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História Her (romance lésbico) - Silêncio


Escrita por: pqscherbatsky

Notas do Autor


Consegui terminar mais um capítulo e espero que gostem. Será o último de 2016.
Qualquer sugestão que tiverem é só mandar. Pretendo no próximo capítulo fazer uma mudança na narração e mostrar também o lado da Olivia. O que acham?
Feliz ano novo pra vocês e até 2017.

Capítulo 8 - Silêncio


Finalmente tinha chegado a tão temida e esperada semana de provas. Rachel estava nervosa, porem preparada. Tinha se dedicado bastante. Nesseses últimos dias a única coisa que tinha feito era estudar, ela sabia que por ser aluna bolsista tinha que se esforçar bastante. Ao contrario de seus amigos, que tinham a faculdade paga pelos pais. Mas sabia que a semana corrida e as noites em claro trariam resultados. Nove cadeiras, portanto nove dias de provas. Quase duas semanas inteiras. Faltava apenas uma prova. Só mais um dia e aquele pesadelo estaria terminado.  

Era uma quarta-feira a tarde, Rachel estava em seu quarto, estudando. Quando o telefone toca. Ela revira os olhos odiando ser interrompida por um barulho que ela não queria estar ouvindo. Olha o celular, é Olivia. Atende pensando que é melhor ser algo muito importante ou ela não viveria pra fazer a prova de amanhã.

- O que foi?

- Rach, preciso de uma ajudinha aqui.

- O que houve? Aconteceu alguma coisa com você?

- Aconteceu que eu não sei nada da matéria e não consigo aprender. Por mais que eu leia isso não entra na minha cabeça.

- Não exagera também. Qual a sua duvida?

- Tudo!

Rachel rir do outro lado da linha.

- É sério você não tá entendendo a gravidade do assunto.

- Faz o seguinte. Quer que eu vá pra sua casa pra passarmos a matéria? Ou você pode vir aqui.

- Ai me diz o que seria da minha vida sem você.

- Sei... Você vem ou eu vou?

- Você já tá me ajudando, é justo eu ir até você.

- Ok então te espero.

- Chego o mais rápido possível. Beijos

A ligação é encerrada antes mesmo de Rachel se despedir. Não passou meia hora e a campainha estava tocanto. Ela vai até a porta, abre e vê Olivia dar um largo e belo sorriso.

- Ora se não é minha pessoa favorita no mundo todo. – Olivia a abraça já entrando na casa.

- Pode entrar!

- Sério desculpa te atrapalhar mas eu  não tava conseguindo.

- Tudo bem. Vamos pro meu quarto.

Olivia se da conta de que era a primeira vez que entrava ali. Só conhecia a casa de fora. Nas vezes que tinha ido levar e pegar a amiga. Era uma casa simples, mas não deixava de ser bonita e aconchegante. Tinha fotos nas paredes e flores naturais. Ela achou o quarto de Rachel muito “quarto de menininha”. Ursos de pelúcia, papel de parede rosa, prateleiras cheias de livros, CDs e enfeites. Tudo muito organizado. Ao contrario da bagunça dela. Sentaram na mesa do computador e começaram a os estudos.

 Olivia tentava prestar atenção em tudo que a amiga explicava, se esforçava para não perder o foco. Aqueles cabelos castanhos a deixavam em êxtase. Duas horas de estudo e já não aguentava mais.

- Quem precisa de sociologia? –  boceja e revira os olhos.

- Tá cansada né. Eu acho que já chega.

- Não aguento mais. Queria estar morta.

- Amanhã depois da prova você pode morrer.

- Eu juro que se não tirar nota boa me mato sim. – olha o relógio, já está escurecendo. – Acho que esta ficando tarde.

- Tá com fome não? Acabei esquecendo de trazer um lanche pra nós.

- Estou faminta, comeria um boi inteiro.

- Que acha de comida chinesa ao invés disso?

- Topo!

- Tem um restaurante aqui perto que sempre pedimos. Vou ligar. O yakisoba de lá é maravilhoso.

- Então pede.

Rachel liga e faz os pedidos.

- Liv, posso te perguntar  uma coisa?

- O que quiser.

- Seus pais, você nunca fala deles. Por quê?

Aquela pergunta pega Olivia de surpresa, ela não esperava por isso. E não gostava de tocar nesse assunto. Era reservada demais quando se tratava dos pais.

- Bom, não tem muito o que falar. Eles se separaram quando eu era bebê ainda. Vejo meu pai uma vez por ano. Ele finge que se importa e aparece no meu aniversário – engole em seco -  e minha mãe viaja a trabalho quase sempre. A gente se entende, mas cada uma vive sua vida.

- Hum. Eles sabem que você... Gosta de garotas? – pergunta meio sem jeito.

- Minha mãe sabe. Sempre soube eu acho. Mas teve certeza no dia que contei a ela.

- Você contou? E como ela reagiu?

- No começo deu uma surtada. Passou a me ignorar. Mas hoje em dia ela faz vista grossa. Acho que prefere ignorar o assunto. E eu acho melhor que seja assim.

- Quando você soube que gostava de meninas?

- Eu nunca consegui achar os meninos interessantes, sabe? Me sentia estranhamente diferente das minhas amigas de escola, eu até beijei um menino uma vez. Mas foi muito estranho – sorriu da lembrança. – Mas eu soube mesmo aos 17 anos. Quando conheci meu primeiro amor e namorada no ultimo ano da escola. Namoramos por dois anos.

- E o que aconteceu que não deu certo?

- Ela se mudou. O pai foi transferido no trabalho e ela foi com eles. Então terminamos. E você?

- Quando descobri que gostava de garotas? Aos 17 anos também.

- QUÊ?

Rachel não consegue segurar a gargalhada.

- Não me assusta assim sua idiota. Você mora apenas com sua mãe né. O que houve com seu pai?

- Ele morreu quando minha mãe estava gravida de mim. Não o conheci.

- Sinto muito.

- Tudo bem. Minha mãe sempre foi um pai e uma mãe. Tenho muito orgulho em ser filha dela. Sempre batalhou muito pra me dar tudo que preciso.

- Já falei que acho linda a relação de vocês não é. Às vezes queria ser mais assim com minha mãe também. Mas quando ela tá em casa nós mal conversamos, então...

  Mais uma vez o assunto incomoda Olivia. Rachel percebe a tristeza da amiga e tenta mudar o rumo da conversa e pergunta sobre algo que ela queria saber desde um tempo.

- E agora, você não namora ninguém?

- No momento não.

- Mas por quê? Você é tão bonita, inteligente e tem um ótimo gosto musical.

- Que parece muito com o seu. – as duas riem. – Mas é serio, eu gosto de me envolver de verdade. De amores pra sempre, de dormir agarradinha, de café na cama, de declarações de amor. Ainda não encontrei isso. Claro que me divirto, saio com algumas garotas. Mas é só atração. Namoro só quando houver sentimento suficiente.

- Você acredita em amor pra sempre?

- Sim ué. Você não?

- Eu acredito que... – a fala de Rachel é interrompida pelo toque da campainha – Deve ser nossa comida!

Rachel se levanta em um pulo. Vai até a porta e  pega os pacotes com a comida. Paga o motoboy e volta pro quarto.

- O cheiro está ótimo!

- Pode apostar que o gosto também – passou a caixinha do yakisoba pra Olivia – o que eu tava falando?

- Do amor verdadeiro – leva o hashi até a boca – Puta que pariu que delicia!

- Olha a boca mocinha. Mas sim, está delicioso!

- Então, Rach o amor verdadeiro....- Olivia estava curiosa

- O amor verdadeiro Olivia, pra mim só existe um na vida. É segurança. É a calmaria em meio a tempestade. É o porto seguro... – suspira encarando o vazio.

Olivia se enche de coragem e pergunta:

- Seu namorado é seu amor verdadeiro?

Aquela pergunta deixou Rachel sem palavras. Estava a tanto tempo namorando e nunca tinha parado pra pensar nisso. Eles eram cumplices, amigos, embora a maioria das conversas eram sobre o trabalho dele e como o pai fazia cobranças, eles se entendiam muito bem e a relação estava muito estável pra ela se questionar se ele era seu amor verdadeiro. Já estava acostumada a presença dele em sua vida e isso bastava. Até aquele momento.

 Então ela percebeu que sentia falta do frio na barriga, do arrepio na espinha quando ele a beijava, do nervosismo antes de saber que ele estava chegando. Ela nunca realmente sentiu isso com ele.

- Eu não sei – foi sincera – já nos conhecemos a um bom tempo. Somos amigos, minha mãe gosta dele...

- Mas amor verdadeiro...

- Você cismou com essa ideia de true love hoje. Anda lendo muitos contos de fada.

- Não. Só tô preocupada com sua felicidade mesmo.

Aquele assunto levou Rachel a vários devaneios. Ela queria mesmo encontrar o amor verdadeiro ou queria apenas a estabilidade de um relacionamento tranquilo? Teria ela coragem de lutar contra tudo e todos se o encontrasse? Preferiu não responder a menina de cabelos curtos, quis apenas ficar em quieta do lado dela.

Terminaram  de comer. Cada uma com seu próprio pensamento. Embora estivessem em silêncio, não era constrangedor. Elas se entendiam até na falta de palavras, era  confortável ficar perto de Olivia mesmo sem dizer uma palavra.

E parecia que Olivia sabia o que ela buscava naqueles pensamentos distantes. E em seu interior sentia uma vontade enorme. Vontade de se declarar, de dizer que a felicidade não estava em apenas ter relacionamento tranquilo. A bagunça também era boa. Que ela queria ser aquela bagunça, seu tumulto. Mas não podia. E ao invés disso, apenas a observava no silêncio.

 


Notas Finais


Por enquanto é isso pessoal.
Bejos


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