhor forçador de barra ali. – se referiu ao namorado de Rachel.

- Melhor pegar uma faca e rasgar minha garganta. – virou o copo e levantou. – vou dar uma volta.

 Rachel relaxa mais um pouco com a saída de Olivia. O clima tenso estava a matanto. Tinha passado maior parte do tempo tentando se convencer de que aquilo não era estranho. Fingindo que não sabia que a presença do namorado causava algum efeito indesejado na amiga.

Minutos depois Olivia volta para a mesa acompanhada por uma garota.

- Oi gente, vocês lembram da Marcela? Ela veio se juntar a gente se não se importam.

- Da faculdade? Claro que a gente não se importa. – falou André – Mais é sempre melhor. Sentem aí.

- Boa noite pessoal! – cumprimentou todos da mesa.

Caio e Fred afastaram pra elas sentarem. Deixando Olivia e Rachel uma de frente pra outra. Rachel encarava Olivia, depois sua nova acompanhante. Olivia a estava ignorando e isso estava deixando ela irritada por algum motivo que nem sabia.

- Onde se conheceram? – Rachel se dirigiu para Olivia que não a olhou.

- Liv é amiga de uma amiga. Ela nos apresentou em uma festa. – respondeu a morena recém chegada.

“solta ela” pensava Rachel sempre que a garota ficava perto demais.

 Olivia ainda não se dirigia a Rachel. Pelo contrario, cochichava coisas no ouvido da morena ao seu lado que ria. E a garota brincava com o seu cabelo ralo e curto  que ia até a nuca e ela devolvia dando um sorriso. A tal Marcela beija o pescoço de Olivia.

- Caramba. Agora elas vão se agarrar aqui na mesa! – Luiz cochicha no ouvido da namorada.

Aquilo já era demais. O sangue de Rachel fervia, ela não conseguia controlar. Virou o copo com o resto da bebida e se levantou.

- Vou ao banheiro.

 Saiu dali o mais rápido que pôde. Entrou no banheiro e respirou fundo. Foi até a pia, lavou o rosto e encarou seu reflexo no espelho. “O que está acontecendo comigo?” “Calma Rach, se controla mais um pouco. Já já vocês vão embora.” Nesse momento a porta do banheiro se abre e para sua surpresa, é Olivia. Elas se encaram por um tempo em silêncio.

- Então agora você olha pra mim? – falou furiosa. - Qual o problema Olivia, sua namorada comeu sua língua?

- Minha o quê? Você tá ficando louca? Então quer falar de namorados?

- Do que está falando? Você sabe muito bem que eu tenho namorado.

- Sei sim... E você fez questão de esfregar ele na minha cara. – vociferou. 

- Ele insistiu pra vir e... – interrompeu sua explicação. – Eu não te devo satisfação. Ele veio e pronto. Você não precisa me ignorar por causa disso.

- Você é cega Rachel... – ri sem graça balançando a cabeça negativamente.

- Do que você está falando? Olha Olivia, eu não sei que espécie de relação acha que temos. Mas eu te garanto que não passa de A-M-I-Z-A-D-E – frizou bem a ultima palavra. 

- Como assim? – franziu o cenho. 

- É isso mesmo que entendeu. Lamento que tenha confundido as coisas, mas caso não tenha notado, é de homem que eu gosto. – encarou o chão depois de cuspir essas palavras.

- Sabe, eu tentei mesmo ser sua amiga.  Eu me importei com você. A única coisa que quis foi ver você feliz. Mas acredito que me enganei. – seus olhos marejaram - Você acha mesmo que é tão boa e linda que qualquer pessoa se apaixonaria? – riu irônica -  Que só pelo fato de eu gostar de mulheres estou dando em cima de você? – bufou - Vê se cresce Rachel! O mundo não gira em torno de você sabia?

Olivia da as costas e sai do banheiro. Deixando Rachel desabando em lagrimas.

Aquela discursão a quebrou. Tinha sido rude, não queria dizer aquelas palavras. Mas era preciso.

 Foi o que ela pensou. Precisava fazer algo para acabar de vez com aquila situação. Não sabia o que sentia naquele instante. Mas não gostou de como aquilo parecia. Ficar com ciúmes da amiga por ela estar com outra pessoa? Aquilo já era demais. “Ela é mulher” Rachel lembrava a cada minuto para si quando sentia seu sangue ferver de ódio e cada parte do seu corpo arder em ciúmes por ver aquela cena de Olivia e outra mulher.

“Melhor ela me achar uma vadia ordinária do que ficar alimentando uma coisa sem futuro”. Será um mal necessário. Tomou a decisão e não queria se arrepender.  Preferiu afastar a amiga a querer aceitar um sentimento que a dominava. Preferiu ferir o coração de alguém que tanto lhe fez bem e se acovardar em um relacionamento "seguro",  do que descobrir o outro lado da moeda. Estava confusa, se sentia miserável, mas achava que tinha feito à coisa certa. “Ela vai me esquecer, vai seguir em frente e farei o mesmo.” Pensava.

Depois de lavar novamente o rosto, voltou para mesa decidida a ir embora. Quando chegou, Olivia não estava mais. Tinha sumido. Provavelmente com a garota nova. 

- Vamos embora. – falou para o namorado que concordou com a cabeça. - Meninos nós já vamos. – se dirigiu para os amigos

- Mas já? – falou André.

- Sim, falei pra minha mãe que não chegaria tarde.

Fred lançou um olhar questionador pra Rachel. Ele sabia que o motivo não era aquele e depois da saída apressada de Olivia, ele tinha mais certeza.

- A gente já tá indo. Depois falo com vocês. – Rachel levantou apressada puxando o namorado que levantou e se despediu dos quatro garotos que ficaram, depois foi no bar verificar o que tinham consumido para pagar a conta. 

No caminho, o namorado só falava em não acreditar que passaram a noite com casais gays. Que estava preocupado com a reputação dele e da Rachel. Ela estava com o pensamento longe. Mas das poucas palavras que ouvia, constatava que o namorado era um babaca com pensamentos preconceituosos e cheio de estereótipos. Não via a hora de chegar em casa, tomar banho e dormir.

Quando finalmente chegou, fez tudo menos dormir. Aquela foi a pior noite de que ela se lembrava. Só conseguia pensar no que tinha feito. Acreditava ter feito o certo. Mas por que aquilo a perturbava tanto? Por que não conseguia tirar Olivia da cabeça?    

No dia seguinte, ignorou as ligações do namorado. Tudo que ela não queria era vê-lo. Passou o sábado no quarto, mesmo a mãe estando de folga. Ela não queria conversar nem ver ninguém. Só queria seu quarto, sua cama e seus pensamentos. Tudo ia bem até ser interrompida por alguém batendo em sua porta.