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História Herdeiros do Império - Reylo - Cinzas


Escrita por: howardlev

Capítulo 2 - Cinzas


Fanfic / Fanfiction Herdeiros do Império - Reylo - Cinzas

"Para os erros perdão. 
Para os fracassos uma nova chance, 
Para os amores impossíveis, o tempo
."
(Maita Sanfelicce)

•••

Rey estava lá dentro, infiltrada na Primeira Ordem, ou pelo menos tentando acreditar nisso.         

A base fora reerguida a partir de suas cinzas. Era tudo novo, não estava completo, mas era novo. Eles se instalaram em um outro planeta, longe do sistema Hosnian, mas ainda possuíam enorme influência sobre diversos outros.        

O Líder Supremo parecia ter aceitado sua oferta, se aliaria ao lado sombrio e entenderia qual o seu real lugar nisso tudo a partir do auxílio de um mestre nas trevas.       

De fato, os planos de Snoke eram muito maiores e mais complexos do que parecia. A catadora era incomum, percebeu a partir de seu aprendiz, e tudo fazia parte daquela velha teoria e sabedoria popular: "mantenha seus aliados por perto e teus inimigos mais perto ainda."        

Ter a catadora de lixo tão próxima parecia até fácil demais. Era óbvio que ele desconfiaria de qualquer movimento da jovem, mas naquela condição seria mais fácil conter qualquer problema que ela poderia vir a causar. Afinal, ela estava por debaixo de seus olhos agora, e eliminá-la, caso preciso, seria muito mais fácil, ainda mais quando ele possuía um Kylo Ren mergulhado em fúria e humilhação pela sucateira de Jakku.        

Por outro lado, a general Leia Organa era dona de uma sabedoria incomparável. Orquestrou tudo perfeitamente. Rey daria todo seu esforço para trazer Kylo Ren ao lado da luz. Leia sabia que não poderia destruir a Primeira Ordem sozinha, que precisava de seu filho, sem ele não seria possível.       

"General, o que me pede é algo imensurável. Eu não sei se posso dar conta." Ela sussurrou por debaixo de suas mãos. As palmas de leia estavam posicionadas em cada lado do rosto de Rey. "E se eu não aguentar? E se ao invés de persuadi-lo ele me levar ao lado sombrio? Snoke, Kylo, os Cavaleiros de Ren! São todos muito mais habilidosos do que eu!" As mãos de Rey repousavam sobre as da general.        

Leia lhe disse o quanto seu filho houvera se perdido no lado das trevas, mas que apesar de tudo ela o perdoava, e que Rey precisava perdoa-lo também, uma vez que aquele não era seu filho Ben Solo, mas sim Kylo Ren, uma invenção de Snoke.       

"Você possui algo que eles não possuem, Rey, luz! É a resistência ao lado sombrio, é uma característica marcante dentro de você!" Leia apertou os olhos. "E Luke estará em seus pensamentos sempre que precisar, não deixaremos você ser seduzida, jamais!"

Leia tentava acreditar nas próprias palavras.

As lembranças daquela noite na Resistência, de sua conversa com a general invadiam os pensamentos da garota, agora inundada pelo sentimento sombrio que a Primeira Ordem lhe proporcionava.        

Desde que chegou à nova base comunicou-se apenas com o General Hux       

"Caso precise, procure diretamente por mim." Disse lhe entregando uma muda de roupas. "Lord Ren foi quem pediu que eu lhe providenciasse tudo logo hoje, pra que vocês possam começar amanhã."        

"Obrigada." Respondeu, e um arrepio subiu por toda sua coluna. A ideia de voltar a ter contato com aquele que outrora fora sua sentença final lhe causava arrepios.

Hux a conduziu diretamente para a câmara que serviria de quarto. Rey o seguiu, entrou no pequeno espaço e se conduziu até a cama, deixando em cima dela a muda que estava em suas mãos. Do outro lado havia uma porta num cinza escuro onde acreditou que se encontrava o lavabo. Sua hipótese foi confirmada pelas palavras de Hux logo em seguida.        

"Eu a aconselharia a se lavar essa noite, se alimentar, se manter em uma boa aparência. Acredito que Lord Ren não queira presenciar mais nenhum resquício de Resistência em você." Disse com uma voz clara e direta, com certo desdém e logo saiu da câmara.

Rey olhou para baixo, as palavras de Hux entraram em seus ouvidos como agulhas. Toda vez que ele se referia à Ben Solo como Lord Ren seu estômago revirava. Claro, ela não teve a chance de conhecer Ben Solo, mas pelas conversas que teve com Leia pôde perceber o quanto aquele garoto tinha potencial para ser um grande Jedi, uma grande conquista para o lado da luz. Seria uma pena tamanho potencial ser sequestrado pelo lado sombrio. E foi.

No lavabo havia uma banheira, pensou no tamanho no luxo que contrastava com a construção fria e objetiva da base. Deixou a água correr, até que fosse possível entrar e descansar naquela imensidão morna.

Ela se olhou no espelho. Seus olhos pareciam cansados, sua pele tinha marcas roxas ainda da luta na floresta. Rey não se olhava muito no espelho, desde que chegou em Jakku não tivera tantas oportunidades. Era estranho ver sua figura refletida, seus olhos avelã, seus cabelos escuros. Ela podia ver sua pele um pouco dourada por conta do sol.         

Rey então entrou na banheira. O volume de água ia subindo a medida que seu volume era ocupada pelo corpo da mulher. 

Fechou os olhos, se deixou irradiar de todo aquele sentimento de culpa.

Culpa, era a única coisa que passava por sua cabeça. Ter sucesso na missão da general talvez seria sua única maneira de se livrar desse sentimento horrível. A culpa de ter abandonado Jakku enquanto sua família poderia a qualquer momento voltar. A culpa por deixar Han Solo morrer nas mãos de seu próprio filho. A culpa de não estar na Primeira Ordem por vontade própria. A culpa de que, apesar desse sentimento, não poderia fazer nada para contornar a situação. Culpa, culpa, culpa...

Seu corpo imergiu sob a água. Rey sentiu uma leveza enorme. Seu corpo flutuava. Tamanha quantidade de água para ela naquele momento parecia desnecessário. Enquanto que em Jakku a luta por água era constante. Muitas vezes lutava por espaço até com animais. 

Sentiu seu cabelo flutuar sobre a água, soltos, com o caminho livre. Há muito tempo seus cabelos não eram soltos, não sentia a brisa leve do vento batendo em suas mexas. Ela buscava pelo mais prático, sempre. Nada que lhe pudesse atrapalhar, além do fato de que precisava usar aquele penteado para que sua família a reconhecesse em sua volta.

Alguns minutos depois Rey já estava fora da água. Agora com a toalha envolvendo seu corpo. Continuava a analisar no espelho as marcas roxas em suas costas. Seus dedos as tocavam, já não doíam mais, mas as marcas psicológicas ainda estavam lá.         

Prendeu o cabelo em um coque simples e vestiu a roupa de dormir que lhe fora entregue junto com o uniforme. 

Era como um novo mundo. Ter uma cama confortável para dormir soava incrivelmente extravagante, diferente de tudo que conhecia. Se sentia tão amparada dentro das peculiaridades de sua existência. Se sentia culpada por isso também.

Foi em direção à cama e se deitou, e então dormiu, e naquele finito devaneio pôde se sentir finalmente desprendida da realidade. Foram curtas 8 horas que lhe proporcionaram certa revigora. Era outra pessoa a partir de agora.

 

 

Rey acordou, dando más vindas ao que seria o seu primeiro dia de treinamento. Levantou-se indo em direção ao lavabo, lavou o rosto, fez sua higiene pessoal e tornou a se olhar no espelho. 

Me dê forças! Ela suspirou apertando os olhos, pedindo para alguma coisa que ela não sabia exatamente o que era.

Em seguida fechou a porta do lavabo seguindo em direção às suas novas roupas: trajes cinzentos para diferenciar os cavaleiros de Ren de seus aprendizes e, ela, atipicamente, seria treinada pelo próprio mestre dos cavaleiros de Ren: Kylo Ren.

Atravessou o corredor suando frio enquanto tentava abstrair seus pensamentos. Enfrentaria, pela primeira vez depois de sua batalha na antiga base da Primeira Ordem, aquele que por hora era definido como seu pior inimigo.

Ela foi acompanhada por um Stormtrooper que a guiou até o grande salão onde se alimentaria pela manhã.

O salão era realmente muito grande, e havia lá dentro mais Stormtroopers. Ela percebeu que aquele refeitório só servia para eles e para outros aprendizes dos cavaleiros de Ren. Ela os identificou pelos uniformes cor cinza como o dela.

Quando se aproximou ouviu sussurros e múrmuros. Ela soube naquele instante que era devido à sua presença todo aquele caos. Os olhares pendiam entre medo e chacota. Rey preferiu ficar calada. Se sentou ao lado de uma garota, também vestia os trajes cinza. 

Quieta, Rey pegou uma maçã que repousava em sua frente.

"Não devia se importar." A garota ao lado começou a falar baixo para que apenas Rey a pudesse ouvir.

"Desculpa?" Rey respondeu olhando de volta para a face da garota. Seus olhos eram escuros, sua pele também era escura. A luz reluzia em sua pele, aquele efeito deixou Rey deslumbrada, achou incrível. O cabelo num tom castanho escuro e caía sobre seus ombros em cachos bem definidos. O cabelo era volumoso.

"Sabe, eles... Só estão te encarando assim porque é nova." Ela assoprou um cacho que caia sobre sua testa. "Ou talvez seja apenas inveja por você ser a escolhida do mestre Kylo Ren." Ela sorriu, e seus olhos se cruzaram mais uma vez com os de Rey. "Meu nome é Eleonora VanHale, mas pode me chame de Hale."

Ela estendeu a mão para Rey em um cumprimento, ela a cumprimentou de volta.

"A escolhida do mestre? Isso é importante?" Respondeu, dando uma mordida na maçã. 

"Bem, você sabe, nós sempre somos escolhidos entre os cavaleiros de Ren, mas nada como ser treinada pelo próprio Mestre Ren! O mais forte de todos." Ela sorriu e logo foram interrompidas por um sinal que informava o término do café. Rey mal havia comido.

"Como devo te chamar? É..."

"Rey" complementou, "Sou Rey!"

As duas se despediram e Rey foi levada a outra direção, diferente dos demais.

"Você fica por aqui." A voz mecanizada de um stormtrooper sai pelo capacete. Logo uma porta se abre automaticamente a sua frente e então ela entra.

A imensidão do lugar atraiu a atenção de Rey, que permaneceu analisando cada centímetro daquele salão. Seguiu em direção ao centro, o local era cercado de vigas metálicas. 

Rey olhou mais a fundo, tendo então a confirmação de que, infelizmente, ela estava sozinha, o que significava que só haveria ela e Kylo Ren naquela sala em segundos. 

Se perdeu em seus pensamentos, todo aquele espaço lhe causava um sentimento de solidão, tanto que ela mal percebeu quando seu mestre entrou na sala. Quieto, sério, sem esboçar nenhuma reação.
Ele se aproximou por detrás dela.

"Você realmente está aqui!" Exclamou o rapaz, seu mestre, e o sussurro em forma mecanizada estremeceu os ouvidos da mulher. Rey levou um susto logo se tornando num pulo para encarar Kylo mascarado. Ela não o via desde que voltou à Resistência, onde então decidiu que auxiliaria Leia Organa na busca pelo seu filho, Ben Solo. "O líder Supremo me comunicou sobre sua decisão. Confesso que a principio me surpreendi".

Rey se afastou, quebrando a proximidade de Ren. Andou até o centro novamente, e de costas pra ele começou a falar:

"Qual o motivo para tamanha surpresa..." sentia um nó enorme na garganta. Abaixou os olhos, agora virando em direção ao cavaleiro, e, sem receber uma resposta, completou: "Se ofereceu para me ensinar, não devia ter aceitado?"

Kylo deu curtos passos em sua direção, construindo a proximidade novamente. Sua respiração estava lenta. O rapaz tinha dificuldades em acreditar que Rey havia aceitado ser treinada por ele no lado sombrio.

"Eu sempre soube que você tinha capacidade para o lado sombrio." Murmurrou. "Daí realmente aceitar seu destino, havia um grande abismo entre as duas coisas, catadora de lixo."

"Poderia me chamar apenas de Rey, agora". Ele parou a fitando por debaixo da mascara, Rey podia sentir. "Não sou mais aquela catadora de lixo, Ben-" Ela pausou, o coração de Kylo pulando ao menor sussurro de seu antigo nome. "Mestre Kylo Ren."

"O que lhe faz pensar que não é mais apenas aquela garota?" Rey pôde ouvir o riso irônico por debaixo do capacete. "Acha que é tão especial assim?"

Rey engoliu em seco, mas não respondeu. Qualquer tentativa de amenizar a situação entre os dois era bem-vinda para a garota nesta situação. Se fosse em outro momento ela poderia tê-lo rasgado ao meio com tal provocação, mas, agora, estava tentando parecer interessada.

"Bom, vamos começar por uma simples lição. Mostre-me sua habilidade com o sabre." Ele se aproximou lhe entregando o artefato. A garota hesitou, mas o pegou em sua mão. "Você me derrotou uma vez, não deve ser difícil usar um sabre novamente." Kylo soltou um novo riso, deixando Rey  constrangida.

"Eu não derrotei você." As palavras saíram num tom médio da boca de Rey. "Você, apenas..."

"Apenas o que?"

"Apenas se deu por vencido." Rey olhou para o chão, esperando uma reação agressiva de seu mestre, mas ele apenas a continuou observando. "Nós dois sabemos que você é muito mais forte e habilidoso do que eu... Como você mesmo disse, eu sou apenas uma catadora de lixo." Rey disse quebrando o silêncio.

"Você tem toda razão." Ren assentiu, por alguns segundos encarou a garota, agora sua aprendiz. "Não valeria a pena te matar naquele momento" Riu. "Sempre soube que haveriam coisas melhores para fazer com você, e olha só, agora você está aqui. Eu tive razão."

Rey assentiu, apunhalou o sabre e com seus finos dedos o acendeu. Era vermelho, tudo vermelho. E quando aquela luz passou por sua pupila, um sentimento de solidão e tremor lhe inundou. Era como se houvesse tocado naquilo antes, como se soubesse exatamente os movimentos que deveria fazer. Mas, não, ela nunca houvera sequer visto um sabre naquela cor antes, a não ser o de Kylo, do qual precisou se esquivar por muitas vezes. 

A fúria de Kylo naquela noite era imensa, ela tinha certeza de que seria morta, o que lhe fez se surpreender pelo fato de o rapaz, no fim, ter sido derrotado, caindo no chão enquanto a observava. Naquele momento ela percebeu que seu olhar mudou, que ele simplesmente não a odiava mais, não havia mais aquela raiva em seus olhos.

Kylo tirou o sabre de seu cinto, aquele sabre enorme, como um tridente. O acendeu. Rey estremeceu naquele segundo, mas se conteve. Assim como no dia na floresta, avançou sobre Kylo com seus golpes frágeis, nada muito habilidoso. Kylo se esquivava sempre, ao mesmo tempo em que a golpeava com a força. Por fim, Rey fora empurrada para metros longe de onde eles estavam, caindo no chão enquanto seu sabre se apagava. A dor tomou conta de seu corpo em razão do choque contra o assoalho.

Kylo então, pela primeira vez naquela manhã, levou suas mãos até o capacete, o tirando. Os cabelos negros do rapaz lhe caíram sobre os ombros em ondas suaves, Rey pôde ver sua face pálida, com uma cicatriz no seu lado direito, percorrendo o caminho de sua testa até a boca, provavelmente seguindo para os ombros por debaixo dos trajes escuros. A cicatriz já não estava tão exposta como no dia em que lhe fora dada, mas mesmo assim ainda se encontrava à mostra. Era a primeira vez que Rey via aquela face depois da luta na base.

Seus olhares se encontraram, Rey sentiu um calafrio subir por sua espinha, era como se aquela face fosse mais familiar do que realmente era, era como se ela conhecesse cada detalhe. Os olhos frios de Kylo continuavam os mesmos, mas, pela primeira vez, ela pôde sentir que as coisas estavam mudando, ele já não a queria morta, ela teve certeza, na realidade, talvez ele nunca tenha querido que ela morresse. 

Kylo se aproximou da garota, ainda com a malícia nos lábios, sorrindo pelas falhas tentativas de lhe derrotar. Naquele momento ele sabia que ela era habilidosa. Talvez seu mau desempenho tivera relação com sua falta de estabilidade emocional naquela manhã. Contudo, o rapaz sabia que ela precisava, com certeza, de um bom treinamento, treinamento que ele estava disposto a lhe dar.

Ren se aproximou da garota caída no chão, lhe estendendo a mão. Rey cedeu. Quando seus dedos se tocaram foi como se um choque tomasse conta do corpo dela. Esse contato foi destruidor. Ela se sentiu tão leve quando fora puxada por ele para se levantar.

"Você não está preparada pra isso!" Ele sussurrou, perto demais de sua face. "Vamos fazer algo melhor para o seu nível!" Ele se afastou, se virando de costas. Ela se reerguia ajustando suas roupas amassadas.

"Meu nível?" 

"Sim." Sua voz se tornou mais grave, retomando sua atenção a ela. "Você precisa aprender mais sobre a força. Não podemos simplesmente começar com suas habilidades corporais." Ele soltou um riso, agora ela realmente podia confirmar a ironia em seus lábios. "Aquilo foi só uma demonstração, para você perceber o quanto estava sendo patética achando que já sabia muita coisa."

"Eu não estava achando isso." Disse sendo interrompida por ele.

"Volte à sua câmara, iremos dar início ao seu treinamento somente amanhã. Descanse bem..." Ele se virou, tornando a vestir a máscara, era como uma forma de se proteger e não demonstrar emoção alguma. 

"Eu agradeço por ter me aceitado como sua aprendiz."

"Adeus, sucateira."


Notas Finais


Se puderem deixar um comentário sobre o que estão achando, me fará muito feliz. É bom ver o trabalho sendo reconhecido.
E se você gosta da fic favorite para sempre receber notificações dos capítulos novos postados.
Com atenção, Howard. 🖤


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