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História Herança Veela - Capítulo 1 - Mr. Kandi:


Escrita por: AmandaRoss

Notas do Autor


Bem, se você chegou até aqui e está se perguntando "MAS QUE MER-" olhe o palavreado. Então, saiba que havia um capítulo com avisos e desculpas sobre a falta de capítulo por... Err... Um ano. Mas por motivos completamente compreensíveis o capítulo foi apagado, tudo bem, quer dizer, era só um aviso. Ninguém aqui está bravo Spirit, sem resentimentos. Mas vamos ao que interessa. Nesse um ano, eu tive que estudar muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito. Muito mesmo, eu quero passar em alguma faculdade para medicina, pelo Enem seria bom aliás, por que não tem cinco mil reais para mensalidades (eu fiquei sabendo que tem livros que custam dois mil, ai meu coração). Então eu estava bem ocupada... Mas então resolvi voltar, mas eu não conseguiria continuar de onde parei, então para não deixar a Herança Veela morrer, eu vou reescrever. Eu espero que gostem. Me desculpem pelas breves desculpas (?)
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(Daqui pra cima foi editado depois que o capítulo do aviso foi apagado)

O que? Só uma semaninha??? Uma semaninha???? Meeeeus deus hein, meeeus deus.
Mereço varios presentes da cacau show ou não????
*coro de fundo: siiiiiiim!*

Mas então. Como vocês passaram essa semana? Bem? Eu também, obrigada. Correndo como sempre e agora mais do que nunca pra tentar terminar esse capítulo. Quando eu tava estudando, me sentia corroer por dentro de vontade de escrever e quando eu escrevia me coçava pra ir estudar. Mas ok né, é a vida de vestibulando :v................. Não recomendo.

Brinks.

Estuda gente.

...

Enfim. Bem, mesmo assim eu devo alguma satisfações, não é? O que aconteceu com a fanfic afinal de contas? Bem, aconteceu que eu realmente tive que recomeçar ela, vocês vão notar que tá um pouquinho diferente, melhor eu espero. E eu tenho que tizer que todos os momentos que vocês amam vão sim continuar e muitos melhores vão vir, ok? Ok. "Ah mas onde você vai postar a fanfic?" Pois então, como muita gente pediu pra não apagar e antiga, eu resolvi deixar aqui mesmo, que foi o que algumas pessoas também pediram. Então, pode ficar mais confuso, principalmente pra quem é novo, tá chegando lá cap 31, 32 "mds, onde q vai parar saporra, to louca pra ler o prox.... ué, masoq" É, vai ser mais ou menos assim... e.e Eu imagino. E desculpa aí por isso, de verdade. Eu tentei levar tudo da melhor forma possível e gostaria que dessam uma chance pra isso aqui, certo? Desculpa de novo.

Então, vamos ao primeiro capítulo?

Capítulo 33 - Capítulo 1 - Mr. Kandi:


Capítulo 01 - Mr. Kandi:

 

 

Estava frio. Estava escuro. Em volta dele havia uma escuridão tão espessa que quase podia senti-la tocando sua pele. Parecia sólida, enchendo seu nariz e sua garganta e mesmo quando conseguia respirar, sentia-se sufocando.

 

Sentia algo duro pressionando suas costas e cordas apertando seus braços e pernas. Tentou se soltar, em vão, pois estava muito apertado. Então tentou gritar, porém apenas um gemido abafado saiu de sua boca, que estava tapada com uma mordaça de pano sujo.

 

Nada parecia muito claro, estava levemente ciente de seu corpo e muito menos de espaço a sua volta, mas uma coisa era bem clara. A sensação de estar sendo observado, de medo e agonia.

 

Sabia onde estava. Estava novamente naquele maldito cemitério, como havia estado todas as noites antes dessa. Quando havia tido uma noite de sono descente ultimamente? Nem conseguia se lembrar. Apenas queria ficar em paz.

 

Uma risada fria soou ao fundo, como ecos em uma caverna.

 

   - Você é meu, Potter. - Calafrios subiram de seus dedos do pé até os fios de cabelo ao ouvir a voz medonha e vazia.

 

Mais uma vez tentava lutar contra as cordas, que pareciam apertar seu peito mais e mais, impedindo a passagem de ar. 

 

Foi quando o corpo de Cedric apareceu a sua frente estendido no chão... Não sabia se já estava ali o tempo todo, mas só agora se dava conta disso. O garoto tinha a pele morbidamente pálida e suja de terra, os olhos amendoados completamente vidrados no além. Se uma vez fora bonito, agora a beleza não era mais do que uma vaga lembrança.

 

   - É sua culpa... Um rapaz tão bom...

 

Já não lutava tanto contra as cordas, sentia-se dormente preso no olhar perdido do cadáver. Então, mais dois corpos se juntavam ao primeiro, estendidos no chão. Um homem e uma mulher ruiva...

 

   - Sua culpa...

 

" Não, eu não queria..." Tentou dizer. " Eu nunca quis..."    

 

"Mãe... Pai..." Sentia algo ruim preso em sua garganta.

 

E a risada que cortou a escuridão conseguiu arrancar-lhe a ultima gota de juízo.

 

Um grito de desespero subiu por sua garganta, esse porém, não foi detido pela mordaça, conseguia ouvir sua própria voz em agonia em alto e bom som. Foi então que acordou. Suado e gelado em sua cama dura na casa de seus tios na rua dos alfeneiros. Só agora se dava conta que tinha gritado de verdade. 

 

Desejou não ter feito isso e mais ainda que seu tio Valter não viesse lhe pedir satisfações, ou qualquer coisa pior. Por pelo menos dois minutos nem ousou respirar muito alto, mas quando finalmente sentiu que ninguém viria, suspirou pesadamente tocando a cicatriz que latejava dolorosamente, não forte demais, porém mais do que seria agradável.

 

Enquanto tentava normalizar sua respiração acelerada, mesmo que não tivesse feito esforço algum, buscou alguma calma, pensando sobre o último sonho. Estavam cada vez piores, concluiu.

 

Se já achava ruim antes, quando vez ou outra tinha um sonho esquisito com uma luz verde que o fazia acordar suando frio, agora que Voldemort voltara a vida, aqueles sonhos de antes pareciam um passeio no parque. Sentia-se tão impotente. Como Voldemort podia brincar com ele desta forma? Sendo que a única coisa que ele poderia fazer era... Nada. Isso não era justo. Nada era, afinal.

 

Se fosse, ele não estaria naquela casa, com fome e cansado por varrer o jardim inteiro.

 

Tentando se distrair um pouco, olhou para o relógio em sua cômoda, se surpreendendo ao ver que ainda faltavam 5 minutos para meia noite, não achou que fosse tão cedo. Não sabia se ficava feliz com isso, já que dormir não era mais uma ideia tão acalentadora.

 

De qualquer forma se encolheu um pouco na cama, tentando apenas descansar. Se Vernon o ouvisse fazendo barulho a essa hora, estaria morto.

 

Ah, ele sentia tanto a falta de Hogwarts, de seus amigos... Esse período de férias sempre o fazia duvidar de que tudo não era apenas um sonho, era como mergulhar e segurar a respiração por muito tempo, só podendo voltar a superfície no fim das férias. E agora tudo parecia estar pior, com Voldemort a solta ele temia diariamente a possibilidade de atentados por aí, sempre que podia acompanhava as notícias nos jornais.

 

Tentou escrever para Rony e Hermione, até mesmo para Sirius, mas ninguém tinha respondido. Não sabia o que tinha acontecido para isso, mas temia que eles o tivessem esquecido ou evitando. O evitando por achar que ele estivesse enlouquecendo, talvez? Será que até eles duvidavam dele agora?

 

Lá no fundo, sabia que esses medos não tinham fundamento, mas não conseguia se impedir de sentir-se assim. Como puderam deixar ele sem notícias afinal? O que estava acontecendo? Por que ele, logo ele, que vira Voldemort retornar, não poderia saber o que estava acontecendo? 

 

Sem mais nem menos, seus pensamentos foram cortados por uma forte dor no ombro direito. Tentou espantar qualquer coisa que queimava seu ombro, mas não conseguiu, agoniado tirou a coberta e a grande camiseta do caminho e descobriu que era sua própria pele que queimava. Felizmente, assim como veio, a sensação se foi, deixando apenas um risquinho prateado no lugar.

 

   - O que...? - Ele murmurou, entortando o pescoço para conseguir ver seu ombro com clareza. Não sabia se estava vendo direito, mas realmente tinha um pequeno risco prateado ali, rodeado por uma rodela vermelha de pele levemente irritada.

 

Bem, provavelmente algum inseto tenha picado o local, deduziu. Havia muitos naquele quarto com certeza.

 

Sem muito o que fazer, apenas esqueceu o ocorrido e se ajeitou da melhor forma possível. Aos poucos o corpo ia relaxando e a mente se enevoando. O cansaço finalmente o venceu.

 

                                                oOo

 

Harry acordou na manhã seguinte se sentindo mais cansado do que quando fora dormir na noite anterior, queria apenas virar e continuar dormindo, mas sua tia estava batendo na porta mais uma vez para garantir que isso não acontecesse.

 

   - Vamos, acorde! - Ela berrou do outro lado da porta - As roupas não vão se lavar sozinhas!

 

Resmungando baixinho o garoto se sentou na cama, enquanto sua tia descia para fazer o café. Harry esfregou os olhos preguiçosamente e se levantou, abrindo a porta do quarto e olhando rapidamente para os lados, para garantir que não daria de cara com seu tio ou Dudley. Foi rapidamente até o banheiro e fez suas necessidades.

 

Seu corpo cansado pedia por um banho quente, mas sabia que assim que sua tia ouvisse o chuveiro ela viria reclamar. Então, achando que não valia a pena, simplesmente se dirigiu novamente para seu quarto, mas antes seus olhos captaram seu reflexo no grande espelho do banheiro.

 

Olhou perplexo para si próprio por alguns segundos. Um... Dois... Dez. Não conseguia desviar o olhar de seus próprios olhos. Tinha algo diferente nele... 

 

Ou não... Mas... 

 

Alguma coisa. Não sabia dizer o que, ele parecia o mesmo garoto magricela de sempre, mesmo assim não conseguia deixar de lado um sentimento estranho ao encarar sua imagem refletida no espelho.

 

Sem saber bem a razão, afastou a camiseta para verificar seu ombro e constatou que o pequeno risco prateado ainda estava ali. Estranho... Que tipo de inseto...?

 

   - DESÇA LOGO MULEQUE! - O berro de seu tio veio lá de baixo.

 

Suspirando mais uma vez, ele desceu para fazer suas tarefas.

 

                                               oOo

 

Harry se sentia mais exausto que antes, se era possível.

 

Agora, sentado em um balanço no parque finalmente achava algum descanso. Daqui a pouco o sol iria se por mas pelo menos ali ele tinha um pouco de paz. Sua tia estava com amigas em casa e lhe "recomendou" que desse um passeio. Melhor assim, de qualquer forma.

 

Ali, sentindo a brisa do fim de tarde em seu rosto observava o cenário ao redor.

 

As crianças brincavam correndo pra lá e pra cá umas atrás das outras, algumas faziam castelinhos de areia e uma ou outra continuava perto da mãe, com medo ou vergonha de se juntar aos outros. Isso o fez pensar em que tipo de criança ele seria...

 

Ele iria se juntar as outras crianças nas brincadeiras? Ficaria sozinho na caixa de areia fazendo montinhos? Ou... Não sairia do lado de sua mãe?

 

Sua barriga roncou de fome, o tirando de seus devaneios. Não que pudesse fazer muito além de dar tapinhas por cima do casaco como se falasse com o próprio estomago "calma... calma..."

 

Inconscientemente olhou para o carrinho de doces do outro lado do parque. Era um furgão grande e cor de rosa, pintado com bolhas de chiclete azul e o nome "Mr. Kandi" ao lado em letras amarelas. A porta aberta garantia a visão dos inúmeros doces ali dentro. 

 

Harry só percebeu que encarava quando notou o olhar do próprio Mr. Kandi nele. Um homem de mais ou menos quarenta anos, boa aparência, cabelos levemente grisalhos e um sorriso branco e agradável para todos. Vestia um suéter peludo e cor de rosa como um algodão doce e um chapeuzinho também cor de rosa. 

 

O menino desviou o olhar rapidamente, sentindo-se envergonhado. Se tivesse mentido o olhar, teria notado o homem o observando.

 

                                              oOo

 

Dois dias haviam se passado e nenhuma notícia. Nem de seus amigos nem de ninguém. Apenas aqueles malditos pesadelos que não o deixavam dormir.

 

Harry começou a se imaginar em Hogwarts novamente, na cama de dosséis dormindo tranquilamente e de barriga cheia do jantar de boas vindas. Tendo como preocupação apenas os deveres de casa e esse tipo de coisa... Ainda seria possível algo assim?

 

   - Ai! - Exclamou, como reflexo da dor que repentinamente invadiu seu ombro. Não era de todo estranho, parecia queimar novamente, na verdade. Mesmo assim não doía menos.

 

Segurou o ombro e cerrou os dentes por breves segundos até a dor passar tão repentinamente quanto antes. De forma cuidadosa afastou sua blusa. O risco parecia maior agora, não havia outro, apenas o mesmo porém maior e curvado.

 

Que raio de inseto era aquele afinal? Tinha gostado daquele ponto de seu corpo ou o que?

 

Sem energia o suficiente para pensar nisso, Harry deitou-se de lado, acariciando de leve a pele irritada inconscientemente, não notando a imagem que aquilo parecia formar.

 

                                           oOo

 

Na manhã seguinte ao ir no banheiro, se pegou encarando o próprio reflexo novamente.

 

Agora definitivamente tinha algo errado. Errado não... Apenas diferente, imaginou que estaria com um olhar mais fundo pela noite mal dormida, mas parecia bem, até seu cabelo não parecia tão desarrumado. Ele ainda se parecia com ele mesmo, mas... Não sabia dizer. Era frustrante.

 

   - GAROTO! 

 

Mordendo os lábios para não responder nada que fosse deixa-lo em uma situação ainda pior tratou de descer. Seu tio estava na mesa lendo o jornal e seu primo ao lado parecendo emburrado, a sua frente o prato vazio justificava a carranca.

 

   - Venha logo, cuide para não queimar o bacon, eu tenho qu- Tia Petúnia falava mexendo na frigideira, colocando alguns pedaços de bacon para fritar. Porém assim que o encarou ela parou, apertando os olhos e o olhando fixamente.

 

Sem saber como reagir Harry segurou os braços de forma nervosa. A mulher então, franziu as sobrancelhas e apertou os lábios suspirando de forma irritada. Felizmente ela apenas se afastou parecendo levemente perturbada.

 

Respirando aliviado com o momento tenso e estranho Harry assumiu a frigideira.

 

                                            oOo

 

Estava mais uma vez naquele parque, sentado em um dos bancos que dessa vez deu a sorte de encontrar um vazio, provavelmente por que era um dia no meio da semana. Não estava ali por ter sido obrigado, dessa vez tinha ido ali simplesmente por conseguir achar alguma tranquilidade naquele local.

 

Algo nas pessoas vivendo suas vidas tão normalmente, alheias a tudo, o enchia com um sentimento estranho dentro do peito. Não se sentia exatamente confortável ao se imaginar como uma delas, mas ao mesmo tempo não conseguia parar. Era patético, ele sabia.

 

Talvez ele não estivesse sendo exatamente discreto, pois as pessoas estavam começando a olha-lo de forma estranha.

 

Harry cruzou os braços, nervoso. Tentando se encolher nele mesmo. Agora que notava, havia realmente algumas pessoas que o olhavam de forma esquisita. Não pareciam bravas, mas... Não era confortável. Nunca se sentira confortável sendo o centro das atenções em Hogwarts e com certeza não era melhor aqui no mundo trouxa, ninguém o enxergava aqui e preferia que assim continuasse.

 

Levantou-se para ir embora quando sem olhar pra frente, bateu em alguém muito mais alto do que ele, acabando por tropeçar nos próprios pés.

 

   - Opa! - Sentiu alguém o segurando pela cintura, impedindo sua queda. - Cuidado aí amiguinho.

 

Corando intensamente ele percebeu que era nada mais do que o homem do carro de doces, Mr. Kandi, com seu super reconhecível suéter cor de rosa. De forma desajeitada tentou se desvencilhar, tentando não parecer mal educado. 

 

   - Você está bem? - O homem o olhava com um sorriso gentil, porém algo no seu olhar era estranho. - Hey, pegue um chocolate, sim? Você parece com fome.

 

E lhe estendeu uma barra de chocolate com amendoim. Harry encarou o doce por alguns segundos, queria recusar mas realmente, estava com fome e sua barriga ter roncado na hora não ajudou em nada. Corando mais um pouco ele aceitou o chocolate.

 

   - O-Obrigado... - Ele balbuciou.

 

Sem conseguir olhar pra cima Harry saiu atrapalhado. Se amaldiçoando por sua própria vergonha. Será que Mr. Kandi só ficou com pena dele ou ele que parecia faminto demais? Ou talvez os dois juntos... De qualquer forma Harry achava que estava velho demais para que os adultos lhe dessem doces.

 

Mas quantos anos ele aparentava ter? Logo faria aniversário, mas era pequeno demais para a idade que iria fazer. Os anos iam passando e cada vez mais a diferença entre a altura de Rony e a sua ia ficando maior, confessava ter uma pequena inveja do amigo por causa disso.

 

Talvez Mr. Kandi só fosse gentil no final das contas.

 

Em todo caso, ele tinha ganhado um chocolate. Devorou o doce rapidamente, lembrando que estava faminto.

 

                                           oOo

 

Essa noite ele não tinha tido um pesadelo ainda... No entanto, também não havia dormido.

 

Logo estaria fazendo aniversário e encontrava-se sentado em frente a sua janela. Esperando alguma coruja de Rony, Hermione ou até Hagrid. Edwiges ainda não havia voltado desde a última carta e também esperava por ela agora.

 

Olhou o relógio para conferir as horas. Faltavam dois minutos.

 

Suspirou pesadamente e olhou cheio de esperança para fora, encarando a noite estrelada. Procurava por qualquer ponto no céu que se parecesse vagamente com uma coruja, mas acabou observando o céu com atenção demais, se perdendo nas estrelas, observando o céu noturno em toda sua imensidão. Era uma noite muito bonita. De certa forma apenas esse fato lhe trazia uma sensação reconfortante.

 

"Pi... Piii..." O relógio apitou, indicando a meia noite. Tão logo pressionou o botão para silenciar o despertador, uma dor muito forte tomou seu ombro.

 

Mordeu os lábios com muita força para contar um grito, sentindo o gosto metálico de sangue em sua boca. Dessa vez não era só uma pequena queimação. Sentia seu ombro efetivamente pegando fogo, adormecendo seu braço direito inteiro. Seu ombro parecia pulsar por de baixo de seus dedos que tentavam conter a dor. Então se desesperou ao sentir se espalhando, indo até seu pescoço, peito, lentamente até cobrir o corpo todo. 

 

Já não se sentia mais, apenas uma sensação de formigamento terrível. Aos poucos passava e ele tentava recuperar o folego, estendido em sua cama. Harry ainda estava dormente quando se sentou. Tonto demais para pensar sobre como se sentia estranho. Com a boca mortalmente seca, não conseguia pensar em nada além de um copo d'água.

 

Mas antes que conseguisse chegar até a porta do quarto, cambaleou, caindo de joelho no chão de madeira, então tudo ficou escuro.

 

                                            oOo

 

   - Uhn... - Gemeu se sentindo dormente ainda, sua garganta estava seca.

 

Abriu os olhos e rapidamente os fechou de novo, sentindo a retina queimar com a luz do sol que entrava pela janela aberta. Sentindo o corpo todo dolorido, se mexeu, notando que havia dormido no chão, o rosto estava molhado de saliva por ter dormindo com a cara na madeira.

 

Ainda era cedo, mas seus tios não demorariam a acordar. Então se levantou, cuidando para não tropeçar nas próprias pernas e se dirigiu até o banheiro.

 

Ligou a torneira e tomou a água ali mesmo, sentindo uma maravilhosa sensação ao matar a sede. Limpou a boca com o braço e olhou para o espelho distraidamente.

 

Foi então que sentiu os olhos arregalarem.

 

...

 

 

Abobadamente tocou seu próprio rosto, se assustando ao notar que aquela pessoa no espelho o copiava. Era ele...? Como podia?

 

Harry observou o garoto do espelho. Ele tinha olhos incrivelmente verdes e brilhosos, nada como os seus que andavam fundos de olheiras ultimamente. A pele estava branca e macia, diferente da sua que tinha uma aparência pálida e até mesmo doente nos último dias. E o cabelo, mesmo desarrumado parecia bonito, macio e brilhoso caindo no rosto de forma certa. Diferente do seu que era espetado pra todos os lados.

 

Porém... Aquele era... Ele?

 

Ouviu movimentação fora do banheiro, provavelmente seus tios já estavam acordados. Saiu rapidamente dali e foi para o seu quarto, era melhor que seus tios não o vissem assim. Se nem mesmo ele sabia explicar o que estava acontecendo, imagina Valter, ou Dudley. Não, obrigado.

 

De qualquer forma, Harry ainda procurava seu reflexo em qualquer coisa naquele quarto, mas ele nunca se preocupou em ter esse tipo de coisa em seu quarto antes, então parecia em vão. 

 

O garoto estava realmente confuso, ou... Estava ficando louco de verdade? Talvez. Era a única explicação para o que vira no espelho momentos atrás. Ou talvez tivesse batido a cabeça forte demais ontem.

 

Ontem... O que raios tinha acontecido com ele ontem? Ele tinha tido um infarto? Já tinha lido sobre os sintomas e... Não, provavelmente não, podia ser forte mas dificilmente ele se recuperaria de um infarto no dia seguinte e com um penteado melhor ainda por cima. 

 

De repente, lembrou-se dos riscos em seu ombro, afastou a blusa da região apenas para conferir a imagem completa, fazendo finalmente os riscos fazerem sentido. Não eram riscos afinal, agora formavam um pequeno e singelo coração prateado que parecia brilhar delicadamente com todas as cores do arco-íris a luz do sol.

 

Harry gemeu nervoso demais para apreciar a beleza daquela figura, tapou rapidamente o próprio ombro, andando de um lado para o outro no quarto. O que estava acontecendo com ele? Ele precisava tanto de ajuda agora... Mas seus amigos não falavam com ele, nem Sirius... Pedir alguma ajuda para Tia Petúnia chegava a soar engraçado.

 

Sem mais ideias, ele pegou um grande moletom antigo de Dudley e vestiu, colocando o capuz sobre a cabeça e como sempre, a varinha no bolso, mesmo que não fosse usar se sentia mais seguro assim. Esperava que funcionasse.

 

                                            oOo

 

Pela manhã Harry saiu de casa sem falar com os tios e fui até o parque ali perto como nos dias anteriores. Porém, agora ele procurava ficar no banco mais afastado possível, tentando disfarçar que ficara ali o dia inteiro, levantando para dar uma voltar vez ou outra. O sol já iria se por e ele ainda não sabia o que fazer. Não poderia evitar todos para sempre.

 

Preso em seus pensamentos, não notou o homem sentando ao seu lado.

 

   - Quer um chocolate? 

 

Harry pulou de susto, realmente não havia percebido ninguém, até ouvir a voz grave.

 

   - ... - Novamente ficou vermelho de vergonha ao olhar Mr. Kandi, que lhe estendia um barra de chocolate crocante dessa vez.

 

Ainda estava com o capuz mas era obvio que o homem já havia notado alguma coisa ao olhar seu rosto, pois o encarava intensamente. Sem saber o que fazer, Harry se preparava pra ir embora, mas teve seu braço preso firmemente.

 

   - Espere. Aceite o chocolate, você ainda parece precisar dele. - O grisalho falou com um sorriso gentil, afrouxando o aperto.

 

Nervosamente Harry tentou sorrir de volta e pegou a barrinha, querendo ir embora mais do que qualquer coisa. 

 

Andou apressadamente para casa, guardando o chocolate no bolso.

 

Chegou em alfeneiros e tentou abrir a porta da casa número quatro.

 

Trancada. Seu coração imediatamente gelou. Seus tios haviam saído e o trancado fora de casa? Oh, agora ele estava encrencado.

 

Tinha certeza que eles tinham feito isso como alguma forma de punição por não ter feito o café da manhã ou nenhuma das tarefas da casa. Se ele soubesse, tinha esfregado o chão sem reclamar.

 

Agora a lua já se levantava e ele estava do lado de fora da casa. Sem ter muito o que fazer, se sentou no degrau em frente a porta, abraçando as próprias pernas para tentar se proteger do frio. Talvez seus tios não demorassem...

 

                                     oOo

 

Alguma horas se passaram e nada. O desespero dentro de Harry brigava por espaço com a fome que também parecia querer devora-lo de dentro pra fora.

 

Já tinha perdido a conta de quanto tempo estava esperando ali. Já tinha verificado cada janela e até mesmo tentara escalar até o segundo andar, conseguindo apenas cair de bunda no chão. Agora tinha desistido e apenas estava ali sentado em frente a porta.

 

Começava a achar que talvez seus tios tivessem saído de férias por uma semana, apenas para puni-lo e isso não o fazia sentir nem um pouco melhor.

 

A barriga roncou de fome mais uma vez e ele se encolheu, sentindo algo cutucar em seu bolso. Distraidamente colocou a mão ali pra verificar, achando que era apenas sua própria varinha, mas achou a barrinha de chocolate crocante do Mr. Kandi.

 

Era a coisa mais maravilhosa que ele poderia achar agora, perdendo apenas para a chave da porta. Rasgou a embalagem e deu uma grande mordida no doce, sentindo com prazer o chocolate derreter em sua boca, sentindo o sabor doce e... Outro sabor que ele não sabia explicar.

 

Terminou o chocolate se sentindo um pouco melhor. Até mesmo sonolento. 

 

Sonolento até demais. Seu corpo parou de responder, talvez fosse o frio, mas seus olhos estavam ficando cada vez mais pesados. Antes de tudo ficar escuro, achou ter ouvido a música do carro de doces.


Notas Finais


Eeeehhh.... Ishi, eu sou uma que cairia fácil fácil nessa, sou louca por chocolate, quer me sequestrar é só fazer uma trilha de laka até um beco escuro e pronto.

Mas e vcs? Gostam de chocolate também? Brincadeira. Eu sei que sim, a pergunta era: O que acharam desse capítulo?

Espero que tenham gostado. Não esqueçam de comentar, é de graça e indolor.

Até o próximo, Beijos!


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