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História Herança Veela - Capítulo 07 - O Profeta Diário:


Escrita por: AmandaRoss

Notas do Autor


OOOOOII seu linndos! Tudo boom? Espero que sim.

Então, minhas aulas voltam dias 20 de fevereiro. Acho que vão gostar de saber que já arranjei um horário fixo no meu cronograma para escrever! Eeeeeeeeh \o/ Então os capítulos vão continuar vindo! Ainda não posso dizer a frequência porque... Bem, por que as aulas ainda não começaram e eu não sei como vai rolar, mas não deve demorar muito não.

Então... Fiquem com esse capítulo, boa leitura. Bjs!

Capítulo 39 - Capítulo 07 - O Profeta Diário:


Capítulo 07 - O Profeta diário:

 

 

 

As paredes do corredor onde estava eram de tijolos escuros e lisos, não havia iluminação de lugar algum até onde Harry conseguia ver, mas mesmo assim não estava completamente escuro. Ele andava a passos lentos, quase se arrastando, até o que deveria ser o fim do corredor. Ele estava indo em direção a porta, uma porta que ele não sabia o que tinha de especial, mas ele gostaria muito de chegar até ela. Ele queria tanto.

 

Talvez, se esticasse seu braço, poderia tocar a maçaneta e finalmente ver o que tinha atrás daquela porta. Merlin, ele precisava tanto ver o que tinha ali.

 

Antes que seus dedos pudessem tocar a maçaneta, tudo ficou escuro. Escuro o bastante para Harry perder a consciência de seu corpo, como se não apenas as luzes tivessem ido mais também seu corpo físico. Porém com a mesma rapidez que essa sensação veio, também se foi, dando espaço para uma nova. Agora sentia seu corpo preso e o chão duro abaixo de si... Ainda estava escuro.

 

   — Meu pequeno tesouro... — O som daquela voz fez seu coração falhar uma batida. Era fria e vazia, ecoando por todo canto. — Shh... Não tenha medo.

 

Sentiu um dedo em seus lábios, então uma mão em sua perna, subindo...

 

   — Nós vamos apenas brincar um pouquinho...

 

Sentou-se na cama em um pulo, suando frio e cheio de calafrios. Com os olhos arregalados e a respiração acelerada olhou em volta, apenas para confirmar que continuava no quarto que pertencia a ele e Rony, em Grimmauld Place. Apenas depois de alguns momentos se permitiu respirar aliviado. Não era a primeira vez que tinha um pesadelo com aquele corredor, nem com Kandi, mas mesmo assim... Ele nunca iria se acostumar. Gostaria apenas que parasse.

 

Verificou o relógio na cabeceira, ainda estava cedo, mas ele não sabia se gostaria de tentar dormir novamente. Então, levantou-se e pegou suas roupas, tomaria um banho para ver se conseguia acalmar seu coração que ainda batia acelerado.

 

Acabou passando um bom tempo no banheiro, apenas sentindo seus músculos relaxarem enquanto pensava... O que iria acontecer agora? Hogwarts estava cada vez perto agora e logo ele teria que conviver com mais do que seus amigos, teria que conviver com pessoas relativamente estranhas. Isso nunca tinha sido um problema, Harry podia ser tímido e introvertido, mas não tinha medo de pessoas estranhas. Até agora.

 

Com toda aquela coisa veela, ele se sentia no mínimo apreensivo com o que poderia acontecer. Já estava garantida a atenção por conta dos jornais e toda aquela coisa de louco, não queria nem ver o que aconteceria quando descobrissem que ele era um veela. Harry pensara em algum jeito de mudar sua aparência para o que era antes, mas Hermione lhe dissera que o encanto veela estava além disso, apenas mudar sua aparência não era o suficiente.

 

Estava pensando se... Todas as pessoas agiriam como Kandi agiu? Aquilo foi culpa de seu encanto veela ou o homem era apenas um psicopata? Quem sabe, talvez um pouco dos dois. Pensando melhor agora, ninguém o atacaria em Hogwarts... Não é? Era seguro... Talvez alguns olhares aqui e ali, mas nisso ele já estava acostumado. Talvez ele não tivesse que se preocupar tanto. Harry sabia que estava se enganando com seu repentino positivismo, mas era bom ter certa tranquilidade, mesmo que não fosse real.

 

                                    oOo

 

   — Harry! A lista de materiais chegou agora de manhã. — Rony avisou assim que ele entrou no quarto sem olhar em sua direção, verificando a própria lista. — Apenas dois. O livro básico de feitiços da quinta série de Miranda Goshawk e Teoria da Magia Defensiva por Wilbert Slinkhard.

 

   Crack.

 

Fred e Jorge apareceram bem entre os dois garotos, fazendo Rony pular e Harry dar um passo atrapalhado para trás.

 

   — Estávamos nos perguntando quem pediu o livro de Slinkhard. — Fred disse como se nada tivesse acontecido, com a sua lista em mãos. — Ouvi dizer que Dumbledore estava tendo dificuldades para conseguir um novo professor de DCAT, sabe? Considerando que os últimos foram ou mortos, ou expulsos, ou perderam a memória ou ficaram meses presos em uma mala... Esse tipo de coisa.

 

   — O que há com você, Rony? — Interrompeu Jorge, olhando esquisito para o irmão.

 

De fato, Rony estava parado, com a boca meio aberta e encarando sua carta de Hogwarts. Jorge então resolveu ver por ele mesmo o que causava tal reação em seu irmão e assim que colocou os olhos no pergaminho sua boca também se abriu.

 

   — Monitor? — Ele falou, também parecendo assustado com alguma coisa. Harry fitou os dois ruivos de forma estranha, esperando alguma explicação. — Monitor?

 

   — O que? — Fred se manifestou, olhando para os outros dois confuso e então para Harry, então para a carta e Harry novamente. — Nós achamos que seria você! Vencendo o torneio tribruxo e tudo o mais.

 

   — Suponho que depois de tudo o qu- — Jorge se impediu de continuar, mordendo a própria língua. Harry sabia o que ele iria falar. "Depois de tudo o que aconteceu, com o ministério, com o seu sequestro, com essa coisa veela." Bem, ele simplesmente não tinha culpa. E de qualquer forma, Harry não estava com muita vontade de ser monitor realmente, não depois de tudo. Apenas mais uma forma de chamar a atenção.

 

Ignorando o resto das pessoas no quarto, Rony admirava sua insígnia, ainda parecendo meio pálido. Era um "M" sobreposto sobre o leão da Grifinória

 

Então a porta se abriu com força, quase acertando Harry e Jorge. Hermione entrou com uma carta na mão e a mesma insígnia na outra. Havia lágrimas em seus olhos e seu rosto estava bastante vermelho, porém ela sorria brilhantemente. Até notar que Rony também tinha uma.

 

   — Rony? — Ela falou, parecendo espantada. Também. — Oh, bem... Eu não tinha certeza sobre quem seria, mas... Parabéns! Isso é muito legal!

 

Ela sorriu mais um pouco.

 

   — Sua mãe vai ficar tão orgulhosa!

 

   — Oh sim, mamãe vai pular de alegria. — Fred falou. — Agora que o seu Ronikinho também é um monitor, outro exemplo para a família.

 

De fato, a Sra. Weasley não demorou a chegar com uma pilha de roupas lavadas, se oferecendo para comprar os materiais escolares. Foi surpreendida com o seu mais novo monitor Weasley. Ela o abraçou e beijou assim como fez com Harry no dia que tinha chegado, o moreno quase teve pena. A mulher estava tão feliz que ofereceu um presente, Rony queria uma vassoura nova. Não totalmente nova, mas ele iria ganhar uma que pudessem comprar.

 

Então eles saíram, junto com Hermione que pediu sua coruja emprestada para avisar seus pais e então também se foi. Harry fechou a porta devagar, deitando em sua cama em seguida. Tinha se esquecido que os monitores eram escolhidos no quinto ano.

 

Havia tantas coisas em sua cabeça ultimamente, que as coisas que ele um dia se preocupou não pareciam nada agora. Ele estava feliz por Hermione. Ele estava feliz por Rony. Ele não queria ser monitor... Não mais. Quer dizer, ele não se sentia como se quisesse mais isso. Talvez fosse melhor Rony ficar com o cargo. Molly ficou tão feliz... Ela ficaria feliz por ele? Ele gostaria que alguém ficasse feliz por ele...

 

                             oOo

 

Naquela mesma noite eles fizeram um festa para Rony e Hermione, vários membros da ordem viriam e teria bastante comida, como sempre era quando se tratava de Molly Weasley. Harry já estava descendo para o primeiro andar quando encontrou Hermione e Ginny no meio do corredor, elas tinham as cabeças juntas e abaixadas, como se estivessem lendo alguma coisa.

 

Harry já ia falar alguma coisa, mas elas escutaram o som de seus passos antes e viraram-se rapidamente, com as mãos atrás das costas. O menor franziu as sobrancelhas olhando para elas.

 

   — H-Harry! — Hermione falou, se enrolando e parecendo nervosa.

 

   — Hum... Tá tudo bem? — Ele perguntou, desconfiado e um pouco preocupado até, com tamanho desconcerto da garota.

 

   — Claro, nós estávamos apenas...

 

   — Lendo o semanário das bruxas! — A ruiva falou e a outra assentiu veementemente. — Você sabe, vendo qual é o jogador de quadribol da semana e esse tipo de coisa.

 

Ela sorriu para Hermione que retribui de forma atrapalhada. Isso explicava de certa forma a falta de jeito da morena. Mas ainda havia uma coisa estranha, elas escondiam um jornal atrás delas, Harry conseguia ver as páginas grandes em preto e branco. Antes que pudesse perguntar sobre isso, Ginny se adiantou e o pegou pelo braço, o carregando para a escada.

 

   — Venha Harry, vamos pegar algumas tortinhas antes que acabem!

 

Ele conseguiu ver por cima do ombro, que a outra garota entrava na sala de visitas, jogando o jornal em cima de qualquer coisa e logo se juntando a eles.

 

Ele tinha um pressentimento muito estranho sobre tudo isso.

 

                                           oOo

 

A festa estava bastante agradável. As pessoas conversavam, comiam e parabenizavam os novos monitores. Sirius e Remus pareceram achar que ele deveria estar triste por não ser o novo monitor, assim como muitos outros que tentaram anima-lo. Na verdade, ele só não sentia falta de algo que nem mesmo tinha esperado. Talvez, se não tivesse tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, ele teria se dado ao luxo de almejar o cargo. Porém não era essa o caso.

 

Harry ainda não havia se esquecido da cena de poucos minutos atrás, com Hermione e Ginny. Ele realmente sentia que tinha algo errado. Não era nem um pouco normal aquela reação das duas garotas. Então, como bom grifinório curioso que era, se prendeu a primeira oportunidade que teve para sair da festa.

 

Saiu o mais discretamente que pode, subindo as escadas quase na ponta dos pés. Entrou na primeira porta do primeiro andar, a sala de visitas. Não se lembrava de ter limpado aquela sala junto com os outros, gostaria de saber por que, já que tinham limpado praticamente todo Grimmauld Place.

 

De qualquer forma, deu uma olhada em volta, procurando onde estaria o suposto jornal que Hermione tentara esconder. Realmente, em cima de uma escrivaninha próxima a porta estava jogado o jornal. Harry se aproximou rapidamente, quase tropeçando nos próprios pés quando a gaveta deu um pulo.

 

Ele encarou apreensivamente a gaveta, esperando mais algum movimento. Ele se mexeu levemente.

Como nada havia pulado para fora ainda, ele presumiu que seriam fadas mordentes ou qualquer outra criatura do tipo, a casa estivera cheias delas, então não era nada tão incrível assim. Por via das dúvidas, abrir não seria uma boa ideia.

 

Ignorando os movimentos e sons que hora ou outra a gaveta fazia, Harry pegou o jornal. Nem precisou abrir, ele estava na primeira página.

 

"O-MENINO-QUE-SOBREVIVEU: VÍTIMA DE TRÁFICO HUMANO"

 

Era o título da reportagem em grandes letras garrafais. Um arrepiou desceu pela espinha de Harry, fazendo a pouca comida que havia em seu estomago se revoltar e quase pedir para sair.

 

" Hoje mais cedo, um de nossos repórteres conseguiu um acesso exclusivo a nada mais, nada menos que O Julgamento de Harry Potter. Mas vocês não vão acreditar no que aconteceu! Tenho certeza que vocês estavam esperando apenas mais um caso de magia de adolescentes (Julgado pelo supremo tribunal bruxo, cômico para não falar trágico) PORÉM, a nossa história teve uma reviravolta completa!

 

Potter aparentemente, realmente realizou um feitiço fora da escola, mas, pasmem senhoras e senhores, para nocautear o próprio sequestrador e fugir das garras da morte certa, mais uma vez!

 

Investigamos a fundo esse caso, o homem trabalhava como um simples vendedor de doces perto da vizinhança de Potter, isso é claro, era apenas um disfarce para poder colocar o seu maléfico plano em ação. Não nos foi permitido dar muitos detalhes, mas o homem compareceu ao julgamento como testemunha, preso sob leis trouxas, já que nosso pobre Harry Potter não fora a primeira vítima desse monstro. O homem admitiu com todas as palavras que era culpado pelo sequestro do Menino-Que-Sobreviveu, dando assim, um fim ao caso Potter.

 

Esperamos apenas que Potter tenha apoio em seus amigos e familiares (os que restaram) para superar essa fase difícil.

 

Mais sobre o caso nas páginas 6 e 7

 

Seu filho está seguro? Dicas: pág 10 e 11 "

 

Havia apenas uma foto. Era ele, no julgamento, mas estava de costas e a certa distancia, em seu lado estava Edward, ainda com o capuz. Do angulo que estava, ele supunha que a foto tinha sido tirada da porta onde o homem entrou, talvez assim que Kandi entrara, alguém com uma câmera e que estivesse apenas esperando, tenha achado a oportunidade.

 

Os bruxos da foto se dividiam entre olhares horrorizados para as duas pessoas no meio do tribunal e a cochicharem uns com os outros. Era visível que o Harry da foto tentava se afastar o máximo possível naquela cadeira. Enquanto Mr. Kandi... Apenas estava lá, encapuzado e de joelhos.

 

A primeira coisa que ele conseguiu pensar foi que estava feliz pela foto ter sido tirada de tão longe, não dava para ver seu rosto nem quase nada de seu corpo, pelo que ele tinha entendido, nada sobre sua condição veela tinha sido falado. Ele agradecia aos céus por isso.

 

Mas, finalmente recebendo o choque, ele enxergava aquela reportagem novamente. Imaginando quantas pessoas já tinham lido. Todos os seus colegas de Hogwarts provavelmente, mais o mundo bruxo e meio. Ele com toda certeza notou que o tom da reportagem não era acusatório nem de ridicularizarão como todos os outros.

 

Fazia um pouco de sentido, já que talvez eles não tivessem conseguido achar um modo de colocá-lo como vilão dessa história. Então resolveram colocá-lo como o supremo mocinho novamente, supunha que daria mais repercussão do que apenas noticiar de forma neutra.

 

Não queria nem pensar no que os outros estariam pensando dessa situação ridícula. Do quanto ele fora idiota em cair em algo assim. Ficava um pouco feliz apenas, pela reportagem não mostrar nem um terço da cruel verdade de tudo. Não aguentaria se soubessem...

 

Harry estivera até agora ignorando os crescentes sons na gaveta do lado. Mas o silencio que ela fazia agora, o incomodou mais que o barulho.

 

Olhou intrigado a gaveta, tirando sua atenção do jornal depois de algum tempo imerso ali. Ela não se mexia mais...

 

   — Ora ora... Vejo que já acordou. Olá garotinho. — Virou seu corpo tão rápido ao som daquela voz que quase torceu o próprio pé. Mas seu reflexo rápido se foi assim que viu quem estava ali. Sentiu cada músculo de seu corpo paralisar completamente, como se tivesse mergulhado em um lago congelado. — Bem a tempo de se juntar a brincadeira... Sentiu minha falta?

 

Edward estava ali, logo a sua frente, vestindo aquele maldito uniforme de Mr. Kandi. Ele sorria, da maneira mais assustadora que Harry poderia descrever.

 

Seu coração estava batendo mais rápido do que nunca, mas mesmo assim ele tinha medo que parasse. Ele sabia onde estava, era impossível que Edward Kandi tivesse entrado em Grimmauld Place e ninguém tivesse visto. Ele sabia que era impossível. Porém...

 

Ele precisava correr, por que não corria? Sentia que se desse um passo, o chão iria sumir e ele cairia no abismo que se sentia agora.

 

   — Você está tão tímido. Vamos, por que não se mostra um pouco pra mim? — O homem grisalho pegou uma câmera, Harry não viu de onde, era como se simplesmente tivesse surgido e apontou para ele.

 

   Clic.

 

   — Ah, esses olhos... Tenho certeza que valem mais que esmeraldas.

 

Sua varinha, onde estava sua varinha? Provavelmente em cima de sua cama, como não poderia usar magia fora da escola, não fazia sentido leva-la por aí... Harry tentava organizar seus pensamentos, estava nervoso, muito nervoso. Não sabia onde tinha ido sua voz, talvez devesse gritar. Mas ele não queria fazer isso, não iria pedir por ajuda, não queria que ninguém visse...

 

Sentindo-se um pouco mais firme, deu um passo para trás, esbarrando na mesa atrás de si, onde notou a gaveta aberta.

 

  — Seja um bom menino. — A voz soou perto demais. Cada palavra provocando náuseas no menor.

 

Harry fechou os olhos com força, estava sentindo tonto e completamente frustrado por isso. Por não saber controlar o medo e o nervosismo. Abriu os olhos e viu que tinha cometido um erro.

 

   — Vamos, você vai gostar benzinho. Não me faça ir para a melhor parte agora. — Ouviu a frase, bem perto de seu ouvido. De alguma forma ele tinha se movido até ele sem fazer barulho algum, estava a poucos centímetros de distância.

 

Harry tentou se afastar novamente, mas não havia espaço algum que pudesse ir e Kandi estava logo a sua frente. O pequeno veela conseguia sentir sua respiração acelerando, o corpo ficando quente de uma forma estranha. As pontas de seus dedos formigaram.

 

   — Achou que iria escapar de mim? Que garotinho mal você é... — Ele não queria ouvir, não queria aquilo. Não queria estar ali... Não... — Vou cuidar bem de você desta vez...

 

Não...

 

O homem levantou o braço como se fosse toca-lo, isso foi o suficiente para que aquilo que estivera borbulhando dentro de Harry estourasse. Agiu com o que poderia chamar de puro extinto, não sabia o que estava fazendo mas sabia que poderia fazer. Com toda sua força arranhou o rosto do maior.

 

Ele gritou, mas não era Edward Kandi gritando, era uma voz diferente, uma das mais estranhas que Harry já ouvira, não parecia ser uma só.

 

Correu até a porta, mas antes que chegasse nela, Kandi apareceu a sua frente, como se sempre tivesse estado lá, sorrindo e com um pano na mão, igual ao que ele usara para desmaiar Harry da última vez.

 

O menor se virou e correu para o outro canto da sala, seu coração acelerando ao máximo ao perceber que dessa vez o homem o perseguia correndo também. Fora tudo rápido demais, quando deu por si, Harry estava usando toda sua força para virar o armário que guardava os mais belos conjuntos de jantar da família Black, bem em cima de Mr. Kandi.

 

Harry parou, observando os olhos bem abertos a poça de sangue escorrer por de baixo dos vários e vários quilos da madeira e cacos de louça e vidro.

 

As pernas do pequeno veela finalmente falharam. Ele escorregou lentamente pela parede até sentar-se no chão, encolhido e ainda mirando assustado onde Kandi estivera momentos antes.

 

O ar finalmente estava retornando para seus pulmões, suas mãos ainda tremiam, no entanto.

 

Suas mãos... As levantou rapidamente na altura dos olhos, localizando rapidamente o que havia de diferente. Suas unha estavam maiores e mais forte, afiadas com certeza. Brilhavam de forma nacarada conforme a luz, tirando algumas gotas de sangue, mais escuro que o normal, na mão direita, . Provavelmente tinham feito um bom estrago.

 

   — Harry! — Sirius entrou pela porta, parecendo que tinha subido as escadas correndo. Harry se amaldiçoou por ter feito tanto barulho, provavelmente todos lá em baixo tinham ouvido. — Que barulho foi- Harry?!

 

O menor gostaria de tranquilizar seu padrinho dizendo que estava tudo bem agora, mas seu corpo parecia pesado demais agora até mesmo para falar, apenas o olhou, ainda com os olhos arregalados.

 

Logo atrás dele vinham Lupin e a Sra. Weasley.

 

   — O que aconteceu aqui? — A ruiva exclamou olhando a cena horrorizada. Então notou o garoto. — Harry! Oh meu Merlin, você está bem?

 

Ela correu para junta-lo do chão. Tocando e inspecionando cada centímetro do menino, procurando machucados. Sirius também parecia preocupado com ele, mas tentava entender o que tinha acontecido, assim como Remus.

 

Harry pensou em explicar, então olhou para o armário no chão, procurando pelo sangue que saia de baixo dele. Agora não havia mais nenhum. Porém, o armário deu um pulo.

 

   — Isso é... — Sirius começou, olhando intrigado os restos do armário

 

   — Um bicho-papão, é o que isso é! — Moody entrou pela porta, mancando e girando aquele olho estranho, indo para cada um dos integrantes da sala e então para Harry e o armário. — Você fez um bom trabalho garoto, dando um jeito nele sem uma varinha.

 

O menor assentiu, devagar. Ainda se sentia torpe depois de tudo.

 

   — Tinha um bicho-papão aqui? — Remus perguntou, Harry notou que ele parecia farejar o ar. — Ainda tem um.

 

   — Oh, bem... — Sra. Weasley parecia ligeiramente envergonhada. — Eu ia pedir para o Alastor cuidar disso agora mesmo, eu não sabia que...

 

   — Tudo bem. — Harry falou, finalmente achando a própria voz, notando que Molly parecia se culpar por alguma coisa. — Eu fui um pouco descuidado, mas... Está tudo bem agora.

 

Os adultos o olharam céticos.

 

   — Verdade. — Ele tentou de novo, mas talvez seu estado não passasse muita confiança.

 

   — Ora, venha Harry, venha. — A mulher ruiva passou um braço por suas costas, o guiando para fora. — Venha comer alguns sapos de chocolate, você está com cara de quem está com fome.

 

Provavelmente não conseguiria comer nem mesmo chocolate agora, mas se deixou levar mesmo assim, não notando os rostos preocupados de Sirius e Remus.

 

Agradeceu aos céus pela Sra. Weasley não o ter levado de volta para a festa e sim para seu quarto, que estava vazio, já que Rony estava comemorando ser o mais novo monitor da grifinória. Muito bom, ele não queria estragar esse momento por causa de algo como aquilo...

 

   — Sente-se aqui Harry, vou buscar algo para você comer. — Molly e levou até a cama, com muito cuidado, quase como se ele fosse de vidro. Deu-lhe um beijo no topo da cabeça e saiu.

 

O pequeno veela se jogou deitado na cama e finalmente respirou fundo e fechou os olhos. Ao abri-los levantou as mãos, observando suas unhas. Tinham voltado ao normal. Lembrava-se do doutor Alexander falar algo sobre isso. Algo útil afinal de contas...

 

Suas mãos... Ainda estavam tremendo um pouco. Ele tinha ficado tão assustado... Era só um bicho-papão.

 

Que droga. Ele teve tanto medo. Harry sentiu seus olhos marejarem finalmente, porém limpou com a manga da blusa, não derramaria uma lagrima mais por causa daquilo.

 

Assustou-se quando a porta abriu novamente, achou ser a Sra. Weasley, mas quem entrou foi Sirius, que o olhou com receio antes de se aproximar. Harry se sentou e aguardou enquanto seu padrinho fazia o mesmo.

 

   — Harry, o que... O que era o seu bicho-papão? — Sirius perguntou, encarando-o diretamente nos olhos.

 

Desviando o olhar e respirando fundo, ele respondeu, com a voz baixa.

 

   — Ele.

 

Viu o maior tencionando o maxilar, com certeza sabia de quem estava falando.

 

   — Harry, vem cá. — Sirius o puxou para um abraço desajeitado, o menino nem pensou em resistir. No fim, ele estava quase sentado no calor do homem, enquanto este fazia um carinho em seus cabelos. Sentia a tensão no corpo maior. — Você está seguro aqui, ok?

 

Harry assentiu em silencio, mas por dentro sentia uma sensação quente e agradável. Nunca, nem uma vez, alguém tinha lhe abraçado nesse tipo de situação, quando estava com medo e frágil, se remoendo por algo que tinha acontecido. Com certeza não estava reclamando agora, mas era diferente...

 

   — Eu não vou deixar, nunca, que ele ou alguém chegue perto de você novamente, está entendendo? — Novamente balançou a cabeça, sentindo seus olhos pesarem um pouco. — Descanse Harry, você parece estar cansado...

 

Não ouviu muito mais, antes que percebesse já tinha apagado.

 

                                   oOo

 

Harry teve uma noite de sono difícil. Mr. Kandi ia e vinha, as frases que ele falava ecoavam por sua cabeça diversas vezes. E então Voldemort, o cemitério e tudo sempre acabava em uma porta no fim de um corredor. Acabou acordando com Rony já vestido falando com ele.

 

   — Acorda cara, é melhor se apressar. Mamãe está explodindo dizendo que vamos perder o trem.

 

Ele coçou os olhos e se sentou na cama, acordado o suficiente para fazer uma lista mental do que deveria fazer agora. Se vestir, pegar seu malão, Edwiges...

 

Acabou que ninguém tocou no assunto "bicho-papão" depois daquele dia, provavelmente a Sra. Weasley tinha deixado bem claro que não deveriam falar nada sobre isso. Harry agradecia, queria apenas fingir que nunca tinha acontecido mesmo.

 

Havia muita agitação na casa, todos aqueles adolescentes em idade escolar ocupavam os corredores com seus malões e objetos. Harry arrumou rapidamente seu malão, já estava quase tudo pronto.

 

Com a ajuda de Fred e Jorge que estavam adorando poder enfeitiçar qualquer coisa, eles flutuaram seu malão até o primeiro andar, quase derrubando Ginny da escada e recebendo um sermão, aos berros, da Sra. Weasley.

 

Sirius estava lá em baixo esperando, junto com os outros. De alguma forma ele conseguira convencer a todos que era extremamente necessário que ele fosse junto, como Padfoot. Harry não reclamava, estava feliz com a ideia de poder se despedir dele antes de embarcar no trem.

 

Harry descobriu precisar de uma guarda para ir até a estação, apesar de ser a apenas vinte minutos de distância. Ele tinha tomado o cuidado de vestir seu moletom com capuz, mas uma guarda também iria servir. Presumia que toda aquela história de sequestro no mundo trouxa já tivesse se apagado a essa altura.

 

Logo estavam na rua, Sirius, ou melhor, Padfoot corria latindo alto e abanando o rabo. O pequeno veela puxou o capuz e acompanhou os outros, encontrando Tonks na próxima esquina, disfarçada de uma senhora idosa.

 

A caminhada até a estação foi agradável, nada demais aconteceu para o alivio de todos. Encontraram Alastor Moody com seus malões e aos poucos passaram pela passagem 9 3/4 para não chamar a atenção de ninguém.

 

Harry foi um dos primeiros a passar, sendo seguido de perto por Padfoot. Olhou em volta, observando seus colegas, muitas caras conhecidas, algumas novas... Ninguém o tinha notado ali, ótimo... Puxou o capuz um pouco mais.

 

Logo todos os Weasleys também haviam passado. Só precisavam organizar algumas coisas antes de entrarem no trem e...

 

   — Com licença, senhor Potter? — Ouviu alguém chamando seu nome e se virou, sem muita atenção.

 

Encarou o homem jovem, não deveria ter mais de vinte e cinco anos, cabelo bem penteado e usando uniforme dos funcionários da estação. E assim que o fez, um flash de luz o cegou por alguns segundos.

 

   — Eu consegui! — Ele exclamou feliz, por de trás da grande câmera que segurava, ainda saindo fumaça.

 

Harry o encarou com os olhos arregalados, seu rosto corando e o coração acelerando. O que tinha acabado de acontecer? Enquanto os Weasleys e Hermione tinham a mesma expressão que Harry, observando a cena. Padfoot latiu, tão alto que ecoou por toda a estação.

 

Parecia que tudo tinha ficado em silencio. O homem com a câmera estava um pouco pálido, encarando o enorme cachorro preto que rosnava para ele.

 

    — C-Calma... A-Amigo... — Ele deu uma passo para trás, engolindo em seco.

 

Nesse momento o enorme cão tomou impulso e pulou para cima dele, aterrissando no chão quando o homem simplesmente aparatara para fora dali.

 

O menino, que estivera paralisado até agora, olhou lentamente para trás, apenas descobrir que todos o olhavam agora. Ele engoliu em seco, não ousando retirar o capuz em nenhum momento. Mesmo que tivesse completa noção de que todos já imaginavam quem ele era. Considerando o grupo de ruivos atrás dele e tudo o mais...

 

   — Não há nada para ver aqui! — A senhora Tonks gritou, sacudindo a bengala que levava. Harry achou que ela imitava muito bem uma idosa, até parecendo um pouco sua professora da  segunda série. — Bando de enxeridos!

 

Aos poucos o movimento continuou na estação, mas as pessoas não paravam de encarar o grupo.

 

   — Era um maldito repórter do profeta diário! — Alastor disse, desnecessariamente. — Aquele verme conseguiu se infiltrar aqui, mesmo depois de tudo o que fizemos. Vou te contar, o treinamento desses repórteres está quase tão bom quanto os dos aurores.

 

   — Oh... Eu lamento muito Harry. — Hermione colocou uma mão em seu ombro, olhando-o com pena.

 

   — Tudo bem... Eu acho. — "A culpa foi minha" era o que gostaria de dizer, afinal fora ele quem se virara para olhar. Foi descuidado mais uma vez. Não queria nem imaginar no que isso iria dar.

 

O trem apitou, os alunos já se despediam de seus parentes.

 

   — Oh... Rápido, rápido vocês precisam embarcar. — Alertou a Sra. Weasley. — Não se preocupe com isso Harry, nós vamos resolver isso.

 

Ele achava difícil, mas assentiu tristemente. Recebendo um abraço de despedida da mulher. Padfoot ficou de pé sobre suas patas e se apoiou em seu ombro, quase o derrubando.

 

   — Sirius, sinceramente, aja como um cachorro! — Molly chiou do lado deles.

 

Harry abraçou o cachorro, fazendo carinho no pelo macio e recebendo uma lambida em troca. Gostaria de poder abraçar Sirius e ouvir sua voz enquanto embarcava. Mas até ali já estava de bom tamanho...

 

Se despediram rapidamente dos outros, embarcando que já começava a se mover. Finalmente, estavam indo para Hogwarts.


Notas Finais


Ok, agora é sério. Eu tenho CER-TE-ZA que o Draco aparece no próximo. Eu sei que disse isso vai uns capítulos, mas é que eu nunca, nunca, nunca imagino que vai dar tanto assim quando projeto um capítulo. O que eu imaginei em um foi em três. Mas tá né, nossos veelas lindos nunca estiveram mais perto de estarem juntos e é isso o que importa.

E muito obrigada por ler, não se esqueça de comentar por favor, é de graça e indolor!


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