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História Herdeiros do Império - Reylo - A Recompensa


Escrita por: howardlev

Capítulo 14 - A Recompensa


Fanfic / Fanfiction Herdeiros do Império - Reylo - A Recompensa

"Mesmo que me perca na escuridão das trevas, 
Sempre me encontrarei na luz do teu olhar."
(Vinycius Maia)

•••

Gesin, 7 anos atrás. 

A cortina de tramas percorria o caminho do ar com o vento aquecido que adentrava a janela da cabana naquela manhã de verão. E perante aquela comodidade do tempo, Ben demorou mais que o de costume para acordar. 
Entorpecido pela noite anterior, seu corpo relaxou de tal forma que não seria uma surpresa caso esquecesse de seus afazeres matutinos. Então ele abriu os olhos e — depois do choque entre a luz do sol contra suas pupilas —finalmente reconheceu o local. 
Ele deslizou seus dedos pelo tecido de algodão na esperança de que o corpo quente de Rey estaria ali para conforta-lo, mas não foi o que aconteceu.

Seu coração pulsou tão forte que pensou que explodiria. Por um segundo pensou o pior, estava tão desesperado que não conseguia ser racional.

Ele pegou suas coisas e saiu correndo em direção à Madame Punfrey, no centro da aldeia, onde alguns membros de Maverins estavam praticando seus ensinamentos diários. 

"Onde ela está? Onde está Rey!?" Ben perguntou num quase grito, chamando a atenção de todos, aflito enquanto chacoalhava a anciã pelos ombros. 

A senhora arregalou os olhos tentando conter o desespero de Ben.

"Ela está se banhando!" Interrompeu Davina. "Sua esposa, ela está no lago." 

Ben suspirou e então Punfrey ordenou que todos os outros membros continuassem suas atividades como antes.

"O que está acontecendo?" Ela perguntou oferecendo um copo de água para Ben, que agora estava sentado sobre uma rocha com as duas mãos sobre a cabeça. "Por que está tão aflito? E por que Davina diz que Renesmy é sua esposa?" 

"Eu..." ele respirou fundo
enquanto tremia ao beber a água.

"Disse que éramos casados para não gerar desconfianças. Eu só quero encontrá-la. Não a vi na habitação hoje mais cedo, achei que pudessem ter feito algo a ela."

"Não fariam nada a ela. Enquanto estiverem na aldeia estarão seguros. Ninguém se atreve a meter-se nos nossos assuntos, Ben." Madame Punfrey sorriu ao afagar o ombro do rapaz. "Ela está bem. Foi até o lago mais cedo. Pode ir até lá, se quiser. Davina pediu que a deixassem sozinha. Ela deve estar por lá." Ben respirou aliviado. "É na direção oeste." Finalizou apontando.

"Obrigada." Suspirou.

Ele não demorou muito para seguir até o lago. O mesmo ficava a mais ou menos dois quilômetros do centro da aldeia, e, quando chegou ao local, confirmou a fala de Punfrey de que não havia ninguém além de Rey presente, que encarava o horizonte enquanto se banhava.

"Sei que está aí." Ela disse em tom baixo, ainda sem virar o rosto.

"Ah, sim." Ele respondeu, tímido e então começou a se aproximar.

Os cabelos de Rey estavam molhados e, à medida que a luz do sol, calmo da manhã, batia contra sua pele, uma luz alva reluzia. 
Ela não vestia nada além da água em seu entorno. 

Não demorou muito para que Ben se juntasse a ela. Quando chegou próximo o suficiente, posicionou seu braço em torno de seu ombro, a embalando enquanto encostava seu tórax nas costas da jovem.

Eles estavam quietos, contemplando o céu azul misturado com o tom laranja da manhã no horizonte. 

Permaneceram assim por alguns minutos até que Rey quebrasse o silêncio.

"Nós destruímos tudo." Ele sentiu a preocupação em sua fala. "Sabe disso, não sabe?"

Ele respirou fundo e ela se virou. Ele a apertou forte contra seu peito, de modo que ela pudesse liberar as lágrimas contra seu corpo.

"Está doendo tanto. Eu destruí tudo, me desculpe."

"Hey, hey!" Ele levantou seu rosto com os dedos no queixo da jovem. "Você não destruiu nada! Pare de dizer bobagens."

"O que vamos fazer?" Ela perguntou e Ben limpou uma lágrima que caia de seu olho. "Ele vai descobrir, ele... vai!"

"Shhhh, se acalma." Ele colocou o rosto de Rey sobre seu ombro, acariciando seus cabelos. "Não vai descobrir nada se não dissermos." 

"Ele vai sentir..." A cada segundo ela soluçava mais.

"Ele não vai." 

Ben então encarou seus olhos, tentando ao máximo acalma-la.

"Não faremos nada agora, vamos esperar todo esse tumulto passar. Continuaremos fingindo que somos casados e quando voltar para Alfheimr continuará agindo como minha padawan. Ninguém precisa saber disso, ninguém nunca saberá. Nosso segredo, se lembra?"

"Como vamos viver assim?" Sua respiração estava ofegante. "Não conseguiremos fingir para sempre. Não posso continuar sendo sua padawan. É injusto com você. Injusto conosco." 

"Não. Se alguém aqui foi injusto, esse alguém sou eu. Eu era o mestre, eu é que devia ter dado um jeito nisso." Ele suspirou. "Para onde foi aquela garota forte e corajosa, Rey? Não se deixe levar por esse sentimento, temos que nos manter focados agora." Ele deslizou o dedo nos lábios de Rey. "Eu amo você. Não vou deixar que encare tudo isso sozinha." 

Então Ben deslizou seus lábios até a bochecha de Rey, depositando ali um beijo enquanto a abraçava mais forte. Ela cruzou suas pernas em torno da cintura de Ben e ambos permaneceram em silêncio trocando suas confidências a partir da energia que fluía por seus corpos. 

Nada mais fazia sentido, não existia solução.

O tempo passou como havia de passar. E é claro que, de certa forma, Ben e Rey teriam de encarar a realidade em Alfheimr.

Os três meses que permaneceram no planeta Gesin, de fato tranquilos, um dia viriam a acabar e, Dana, naquela época, quase colocou tudo a perder.

Desde que voltaram as coisas estavam estranhas. Dana sentia algo rondando o corpo de Rey. Sentia como se a ligação dos dois estivesse mais forte todas as vezes em que se aproximava da jovem. 

Nunca houvera sentido algo como aquilo antes. 

Ela tinha muito conhecimento sobre o poder da força, ainda mais quando envolvia duas pessoas em uma relação mestre-padawan, sabia que tal energia poderia ter uma grandeza imensurável mas, desde que entrou para a academia, desde que conheceu a força, nunca sentiu algo parecido. Nem mesmo com seus padawans mais apegados.

Todas as vezes em que esteve com Rey tentou descobrir o que poderia ter transformado a garota, mas nunca conseguia nada. 

Rey era muito resistente, uma de suas maiores habilidades. Poucos eram aqueles que conseguiam lê-la e, mesmo aqueles que o conseguiam, precisavam de sua permissão para fazê-lo. 

Por outro lado, quando perto de Ben, Dana não sentia a mesma energia. Tentou separar os fatos, acreditar que tal sensação estava apenas centrada na jovem, mas não conseguiu se convencer. Ambos estavam estranhos, ambos pareciam ter algo a contar. Trocavam olhares e muitas vezes eram pegos por Dana conversando em segredo. A medida que o tempo passava sua preocupação aumentava, não estava nada normal, e nem mesmo Luke pôde ajudá-la. 

A única coisa que lhe restou foi esperar.

Sua atenção no fato só parou quando Rey e Ben tiveram de voltar ao planeta Gesin. Voltando apenas 3 meses depois, trazendo a resposta que Dana tanto precisava.

•••

Tempos Presentes. 

Ava não hesitou ao ouvir as palavras de Ren. Quando ele pediu para que ela desse um jeito de esconder Rey por debaixo de suas asas, realmente fez tudo para que a ordem de seu mestre fosse cumprida.

Rey se sentiu tensa, seu sangue borbulhava fazendo-a sentir uma pressão contra suas têmporas. 

Ao entrar no quarto de Ava, a primeira coisa que viu foi o lustre de cristal. Era realmente bem grande e luxuoso. A cama posicionava-se no centro da habitação enquanto era rodeada pelos espelhos emoldurados em ouro.

O quarto de Ava, por conta das luzes e dos metais, possuía um tom amarelado, solar. Era um local de luz dentro da base. 
Ava a direcionou, com uma das mãos em suas costas, até o vestiário de seu quarto. Uma pequena porção de espaço separado por divisórias de madeira. 

A loura seguiu até o armário e deslizou o olhar entre os vestidos, escolhendo o longo vestido branco com detalhes em prata que usara no baile de iniciação. Rey reconheceria aquele vestido em qualquer situação.

"Não podemos demorar." A jovem disse com pressa na fala. "Por favor, vista esse, Rey. Acho que está ótimo para a ocasião."

E é claro que estava, Rey pensou. Inclusive era um vestido muito elaborado para uma sucateira acostumada com trapos utilizar. 

Os olhos de Rey se perderam na quantidade de cristais que decorava o longo vestido. Ela chacoalhou a cabeça quando Ava advertiu que ela se apressasse novamente. Ela obedeceu. 

Depois de alguns minutos e muita luta contra o atrito do tecido, Rey finalmente entrou nas vestes. 
No final, ela parecia legitimamente fazer parte da ordem de Ren, e ela não conseguiu negar a si mesma que gostava do sentimento. 
Se aproximou de sua imagem no espelho, o tom escarlate preenchendo seus lábios. Poucas vezes se sentiu tão bonita daquele jeito em toda sua vida. Ela sorriu timidamente para sua imagem, Ava percebeu.

"Está linda!" A loura sorriu. Os olhos de Rey inundaram-se por um instante antes que ela lutasse contra a emoção.

"Obrigada." Ela sorriu para Ava.

Por alguns segundos continuou a observar sua imagem, tão diferente das outras vezes em que se olhara no espelho. Ela parecia outra pessoa. 

As mechas foram presas em um meio rabo e uma tiara de prata enfeitava seus cabelos, reluzindo com a luz forte e amarelada do quarto.

Ela poderia jurar que seu coração iria pular para fora de sua garganta, que seus membros inferiores em segundos iriam trair a sustentação de seu corpo, tudo na hora em que o mestre entrou no quarto de Ava.

Ele estava ali, diante dela, com os olhos fixados na imagem que vira no espelho. Ela se virou depois de alguns segundos encarando a imagem de Kylo Ren pelo espelho, com a respiração carregada, o peito rapidamente enchendo-se de ar.

Pela força, que mulher incrível diante de seus olhos. 

A entrada dele teve outra visão aos olhos dela. Subitamente só existiam os dois no local, e ele sorria como se existissem apenas os dois na galáxia inteira. 
Perante seus olhos, ele esticava a mão para que ela o acompanhasse. Ela os apertou com duas piscadas querendo ter certeza do que via.

"Eu prometo que cuidarei de vocês. Nossa família ficará cada vez mais forte. Eu prometo." Um flash de memória atingiu sua mente acompanhada pela tontura que sentiu.

"O que disse?" Ela perguntou, confusa, trêmula. 

"Disse para se apressar, vestir isso." O nó na garganta de Ren fora desfeito apenas para o grunhido rude de suas palavras. Ele se aproximou da jovem com uma capa preta na mão. 

"Não, não foi isso o que disse." Ela engoliu seco. "Disse algo sobre família." 

"Está delirando?" Ele indagou, os olhos semicerrados, a dúvida na face. "Você está bem?" 

Ele se aproximou tocando gentilmente na testa de Rey, sentindo sua temperatura com as costas da mão. 

Fisicamente tudo parecia bem. Ela estava apenas delirando de novo.

Não demorou muito para que saíssem do quarto e Rey o acompanhasse até o centro de controle das tropas de Hux. 

Com a capa vestida e o capuz cobrindo sua cabeça, Rey se passava por uma dos oito cavaleiros. 

Kylo a conduzia pelo braço, com a cabeça baixa, ouvindo a respiração de Rey com o silêncio do corredor na ala leste. Eles andavam lentamente, como se não houvesse caos nenhum na base.

"Preciso que me diga se reconhece esses homens." Kylo direcionou Rey até as imagens que estavam sendo administradas por Hux. "Já os viu antes?"

Ela se aproximou do monitor observando as faces.

"Não." Disse convicta. "Não os reconheço." 

"Tem certeza?" 

"Sim, senhor." afirmou "Não os conheço. Eu tenho certeza."

Em seguida Ren pediu que Ava levasse Rey para se reunir com os outros cavaleiros, novamente ela o obedeceu.

"Sabe que ela pode estar mentindo, não sabe?" Disse um membro das tropas que estava ao lado de Hux. 

"Ela está com a Primeira Ordem agora. Não está mentindo." Rosnou Kylo. 

"É verdade." A voz de Hux foi clara mas possuía certa preocupação no tom. "Acabamos de confirmar que esses homens fazem parte do programa de stormtroopers. Foi um ataque interno."

•••

Planeta Gesin, 6 anos atrás.

O suor traçava uma linha vertical por sua testa enquanto a jovem acariciava o rosto da criança recém-nascida em seus braços. As senhoras agora limpavam o ambiente e madame Punfrey permanecia calada, observando o bebê enquanto sussurrando alguma coisa – que Renesmy não pôde compreender - consigo mesma.

"Madame Punfrey, nós não achamos o pai da criança, mas achamos o mestre dela. " Disse uma jovem de cabelos ruivos ao adentrar esbaforida na cabana. Assim que terminou de falar um homem apareceu por trás dela.

"Rey!" Ele exclamou correndo em direção ao leito. "Me disseram que..." Ele paralisou ao ver a criança no colo de sua aprendiz. "Então... é verdade? "

Sua expressão ficou séria e o silêncio mórbido. Rey franziu o cenho e apertou os lábios enquanto lutava contra sua angustia.

"Ben..." Ela sussurrou. "Eu... não sei como explicar."

Então Ben se aproximou um pouco mais em passos lentos de Rey, ajoelhando-se perante a ela. Ele levou os olhos até a criança e os sentiu marejados. Em seguinte direcionou sua mão até a pequena cabeça da criança e acariciou seus finos cabelos da cor castanho. A criança então virou o rostinho levemente para ele e pela primeira vez a ela conheceu o rosto de seu pai. Os seus olhares se chocaram, e a partir dali, Ben reconheceria, em qualquer lugar da galáxia, aquele olhar.

Ele não pôde se conter. Uma lágrima caiu de seu olho direito e desceu para seus lábios que agora formavam um sorriso. Rey sorriu também. O aperto em seu peito se desfez no segundo em que Ben exclamou o quanto a criança era linda e parecida com ela. Segundos depois Rey locomoveu o corpinho da criança para o colo de Ben.

"É uma menina." Ela exclamou com o sorriso ainda mais aberto.

"E ela é linda como você!" Ele respondeu. "E ela é nossa, é nossa filha."

"Sim." Rey fechou os olhos, deixando escapar mais lágrimas.

"Como vamos chama-la?" Ele perguntou, aproximando seu rosto para aninhar a boca e o nariz na curva do pescoço de Rey, inalando o odor de seu esforço misturado com o aroma adocicado de sua pele.

Assim eles ficaram quietos, dividindo em silêncio a felicidade e o desespero da situação. A criança fechou os olhos no colo de Ben, e dormiria ali sem imaginar que ela seria o motivo de uma nova grande guerra na galáxia. Foi então que Rey levantou os olhos e encarou as pessoas que estavam presentes naquele quarto, respondendo com tom calmo e claro a pergunta de seu companheiro:

"Kira." Ela sorriu. "Kira Solo."


Notas Finais


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