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História Herança Veela - Capítulo 06 - O Julgamento:


Escrita por: AmandaRoss

Notas do Autor


Ooooooii seus lindos! Tudo bom???
Espero que sim! XD
Já tenho que dizer que nesse capítulo vai aparecer um personagem que tava todo mundo com saudade hein. sahushaushau
E de novo eu planejei dizer muita coisa aqui e me esqueci de tudo por que to morrendo de sono... Ok, ainda bem que eu posso editar depois qualquer coisa. Mas enfim, espero que gostem, boa leitura!

Capítulo 38 - Capítulo 06 - O Julgamento:


Capítulo 06 - O julgamento:

 

 

Harry fez seu melhor para sair da lareira com o máximo de dignidade que conseguiu. Assim que parou de tropeçar nos próprios pés, de uma boa olhada onde se encontrava agora. Estava em um gigantesco hall, com um teto azul esverdeado onde pequenos objetos dourados se moviam todo o tempo, o chão era de madeira escura polida, tornando o lugar ainda maior do que parecia. Um pouco distante, encontrava-se uma fonte de bruxo de pedra, com detalhes dourados. Vários e vários bruxos preenchiam todo e qualquer espaço.

 

A cada poucos segundos um bruxo saia das lareiras próximas, um deles sendo o Sr. Weasley.

 

   — Por aqui Harry. — Então ele o seguiu, o mais próximo que pode, tentando não se sentir intimidado pelo tanto de gente que tinha ali.

 

Gostaria de ter vestido seu moletom velho, pelo menos tinha um capuz. Não que estivesse chamando a atenção realmente, o lugar estava tão movimentado que as pessoas não tinham tempo para ficar admirando uns aos outros, alguns poucos apenas o olhavam duas vezes. Estar ruivo e... Veela, estava servindo muito bem para disfarçar que ele era Harry Potter. Tinha que se lembrar de agradecer a Tonks mais tarde.

 

Alguma hora as pessoas teriam que descobrir sobre essa coisa veela, caso ele fosse para Hogwarts, com certeza não passaria desapercebido. Ironicamente ele estava ali, lutando para ir para Hogwarts. Lidaria com esses pensamentos depois.

 

Chegaram até um local onde um bruxo pediu sua varinha e a colocou em um estranho aparelho de latão. Ele terminou a verificação e lhe devolveu a varinha, deixando que Harry passasse.

 

   — 'Pera lá. — O homem disse e o menor parou, achando que talvez estivesse se esquecendo de algo. Porém o homem apenas olhou para seu crachá e então para seu rosto, franzindo tanto as sobrancelhas que quase juntaram em uma só.

 

   — Vamos Harry. — Sr. Weasley passou uma mão por seus ombros, carregando-o dali. Ele não reclamou.

 

Um pouco empurrado pela multidão, ele passou junto ao mais velho por um grande portão, onde pelo menos vinte elevadores esperavam, protegidos por grades douradas. Sr. Weasley o guiou até um deles e esperou ao seu lado.

 

O mais velho começou a conversar com um homem próximo que carregava uma caixa de papelão que vez ou outra dava pulinhos. Harry não prestou atenção na conversa, estava mais preocupado em se camuflar na multidão, não obtendo muito sucesso nisso, uma vez que várias pessoas o encaravam, algumas apenas olhavam duas vezes, porém ocupadas demais para prestar atenção, outras o olhavam com curiosidade e... Harry se arrepiou, outros o olhavam de uma forma estranha.

 

Felizmente seu elevador chegou e ele entrou, se espremendo junto com o Sr. Weasley e mais algumas pessoas. As grades se fecharam com um ruído estridente e com um solavanco o elevador começou a andar. Abrindo a cada andar onde mais pessoas entravam e outras saiam. Vez ou outra vários aviões de papel também pegavam o elevador. "Memorandos interdepartamentais" fora o que Sr. Weasley disse.

 

   — Segundo andar, Departamento para o Cumprimento do Direito Mágico, incluindo o Escritório de Uso Impróprio da Magia, o Quartel dos Aurores e a Administração dos Serviços de Wizengamot.

 

   — Somos nós, Harry. — O ruivo mais velho avisou. E eles saíram, seguindo outra bruxa por um corredor cheio de portas. Arthur o guiou até uma porta quase no fim do corredor, suas mãos quase tocavam a maçaneta quando ela se girou sozinha, abrindo a porta.

 

   — Arthur! — Um bruxo já meio velho, com uma penugem de cabelos na cabeça e roupas gastas apareceu.

 

   — Perkins, como vai? — Cumprimentou o homem ruivo.

 

   — Arthur, eu mandei uma coruja para a sua casa, você obviamente não recebeu. Uma mensagem urgente chegou a dez minutos atrás! — Perkins dizia, parecendo com pressa. — A audiência do menino Potter. Eles mudaram a hora e o local. Começa às oito horas, no Tribunal Dez.

 

   — O que? Lá embaixo no...

 

   — Onde está ele Arthur? - Perkins procurava Harry Potter, confuso olhando através do garoto ruivo.

 

   — Pelas barbas de Merlin! — Sr. Weasley olhou para seu relógio, soltou uma alta exclamação e pegou o braço do menor e começou a arrasta-lo de volta ao elevador. Harry acompanhava aos tropeços, deixando o senhor confuso para trás. — Rápido, Harry, deveríamos estar lá há cinco minutos.

 

   — Como assim? Eles alteraram a hora? Isso é permitido? — O menor perguntou algumas das coisas que se passavam por sua cabeça. Afinal ele não entendia muito de julgamentos, mas supunha que seu horário não devesse ser trocado de forma tão duvidosa.

 

   — Não faço ideia, mas graças a Deus chegamos cedo. Se você perdesse isso seria catastrófico. — Ele apertou o botão "desce" do elevador algumas vezes inutilmente. — VENHA!

 

Harry estava nervoso antes, estava nervoso agora que sabia que já estava atrasado, mas ver o Sr. Weasley nervoso o estava deixando mais ansioso ainda, se era possível.

 

O elevador finalmente chegou e eles entraram. Cada vez que paravam em um andar, o ruivo apertava furiosamente o botão nove.

 

   — Esses tribunais não são usados há anos. — Ele disse com certa raiva. — Não entendo por que estão lá... A menos que...

 

O elevador parou no Átrio e uma bruxa entrou, impedindo Arthur de continuar. Ao mesmo tempo um homem com cara de luto também entrou.

 

   — 'Dia, Arthur — Ele cumprimentou com a voz rouca. — Não costumo vê-lo muito aqui em baixo.

 

   — Coisa urgente, Bode. — O outro respondeu, indicando Harry com o olhar

 

   — Ah, sim — O bruxo disse, encarando confuso o garoto, que corou com o olhar intenso. — É... Seu... Filho..?

 

   — Rápido, Harry — Sr. Weasley disse assim que o elevador chegou no "Departamento de Mistérios", mais do que depressa Harry o seguiu, feliz em deixar Bode para trás.

 

Não havia janelas ou portas no corredor escuro em que estavam, a não ser uma no seu final. Harry imaginou que seu julgamento seria ali, mas foi guiado para a esquerda, através de um caminho que não tinha notado.

 

   — Aqui em baixo, o elevador não chega tão baixo... Eu não sei por que estão fazendo isso. — Sr. Weasley murmurava enquanto descia dois degraus por vez na escada, Harry se esforçava para acompanhar sem tropeçar.

 

Chegaram em um corredor que fez Harry se arrepiar, se parecia muito com as próprias masmorras de Hogwarts, com paredes de pedras desiguais e tochas aqui e ali para iluminar. No fim, uma porta pesada com trincos e fechaduras de ferro. Pensar que passaria por um julgamento estaria sendo em um lugar assim o fez se senti um criminoso. Mesmo sabendo que não tinha feito nada mal de verdade.

 

   — Tribunal Dez. - O ruivo mais velho avisou, ofegante. — Entre, é aqui. Oh, espere um momento!

 

Os olhos de menino se arregalaram e o coração acelerou, enquanto o Sr. Weasley desfazia o feitiço sobre sua aparência. Seu cabelo voltando a cor normal e seu rosto perdendo as sardas.

 

   — O senhor não vem comigo? — Ele perguntou, não se importando o quanto parecia nervoso.

 

   — Desculpe Harry... — Era possível ver a briga interna na cabeça do mais velho. Aqueles grandes olhos verdes não eram fáceis de encarar em tal situação. — Não é permitido. Boa sorte!

 

E com o coração parecendo que ia sair pela boca, Harry respirou fundo e entrou no tribunal.

 

                                   oOo

 

E então Harry quase tivera uma parada do miocárdio catastrófico. A grande masmorra era terrivelmente familiar. Ele não tinha apenas visto o lugar como também estado lá, na penseira de Dumbledore, observando os Lestrange serem sentenciados a prisão em Azkaban.

 

Ele iria ser julgado no mesmo local onde comensais da morte eram condenados. Alguém ali tinha um senso de humor bem duvidoso.

 

   — Você está atrasado! — Soou a voz fria, do outro lado da sala.

 

Harry se aproximou timidamente do centro do tribunal. Observando todos os cinquenta bruxos que o observavam, todos com túnicas roxas, com um W bordado em cor prata. Ao fazer isso, todos o encararam curiosamente e então ele soube que seria mais difícil do que pensava. Uma mulher loira ao lado de Cornélio soltou um gritinho e colocou a mão na boca, vários outros começaram a murmurar fervorosamente, enquanto o próprio Fudge apenas o encarava, não parecendo nada satisfeito com o que via.

 

Ele sabia que era por que sua herança veela tinha se manifestado, também sabia que ninguém no mundo bruxo nunca se importou em ser discreto em relação a ele, mas mesmo assim ele não esperou esse tipo de reação de bruxos adultos e "maduros".

 

Harry engoliu em seco e respondeu ao ministro.

 

   —  Desculpe — Os outros se calaram ao ouvir sua voz, Harry conseguia sentir o peso dos olhares em si. Não queria olhar para ninguém, não queria notar como lhe olhavam, nem o que pareciam pensar. Não deveria ter que se preocupar com esse tipo de coisa agora. — Eu... Eu não sabia que o horário tinha sido mudado.

 

   — Não é culpa do Tribunal. — A voz falou, dura. — E eu não sei o que pensa que vai conseguir aparecendo aqui assim, nem como conseguiu, mas não pense que vai funcionar. Agora, sente-se.

 

Harry encarou o homem, levemente assustado com seu comentário. Aparentemente ele achava que sua aparência era apenas uma forma de persuasão. Por algum motivo ele sentiu vergonha dele mesmo, um pouco de culpa e por fim, raiva. Ele não queria nada daquilo, como poderiam estar sendo tão injustos? Como alguém em sã consciência pode pensar em algo assim?

 

Ele apertou as mãos em punho e se aproximou da cadeira no meio do tribunal. Sentou-se no máximo da beirada, não apoiando as mãos onde as correntes repousavam, com medo legítimo de ser acorrentado ali mesmo. As correntes tiritaram ameaçadoras, mas não se mexeram. Respirou levemente aliviado.

 

   — Muito bem. — Começou Fudge, olhando os papéis a sua frente. Harry tinha a impressão que ele o estava evitando. Sentiu uma pontada fina de irritação com aquele fato, mas tentou se acalmar. Mesmo sabendo que estava sendo julgado, mesmo que de forma indireta, por estar com aquela aparência. — O acusado está presente. Finalmente. Vamos começar, todos prontos?

 

   — Sim senhor. — Soou uma voz conhecida, o rosto do moreno foi direto nessa direção, chegando até Percy Weasley que nem ao menos ousou encara-lo.

 

   — Audiência Disciplinar do dia doze de agosto — Disse Fudge em voz alta, Percy anotava tudo prontamente. — Entre os crimes cometidos sob o Decreto de Restrição do Uso Lógico da Magia por Menores de Idade e ao Estatuto Internacional de Segredo da Magia por Harry James Potter. Interrogador: Cornélio Oswald Fudge, Ministro da Magia. Amélia Susan Bones, Chefe do Departamento da Imposição da Lei Mágica. Dolores Jane Umbridge, Subsecretária do Sênior do Ministro. Escrivão da corte, Percy Ignatius Weasley.

 

   — Testemunha de Defesa: Alvo Percival Wulfric Brian Dumbledore. — Harry virou a cabeça tão rápido para olhar o dono da voz que estalou o pescoço. Observou com um pingo de esperança em seu coração Dumbledore se aproximar, tranquilamente.

 

Uma nova onda de burburinhos se iniciou.

 

Harry não se importou, concentrado em encarar o diretor, procurando alguma resposta a suas perguntas não feitas. Não obteve nem mesmo um olhar de volta, o mais velho estava encarando Fudge curiosamente.

 

   — Ah. — O Ministro disse, parecendo desconcertado. — Dumbledore, sim. Então... Você  recebeu a mensagem que a hora... E o lugar da audiência haviam sido mudados?

 

   — Eu quase não cheguei a tempo — O diretor respondeu, animado. — Entretanto, devido a um acaso da sorte eu já estava aqui no Ministério há mais de três horas, não foi muita sorte?

 

   — Suponho que sim...

 

Um momento, até o chiado das conversas diminuírem e o diretor se acomodar, próximo a Harry.

 

   — Então. As acusações. — Fudge remexeu os papéis a sua frente. E o estomago de Harry gelou. — As acusações são as seguintes: Que ele propositalmente, deliberadamente e de total consciência da ilegalidade de suas ações, tendo recebido avisos prévios por escrito do Ministério da Magia por uma acusação semelhante, produziu um feitiço de Estuporação, em um trouxa, que acabou desacordado. No dia dois de agosto ás 2h43min da manhã, o que constitui um crime sob o Parágrafo E do Decreto do Uso Lógico da Magia por Menores de Idade e Agreção a um Civil. Você Harry James Potter admite que efetuou o feitiço?

 

   — ... Sim, m-

 

   — Mesmo tendo recebido o aviso oficial do ministério três anos antes?

 

   — Sim, mas eu-

 

   — E você pode dizer por que?

 

   — ...

 

As palavras foram até a ponta de sua língua e ali pararam.

 

Olhe toda essa gente, todos o olhando, prontos para ouvir qualquer coisa que ele dissesse. Todos eles saberiam pelo o que tinha passado. Que monte de merda.

 

Harry usou toda a frustração que sentia para transformar em um pouco de coragem e finalmente se manifestar.

 

   — Eu fui... — Ele apertou a barra da própria roupa, deixando os nós de seus dedos brancos. Encarando nenhum ponto em especial da bancada de madeira a sua frente. — Eu fui sequestrado.  Por um trouxa.

 

E mais uma vez o som de conversas sussurradas invade o lugar, dessa vez muito mais devastador, todos pareciam estar em polvorosa.

 

Fudge por sua vez parecia mais desconcertado do que nunca. Talvez estivesse tão concentrado em acabar com a imagem de Harry Potter que nem mesmo se importou em saber com o que estava fazendo isso. Porém ele não iria desistir tão facilmente.

 

   — Sequestrado? Por que o sequestrariam? — Ele perguntou de forma cética.

 

   — ... Por que eu estava sozinho. — Harry se viu respondendo, não sabendo exatamente a resposta correta a aquela pergunta. "Por que?" Ele nunca chegou a se perguntar isso. Ele estava lá e seu sequestrador também. Então ele foi burro e o homem apenas aproveitou a oportunidade.

 

   — Cornélio, se me permite. — Dumbledore se manifestou, dando um passo a frente, sua expressão muito séria de repente. — Nós, com ajuda da policia trouxa, conseguimos... Resolver parte dessa caso. Harry foi sequestrado por um traficante de crianças.

 

Impressionantemente, ninguém falou nada, o silencio parecia mais alto que as conversas anteriores. Harry estava completamente mortificado, encarando as próprias mãos.

 

   — Este homem em questão, Edward Kandi, já havia feito muitas vítimas, não só aqui como fora da Inglaterra. Sua próxima vítima não era ninguém menos que o próprio Harry aqui. — O diretor indicou o jovem com a mão, o menor não se mexeu. — Descobrimos que ele já planeja isso a algum tempo, quando finalmente conseguiu... Bem, ele não estava preparado para aquele feitiço, que, devo dizer... Foi o único motivo de Harry Potter ainda estar aqui.

 

   — Você tem alguma testemunha? — O moreno encarou incrédulo o homem que fizera a pergunta.

 

   — Sim. — A expressão do diretor se tornou quase sombria, então olhou Harry mais que rapidamente e desviou o olhar. — Eu trouxe uma testemunha. Me permite...?

 

Cornélio acenou com a cabeça discretamente, dando permissão ao diretor que gesticulou com as mãos em direção a porta. Esta logo se abriu, com um estrondo no tribunal silencioso e por ela dois aurores traziam um homem, que não resistia, com um uniforme tipicamente laranja e um capuz preto sobre a cabeça.

 

Os aurores colocaram o homem ajoelhado e acorrendo com as mãos nas costas logo ao lado de Harry, afastado o bastante para estar "seguro". Os aurores então retiraram o capuz, deixando a vista o rosto tão familiar de Edward Kandi.

 

Harry não soube dizer o que sentiu ao ver aquele homem novamente, ali, em meio a todas aquelas pessoas e naquela situação em particular. Era uma mistura de medo, nojo, certa raiva e completo assombro. Ele nem mesmo poderia se mexer se quisesse, estava tão mortificado que tinha congelado em seu lugar, sentiu o sangue parar de correr em suas veias, podia sentir suas mãos ficando frias e uma sensação gelada logo na boca do estomago, que parecia que queria sair para fora.

 

Ele gostaria de poder correr quando os olhos azuis e frios o encararam. Um pequeno sorriso se abrindo no rosto, marcado com alguns cortes e hematomas. Obviamente não eram muito gentis na cadeia com traficantes de crianças.

 

   — Dumbledore, você trouxe um criminoso trouxa ao tribunal?

 

   — Edward Kandi é a testemunha, Cornélio. Se me lembro bem, trouxas são permitidos nesse tipo de situação.

 

Mr. Kandi que não tirara os olhos de Harry até então, fazendo o garoto suar frio. O lado bom é que estava ignorando completamente a conversa sobre "trouxas". Em seguida, olhou em volta, levantando as sobrancelhas ao observar o local.

 

É claro que, mesmo que ele visse algo do mundo bruxo naquela sala, provavelmente não sairia dali com aquelas memórias de qualquer forma.

 

   — Você é Edward Peter Kandi? — Fudge se dirigiu a nova testemunha.

 

Com uma lentidão calculada, o homem encarou o Ministro da Magia, que lambeu os lábios desconfortável.

 

   — Sim. — Aquela voz fez Harry ter que controlar a queimação em seus olhos e o ganido em garganta. Engoliu em seco e segurou a roupa com mais força.

 

   — Você foi acusado pelo sequestro de Harry Potter, isto está correto?

 

   — Eu fui acusado de muitas coisas. — Falou simplesmente, se olhassem bem, quase poderiam notar um sorriso surgindo, seguido de um olhar de canto para o garoto. — O sequestro de Harry Potter é uma dessas coisas, sim.

 

O murmúrio das pessoas em volta ressurgiu com força total. O próprio Cornélio parecia desconcertado.

 

   — Levem-no daqui. — O ministro falou fazendo uma careta de obvio desgosto. Harry agradeceu aos céus por Fudge achar que aquilo já tinha sido o suficiente, mas ainda não conseguia respirar aliviado.

 

Porém, sentiu a cor se esvair de seu rosto quando antes de ter seu rosto novamente coberto pelo capuz pelos aurores, Kandi lhe deu uma piscadinha, com um sorriso assustador. O pequeno veela se afastou o máximo que sua cadeira permitia. A porta fechou atrás de si com um novo estrondo e o salão ficou em silencio novamente.

 

   — Bem, acho que isso esclarece o assunto, não é Cornélio? — Dumbledore falou, suspirando em seguida, parecendo ter muito mais idade do que quando entrara no tribunal.

 

   — De certa forma... — Fudge não parecia nem de longe feliz, na verdade era possível notar uma cor meio esverdeada em seu rosto enrugado. — Mesmo que o feitiço tenha sido para própria defesa

 

   — O que é permitido por lei. — Dumbledore acrescentou rapidamente.

 

   — O que é permitido por lei. — O Ministro concordou a contragosto. — O tribunal não pode e não vai, ignorar essa tentativa inescrupulosa de manipulação desesperado que o Sr. Potter tentou usar hoje.

 

Levou alguns segundos, até que Dumbledore se manifestasse, em seu rosto era possível notar certa diversão.

 

   — Me desculpe Cornélio, mas você está se referindo a aparência de Harry? — Ele perguntou devagar.

 

   — Ora, é obvio que sim Dumbledore. — Fudge falou torcendo os lábios a expressão do diretor. — Todos conhecem Harry Potter, eu não sei sob que poção ou feitiço ele está, mas o uso de medidas persuasivas em uma corte, qualquer que seja, é um caso extremamente imperdua-

 

   — Nenhuma lei está sendo quebrada Cornélio. — O mais velho suspirou novamente e colocou uma mão sobre o ombro de Harry, mesmo que ainda não o encarasse. O menor temeu pelo o que vinha agora, mesmo sabendo que não poderia fazer nada antes que o diretor dissesse — Harry recebeu sua herança veela.

 

E mais uma vez o silencio. Harry conseguia ouvir o próprio sangue sendo bombeado em sua cabeça de maneira violenta.

 

   — Ora, Dumbledore, a quem isso deveria enganar? Não sei o que espera conseguir com isso ma-

 

O diretor fez um floreio com a sua própria varinha e um novo bloco de papeis, bem arrumados, apareceram na frente do ministro. Ele pegou atrapalhado e começou a folear, Harry observava com ansiosa curiosidade.

 

   — Aí está o mapeamento genético de Harry, assinado pelo Doutor Alexander Moore, especialista em genética das espécies do St. Mungus. — O diretor esclarecia, observando enquanto quem estava próximo se esgueirava para perto de Cornélio, tentando dar uma olhada na papelada. — Como você pode ver, Harry herdou seus genes veelas de Lily Evans, que herdou os dela de sua mãe e assim por diante como você mesmo pode conferir.

 

   — Sim... — Fudge murmurou, deixando os papeis de lado com uma cara nada feliz. — Suponho que-

 

No meio da fala, uma mulher logo atrás do ministro de inclinou e pigarreou. Ela se parecia com um sapo, com a cara redonda e flácida e uma boca grande e frouxa. A mulher sapo observou Harry, piscando docemente os olhos redondos.

 

Foi como se um balde de água fria caísse sobre ele, arrepiando cada parte de seu corpo.

 

   — A direção reconhece Dolores Jane Umbridge, secretária sênior do ministro. — Fudge anunciou.

 

   — Se me permite, diretor Dumbledore. — Ela falou docemente, com uma voz feminina alta e vibrante. Quase pegando Harry de surpresa pela falta de harmonia entre o rosto e a voz da mulher. — Se Harry Potter é mesmo veela que diz que é, então não seria mais seguro para ele, sair de Hogwarts?

 

Então era isso, não havia nada para se gostar naquela mulher de fato, Harry não fora enganado pela sua primeira impressão. Dumbledore apenas inclinou o rosto, em um gesto para ela seguir com sua fala.

 

   — Quero dizer, todos sabem sobre os efeitos do encanto veela. Potter, sendo tão jovem, pode estar sofrendo grande perigo em meio a outros adolescentes tomados por hormônios. Seria uma escolha sábia afasta-lo. — Mais piscadinhas doces, seguida de uma risadinha que fez o estomago do moreno revirar.

 

   — Dolores, é muito doce de sua parte se preocupar tanto, acredito que Harry agradeça do fundo de seu coração. — Harry nem ao menos se esforçou para levantar o rosto. — Mas eu garanto a você que nenhum lugar é mais seguro que Hogwarts, para meio-veelas ou não. Harry não será o primeiro nem o último meio-veela em Hogwarts. Não devemos excluir um aluno apenas por sua herança genética. Não há necessidade, nem nenhuma lei que proíba Harry de frequentar Hogwarts, considerando que o motivo do uso indevido da magia já foi esclarecido...

 

   — Leis podem ser mudadas. — Cornélio disse ligeiro, fazendo algumas bruxas atrás arfarem. Provavelmente também achando incabível aquele tipo de reação do ministro, que insistia em suas acusações mesmo depois da visível derrota.

 

Os comentários sobre Fudge estar querendo acabar com ele e Dumbledore nunca pareceram tão reais a Harry como agora.

 

   — Com certeza podem, — Dumbledore respondeu e o menor quase poderia sentir faíscas em seu olhar para o ministro. — E você certamente quer fazer muitas mudanças, Cornélio. Porque, há poucas semanas, fui convidado a deixar o Tribunal Bruxo e com isso ele já começou a julgar um caso indevido de magia por menores de idade como um ato criminoso do pior tipo.

 

Vários bruxos se olharam e remexeram em suas cadeiras, visivelmente desconfortáveis. Fudge parecia que tinha engolido algo muito amargo, apertando os punhos sobre a mesa. Umbridge parecia ter se engasgado com uma mosca, como o bom sapo que se parecia.

 

   — Então, como as acusações para com Harry já foram esclarecidas e também não há motivo algum para que sua herança genética intervira em sua vida acadêmica, — Dumbledore juntou os dedos das mãos em frente ao corpo. — Tudo o que podemos fazer agora é esperar seu veredicto.

 

Um momento de silencio, em que Harry rezou intimamente para que tudo desse certo, no que estava sendo um dos piores dias de sua vida. Até agora.

 

   — Aqueles que são a favor de retirar as acusações? — Ecoou a voz rouca da mulher loira logo ao lado do ministro. Susan Bones, até onde Harry se lembrava.

 

Timidamente ele levantou o rosto, observando, tentando não transparecer sua ansiedade e pouca esperança. Haviam mãos erguidas... Muitas, mais da metade. A respiração do menor se acelerou, não conseguindo evitar a ansiedade. Queria sair logo dali, queria poder deitar a cabeça no travesseiro em paz, sabendo que teria um lugar para voltar quando as aulas começassem.

 

   — E aqueles a favor da acusação? — Cornélio, a bruxa sapa e alguns outro levantaram suas mãos.

 

Fudge olhou em volta, torcendo os lábios como se tivesse algo preso em sua garganta. Então respirou profundamente e disse:

 

   — Muito bem. Todas as acusações estão retiradas. — Harry sentiu seu coração saltar no peito, uma sensação morna se espalhando por seu corpo. De repente ele começou a sentir seu sangue correr novamente, as pontas das mãos e dos pés menos dormentes.

 

   — Excelente. — Dumbledore disse rapidamente, chamando a atenção do moreno. — Bem, eu preciso ir. Tenham um bom dia todos vocês.

 

E sem olhar para o pequeno veela, saiu da masmorra. Mal saído do frio, Harry sentiu seu coração afundar novamente.

 

                                       oOo

 

Logo que passou pela porta, foi abordado pelo Sr. Weasley.

 

   — Dumbledore não falou...

 

   — Inocente. — Harry falou, um pequeno sorriso tomando conta de eu rosto. Não conseguiria por em palavras o tamanho do alívio que estava sentindo. As coisas tinham ficado realmente feias ao longo do julgamento. Quase perdera as esperanças de voltar para Hogwarts um dia.

 

Ainda não acreditava em tudo que tivera que passar. O atraso em seu julgamento, então as acusações injustas, Dumbledore e... Mr. Kandi. Sentiu um frio na boca do estomago só em lembrar do olhar que recebera do homem.

 

Nunca, em todo aquele tempo, ele imaginou vê-lo novamente. Foi quase como se um de seus pesadelos tomasse forma. Ele estava obviamente preso, mas mesmo assim... Não conseguia evitar de se sentir inquieto. Sabia que o diretor só o trouxera ali por que foi extremamente necessário, ele entendia, o ministro não estava sendo nada fácil. Mas gostaria de ao menos ter sido avisado de qualquer forma antes. Tudo o que aconteceu não se parecia nem de longe com o que eles avisaram que seria.

 

   — Harry, é maravilhoso! — Arthur bagunçou os cabelos do garoto, com um carinho quase paternal. O encanto veela atuava de diferentes formas dependendo das pessoas e a relação com o meio-veela. — Eles não encontraram nenhuma culpa em você e nós tínhamos a situação do nosso lado, mas mesmo assim... Bem, venha, vamos logo. Molly e os outros vão gostar de saber das notícias.

 

Antes que desses três passos, Sr. Weasley parou e se virou para Harry, tirando a varinha do bolso e refazendo o feitiço sobre os cabelos e o rosto do rapaz. Tudo bem por ele, até ali ele estava topando qualquer coisa para não chamar mais a atenção. Apenas queria ir para o Largo Grimmauld agora.

 

Não encontraram uma alma viva ou morta enquanto faziam o caminho de volta até o elevador, aguardaram e logo as grades douradas se abriram, dando passagem a eles. Se juntaram as pessoas ali dentro, que espichavam seus pescoços para ver quem estava entrando. Talvez esperando Harry Potter voltar de seu julgamento, mas apenas encontrando Arthur Weasley e um garoto ruivo.

 

Em silencio, eles chegaram até o Átrio, saindo do elevador junto a mais dois bruxos, dando espaço para mais quatro pessoas entrar. Porém, havia algo muito estranho, pouco além do portão que dividia os elevadores do Átrio principal. Uma movimentação além do normal, pelo menos era o que Harry achava tendo estado ali apenas uma vez na vida, porém as coisas estavam realmente estranhas ali. Muitas, muitas pessoas se amontoavam ali, algumas segurando câmeras, outras segurando bloco de notas. O pequeno se arrepiou inteiro ao notar que eram repórteres, que tentavam passar a qualquer custo, mas havia três ou quatro aurores impedindo que eles avançassem.

 

   — Oh não, estão aqui por você Harry... — O Sr. Weasley murmurou, caminhando um pouco mais perto do garoto. — Acho que podemos passar desapercebidos, abaixe a cabeça, sim?

 

Ele fez como mandado, os aurores permitiram que passassem, barrando a entrada apenas de quem queria chegar até os elevadores. Com certeza algumas pessoas iriam se atrasar e a culpa era um pouco sua, Harry tentou não pensar muito nisso.

 

Com um pouco de dificuldade e o máximo de discrição que a situação permitia, Arthur o guiou no meio da multidão até as lareiras. Rapidamente o menor pegou um pouco de pó de floo e falou claramente o nome do lugar para onde gostaria de ir. Claro que não era tão simples chegar até o Largo Grimmauld, a cede da Ordem da Fênix, mas eles estavam autorizados pelo anfitrião e herdeiro, Sirius Black. Se qualquer outra pessoa tentasse, acabaria em algum lugar da Albânia.

 

                                                        oOo

 

Harry foi recebido com um silencio mais que bem-vindo, depois de todo o tumulto lá atrás. Sr. Weasley chegou logo atrás dele, tropeçando um pouco e limpando a fuligem das vestes.

 

   — Bem, tudo deu certo no final! — Comentou o mais velho, sorrindo largamente para ele. Harry também sorriu, sincero e aliviado. — Venha, eles devem estar ansiosos.

 

O mais velho passou um braço por seu ombro e o guiou até a cozinha, já podia ver a luz por de baixo da porta e ouvir o som de vozes quando a porta se abriu. Harry observou os sapatos muito pretos pararam, então subiu, notando a roupa também muito preta e finalmente os olhos cor de ônix.

 

   — Severus! — Arthur cumprimentou. — O que faz aqui?

 

Snape parecia mais pálido que o comum, observando Harry com a cara mais estranha que ele já vira, ele o mediu de cima a baixo e espremeu os lábios de uma forma estranha. Logo tirando um pacote de dentro das vestes.

 

   — Dumbledore pediu para entregar isso a Potter. — Ele falou, a voz grave e baixa como sempre.

 

Timidamente o pequeno veela estendeu a mão e pegou o pacote das mãos de seu professor de poções. Notou que durando o processo Snape encarou seu cabelo intensamente por alguns segundos. Assim que entregou o pacote, ele se moveu de forma abrupta entre os dois, sem se despedir. Harry acharia estranho se o fizesse de qualquer forma.

 

   — Hum, Harry, pode ir na frente, eu preciso tratar um assunto com Severus, nada sério, mas mesmo assim... — Avisou o outro, o menor não prestou muita atenção, olhando com curiosidade para o pacote quadrado em suas mãos, o papel que o cobria era de um vermelho brilhante e no canto estava escrito "Para Harry". — Sinta-se livre para se juntar a comemoração.

 

Ele indicou a cozinha e Harry assentiu, ainda com os olhos no pacote. Logo que Sr. Weasley saiu ele rasgou o papel com cuidado, não poderia conseguiria esperar até depois para fazer isso. Dentro do pacote havia uma caixa que vinha com seis sapos de chocolate, uma embalagem promocional, era o que estava escrito em letras brilhantes no canto da caixa.

 

Um bilhetinho caiu no chão, o moreno notou e se abaixou rápido para pegar.

 

" Harry, eu lamento pelo o que teve que passar hoje, infelizmente foi a maneira mais efetiva que encontrei de mostrar a Cornélio a verdade. Espero que goste de Sapos de chocolate.

 

A.D"


Notas Finais


Não estavam morrendo de saudades do Mr. Kandi??? Aposto que sim u.u
E no próximo, vamos ter um pouco de rebuliço no mundo mágico depois de tudo isso o que aconteceu no julgamento. A repercussão tanto no mundo mágico quanto no trouxa, então, até lá. Bjs!

E não se esqueçam de comentar, é de graça e indolor!


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