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História Herança Veela - Capítulo 10 - Amortentia:


Escrita por: AmandaRoss

Notas do Autor


OOOIE SEU LINDOS! como estão?? Bem, eu espero.

Até por que semana passada não teve capítulo, né? Então sabe o que eu fiz? Um capítulo. Com o tamanho de dois. Obrigada, de nada. XD

Então, minhas aulas começam amanhã. Estou me esforçando desde agora de maneiras que vocês nem imaginam para continuar escrevendo com frequência. Pelo menos um pouquinho por dia!

Então, é isso. Boa leitura!

Capítulo 42 - Capítulo 10 - Amortentia:


Capítulo 10 - Amortentia:

 

 

 

   — Harry, para onde está indo?! — Hermione falou, nitidamente com falta de ar enquanto tentava acompanhar seu passo.

 

   — Eu- — Ele parou, de repente. Para a sorte dos outros dois que agora o alcançavam, com a respiração falhando. A verdade era que o pequeno veela apenas queria sair do salão, onde os centenas de alunos poderiam ficar vendo ele como se fosse um animal em um zoológico. Então deixou que seus pés o levassem dali. E olhando em volta agora, ele sequer tinha noção de onde estava — Eu estava... Indo para a aula.

 

Falou sem pensar, recebendo um franzir de sobrancelhas de seus dois amigos.

 

   — Para que aula exatamente Harry? Agora nós temos aula de história da magia. — Hermione olhou em volta sugestivamente, para enfatizar o que iria dizer. — E nós estamos perto das estufas agora.

 

   — Oh... — Ele tentou parecer surpreso, sem ter muito sucesso, então apenas encarou o chão. — Me desculpem, não sei o que deu em mim.

 

Rony lhe deu tapinhas tímidos no ombro.

 

   — Está tudo bem cara, se fosse comigo, eu também estaria pirando. — A garota o olhou de cara feia. — Quer dizer...

 

   — O que o Rony está tentando dizer — Ela completou, cerrando os olhos para o ruivo. — É que tá tudo bem, nós entendemos como você está se sentindo agora... Quer dizer, não estamos passando por isso, mas entendemos o porquê de você estar se sentindo dessa forma. Aquela maldita. Ela não tinha o direito.

 

Harry se comoveu com a falta de jeito de seus amigos, abrindo um pequeno sorriso.

 

   — Está tudo bem, eu acho. — Disse ele, suspirando. — Uma hora eles iriam saber, de qualquer forma. Eu só...

 

Ele soltou o ar pesadamente. E então deu de ombros.

 

   —Sei lá. Vamos para a aula logo.

 

   — É, sempre há tempo para conversar na aula do professor Binns. — Rony disse.

 

   — Me pergunto o que aconteceria se eu simplesmente me recusasse a emprestar minhas anotações para vocês esse ano. — Hermione falou, tranquilamente.

 

   — Oh, você não faria isso, é nossa amiga! — O ruivo falou com cara de espanto, enquanto a garota apenas rolava os olhos.

 

O pequeno veela seguiu seus amigos até a sala para a aula de história da magia. Rony tinha razão sobre as aulas do professor Binns serem uma ótima oportunidade para conversar, ou fazer qualquer coisa que não fosse prestar a atenção na monótona narração sobre a segunda guerra dos trolls de Yorkshare.

 

Então ele se pegou refletindo sobre sua situação... Fazia diferença que os outros soubessem que ele era um meio-veela? Não é como se já não estivessem agindo estranho de qualquer forma. Mas o ponto era que ele não queria isso revelado para o mundo bruxo inteiro sem nem mesmo o seu consentimento, ele se sentia praticamente violado. Primeiro com a história toda sobre Mr. Kandi, que felizmente havia sido uma matéria extremamente vaga. E agora isso. Era melhor ter continuado sobre os boatos de sua suposta loucura... Se é que havia parado em algum momento.

 

A aula acabou sem que ele nem mesmo tivesse feito uma anotação. Tudo bem, Hermione lhe emprestaria as dela depois. Próxima aula agora... Poções.

 

Harry teve calafrios só de pensar na próxima aula. Ele, Rony e Hermione tinham certeza que o professor Snape começaria com uma poção bem difícil para pega-los desprevenidos pelo período de férias sem estudar.

 

Enquanto se encaminhavam para as masmorras, Cho Chang virou em um do corredores e quase esbarrou em Harry.

 

   — Olá Harry! — Ela sorriu simpática, o observando mais intensamente do que fizera nos últimos quatro anos juntos.

 

   — Oi — O moreno respondeu, corando. Ele lembrava-se de sentir uma espécie de "queda" pela garota no passado, mas agora, definitivamente não era isso. Talvez apenas um constrangimento pela situação.

 

   — Hum... Eu soube o que aconteceu, sabe... Com o sequestro e tudo o mais. — "Todos sabem" o menor se impediu de dizer. — Está tudo bem?

 

   — Oh, sim Cho. — Harry sorriu, tentando parecer simpático. — Obrigada por se preocupar.

 

   — Esse é um distintivo dos Tornados? — Os três se viraram para encarar Rony, que observava com atenção um distintivo azul céu, decorado com um duplo T na capa da garota. — Você torce por eles?

 

   — Sim, eu torço — Ela respondeu, franzindo as sobrancelhas enquanto olhava para Harry e Hermione, mas tampouco eles sabiam o que se passava na cabeça ruiva.

 

   — E você sempre torceu por eles ou só agora que eles começaram a ganhar? — Rony completou, em um tom desnecessariamente acusatório.

 

   — O que? Eu... Eu torço pra eles desde que eu tinha seis anos. — Ela respondeu, com uma mão na cintura. Obviamente a situação estava muito longe do que ela planejara. — Err, te vejo depois Harry.

 

Não que Harry não gostasse da garota. Como... Pessoa. Mas talvez devesse agradecer a falta de tato de Rony, pelo menos dessa vez. Hermione pressionou os lábios, mas não falou nada, provavelmente pensando a mesma coisa que ele.

 

Se reuniram à turma em frente a sala de aula de Snape, um pouco afastado do grupo.

 

                                   oOo

 

Ainda ficaram no salão principal por mais um bom tempo, tomando calmamente seu café da manhã. Bem, pelo menos boa parte de seus colegas, considerando que Draco tinha perdido completamente a fome.

 

Sem perceber, balançava o pé por de baixo da mesa de maneira inquieta. Por algum motivo ele mal podia esperar para que acabasse o café da manhã. Ele queria ir... Não sabia para onde, apenas tinha a sensação incomoda de que precisa ir urgentemente até algum lugar.

 

Talvez fosse o estresse de seu novo cargo de monitor que o estava deixando dessa forma, seu pai sempre dissera que cargos importantes carregavam uma grande carga de... Ok, não poderia ser isso.

 

Olhou novamente para o jornal jogado ao lado de seu prato e analisou a foto do Harry com moletom, ainda tentando inutilmente desaparecer entre uma moldura e outra. Era incrível como Potter tinha a habilidade de roubar a atenção até mesmo nisso. No ano que ele iria ganhar sua herança veela e finalmente se tornar superior a Potter em alguma coisa. O menino-que-sobreviveu ia lá e dava um jeito de fazer ainda melhor.

 

Sua família vinha tendo herdeiros homens, que eram dominantes a gerações. E isso se devia a apenas uma coisa. Era extremamente difícil nascer um homem submisso, um homem que pudesse gerar herdeiros. Algo extremamente precioso entre as famílias puro-sangue, diga-se de passagem. Será que Potter sabia disso?

 

Ele não parecia ter estado confortável em nenhum momento desde a estação até aqui. Draco só queria poder... Poder... Nada. Que sensação estranha...

 

De qualquer forma, tiveram que se dirigir até a aula de transfiguração em dupla com os Corvinais. Então o loiro tentou apenas não pensar muito sobre isso.

 

Desnecessário dizer que falhou miseravelmente.

 

                                oOo

 

Harry estava esperando fora da sala de aula de poções, junto com Rony e Hermione e o mais afastado do resto da turma que conseguia. Ele não queria ser "antissocial" nem nada assim, mas é que as garotas já estavam fazendo um bom trabalho o afastando com cochichos e risinhos... E os garotos também, diga-se de passagem. Mas substitua os risinhos e cochichos por encaradas e olhadas mais que bem dadas dos seus pés até os fios de cabelo, que muitas vezes o faziam corar mais que os cabelos ruivos dos Weasleys.

 

Esses, eram os grifinórios. Já que a aula era em dupla, os sonserinos também estavam ali, mas eles conseguiam ser incrivelmente mais discretos, talvez por que estivessem divididos entre o seu habitual desprezo e o encanto veela. Ah, que dilema...

 

O moreno notou que a maioria das garotas, principalmente soncerinas pareciam estarem mais próximas ou querendo chamar a atenção de Malfoy de algum jeito. Que aparentemente não estava dando muita bola, parecia mais concentrado em... "Droga, ele está me encarando?"

 

Harry desviou rápido o olhar, sem saber por que e sentindo seu rosto esquentar.

 

De repente, o som da porta da sala pode ser ouvido se arrastando, dando abertura para os alunos entrarem.

 

Sabiamente, ele esperou que os outros alunos estrassem primeiro, não gostaria de estar espremido no meio deles naquele momento. Com sorte, conseguiram pegar lugares nas últimas mesas da sala de aula.

 

A presença de Snape era tão intensa, que agora ninguém ousava olhar para Harry nem mesmo com o canto dos olhos, a atenção de todos estava presa no professor no meio da sala, que encarava todos com uma carranca.

 

Ele deu seu habitual discurso de intimidamento para o início do ano letivo. Com o pequeno diferencial que agora ele falava do pequeno detalhe que alguns dos alunos não poderiam continuar nas aulas após os N.O.N.s. Ele olhou para Harry e Neville nesse momento.

 

   — Porém... Ainda temos um ano antes desse momento alegre de despedida. — Snape disse suavemente, olhando para todos. — Então, estando vocês dispostos ou não a tentar os N.I.E.M.s eu aconselho a todos a concentrarem seus esforços em manter os níveis mais altos, como espero de meus estudantes de N.O.M.S... Hoje nós vamos preparar uma poção que costuma ser dada em Níveis Ordinários de Magia: Amontentia, a poção do amor. É a poção do amor mais poderosa que existe, seus efeitos incluem uma paixão obsessiva, que deixa quem a bebeu capaz de qualquer coisa pela outra pessoa. É facilmente reconhecível por seu característico brilho perolado e sua fumaça que sobre espiral. O cheiro da amortentia é diferente de pessoa para pessoa, uma mistura das coisas que mais atrai cada um. Seu uso é extremamente proibido, porém sua confecção é necessária a habilidade que eu espero dos meus alunos de N.O.M.s.

 

Seus lábios se curvaram um pouco. Então ele se virou dramaticamente em direção a própria mesa e destampou o caldeirão em cima dela. Imediatamente uma fumaça começou a levantar em espiral, junto com o visível brilho perolado. Os alunos mais próximos inspiraram profundamente.

 

Lentamente, Harry pode sentir umas das coisas mais agradáveis de toda sua vida. Ele sentia o cheiro de suco de abóbora, madeira de cabo de vassoura e... Maça verde? Bem, ele entendia o suco de abóbora. Basicamente representava Hogwarts, já que era o único lugar onde poderia toma-lo, considerando que nos Durleys até mesmo água era difícil de se conseguir, ele gostava de suco de abóbora... E também amava a sensação de voar, sentia-se livre como em nenhum outro lugar, por isso o cheiro de madeiras, mas... E maça verde? Ele reconhecia o aroma, mas nunca nem mesmo havia comido uma maçã verde. Será que estava enganado? Ou talvez a poção estivesse com defeito...

 

Não que Snape fizesse poções defeituosas, mesmo odiando seu professor morcego, ele reconhecia o seu talento para poções.

 

Então era realmente estranho que ele sentisse isso, no que supostamente deveria ser as coisas que mais o agradariam em todo o mundo...

 

                                 oOo

 

Ok, logo após a longa aula de feitiços eles teriam poções em dupla com os grifinórios. Essa notícia normalmente o teria feito rolar os olhos, afinal, mesmo depois de todas as brigas que aconteciam todos os anos o tempo todo, alguém ainda achava que era uma boa ideia colocá-los juntos. Com certeza era coisa do diretor, achando que ainda haveria alguma esperança... Sinceramente.

 

Porém, dessa vez Draco se sentia ansioso. Não sabia por que. Durante a aula do professor Flitwick seu coração começara a bater mais rápido, apenas um pouquinho... E então foi acelerando e acelerando, até ficar difícil de respirar. Blaise já o olhava estranho quando a aula acabou.

 

Caminharam mais rápido que o comum para as masmorras, já que o passo de Draco era apresado, por algum motivo. Pansy o olhou com cara feia por ter que andar naquela velocidade com os sapatos que estava calçando e só parou de reclamar quando chegaram.

 

Enquanto o tempo ia passando e os alunos chegando, sonserinos e grifinórios, seu coração parecia desacelerar lentamente. Estava finalmente conseguindo respirar novamente, já quase na hora do sinal do início da aula tocar, quando sentiu um perfume diferente. Ele conhecia, mas estava tão fraco que não saberia dizer qual era... Talvez alguma garota próxima?

 

Ao olhar em volta, seus olhos passando pelo corredor de aluna em aluna, notando algumas irritantemente perto e encarando, e suspirando quando ele olhou de volta. Mirou o fim do corredor, por algum motivo, foi então que seu coração se ritmou perfeitamente, tão calmo como nunca antes.

 

Harry Potter estava ali, com seus guarda-costas como sempre, mas ele não conseguiu nem mesmo ver o rosto deles. Potter estava lindamente corado, com os fios desarrumados por ter chegado ali quase atrasado. De repente, seu ombro formigou ao ser encarado de volta por aquelas belas esmeraldas. Ele tentou encarar de volta com desdém, tentou desviar o olhar, qualquer coisa. Não conseguiu.

 

Felizmente o sinal finalmente tocou e puderam entrar. Propositalmente pegou os lugares mais a frente, não querendo "distrações". Ele tinha perfeita noção de que não conseguiria fazer nem mesmo uma poção do primeiro ano caso ficasse próximo demais de Potter. Isso estava ficando ridículo, ele sabia que o outro era um meio-veela submisso e sabia dos encantos de tais, porém... Será que estavam todos se sentindo daquela forma? Ele havia notado os olhares, com certeza, seus colegas não eram nada discretos. Isso o irritava tanto.

 

Snape começou sua aula, dando o habitual discurso para intimidar grifinórios. Ele nem ligou muito, era ótimo em poções e muito querido pelo professor, afinal suas notas eram excelentes.

 

  — ... Hoje nós vamos preparar uma poção que costuma ser dada em Níveis Ordinários de Magia: Amortentia, a poção do amor...

 

Sim ele conhecia essa poção, achava os efeitos dela particularmente interessantes. Porém nunca havia tido a oportunidade de sentir quais aromas mais o atrairiam supostamente. Com curiosidade, inspirou a fumaça espiralada que saiu do caldeirão quando este foi aberto.

 

Quase gemeu de prazer. Era simplesmente o cheiro mais maravilhoso que ele poderia sentir. Conseguia identificar perfeitamente o cheiro de lírios recém colhidos, chocolate branco suíço, mais especificamente os bombons que sua mãe trazia toda vez que ia visitar seus parentes e por fim... Maçãs vermelhas, doces maçãs vermelhas.

 

Ele não entendia muito bem o porquê de alguns daqueles cheiros, como por exemplo lírios e maçãs, quer dizer, as flores eram cheirosas e tudo o mais, porém não chegavam a ser sua fragrância favorita. E ele gostava de maçãs, mas não sabia que era tanto.

 

Porém não havia maneira alguma de discordar da poção, aquelas eram definitivamente as melhores coisas que ele poderia sentir. Notou que os outros alunos pareciam tão encantados ou descrentes, no caso, quanto ele. Logo o professor fechou o caldeirão e eles puderam pensar corretamente novamente. Snape então, lhes deu as instruções e indicou os ingredientes. Era complicada, mas não seria difícil.

 

Como estava concentrado em ler as instruções com atenção, demorou a pegar os ingredientes, quando chegou no armário onde estavam guardados os alunos já haviam pego a maioria das coisas. Tudo bem na verdade, Snape não deixaria que os ingredientes fossem insuficientes então havia a medida certa para cada um deles.

 

Enquanto escolhia os ovos congelados de Cinzácaro, começou a sentir o leve aroma de lírios, agora ele reconhecia esse cheiro, sabia ter sentido antes. Maçãs, maçãs também. Ficando cada vez mais presente, será que o professor abriu o caldeirão novamente?

 

Tentando se concentrar ele estende a mão para pegar um frasco na prateleira de baixo, esbarrando sua mão em outra, pequena e delicada. Assim que as peles se tocaram, sentiu um formigamento que foi dali até seu ombro.

 

   — Oh, me desculpe eu-

 

Ele se virou para lançar um olhar cortante em quem ousara pegar o frasco que ele havia escolhido, porém deu de cara com incrível olhos verdes, o que deixou impossível de expressar qualquer reação que não fosse...

 

   — Tudo bem, você pode ficar com esse, se quiser. — "O que?" Draco estava confuso, ele nunca diria algo assim, as palavras apenas pularam de sua boca. Mas ver as aquelas bochechas corarem, meio que fez valer a pena.

 

   — ... O-Obrigado, eu... Eu só vou... — E de uma forma adoravelmente desajeitada, Potter pegou os ingredientes de maneira muito rápida, seu rosto ainda vermelho ele podia ver.

 

Draco estava aproveitando cada minuto daquele pequeno show, tomando cuidado para não parecer óbvio demais enquanto olhava as curvas do menor enquanto esse se inclinava para pegar algo na prateleira baixa. Teve que desviar o olhar rápido quando Potter terminou de empilhar as coisas em seu braço e levar, quase fazendo malabarismo, até sua mesa.

 

Isso foi tão estranho. Mas isso foi tão bom também, de várias formas que ele nem saberia como explicar. Não só por aquele aroma que parecia fazê-lo sonhar acordado, talvez por estar perto da Amortentia ainda o sentia. Mas também por que apenas a visão de Potter era um deleite a qualquer um.

 

E ainda havia aquela... Aquela sensação. Quando as mãos se tocaram...

 

Draco sacudiu a cabeça, espantando tais pensamentos. Não poderia ser. Terminou de pegar os ingredientes e voltou para sua mesa.

 

                                       oOo

 

Oh bem, essa poção parecia realmente difícil de se fazer. Hermione estivera certa quando falou que o professor Snape começaria com algo complicado logo na primeira aula. Não tinha a mínima esperança de fazer um trabalho excelente naquela aula (não é como se já tivesse feito em qualquer outra aula de poções, de qualquer forma, como seu professor bem gostava de lembrar), mas esperava pelo menos fazer algo descente.

 

Aguardou enquanto os alunos iam pegar seus ingredientes. Tanto por que queria ler e reler a lista, para ter certeza que não faltaria nada, tanto por que não gostaria de estar no meio de todos aqueles alunos, se apertando para pegar os materiais.

 

Quando finalmente achou que era a hora, se levantou e andou rapidamente até o armário. Notou que havia mais alguém ali, mas tentou ignorar isso, não deveria se preocupar tanto, ele conseguia lidar com uma pessoa, por favor...

 

Então, com os ingredientes em mente, ele foi até o estoque, procurando com os olhos onde estava cada uma das coisas, sem ligar muito para quem quer que estivesse ali. Escolheu um dos frascos com gosma azul escura aleatoriamente e estendeu sua mão para pegar.

 

Ou pelo menos tentou, pois aparentemente tivera a sorte de escolher logo o que o outro rapaz escolheu também. Suas mãos se esbarrarem e uma onda elétrica, ou algo assim, fez seu braço formigar, uma sensação estranha e morna que se estendeu até seu ombro.

 

   — Oh, me desculpe eu- — Sua voz falhou ao notar que esbarrara em Draco Malfoy. Levantou bem os olhos para encarar o loiro, que parecia levemente intimidador com todo aquele tamanho agora. Engoliu em seco, mas sustentou o olhar, não querendo demonstrar seu desconcerto para com o outro.

 

   — Tudo bem, você pode ficar com esse, se quiser. — Oh, ok... Isso o surpreendera com certeza. Nunca esperaria esse tipo de reação vindo dele... Malfoy o estava encarando com tanta intensidade que sentiu seu rosto esquentando. Gostaria de falar algumas coisas para ele, mas achou melhor só pegar os ingredientes o mais rápido possível e ir embora dali.

 

   — ... O-Obrigado, eu... Eu só vou... — Ele balbuciou, as palavras se embaralhando em sua boca. Sentindo-se mais bobo que nunca, apenas tentou pegar tudo de uma vez, empilhando em seus braços e equilibrando para que nada caísse, Snape com certeza cortaria sua cabeça fora se ele desperdiçasse seus preciosos ovos de alguma-coisa-aro congelados.

 

Respirando aliviado, ou quase tanto quanto poderia com todas aquelas coisas, ele saiu e voltou até sua mesa. Notando que Rony e Hermione já haviam começado, assim como boa parte dos outros alunos. Com certa pressa, ele também começou, cortando e amassando os ingredientes. Mexendo dez vezes para a esquerda, então uma vez para a direita.

 

Em poucos minutos a poção deveria começar a ficar branca e então perolada...

 

Oh não, espere, agora ele deveria adicionar três gramas de folhas de artemísia pulverizadas. Ainda mexendo, Harry tentou o seu melhor para pegar o frasco com o pó de artemísia. Ele já deveria ter pesado isso, mas acabou se esquecendo. Colocaria no olho mesmo, um pouco mais, um pouco menos... Não poderia dar tão errado assim, não é?

 

Enquanto virava o frasco com todo o cuidado do mundo e ainda mexia a poção pela oitava vez para a esquerda um movimento do outro lado da sala chamou sua atenção, o lado sonserino, diga-se de passagem.

 

Cometeu o erro de olhar e então dar de cara com Theodore Nott, que o encarava com um olhar no mínimo estranho e assim que teve certeza de que fora notado, mandou um beijo silencioso em sua direção enquanto piscava um dos olhos galantemente.

 

Harry corou intensamente, principalmente ao nota-lo rindo dele junto a Pansy Parkinson que era sua dupla hoje. Draco Malfoy estava com Blaise Zabine e como sempre, Crabbe junto a Goyle. O grupinho ria "silenciosamente", ou pelo menos quase todos, já que Malfoy por algum motivo não parecia estar se divertindo tanto.

 

A atenção de Harry se desligou do grupo assim que seu rosto foi assaltado por uma fumaça negra e densa.

 

Oh... Ele havia colocado o frasco inteiro do pó de artemísia... Estava ferrado.

 

Rapidamente o professor chegou ao seu lado, como se tivesse brotado da fumaça.

 

   — Potter! O que você acha que está fazendo? — Ele rosnou do seu lado. — Evanesce.

 

Antes que ele pudesse formular qualquer resposta, sua poção já havia ido embora, felizmente levando consigo toda aquela fumaça, mas infelizmente também, sua nota.

 

   — Eu... — Ele engoliu em seco, forçando-se a falar alguma coisa enquanto sentia os olhares de todos em si e principalmente a carranca do professor. — Eu acidentalmente coloquei toda a medida de artemísia, senhor.

 

   — Isso, eu sei, Sr. Potter. Da próxima vez, preste mais atenção. — Harry estranhou imensamente a falta de tripudiação, tão comum nesse tipo de situação. Mas tudo bem, não iria reclamar... Será que o professor sentia o efeito do encanto veela? Bem, isso seria a primeira coisa bo- — Dez pontos da grifinória.

 

Esqueça.

 

E com um movimento dramático de sua capa, Snape andou até sua mesa, deixando Harry ao lado do caldeirão vazio.

 

   — Aqueles que tiveram a capacidade de não destruir completamente a poção, encham frasco com uma amostra, etiquetem a tragam até minha mesa. — Disse Snape. — Dever de casa. Trinta centímetros de pergaminho sobre as propriedades de pedra-da-lua e seus usos para o preparo de poções, para ser entregue na quinta-feira.

 

Então, enquanto todos enchiam seus frascos de poção, Harry começou a guardar seu material, tentando ignorar os olhares em si. Mirou de canto de olho o grupinho de sonserinos que haviam causado o seu primeiro zero do ano, eles tinham sorrisinhos orgulhosos em seus rostos. Todos eles, menos...

 

                                   oOo

 

Harry gostaria de almoçar o mais rapidamente possível, não estava com tanta fome assim então não seria difícil. Mas se limitou a apenas esperar, já que Rony e Hermione anda estavam comendo, Rony não parecia que iria parar tão cedo. Ele poderia muito bem ir sozinho até a torre de adivinhação, mas sabia que seus amigos não ficariam nem um pouco tranquilos com isso. Então esperou, por consideração...

 

Estava ficando mais fácil ignorar os olhares, eles estavam ficando mais espaçados também, apesar de certamente acontecerem mais do que seria agradável. E é claro, não poderia esquecer das meninas o olhando como se fosse um filhote de poodle a qualquer movimento que ele fazia e também, daquele lufa-lufa que havia se mudado para sua mesa fazia alguns minutos agora, pulando de lugar em lugar "discretamente" e chegando cada vez mais perto dele como se não estivesse notando.

 

Felizmente, Rony e Hermione terminaram de comer assim que o garoto chegou a três lugares de distancia. Harry não se virou para ver o olhar de desolamento em seu rosto quando ele se levantou e saiu, em direção a aula de astronomia.

 

A aula de astronomia não era uma de suas preferidas, com toda certeza. A professora tinha a maldita mania de prever a sua morte de um jeito diferente a cada aula. Quem sabe ele gostava de variar para caso algum dia ela acertasse realmente e isso virasse notícia.

 

De qualquer forma, ainda não podia torcer para a aula passar rápido, pois depois teriam aula com a nova professora de DCAT e ele não sabia o que esperar de Dolores Umbridge. Uma coisa era certa, ele não havia tido uma sensação boa sobre a mulher em nenhum momento desde que a vira pela primeira vez em seu julgamento no ministério. Apenas esperava que ela não fosse tão ruim assim.

 

                                         oOo

 

Quando entraram na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas encontraram a professora Umbridge já sentada em sua mesa, usando as mesmas roupas rosas e pomposas do dia anterior. Harry não podia deixar de assimila-la com um sapo, mas não queria ter problemas com outro professor, então apenas aguardou mais um pouco para tirar suas próprias conclusões, afinal talvez ela fosse uma boa professora no fim das contas.

 

   — Bem, boa tarde! — Ela disse, sorrindo de forma estranha com aquela boca grande demais para o rosto achatado.

 

Alguns alunos murmuraram uma "boa tarde" em resposta.

 

   — Tsc, tsc — A mulher fez, franzindo tristemente as sobrancelhas. Harry a encarou, estrando a reação. — Assim não pode ser, agora, poderia? Eu gostaria que vocês respondessem, por favor, "boa tarde professora Umbridge". Uma vez mais, por favor. Boa tarde classe!

 

   — Boa tarde professora Umbridge. — Todos disseram, muitos franzindo a sobrancelha ao cumprimentar.

 

   — Agora sim. — Ela disse, docemente. — Não foi tão difícil, foi? Agora, varinha guardadas e penas nas mãos, por favor.

 

Enquanto muitos alunos trocavam olhares melancólicos, Harry refletia o quão perturbador era ver um rosto tão estranho falar de forma tão "doce" quanto sua professora fazia. Enquanto isso, Umbridge escrevia no quadro com sua própria varinha "Defesa Contra Arte das Trevas, retorno aos Princípios Básicos."

 

Após algumas poucas falas foi mandado que copiassem os três itens que ela colocara no quadro:

 

"Propósito do curso

 

   . Entendimento dos princípios básicos da magia defensiva.

 

   . Aprender a reconhecer situações onde a magia defensiva pode ser usada.

 

   . Colocando o uso da magia defensiva em um contexto para uso prático."

 

E que lessem o capítulo um do livro. Então assim que terminou de copiar, Harry abriu na página cinco e pelo menos tentou, sentindo sua concentração esquivar. No fim, não havia nada de muito bom na nova professora realmente, ela não parecia ser do tipo que dava aulas com ação e interação de qualquer forma. Enquanto ele tentava ler o primeiro parágrafo pela terceira vez, já que não estava prestando atenção, notou um movimento do seu lado e virou o rosto.

 

Hermione nem mesmo abrira o seu livro, estava parada encarando a professora com a mão estendida. Era uma cena estranha e não somente ele achava isso, já que depois de vários minutos, metade da sala já estava dividida entre encarar Hermione e olhar a professora, que estava "distraída" lendo o capítulo do livro. Ele estava prestes a chamar ele mesmo a professora quando ela levantou o rosto, sorrindo docemente.

 

   — Você deseja pergunta algo sobre o capítulo, querida? — Harry realmente duvidava que ela apenas tivesse notado a garota agora, como forçou para parecer.

 

   — Não sobre o capítulo, não. — A morena falou, recolhendo o braço. Provavelmente dolorido depois de ficar tanto tempo estendido.

 

   — Bem, nós agora estamos lendo — "Nós quem?" Harry pensou — Se você tem outras dúvidas nós podemos lidar com isso ao fim da aula.

 

   — Eu tenho uma dúvida sobre os propósitos do curso. — Harry não sabia se todos estavam achando a situação tão estranha quanto ele, ou só não conseguiam mais prestar atenção no maldito livro, mas a sala inteira estava atenta a conversa entre a aluna e a professora.

 

   — E seu nome é? — Umbridge perguntou, levantando as sobrancelhas.

 

   — Hermione Granger.

 

   — Bem, Srta. Granger, eu acho que os propósitos do curso estão claros se você os ler cautelosamente.

 

   — Bem, eu não acho isso — Disse a garota. — Não há nada ali sobre o uso de feitiços defensivos.

 

Harry se voltou para o quadro, lendo mais uma vez os três itens ali. Ele não havia percebido esse detalhe, de certa forma achou que era implícito que usariam feitiços, afinal... Bem, era a aula de DCAT e com tudo o que estava acontecendo, era mais do que óbvio que eles deveriam aprender a USAR feitiços defensivos. Mas claro que Hermione notaria.

 

   — Usar feitiços defensivos? — A professora repetiu com uma curta risadinha aguda. — Porque, não posso imaginar qualquer situação surgindo na minha sala de aula que exigiria o uso de feitiços defensivos, Srta. Granger. Você certamente não está esperando ser atacada durante as aulas?

 

O que? Eles realmente não usariam feitiços? Então Harry lembrou-se de onde vinha essa mulher, diretamente do ministério. Era óbvio, afinal. Depois de tudo, eles cuidaram para mandar alguém para dentro de Hogwarts, apenas para garantir que os alunos não pudessem se defender, ou no caso "atacar" como eles pensavam que estava acontecendo de acordo com o que Harry lera nos jornais e ouvira da ordem.

 

Isso era loucura, toda essa aula estava sendo uma idiotice. Voldemort não era mentira, eles precisavam mesmo saber se defender. Harry sentiu seu sangue subir a cabeça, pensando no significado daquela aula, era como se houvesse um cartaz bem grande na porta de entrada "Harry Potter está mentindo".

 

   — Nós não vamos usar mágica? — Rony exclamou alto, antes que o pequeno veela pudesse fazer ele mesmo.

 

   — Estudantes levantam a suas mãos quando desejam falar em minha classe, Sr...?

 

   — Weasley. — O ruivo falou, logo jogando a mão para o alto.

 

Porém a mulher o ignorou e deu meia volta, sorrindo abertamente. Aquilo fez uma sensação quente aparecer no peito de Harry, não era bom, era uma raiva contida, acima de indignação. Então ele também levantou a mão, não sabia o que iria perguntar, mas queria ver Umbridge ignora-lo. Hermione fez o mesmo.

 

Então quando a professora se virou, suas sobrancelhas franziram um pouco ao notar Harry, mas rapidamente seus olhos foram para a garota morena.

 

   — Sim, Srta. Granger? Deseja perguntar alguma coisa mais? — Mesmo que ela fingisse muito bem, já era possível notar um tom a mais em sua voz "doce".

 

   — Sim. Claramente todo o objetivo das aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas não é se defender das artes das trevas?

 

   — Você é uma expert educacional treinada do Ministério, Srta. Granger? — Perguntou Umbridge sem se abalar e piscando os olhos de forma "doce".

 

Hermione hesitou antes de falar.

 

   — ... Não, mas

 

   — Então temo que não esteja capacitada para decidir sobre "todo o objetivo" de qualquer matéria. Bruxos mais velhos e espertos do que você, aconselharam nosso novo programa de estudos. Vocês estarão aprendendo sobre feitiços defensivos de uma maneira livre de riscos...

 

   — Mas se formos atacados, então não será sem risco, qual senti

 

   — Mão, Sr. Potter!

 

Harry não tinha planejado falar, as palavras saíram de sua boca mais rápido do que poderia controlar, mas agora não tinha volta, havia uma veia pulsando em sua têmpora, estava gostando cada vez menos dessa mulher. Então, jogou a mão mais alto, sendo bonitamente ignorado pela professora.

 

Mas, sua fala aparentemente havia chocado vários de seus colegas que agora o olhavam com os olhos bem abertos. Provavelmente não esperavam que uma pessoa com uma aparência daqueles pudesse parecer tão "agressivo" agora. Obviamente, lilá quebrou um clima com um "aawn".

 

Então, vários também se juntaram ao trio e levantaram suas mãos. Sem escolha, Umbridge se virou para um dos alunos.

 

   — E seu nome é? — A professora perguntou a Dino.

 

   — Dino Thomas.

 

   — Bem, Sr. Thomas?

 

   — Hum.. É como Harry disse, se nós formos atacados, não será em um ambiente livre de riscos, então

 

   — Eu repito — Dino se calou, lançando um olhar de desculpas a Harry. O menor pensou se ele havia feito isso por que queria ou só estava esperando lhe agradar... De qualquer forma, Umbridge não facilitou. — Você espera ser atacado na minha aula?

 

   — Não, mas...

 

   — Eu não desejo criticar a maneira que as coisas estão correndo nessa escola, — Ela falou, porém seu grande sorriso não parecia indicar que ela estava fazendo algo a contragosto. — Mas vocês têm sido expostos a bruxos muito irresponsáveis nessa matéria, muito irresponsáveis mesmo. Para não mencionar... Raças extremamente perigosas.

 

Merlin, como ela ousava falar assim de Remus? Era óbvio o que ela estava insinuando. Harry não lembrava de sentir tanto raiva assim já a algum tempo. Seu braço estava doendo já a tanto tempo levantado, mesmo sabendo que a professora nunca o escolheria para "perguntar" nada, ele não iria desistir.

 

   — É  de meu conhecimento que meu predecessor não só praticou feitiços ilegais na frente de vocês, mas também os praticou em vocês.

 

Oh, bem... Ele não podia defender o falso olho-tonto Moody, afinal. Enquanto Harry se lembrava das aulas do ano passado, Umbridge escolheu Parvati Patil para perguntar. Ela trouxe a questão sobre as provas e outra coisa que ele não havia pensado. A primeira vez que teriam que executar um feitiço defensivo, seria quando eles estivessem sendo avaliados. Ora, ele NUNCA havia conseguido fazer um feitiço descente de primeira, talvez Hermione, mas o resto deles...

 

E foi então que percebeu, era exatamente essa a intenção. Eles não se importavam com suas notas no final de contas, o importante era garantir que eles não pudessem se defender e nem "atacar". Era um tiro no próprio pé e eles nem ao menos sabiam disso.

 

   — Contanto que estudem a teoria afinco, não há motivos para que não estejam aptos a praticar feitiços sobre condições cautelosamente controladas...

 

   — E como vamos usar a teoria no mundo real? — As palavras quase explodiram do peito de Harry, ele não entendia o porquê de estar sentindo uma raiva tão pura dessa forma, ele deveria se controlar.

 

Umbridge cerrou levemente os olhos ao olhar para ele.

 

   — Isso é a escola, Sr. Potter, não o mundo real. — Ela disse, suavemente.

 

   — Ah, é? — Ele falou, uma vozinha dentro dele dizia para que se controlar-se, essa voz se parecia muito com a de Hermione, apesar da garota apenas o estar observando como o resto dos alunos. No entanto, ele não conseguia mais segurar.

 

   — Quem você imagina que atacaria crianças como vocês? — Ele deveria saber que essa era uma pergunta óbvia demais, ela sabia a resposta e mesmo assim perguntou, apenas para...

 

   — Bem, Voldemort, quem sabe? — Ele falou por fim.

 

Todos se sobressaltaram, Rony engasgou, Lila deu um pequeno grito e Neville ficou extremamente pálido. Umbridge, porém, nem ao menos piscou. No seu rosto um sorriso de satisfação apareceu.

 

   — Dez pontos da grifinória, Sr. Potter.

 

A classe inteira estava em silencio observando Umbridge andar até sua mesa tranquilamente.

 

   — Foi dito a vocês que certo mago negro retornara dos mortos...

 

   — Ele não estava morto — Harry disse, cerrando os dentes. Muitos olhos se arregalaram em sua direção.

 

   — Senhor Potter, você já perdeu para sua casa dez pontos, não faça as coisas piores para você mesmo. — Umbridge disso, sem olhá-lo. — Como eu dizia, vocês foram informados que certo bruxo negro está entre nós novamente. Isto é mentira.

 

   — Não é mentira! — Harry exclamou, sua cabeça fervendo de raiva. — Eu o vi e-

 

   — Detenção, Sr. Potter! — A mulher disse, parecendo extremamente satisfeita. O moreno se sentiu um idiota por ter feito tudo aquilo, mas ela simplesmente o tinha tirado do sério, ele não era um mentiroso! Toda aquela aula fora uma grande palhaçada desde o início. Merlin, estava ficando difícil até mesmo respirar, tamanha raiva que estava sentindo. — Amanhã a tarde. Cinco horas. Meu escritório. Eu repito, é mentira. O ministério da Magia garante que não há perigo algum vindo de nenhum bruxo das trevas. Caso estejam alarmados por conta dessas besteiras, podem vir falar comigo depois da aula. Eu sou sua amiga. E agora, vocês vão amavelmente continuar lendo a página cinco, "Básico para iniciante".

 

Enquanto Umbridge voltava para trás de sua mesa, Harry se dividia entre a vontade de sair da sala, ficar calado e tudo aquilo que estava na sua cabeça. Os olhares em si não ajudavam em nada. Abriu a boca e fechou algumas vezes antes de não conseguir mais segurar seus pensamentos turbulentos.

 

   — Então, de acordo com você, Cedrico Diggory morreu espontaneamente, é isso? — Sua voz tremeu.

 

A professora o olhou por longos dois segundos.

 

   — A morte de Cedrico Diggory foi um trágico acidente.

 

   — Foi um assassinato. — Ele praticamente cuspiu. Lembrando-se do dia que aquilo ocorrera. Ele não era um mentiroso, eles não deveriam encara-lo assim, Umbridge não deveria olha-lo daquela maneira, mas então a mulher falou em sua habitual voz doce.

 

   — Venha aqui, Sr. Potter, querido.

 

Harry fechou as mãos em punhos tão forte que conseguia sentir as unhas perfurando sua pele. Sem olhar para ninguém, andou firme até a mesa da professora. Notou que ela tinha algumas penas ali... O que aconteceria se ele enfiasse uma delas direto naqueles olhos de sapo?

 

Alheia aos pensamentos de seu aluno, Umbridge pegou uma dessas mesmas penas e escreveu, em um pergaminho cor de rosa, depois de um minuto ou quase ela enrolou, selou e então estendeu a Harry.

 

   — Leve isso à professora McGonagall, querido.

 

Ele pegou, levando todo seu autocontrole para não pegar com muita força. Deu meia volta e saiu a passos largos dali.

 

                                      oOo

 

Harry não acreditava no que tinha acabado de acontecer. Ele tinha falado todas aquelas coisas na frente de tanta gente, mas ele nem mesmo se deu conta disso na hora. Estava com tanta raiva daquela professora maldita...

 

A primeira coisa que fez ao sair daquela maldita sala foi... Encher os olhos de lágrimas.

 

Primeiro estava com uma raiva intensa e agora sentia seu peito tão apertado com uma sensação ruim. Respirou fundo enquanto fazia seu caminho até a sala da professora McGonagall, pensando que talvez fosse apenas todo o conjunto de situações que o estava fazendo agir daquela forma.

 

Virou distraído em um corredor e quase esbarrou em alguém. Parou abruptamente, desejando internamente que seus olhos não estivessem vermelhos e encarou a pessoa, por reflexo. Era apenas Theodore Nott, então Harry tratou de continuar andando.

 

   — Hey, Potter. — Ouviu o outro o chamando e contra toda sua vontade no momento, se virou.

 

   — O que foi? — Ele perguntou, fazendo uma expressão nada amigável. Nott deu uma risada anasalada.

 

   — O que faz andando sozinho pelos corredores há uma hora dessas? — Ele perguntou.

 

   — Acho que não é da sua conta, você também está sozinho, de qualquer forma. — O menor respondeu ríspido, sem paciência para aquilo.

 

   — Sim, você tem razão... — Sua voz soou de forma estranha, então ele se aproximou a passos lentos, arrumando o cabelo de forma languida. — Então, por que não fazemos companhia um ao outro, hum?

 

Harry arregalou os olhos em susto, por breves segundos e então os cerrou, assim como seus punhos.

 

   — Mas de que merda, você está — Ele teve que se afastar um passo, tentando desesperadamente manter seu espaço pessoal.

 

No outro lado do corredor, uma porta se abriu.

 

   — Senhores, o que pensam que estão fazendo? Não deveriam estar em suas salas? — A professora Minerva falou em sua voz firme, saindo de sua sala e esperando uma resposta dos dois.

 

Theodore lançou um último olhar a Harry, intenso e por fim de seus pés até a cabeça. O pequeno veela se sentiu desconfortavelmente exposto e apesar de sentir seu rosto corando, tentou manter o olhar, segurando seu restinho de dignidade.

 

   — Sim professora, me desculpe. — O maior falou para a mulher. E aproximou o rosto o suficiente para que apenas Harry ouvisse suas próximas palavras. — Nos encontramos por aí... Potter.

 

Meio desconcertado, o menor se virou para a professora, que o encarava em expectativa.

 

   — Sr. Potter?

 

Harry corou mais um pouco e se amaldiçoou por isso, andando até ela e entregando o pergaminho cor de rosa. Minerva o observou com medida curiosidade.

 

   — Fui mandado para vê-la — Harry falou, desejando que sua voz não soasse tão baixa.

 

   — Mandado? O que quer dizer com mandado? — Ela abriu o pergaminho com um toque de varinha e correu seus olhos pelo o que estava escrito, suspirando em seguida.

 

   — Venha aqui Potter.

 

Ela entrou na sala e ele a seguiu, pensando em como iria explicar o que tinha feito. Supostamente os alunos não deveriam "debater" com os professores daquela forma...

 

   — Bem? — Ela disse, assim que a porta se fechou atrás dele automaticamente. — É verdade?

 

   — O que? — Ele desviou o olhar.

 

   — É verdade que você gritou com a professora Umbridge?

 

   — ... É. — Ele assentiu, sem encara-la.

 

   — Você a chamou de mentirosa?

 

   — Hum, de certa forma...

 

   — Você disse que Aquela-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado está de volta?

 

   — Sim. — Dessa vez sua voz soou firme e ele tomou coragem para encara-la, mesmo que timidamente. McGonagall podia ser extremamente intimidante quando queria.

 

Porém...

 

   — Pegue um biscoito, Potter.

 

Harry a encarou confuso, piscando algumas vezes. Talvez não estivesse ouvindo direito.

 

   — Professora?

 

   — Pegue um biscoito. — Ela repetiu impaciente, sentando atrás de sua mesa e indicando a lata próxima a alguns papéis de forma impaciente. — E sente-se.

 

Timidamente ele abriu a lata e pegou um biscoito aleatório. Eles eram do tamanho de sua palma, completamente de chocolate, com gotas aqui e ali. Ele pode sentir o cheiro de chocolate forte e sua boca salivou. Sentou-se com o biscoito na mão e então percebeu que a professora o mirava impaciente. Lembrou que poderia comer o biscoito e deu uma mordida, sentindo as gotas de chocolate meio amargo derreterem em sua boca. Algo dentro dele vibrou de felicidade.

 

Ele se pegou pensando em como aqueles biscoitos combinavam com sua professora afinal.

 

   — Bem, Potter... Se sente melhor? — A pergunta o pegou de surpresa, mas ao refletir um pouco, se deu conta que sim. Ele se sentia. Então ele assentiu com a cabeça lentamente. Aquele aperto em seu peito e a raiva estavam de alguma forma para trás agora. Como isso era possível? Ele estava ficando louco mesmo? — Ok, isso é bom, confirma minha teoria.

 

   — Professora, eu não estou entendendo muito bem. — Ele engoliu uma grande quantidade de biscoito. — Que teoria?

 

   — Harry, primeiramente, deixe-me dizer que você não é o primeiro aluno de sua condição. — Ok, agora aquela conversa estava levando um caminho estranho. — Como um meio-veela, quero dizer. Já tive um aluno assim tempos atrás, então acho que posso lhe explicar algumas coisas. Primeiramente, devo dizer que o que você está sentindo é normal. Esses sentimentos intensos e que mudam de hora em hora, são reflexos de picos hormonais que você está enfrentando. Devo presumir que o Dr. Alexander explicou que você teria esses picos, não é? Em sua época, devo dizer... Fértil.

 

Uma gota de chocolate especialmente grande entalou em sua garganta, como se já não bastasse estar vermelho de vergonha, quase ficou roxo tentando tossir a gota para fora. McGonagall transfigurou um copo d'agua rapidamente.

 

Ele se lembrava vagamente das palavras hormônios, fértil, jogadas aqui e ali em sua memória sobre a conversa que tivera com o doutor. Ele não esperava que acontecesse realmente, nem um pouco.

 

   — S-Sim. — Sua voz falhou, então tomou mais um gole d'agua.

 

   — Mas mesmo assim você precisa ser cauteloso. Procuro não confrontar Umbridge, lembre-se de onde ela vem. — A voz dela soou um pouco mais nervosa que o normal. — Aqui diz que ela colocou você de detenção por toda uma semana, começando amanhã.

 

Harry arregalou os olhos, imaginando como seria sua semana agora. Não estava nem um pouco ansioso.

 

   — De qualquer forma, devo sugerir que passe na enfermaria, Poppy vai saber como lhe ajudar, sim? — Então ela pegou um biscoito da lata e estendeu a ele. — E por favor, coma algum chocolate. Ele libera algumas substancia que ajudam a manter seus picos hormonais em equilíbrio. Acho que vai ajuda-lo, na medida do possível.

 

Ela se levantou e foi até a porta, segurando aberta para que ele passasse. Harry se levantou, guardando o biscoito no bolso e sorrindo timidamente para a professora, que retribuiu.


Notas Finais


É gente, basicamente o Harry tá na TPM...

Tensão Pré Malfoy.

Sim, eu levei alguns minutos para pensar nisso. Obrigada, de nada.

E não se esqueçam de comentar, por favor! É de graça e indolor.


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