Ela desenvolveu habilidade interna de reconhecer os bloqueios emocionais recentemente. Aos quase trinta anos de idade despertou consciência e sensibilidade para perceber as inúmeras batalhas que travou em vão contra os outros, quantas venceu e tantas outras em que foi vencida, e a verdade de que cometeu grandes equívocos, quando lhe bastava prestar atenção nas próprias ações. Permitiu o sequestro da subjetividade.
Tudo acontece no seu tempo e quase sempre o tempo certo se faz possível com o fluxo da vida correndo livremente.
São nove e trinte e três da manhã e ela lembrou de um fato ocorrido mais cedo naquele mesmo dia antes de sair de casa.
A batalha que travou entre manter a ordem e o controle das emoções estava na tentativa de vestir sua filha para ir à escola. A menina de apenas três anos lhe tirava o senso de paz e organização, com birra, manha e choro para colocar um simples agasalho. Ela investiu em tentativas frustradas manter o respeito ao que empunha a criança.
Irritada por perder o controle e a paciência, entrou no limite e arremeteu cerca de cinco tapas na mão da pequena. Percebeu o equívoco.
Esta situação trouxe lhe desconforto e culpa, mas como fazer melhor quando se tem pouco conhecimento em educar os filhos?
Como sentir menos culpa, quando sabe a dor que causa a si mesma passa a ser maior com tais atos?
Diminuída ela levou a filha para escola, ambas em silêncio sentindo o peso daquela situação. Apesar de pouca idade as crianças têm muita sensibilidade para iniciar a compreensão espacial das ações geradas por elas e por quem está ao redor, reconhecendo aos poucos as emoções.
No ambiente interno de Farah a culpa inimiga número um apresenta sua face, iniciando seu diálogo irritante e pesado sobre como ela deveria ser uma mãe melhor para sua filha, como deveria agir com amorosidade, não gritar, afinal você não é como sua mãe ou é?
O choro foi inevitável, antes mesmo de dobrar a esquina as lágrimas corriam soltas pelo rosto.
Lembrou das lições que aprendeu sobre a maternidade e escolheu vencer esta luta interna.
Sou mãe sim e me considero boa no que faço, independente da pouca paciência que exerci sei que ser energética algumas vezes se faz necessário. Contestou a culpa e sentiu-se bem para elabora o próximo passo, superar o medo das críticas internas e externas e seguir adiante, buscando melhor alternativa para desenvolver a si mesma e a filha pequena.
Todas as questões que levantou em cima da culpa que sentia sessaram quando compreendeu que os motivos de suas ações rudes contra a filha e contra tantas outras pessoas tiveram origem no tratamento que recebeu de seus familiares na infância e adolescência. Quando projetava ter a família perfeita, irmãos mais unidos que a defendessem, que fossem compreensivos com suas limitações, mas nenhum deles estavam prontos para exercer estes cuidados.
Todos foram criados aos gritos e espancamentos.
Essa ausência de percepção e sensibilidade trouxe lhe muitos desafios e batalhas que travou e perdeu, pois não havia o escudo da consciência.
A perda que tanto cita aqui está relacionada ao reconhecimento hoje de ações e sentimentos passados que motivaram sua conduta, porém cabe ressaltar que a culpa não a faz mais ou menos merecedora, apenas impede seu crescimento e hoje como heroína de sua história tem a possibilidade de escrever nova página do livro de sua vida, pois despertou. E despertar trouxe lhe visão holística das mudanças que anseia realizar.
Os bloqueios emocionais trouxeram dúvidas, perturbações e dificuldades em nutrir sentimentos sinceros e repassar aos que lhe rodeavam a verdade, pois o que era de fato carregado em seu interior o mundo rejeitaria por falta de compreensão ou lhe tratariam como vítima das circunstâncias, ela rejeitou as condições e seguiu adormecida das mudanças que poderia trazer a própria vida.
Reconhecer seus dons a fez sentir nova força brotar de dentro para fora, uma nova coragem, um sentimento de felicidade por dar o primeiro passo claro rumo ao progresso de seu ser.
E esse sabor de felicidade consciente ela quer manter permanente em si por toda eternidade, pois encontrou maneira de salvar a sim mesma da queda que traz as frustrações e ausência de identidade trazem.
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