História Her (romance lésbico) - Você se sente mais perto do céu?

A formatura estava acontecendo num sábado. Primeiro a colação, depois o baile. Rachel estava nervosa, porém radiante por finalmente estar se formando. Olivia não queria participar do baile, achava tudo isso desnecessário, mas seus amigos e namorada insistiram muito e ela acabou cedendo.

A morena usava um vestido preto que vinha justo até sua cintura, de comprimento até um pouco acima dos joelhos e um sapato também preto, confortável. A morena odiava salto e não deixou Rachel a convencer de usar. Bastava a maquiagem e batom que ela já deixou que fizesse. Rachel também estava linda. Um vestido longo azul, que tinha uma fenda aberta até suas coxas e deixava as costas nuas de um jeito sexy. Seus cabelos castanho claros, caiam em cachos perfeitos sobre seus ombros. Um batom vermelho destacava seus lábios carnudos. 

Fred, Caio e André todos de terno, muito elegantes e alinhados. Os cinco amigos estavam finalmente concluindo o curso. Quatro anos juntos e muitas histórias pra contar, formaram uma verdadeira família.

A colação seguia como manda a tradição. Agora os formamdos vestiam uma beca preta com uma faixa azul e tinham em suas cabeças um capelo. Homenagens aos professores, aos alunos, agradecimentos, músicas inspiradoras... Logo cada aluno, um a um, foi sendo chamado para ir até a frente pegar seu canudo. Quando chegou a vez de Olivia, ela olhou para platéia. Seus pais, sentados ao lado da mãe de Rachel e Lily do lado. Enquanto ela subia ao palco, seu pai assobiava alto com os dedos na boca. Lily tocava uma corneta, jogava confetes e gritava, junto com sua mãe e sogra, que agora eram amigas. Ouvia também algumas pessoas gritando seu nome e os outros convidados batendo palmas. A morena ficou tímida por ser o centro das atenções por uns minutos.

Na vez de Rachel não foi diferente. Seu sogro fazia barulho de apito, Lily tocava corneta, sua sogra gritava seu nome. Seu olhar parou em sua mãe. Aquela mulher batalhou tanto, a vida toda para sustentar a filha e dar o melhor que ela pudesse oferecer. Agora estava ali dando orgulho a ela, colocando um anel no dedo. A mãe já a aceitava do jeito que ela era, compreendeu que as garotas se amavam de verdade e aquilo era o melhor para sua filha. O sorriso e felicidade da garota eram indescritíveis. Sua família estava unida e seu sonho realizado. Novos desafios estavam por vir e ela teria sempre com quem contar. Ao receber o canudo, Rachel o ergueu, apontou para mãe e sussurrou um "obrigada". A senhora estava muito orgulhosa e a felicidade transbordava pelos olhos. 

Depois de todos os canudos entregues, veio aquela cena tradicional de toda cerimônia solene: os formandos jogando seus chapéus para cima, chorando e dando abraço coletivo.

- Eu amo muito vocês! – Rachel chorava abraçando seus amigos.

- Não me tomba por favor. – Fred tentava disfarçar sua emoção. Mas sem sucesso, com a ponta dos dedos enxugava os olhos.

As garotas se dirigiram para perto de suas famílias, que se abraçaram e choraram ainda mais. Depois, foram todos em direção ao salão de festas. Lá, aconteceria o baile de formatura. Olivia continuava achando isso de baile besteira. Mas lá no fundo, estava radiante. 

A música era alta, pessoas dançavam felizes pelo grande salão iluminado por luzes coloridas, que lembravam uma boate. Garçons serviam os convidados que estavam afastados da pista de dança. Comida e bebida não paravam de chegar nas mesas.

- Olha quem virou publicitária! – duas garotas se aproximam. - Olivia, você está mais linda do que nunca. E de vestido? Ah, parece uma mocinha! – a garota abraça Liv. 

- Obrigada Ana. E não esqueça da maquiagem! – desfez o abraço indo cumprimentar a outra. - Oi Marcela! — abraçou-a. 

- Você está muito linda mesmo, Liv! – falou tímida. - Oi Rachel, oi meninos. Parabéns pra vocês também. – cumprimentou os outros que estavam um pouco atrás de Olivia, que agradeceram em uníssono.

Mesmo depois de uns anos, as coisas não mudavam. Ninguém ia muito com a cara das outras amigas de Olivia, a não ser ela mesma.

- Hey vamos pra pista? – Rachel puxou a morena para o centro da pista onde tocava uma música lenta. Era a valsa dos formandos.

Aos poucos os alunos foram chegando com seus respectivos pares. Rachel e Olivia estavam juntas.

- Eu conduzo! – a morena pegou em sua cintura e em seguida a sua direita. 

- Sempre você, não é mesmo! – sorriu.

- Por quê? Não gosta de como eu te conduzo, meu amor? 

- Adoro, ninguém me conduz tão bem quanto você. – sorriu maliciosa.

A música continuou lenta. Foram três seguidas. As duas dançavam com as testas coladas, às vezes, Olivia descia a mão boba da cintura para o quadril de Rachel. Que todas as vezes tirava e dava um tapinha em sua namorada. Seguidos por um “aqui não."

- Posso? – o pai da morena estende a mão e Rachel concede espaço ao sogro. Fred chega e pega Rachel para uma música.

- Pai! – Liv sorri feliz para ele. - Eu estou muito feliz que veio. 

- Não perderia isso por nada, meu bem. Eu te amo muito minha filha. – da um beijo em cima de sua cabeça.

- Eu também te amo, pai.

Após o término da música, Marcela interrompe o momento pai e filha. Pede licença para que Olivia também a conceda uma dança. Seu pai muito educadamente, cedeu.

- Você está linda, morena! – a garota a fita com um olhar admirador.

- Você já falou isso antes, mas obrigada assim mesmo. Você também está muito bonita. – as duas dançavam com um certo espaço entre os corpos. Olivia fez questão de não se aproximar muito.

- Te conheço a cinco anos, nunca tive muita chance. – foi direta, a garota tinha um objetivo. - Você nunca me levou a sério.

- Ah Mar, para com isso. Eu tentei, mas meu coração foi roubado por outra. – olhou para Rachel e sorriu. Sua namorada já estava de olho naquela dança. Apesar de mais contida do seu ciúme, a garota ainda tinha ressalvas com relação a essa amizade.

- É, eu sei. A senhora hetero roubou ele...

- Ela era hetero até me conhecer. – Olivia deu uma gargalhada.

A música lenta acabou e o DJ começou a animar a festa. Rachel, Lily, Fred e Caio, André e Bruno que agora estavam noivos, se aproximaram das duas.

- Vem Liv,  hoje a noite é nossa vamos beber! – Fred puxou sua amiga para o balcão do bar.

A noite era realmente deles. E aproveitaram cada segundo dela!

***

- Vocês são ridículas. A gente poderia estar confortável com André e Bruno numa casa de campo maravilhosa, espertos são eles que não vieram. Mas vocês preferiram acampar no mato, credo! – Fred não parava de reclamar.

- Espero que tenha trazido repelente, os mosquitos adoram seu tipo de pele! – Rachel zomba dele.

Os quatro estavam indo acampar perto da cachoeira que Rachel gostava. Era a primeira vez que Olivia ia lá. O lugar era lindo. Muitas árvores, grama verde, ar fresco. Rochas cercavam o local da cachoeira. Eles armaram as barracas numa área gramada que ficava acima da cachoeira. 

Já era noite e estava frio. Os jovens estavam reunidos em volta de uma fogueira, os casais abraçados.

- Minha cota de Mogli o menino da floresta já deu. Vamos entrar na barraca. – puxou Caio pelo braço. - Espero que nenhum urso me ataque.

- Se te atacarem, eu protejo! – falou Caio abraçando sua cintura. 

- Aqui não tem ursos viu, só avisando! E é Mogli o menino lobo. Só pra você saber! – gritou para eles que já estavam se afastando. 

- Obrigado pela informação Rach. – Fred murmurou entrara entrando na barraca.

- Esses dois não tem jeito mesmo. – Olivia balançou a cabeça negativamente, rindo deles.

- Eles se amam. Sou muito orgulhosa dos meninos. André e Bruno daqui a pouco casam, Fred e Caio namorando firme e morando juntos. Eles quatro são a prova que quando o amor existe, a relação é duradoura. 

- Nós também somos. A prova de que o amor verdadeiro vence todas as dificuldades e derruba os preconceitos.

Rachel foi até a barraca e pegou um colchete. As duas deitaram juntas e ficaram em baixo de uma coberta quente.

- Amor, você se sente mais perto do céu? – pergunta Rachel aconchegando a cabeça na curva do pescoço de Olivia. 

- Na verdade não. – riu torcendo a boca. - Por que eu me sentiria? 

- Olha essa vista. Aqui não tem prédios pra atrapalhar a visão do céu. Eu amo esse lugar, foi pra ca que eu fugi quando... – balançou a cabeça espantando os pensamentos. - Você sabe... Bom, foi aqui que eu vim pensar, botar a cabeça no lugar. E eu olhava as estrelas e esquecia dos problemas.

- Bem, eu não tenho costume de olhar as estrelas, você é a única pessoa que eu conheço que gosta dessas coisas. – fazia carinho na cabeça de Rachel. -  Eu gosto como você da importância aos pequenos detalhes da vida. – sorria abertamente. Sentia seu coração aquecendo de tanto amor que sentia.

- Bem, nunca é tarde pra observar as estrelas. Todas as noites elas estão lá esperando serem admiradas. Estamos esperando por você. – girou a cabeça de modo que começou a olhar o céu.

- Estamos? – a morena franziu o cenho.

- Estamos! Eu e o universo. – suspirou soltando o ar. - Faz um pedido. 

- Mas não tem nenhuma estrela cadente aqui, amor. – disse confusa.

- Não importa Liv. Faz assim mesmo. Escolhe uma estrela e pede! – deu de ombros como se o que falasse fizesse o maior sentido.

- Tá bom então. Vejamos... – começou a olhar o céu reparando cada ponto brilhante.

- Vai Olivia. É só uma estrela, não é difícil... – riu da demora e exigência da namorada para escolher.

- Tudo bem, aquela ali. – apontou para a escolhida.

- Tá, agora faz o pedido. – disse empolgada.

Olivia fechou os olhos e começou a refletir. O que poderia pedir a uma estrela? Lembrou-se da coisa que mais queria na vida. Apertou os olhos e mentalizou com todo seu pensamento.

- Pronto... – abriu os olhos novamente.

- Quer dizer o que pediu ou vai manter segredo?

- Não tem uma regra que se eu contar o pedido não acontece?

- Essas regras não se aplicam a estrelas. – na verdade ela tinha acabado de inventar isso. Mas estava curiosa pra saber o que sua morena havia pedido. 

- Tá bom espertinha... Eu pedi... Pra ter você pra sempre. – respondeu meio tímida.

- Ah, que fácil! – Rachel virou a cabeça para encara-la e a abraçou. - Vou ser sua pra sempre...

Olivia se sentia plena. Sorria encarando o céu. Sua namorada estava deitada em seu peito. Encolhida em baixo do cobertor devido ao frio.

As garotas conversaram fácil sobre os mais variados assuntos, até Rachel pegar no sono e Olvia a cordar para irem para barraca.

***

- Acorda amor! – Rachel fazia carinho nos cabelos curtos. - Vem meu anjo, já virou um novo dia.

- Ann – a morena murmurou com muita preguiça. Queria aproveitar mais.

- Vamos lá Liv. Tá um dia lindo, o sol está brilhando.

- Deixa ele brilhar amor, enquanto ele brilha, eu durmo.

- Você é chata! Eu vou pra cachoeira. Me encontra lá! – beijou sua bochecha e saiu correndo da barraca.

Rachel boiava na água gelada. Ela amava quando o sol batia na água e refletia. Lembrava um arco íris.

- Aaaa, que água fria! – Fred grita quando entra na água. Caio logo atrás dele, ao lado de Olivia. - Rach, você é louca querida. – Parou e cruzou os braços. A água ainda estava em suas coxas. 

- Vem Fred! – começou a jogar água nele. Que gritava escandaloso quando a água batia em seu corpo.

Olivia mergulhou junto com Caio. Fred permaneceu onde estava até começar a tremer de frio e sair da água. O garoto ficou com elas por um tempo, depois foi fazer companhia ao namorado nas pedras.

- Quero te mostrar um lugar. – Rachel ficou em pé e pegou a mão de Olivia.

A morena a seguiu calada e curiosa. As garotas seguiram com as mãos entrelaçadas por uma trilha, mais a frente havia um caminho de tulipas rosas. Elas pararam nesse jardim e sentaram na grama em baixo da uma alta árvore.

- Que lugar lindo amor! – Olivia estava maravilhada. Nunca havia apreciado tamanha beleza na natureza.

- Descobri ele da última vez que estive aqui.

- Agora, todas as vezes que pensar em se esconder e quiser vir pra cá, eu virei com você.

- Não vou precisar mais me esconder, Liv. Esse tempo já passou. Agora eu tenho você... – sorria radiante para namorada.

Olivia tocou seus os lábios e a envolveu em um beijo terno. Traços íntimos, toques profundos e poucas palavras sussurradas no ouvido. Mais uma vez as garotas selavam seu amor. Dessa vez ali em baixo de uma árvore e  a natureza como testemunha. A morena apertava a namorada em seus braços, percebendo quando ela chegou ao seu clímax.