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História Hero - 1


Escrita por: beeturine

Notas do Autor


Olá!
A sinopse tá um lixo, talvez eu a troque depois, mas dê uma chance para minha história e meus personagens :)

Capítulo 1 - 1


Fanfic / Fanfiction Hero - 1

NYMERIA 

 

Os raios de sol me atingiram tão preguiçosos quanto eu. 

Outra noite que não consegui pregar o olho. Por quê? Insônia. Sempre insônia. 

-Merda. -levantei da cama e me olhei no espelho da cômoda. Jesus, eu sou um desastre. 

Passei a mão nos cabelos com o intuito de diminuir o frizz e sucesso zero. Tomei um banho rápido e quando abri o guarda-roupa, fiz um careta. 

-Ah. Caramba. -falei pausadamente tentando tirar alguma peça de roupa de dentro daquela bagunça. Tinha que ter algo ali que não estivesse nem amassado, nem amarrotado, nem sujo. 

Puxei uma blusa preta com a logo de uma banda que nem escuto mais e uma calça jeans mais desgastada que eu. 

Saí correndo do quarto, ou melhor, pulando em um pé só, tentando miseravelmente calçar o tênis. 

-Bom dia! -mamãe gritou da cozinha pequena. 

-Ah, oi. -tropecei na calça e dei de cara na parede. 

-Meu Deus, tenta não manchar o papel de parede com sangue de novo. -minha irmã mais nova passou por mim de pijama e ergui o dedo do meio para ela. 

-Eu não manchei o papel de parede! -disse enquanto me sentava na mesa pequena do café da manhã. 

-Ah, manchou sim. 

-Não, não manchei. 

-Meninas! -mamãe repreendeu enquanto jogava bacon na frigideira. 

O cheiro maravilhoso misturou-se com o de café preto recém coado e com o da nossa casa. Era o melhor cheiro do mundo. 

-Mãe, vou chegar mais tarde hoje. -minha irmã anunciou enquanto tomava um copo grande de suco. 

-Não Stary, você não vai. -mamãe colocou três fatias de bacon na minha frente e uma xícara fumegante de café que agradeci com carinho. 

-Quê?! Por quê?! -Stary gritou. 

-Você ainda está de castigo. Achou mesmo que eu esqueci, mocinha? 

Abocanhei meu bacon. 

Stary tinha sido detida por participar de um clube de luta ilegal. Tinha ganhado todas as lutas, era uma invicta e ganhou uma bolada nisso também. Não sei o que ela fez com o dinheiro. 

-Mãe, isso já tem um mês! 

-Não e não. Agora vão. Saiam. Estudar. Futuro. -ela puxou nossa cadeira e tentei comer mais do bacon. -Vou trabalhar até mais tarde hoje. Então, não se matem. 

-Deixa a gente ao menos comer! -reclamei. 

-Calce ao menos seu tênis direito! -ela rebateu e olhei para meus pés. 

O sapato do lado direito estava no pé esquerdo e vice-e-versa. Ajeitei o mais rápido que consegui e puxei meu moletom de cima do sofá. 

-Os lanches! -mamãe gritou da mesa do café, onde tinha sentado para comer. 

Peguei o meu e de minha irmã que já esperava impaciente na porta da frente. 

-Jesus, você é uma lerda! -ela reclamou e joguei sua sacola de lanche em sua cara. 

-Vá se ferrar. -sorri e atravessamos o corredor. 

-Stary! Nymeria! 

Tínhamos alcançado as escadas quando vimos alguém atras de nós. A garota era maior que eu, tinha os cabelos loiros presos em um rabo de cavalo no alto da cabeça e levava a mochila pendurada em um ombro apenas. 

-Bom dia. -falei e ela abriu um sorriso largo e sincero. 

-Sabia que as alcançaria! Qual a lógica de irem tão cedo para a escola? 

-Qual a lógica de ir tão tarde para a escola? -repliquei. -Não vamos para lá de qualquer jeito? 

-Ah, Nymeria, você é tão direta. -Stary voltou a descer as escadas e a segui. 

-Pare de usar meu nome. As pessoas não entendem que é uma junção do nome das nossas avós. -falei emburrada. 

-Veja pelo lado bom Meri, vão pensar que sua mãe gosta de "Game of Thrones". 

-Winona, você é meio idiota. -disse para minha melhor amiga que riu. -E tem um nome mais ridículo que o meu. 

-Ei, a Winona "Atriz-de-Verdade-E-Rica" é minha heroína! Mais respeito, por favor. -ela bufou. 

Chegamos ao térreo e cumprimentamos Joshua, o porteiro. Ao sair do prédio, o ar já estava quente e pesado, típico de cidade, uma coisa insuportável e pegajosa. 

-Vamos andando? Estou morrendo de preguiça! Podemos chamar um táxi ou... -Stary reclamou. 

-Você é uma velha ou uma menina de dezesseis anos? 

Nos três nós viramos para a voz grave e masculina e vi Winona ajeitar os cabelos perfeitos do meu lado. 

-Está atrasado. -falei. 

-Não é meio cedo para irem para a escola? -meu irmão mais velho, Tim, reclamou enquanto enrolava as mangas da camisa. 

-Puta... -Winona cobriu a boca com a mão e revirei os olhos. 

-Exibicionista. São sete da manhã. 

Tim pegou toda a beleza, a inteligência, o carisma, a alegria da família, já eu e Stary dividimos o resto. E não tem lá muita coisa não. Enquanto que nós ainda batalhamos no Ensino Médio, o bonitão do Tim já é formado em arquitetura urbana e engenharia civil. E tinha apenas vinte e três anos! Ele vinha de vez em quando pegar dinheiro com a mamãe (ou Stary) para comprar mais comida para o chiqueiro que ele chama de apartamento. 

-Canalha. -resmunguei.

-Nym? Tudo bem? -ele sorriu para mim. 

-Claro. Tudo espetacularmente ótimo. 

-Então, entrem logo na merda do carro. 

-Essa banheira não pode ser considerada um carro, Timothy. -Stary foi a primeira a entrar. 

Infelizmente era verdade. O carro herdado da nossa avó Nyx era, bem, carro de velho. Daqueles que têm uma traseira grande, uma pintura horrorosa e que parecia prestes a se desfazer em qualquer segundo. Mas, tínhamos um apelido carinhoso para ele. Javali. 

-Eu vou na frente! -gritei. 

Uma parede apareceu na minha frente e quase que caio para trás. 

-A Wino vai na frente. -a voz do meu irmao soou um pouco ameaçadora, mas deve ter sido só impressão. Só. Impressão. 

Olhei para Winona que ainda estava parada no mesmo lugar e tentei não revirar os olhos. Ela tinha uma paixonite pelo meu irmão desde quando ele entrou na puberdade e está nessa até hoje. Sinceramente, não sei como seria caso minha melhor amiga namorasse meu melhor irmão. 

-Entra logo na banheira, Winona! -Stary gritou. 

Entrei no banco de trás e notei que aquele carro está mais fedido que o normal. Tim e Winona entraram logo em seguida e pude ver seus olhos verdes brilharem de pura alegria. 

Ah, juventude. 

Tim deu a partida e saiu com aquela banheira móvel pelas ruas da cidade. Passamos por dois semáforos quando lembrei de uma coisa. 

-Pelo menos meu nome não significa "velho" em polonês. -puxei o celular do bolso e selecionei uma playlist das boas. 

-Stary, seu nome significa "velho"? -Winona virou-se para nós e então deu uma gargalhada alta. -Você ganhou! 

-Nymeria, sua escrota! -Stary socou meu braço com força e se não estivesse rindo, estaria chorando. 

-Caramba. 

Winona tinha parado de rir e olhava fixamente para a frente com um fascínio que eu só via quando era um novo tipo de comida. 

-Artistas de rua. -disse, completamente vidrada. 

Olhei para a frente e haviam cinco deles na faixa de pedestre. Uma garota de cabelos raspados engolia fogo e em seguida, cuspia-o pelo ar, era incrivelmente mágico. Um outro fazia cambalhotas pelos carros, tinha dançarinos e vendedores ambulantes. Era quase um circo. 

A garota de cabelo raspado encarou nosso carro e cuspiu fogo, como um dragão. E o sinal abriu. Ela correu para o acostamento e Tim acelerou. 

-Nossa. -Winona comentou e encostou-se no banco. 

Aproximei-me e sorri para ela. 

-Que cara é essa, Nyme? -ela bufou e suas bochechas coraram. 

-Nada, nada. -fiz cara de desentendida. 

-Tim, eu tô com fome! -Stary gritou. 

-A gente cria animais em casa?! -ele gritou. 

 

 

 

Chegamos na escola cedo, como o planejado e Stary logo distanciou-se de nós. Até que entendo. Winona é estupidamente bonita e divertida, o tipo de pessoa que todos querem ter por perto mas também não querem porque ela é bonita e divertida demais.

-Bom dia, Winona. -um garoto falou para ela que apenas sorriu e depois virou para mim arregalando os olhos. 

Éramos assim. A garota legal e a... bem, eu? Não estou reclamando, até gosto. 

-Nymeria! 

Respirei fundo, preparando todo o monólogo de não me chamarem pelo nome completo e quando me virei, todo o monólogo sumiu. Só havia duas pessoas além da minha família que tinham o direito de me chamarem de Nymeria, a Winona e... 

-Jackson! -Winona exclamou. 

-Vocês sempre chegam cedo. -Jackson sorriu para nós e devolvi-lhe o sorriso. 

-É, a Nymeria precisa abrir a escola todo dia. A porteira, sabe? Já planeja substituir o Velho. -Winona apoiou-se em Jackson que fez uma careta. 

Nós três éramos altos, mas Winona era a mais alta e isso era irritante para o menino do grupo. 

-Vocês vão me ver treinar hoje? 

-Ah, claro. Sol quente. Suar. Gente chata. Gente gritando. -eu falei. -Gente chata gritando. 

-Sabia que podia contar com vocês. Torçam por mim. -Jackson deu um sorriso tão radiante quanto o Sol e gritou para algum dos seus parceiros de time. Ele nunca entendia minha ironia. Ou pelo menos, fingia não entender.

-Somos um grupinho bem esquisito, né? -Winona falou enquanto íamos para a sala. 

-Somos? -perguntei. É claro que somos. 

-É. O Jack é o melhor rebatedor do time de Beisebol da escola, além de ser muito inteligente e... 

-Winona, você é bonita, carismática e tem uma fila de meninos te querendo. E eu, sou eu. -interrompi-a. 

Não estou reclamando, gosto de ser eu, gosto de não ser tão especial e de não ter nada recaindo nas minhas costas, minha mãe me apoia em qualquer decisão que tomo, então tudo certo. 

-Mas Nymeria, você é tão... 

-Me poupe desse monólogo de gente velha. Estou bem. Certo? -Sorri para ela porque não havia nada errado. 

Esbarrei em alguém e senti um soco no estômago. 

-Ai! -exclamei. 

Olhei para baixo e uma garota fazia careta para mim. 

-Oi Anna. -cumprimentei. 

-Olha por onde anda, Meria. -ela falou fazendo cara feia e desviou o olhar para Winona que acenou. -Winona. 

Anna saiu correndo com seus patins e esbarrava propositalmente em qualquer um. 

-Ela é uma figura. -Winona sorriu. 

Anna era a maior -não literalmente- atleta do colégio e a campeã em cálculo de geometria espacial. E tem como hobby favorito irritar pessoas. Não importa quem seja.

Um barulho irritante, como uma cabra pedindo por socorro ao mesmo tempo que uma mulher dava a luz me chegou aos ouvidos e estremeci. 

-Campainha. O som da minha morte. -Winona falou exatamente o que havia em minha mente. 

-Vejo você no treino do Jack. 

E vi ela deixar-me no corredor. E então, eu deixar a porcaria do corredor. 

 

 

 

 

Pouco antes do treino do Jackson terminar, eu saí da arquibancada, já estava tarde para caramba, mas minha mãe nunca foi muito controladora, exceto com Stary graças ao incidente do clube da luta. 

Fiquei encostada em sua moto (aquelas que minha família só poderia pagar caso Stary lutasse por dez anos e minha mãe trabalhasse por mais vinte) e observei a formação de nuvens pesadas e tão cinzas que o tom aproximava-se do preto. 

-Parece que vai cair uma tempestade. 

Virei para ele que trazia consigo dois capacetes e a mochila nas costas. Ele olhou para os dois lados e em seguida, para mim. 

-Pensei que Winona fosse com você. 

-Não. Ela pegou carona com alguém. -dei de ombros e puxei um capacete de sua mão. -E então, vamos? Antes da chuva.

Apontei para o céu.  

Jack arregalou os olhos dourados como mel de abelha. 

-Você vai pilotar? 

-Obviamente. -subi na moto e coloquei o capacete. -Sobe logo. 

E ele obedeceu. 

-Nymeria, apenas tente não nos matar. -sua voz era apenas um sussurro. 

Foi aí que eu saí cantando pneu. 

Realmente não era a primeira vez que eu pilotava uma moto. Mas ainda estou aprendendo e com certeza entendo o medo dele, afinal, já arranhei o rosto três vezes, quebrei o retrovisor de dois carros e quase matei ele várias vezes. 

E além do mais, estou indo muito bem. 

-Nymeria! Faça o favor de ligar a seta quando for dobrar! Não acelere tanto! Ai! -Jackson gritava e em algum momento ele bateu seu capacete no meu. 

-Você poderia ao menos se segurar em mim. -gritei de volta enquanto desviava dos carros. 

-Claro que não! Você vai matar nós dois! 

Eu parei no sinal vermelho e uma gota encontrou com minha mão. Ah, por favor. 

Olhei para o céu negro e senti meu corpo todo arrepiar. Tinha algo estranho. 

-Nymeria, o sinal abriu. -Jack e um monte de buzinas me avisaram e acelerei. 

A chuva começou a cair grossa e gélida, puxando todo e qualquer calor do meu corpo, em poucos segundos, já estava encharcada. Os trovões rugiam nos céus, enfurecidos e senti Jack ficar meio tenso atras de mim. Havia mesmo algo errado. Apertei o acelerador com delicadeza. 

E veio a dor. 

Eu não sei de onde ela veio, só percebi que me consumia, que queimava e iria me levar por inteiro. 

Acho que eu gritei. 

Que larguei a moto. 

Jack deve ter gritado. 

Outra pessoa também gritou. 

E eu. 

 



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