Rachel
- Filha, você tem visita.
- Quem é? – torceu pra não ser o namorado.
- Esse rapaz alegre e educado. – Fred bota a cabeça na porta do quarto.
- Oi, posso entrar?
- Claro! – sorri aliviada por ser ele.
- Vou deixar vocês conversarem. – disse a mãe dela fechando a porta.
- O que em nome da minha santa Lady Gaga foi aquilo ontem? – Fred senta na cama junto de Rachel.
- Do que exatamente você está falando?
- De tudo. Você me mandou mensagem dizendo que ia levar o namorado. A noite toda você e a Liv ficaram com maior cara de cu e mal se falaram. Depois que ela voltou do banheiro, pegou a vadia dela e foram embora na maior pressa. Ai depois você volta do banheiro e sai toda louca também. Me explica porque estou mais perdida que tudo.
- Aconteceu muita coisa Fred. Meu namorado insistiu pra ir junto, eu não queria que ele fosse e... – encarou o chão – Você falou com ela hoje?
- Por acaso ela não me atende. Liguei várias vezes no caminho pra cá. Pensei que você soubesse de algo.
- Vai ver ela foi com a vadia pra casa e a noite foi muito boa... – bufou
- Eu acho que já tô entendendo o que está acontecendo aqui. – colocou a mão no queixo.
- O que quer dizer com isso?
-Rachel, por acaso você tá com ciúme da Liv? – semicerrou o olho a encarando.
- Claro que não! – desviou o olhar.
- Então o que aconteceu ontem? De verdade!
- A gente brigou e eu falei coisas horríveis pra ela. Acho que não seremos mais amigas.
- Eu não acredito! – levantou e começou a andar de um lado pro outro – Eu trabalho com detalhes garota. Quero tudo na minha mesa agora! – sentou-se do lado dela novamente.
Rachel contou da discursão no banheiro. Falou seus insultos a amiga, as respostas dela e de como se sentiu mal no final.
- Por que você falou essa coisas pra ela? – perguntou confuso.
- Eu entrei em pânico. Fui uma completa imbecil. Tive um dia ruim ontem e acho que acabei descontando nela. – sabia que esse não era o real motivo.
- Posso perguntar uma coisa? – pegou as mãos dela.
- Pode.
- Se você tivesse gostando dela o que faria?
- Não estou. – tentou o convencer e a si mesma.
- Tá, mas digamos que estivesse. Só uma hipótese. O que você faria em relação a isso?
- Ela é mulher Fred. Eu não posso me apaixonar por uma mulher.
- Ah Rach. Você tá ouvindo o que tá dizendo? Além do mais não perguntei isso. Óbvio que sei que ela é uma mulher. O que quero saber é se você teria coragem de encarar um sentimento desse tipo. Se quebraria as barreias por ela. E se... você ficaria com uma mulher?
- Eu não sei te responder. Talvez... Se eu realmente gostasse dela.
- Vou te dar um concelho. O gênero é o que menos importa em uma pessoa. Quando a gente ama de verdade, vê o que ela é por dentro e em como ela faz a gente se sentir. Errado mesmo é não se permitir sentir, é viver uma mentira pra agradar os outros.
- Eu... – buscou as palavras – Ela mexe comigo. – admite finalmente - Desde o primeiro dia de aula me senti diferente em relação a ela. Não sei o que é Fred. – abraça o amigo e cai no choro.
- Calma! Procure ela. – começa a fazer carinho nas costas dela. – A conheça melhor. Você só saberá se arriscar.
- Mas eu namoro. Não posso jogar isso fora por uma aventura. E se for só curiosidade?
- Não estou mandando você trair seu namorado. Que por sinal acho ele ridículo, me perdoe mas você sabe que sou sincero. – fez ela rir - Enfim, só estou dizendo que você pode conhecer ela. Conversar mais, sair... – desfez o abraço e a encarou – se você tivesse certeza do seu relacionamento, não estaria com duvidas em relação ao seu sentimento pela Liv.
- Está certo. Mas agora ela não deve querer nem olhar na minha cara. Isso é triste!
- Calma. Tudo vai se resolver. A Olivia tem coração de manteiga. Ela vai te perdoar.
- Você acha mesmo?
- Tenho certeza! Vá atrás dela.
Rachel sorriu com a esperança de ser perdoada por Olivia. Queria ligar naquele instante e pedir perdão pela besteira que fez. Sentia falta de conversar com ela e só de pensar em perder a amizade já lhe causava sofrimento.
- Obrigada Fred. Pela visita e pela conversa. – agradeceu já mais aliviada.
Aquela conversa tinha aberto a mente de Rachel. Ela finalmente admitiu que sentia algo por Olivia. Não sabia ainda o que ia dizer pra ela. Precisava conquistar sua amizade novamente. Não podia cometer erros, mas não via nada de mais em se aproximar e em conhecer mais dela. Era isso que queria e pretendia fazer. Precisava tirar essa duvida de seu coração.
Fred ficou lá por mais algumas horas. A mãe de Rachel ficava feliz quando via a filha com amigos. Ela levou lanche pra eles, sabia que a filha não estava bem e imaginou que tinha brigado com o namorado e a visita do garoto fez Rachel dar risadas que ela ouvia da cozinha.
Olivia
Olivia sai do pub atordoada. Se sentindo diminuída e insultada. Ela entra no primeiro táxi que encontra. Sentia muita raiva de Rachel naquele momento. Porem, não estava sozinha, Marcela estava ao seu lado. A mãe de Olivia estava viajando como de costume, e não hesitou em convidar a garota pra passar a noite.
- Você está tão quieta! – disse Marcela se aninhando no peito de Olivia.
Já era final da tarde. As duas tinham acordado depois do meio dia e ainda não tinham levantado da cama.
- Só estou pensativa.
- Aconteceu alguma coisa ontem? Saímos tão apressadas. Você parece distante. – fez carinho na barriga dela.
- Nada! – a abraçou tentando a fazer parar com o interrogatório.
Na verdade tinha coisas acontecendo. Ela só não queria ter que dar explicações a ninguém. Muito menos a garota com quem tinha passado a noite.
Mal pregou os olhos durante a noite, havia um turbilhão de sentimentos dentro dela, uma confusão mental enorme. Estava magoada de formas diferentes. Se sentia traída pela presença do namorado de Rachel. Vê-los de mãos dadas ali como um casal, ela realmente não estava pronta. Suas atitudes também a feriram. Primeiro, aparenta ter uma crise de ciúmes, por um instante acreditou que Rachel a via como ela queria. Mas depois dos insultos e acusações que embora eram verdade, não tinha o direito de falar daquela forma. Olivia sempre respeitou seu relacionamento e sempre a respeitou como amiga. Nunca tinha feito se quer uma investida nela. “Era inadmissível” Olivia repetia para si mesma a todo instante. Encarava o teto tentando encontrar uma saída, ela sabia que só ela poderia sair daquela confusão que tinha se metido. “Francamente Olivia, esquece essa garota e segue em frente.” Ela tentava enfiar na cabeça.
- Vou levantar e fazer alguma coisa pra gente comer.
- Quero – a garota apoia os cotovelos na cama. – vou tomar banho.
- Claro! Toma uma toalha e sabonete – se levantou e pegou uma toalha limpa e entregou o sabonete liquido a garota que encostou seus lábios no dela rapidamente.
Marcela era bonita, divertida e as duas se davam bem. Não havia nada além de atração física. Mas se ela tivesse mesmo disposta a fazer o que estava pensando, isso era o de menos. “Usar uma menina pra esquecer outra.” Pensou se daria certo e jurou considerar essa possibilidade. Se dirigiu a cozinha e começa a preparar uns sanduiches pra elas comerem, quando seu telefone toca de novo. “Esse viado tá sem ter o que fazer vou mandar ele procurar uma rola agorinha.” Foi buscar o telefone no quarto. Pensou que era Fred, pois já tinha ignorado várias ligações dele mais cedo. Olivia Pega o telefone e seu coração dispara ao ver o nome que aparece na tela.
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