História Hey ASTRO! - I'm coming home -

"I'm coming home, coming home, tell the world I'm coming home...
let the rain wash away all the pain of yesterday {...}" – (Diddy-Dirty Money)

– Doorim, tem certeza que é isso que você quer?

– Tenho, appa! Quero concluir o ensino médio na Coréia. É importante para mim, appa!

– Tudo bem, filha – minha mãe disse, sorrindo para mim. – Se é importante para você, vamos deixá-la voltar para a Coréia. Sua avó vai ficar feliz de te ter por perto, de qualquer forma.

Sorri, agradecida e abracei meus pais com carinho.

– Obrigada omma! Obrigada appa! Vocês são os melhores!

Fui para o meu quarto, super animada.

Voltar à Coréia do Sul era um sonho que eu tinha há um bom tempo e estava aliviada de finalmente poder realizá-lo. Quando saí da Coréia, há quase quatro anos, deixei para trás uma boa escola, boa vizinhança, bons amigos e principalmente, Moon Bin! Ele era meu vizinho desde que nascemos, temos a mesma idade e fazíamos tudo juntos. Aprendemos a andar juntos, a falar, a ler, a escrever, a gostar de filmes, música... Deixá-lo foi a pior coisa que já fiz, mas eu não tinha como opinar! Tinha apenas treze anos e meus pais jamais me deixariam ficar enquanto estavam de mudança para tão longe, por isso, durante estes últimos anos, fui a filha perfeita: Notas exemplares, primeira da turma, de casa para a escola e vice-versa, nunca dei problema ou reclamei de nada... Tudo para que esse momento bem aqui chegasse! Tudo para que eu voltasse para a minha amada Coréia para cursar meu último ano.

– Oppa, estou chegando! – sorri, olhando para uma antiga foto que tinha onde eu e Moon Bin estávamos juntos, fazendo careta.

-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-

– Nós conversamos com a sua avó – meu pai começou a dizer, depois que acabamos de jantar no dia seguinte. – Ela disse que será um prazer cuidar de você.

Meu sorriso não podia ser maior.

– Ouça bem, Doorim: Sua avó é uma senhora, e não tem condições de passar nervoso e nem nada. Por favor, seja responsável e nos deixe orgulhosos.

– Não vão se arrepender, eu prometo! Obrigada! Amo vocês! Obrigada!

– Você viaja dentro de duas semanas. Nesse meio tempo, sua avó vai até a escola fazer sua matrícula. Vamos mandar um dinheiro para você todo mês, use-o com sabedoria, sim?

– Sim appa!

– Nós te amamos, Na Doorim! Não se esqueça de nós enquanto estiver longe.

– Jamais omma – sorri e os abracei. – Obrigada por confiarem em mim.

Nas duas semanas seguintes, minha mãe e eu compramos roupas e algumas outras coisas que eu precisaria levar na viagem e ao fim de duas semanas, eu tinha um guarda-roupa praticamente novo, de tanta coisa que minha mãe insistiu em comprar (e eu, claro, não reclamei!). Quatro malas grandes de carrinho! Minha mãe realmente queria que eu começasse uma vida nova na Coréia...

No dia da viagem, meus pais me levaram ao aeroporto e ficaram comigo até o momento em que meu avião foi anunciado. Antes de ir embora, me juntei a eles e tirei uma famosa selfie, colocando-a como plano de fundo do meu celular, para poder vê-los sempre.

Dormi durante boa parte do voo eu dormi, e quando cheguei ao aeroporto, logo encontrei minha avó e meu tio me esperando e me senti tão emocionada ao vê-los que não consegui conter o choro. Abracei-os com força e logo fomos para a casa de minha avó, onde eu ficaria por um ano inteiro, junto com os dois. Fui levada até o meu quarto, que era todo pintado num tom de azul claro – o meu favorito –, e bem simples, mas ainda assim gracioso. Eu estava realmente apaixonado por ele.

Depois fui jantar com minha família, sorrindo o tempo todo.

– Olha só para você, Doorim! Está tão crescida, tão bonita e tão magra! Seus pais não estavam te alimentando no Japão? – minha avó perguntou, arrancando risos de mim e do meu tio.

– Claro que comia, vovó! Mas só sua comida é capaz de me fazer engordar! – beijei sua bochecha e ela deu risada.

Depois do jantar, eles me contaram sobre o colégio onde eu estudaria – o mesmo de Moon Bin –, e também sobre outros detalhes que achavam relevante sobre os últimos anos que passei fora e isso me ajudou a ficar atualizada. O fim de semana passou tão tranquilo, que parecia até que eu nunca tinha ido embora e isso me deixava muito feliz!

Na segunda-feira de manhã, acordei super cedo e me troquei, colocando o uniforme do colégio – uma camisa branca de manga comprida, uma saia quadriculada azul e preta, meias pretas que chegam próximo dos joelhos, sapatos sem salto e uma fita azul e preta listrada no pescoço, fazendo o lugar da gravata que os garotos usavam, com um blazer azul marinho por cima. Deixei os cabelos soltos e passei rímel e um batom rosa, peguei minha mochila, meu celular e desci para tomar café da manhã com minha avó e meu tio.

– Tenha uma boa aula! Ligue-me se precisar de algo – minha avó disse e eu agradeci, entrando no carro do meu tio em seguida.

Quando chegamos em frente ao colégio, meu tio virou-se para mim e sorriu.

– Está animada?

– Demais – abri um grande sorriso e ele retribuiu.

– Isso é ótimo, querida. Agora, preste atenção: Não se sinta magoada, caso Moon Bin não esteja como você estava esperando, está bem?

– Como assim?

– Vai entender quando vê-lo! Boa aula.

Agradeci e desci do carro, andando pelos corredores daquele colégio enorme à procura da Secretaria. Enquanto andava, as palavras de meu tio se repetiam em minha cabeça, aumentando minha curiosidade em mil por cento. Na Secretaria, peguei meu horário e um mapa para me encontrar lá dentro, e então comecei a andar até onde teria minha primeira aula. O sinal tocou alguns minutos antes de eu chegar, e corri até a sala, batendo na porta com cuidado antes de abri-la.

– Com licença – pedi, fazendo uma reverência em direção ao professor, que retribuiu, permitindo minha entrada. – Sou aluna nova – entreguei-lhe um papel e parei ao seu lado, esperando que ele me desse alguma ordem.

– Ah sim, seja bem vinda! Vou apresentá-la e então você pode se sentar no lugar vago atrás daquele rapaz alto, o Moon Bin.

Meus olhos brilharam enquanto eu assentia para o professor, mordendo meu lábio inferior para prender o sorriso. O destino era engraçado! Tinha me colocado justamente na mesma sala que Moon Bin, e liberado apenas uma mesa logo atrás dele!

– Alunos, prestem atenção por favor, apresente-se – ele apontou para a turma e eu dei um passo à frente, sentindo minhas bochechas esquentarem levemente.

– Olá a todos – fiz uma reverência em direção aos alunos antes de continuar. – Sou Na Doorim e vim do Japão. Por favor, cuidem bem de mim – e então, novamente fiz uma reverência, ouvindo a classe me desejar as boas vindas.

Olhei para o professor que assentiu para mim e eu fui até a mesa atrás do Moon Bin, sentindo meu coração palpitar. Ele olhava fixamente para o professor e eu acabei achando que ele não tinha prestado atenção na minha apresentação. Sentei-me atrás dele e tentei prestar atenção na aula, sem sucesso porque só conseguia olhar para Moon Bin e imaginar se ele ainda se lembrava de mim, se sabia quem eu era, se estava emocionado com a minha volta. Quando a aula acabou, vi os alunos saírem e vi Moon Bin levantar-se e então me desesperei.

Levantei rápido e peguei minha mochila, só que ele estava mais alto do que há quatro anos, e suas pernas estavam maiores então ele estava próximo da porta quando consegui levantar-me realmente, e só me restou gritar:

– Oppa!

Moon Bin estava com a mão na maçaneta e parou, dando tempo para que eu me aproximasse e parasse próximo a ele, sorrindo. Ele se virou para mim, sua feição estava séria, mas não deixei que o sorriso em meu rosto morresse. Eu tinha voltado por ele, e ele teria que se lembrar de mim, de um jeito ou de outro.

– Oppa... sou Na Doorim! Lembra-se de mim, não lembra?

– Não, porque deveria?