“Sometimes I wish I could save you and there's so many things
That I want you to know {…}” – (Simple Plan)
– Oi Doorim.
– Oi tio – dei um sorriso fraco enquanto ainda segurava meu celular nas mãos. O número de Eunwoo estava visível, assim como o nome do contato recém salvo.
– Como foi a aula?
– Porque não me contou que o Bin não queria mais saber de mim? – perguntei de uma vez.
Era óbvio que meu tio já sabia disso, ou ele não teria me dito aquilo de manhã: Não se sinta magoada, caso Moon Bin não esteja como você estava esperando. Claro que meu tio já sabia sobre o “novo” Moon Bin!
– Doorim...
– Sério tio! Você sabe que voltei para a Coréia por causa dele. Sabe que eu estava com saudades dele e não me contou sobre ele não querer mais saber de mim! Passei a manhã pensando sobre o que você disse, tio. Estou na mesma sala que ele, sabia? Me sento exatamente atrás dele, em todas as aulas e ele parece me odiar!
– Ele se mudou há três anos, não mora mais na casa ao lado de onde você costumava morar e desde então, ele está diferente. Distante. Nos esbarramos algumas vezes na rua, e ele parecia realmente irritado por me ver, apesar de nos cumprimentar. Não sei porque ele está assim, mas sabemos que é por causa de você.
– Mas o que eu posso fazer, tio? Não é como se eu tivesse me mudado por vontade própria, e nem como se eu tivesse adiado minha volta de propósito – suspirei, frustrada. – E ainda por cima, foi ele quem não respondeu minhas cartas!
– Eu não sei o que aconteceu, mas tenho a impressão de que ele não deve ter recebido suas cartas.
– Porque não?
Meu tio suspirou e estacionou o carro em frente a casa de vovó. Tirou o cinto calmamente e então virou-se para mim, me olhando com ternura nos olhos.
– Ninguém pode saber que te contei isso, está bem? Nem mesmo sua avó! – arregalei os olhos, assustada. Esconder algo da minha avó? Tinha que ser realmente muito sério. Assenti em concordância e ele respirou fundo antes de continuar: – Eu e sua avó descobrimos recentemente, graças a um amigo em comum, que Moon Bin e a mãe apanhavam do pai dele. Parece que, desde que vocês se mudaram, o pai dele perdeu o emprego e começou a beber muito, descontando as frustrações nos dois de forma bem agressiva.
Levei as mãos até minha boca, chocada com o que meu tio estava me contando. Eu conhecia o pai de Bin, e ele parecia um homem tão bom... não podia acreditar que Bin e a mãe dele tivessem passado por algo tão ruim assim.
– Bom, resumindo a história, o pai de Moon Bin morreu há três anos, e é por isso que ele e a mãe se mudaram.
– Como ele morreu? – perguntei com a voz embargada.
– Foi atropelado quando voltava do bar tarde da noite. O motorista fugiu e quando encontraram o corpo dele no chão, já estava sem vida.
– Ele deve ter sofrido tanto – murmurei, mais comigo do que com meu tio. – Ele deve ter sofrido e eu não estava por perto para ajudá-lo! Ele teve que enfrentar tudo isso sozinho...
Comecei a chorar e meu tio me abraçou. Agora eu era capaz de entender porque meu Bin tinha se tornado tão frio, e porque ele estava me ignorando. Eu o abandonei... não de propósito, claro! Mas ainda assim... Oh Deus!
Não sei por quanto tempo eu e meu tio ficamos no carro, até que meu celular começou a tocar, indicando uma nova chamada. Funguei uma última vez e peguei o aparelho, atendendo-o sem olhar quem era.
– Alô? – só então notei que minha voz estava embargada.
– Doorim? É o Eunwoo. Está tudo bem? Está chorando?
– Ah, olá Eunwoo – sorri fraco e respirei fundo. – Está tudo bem, não se preocupe.
– Mesmo?
– Uhum – tentei fazer com que minha voz se animasse. – A que devo a honra?
– Liguei pra saber que horas posso ir te buscar. O ensaio começa em duas horas.
– Oh! Certo. Eu vou me trocar e comer alguma coisa então... trinta minutos?
– Trinta minutos – ele riu. – Me passa seu endereço por mensagem, está bem?
– Ok! Obrigada Eunwoo.
Desligamos o telefone e eu suspirei. Tinha tomado uma decisão importante: Faria Moon Bin voltar ao que era antes, ou eu não me chamava Na Doorim!
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Depois de tirar meu uniforme, coloquei um short jeans de cintura alta, uma camiseta branca com a barra pra dentro do short e escrita Fighting! na estampa, escolhi também uma sapatilha preta e deixei o cabelo solto. Peguei minha bolsa e guardei minha chave, carteira e celular lá dentro, depois de mandar meu endereço por mensagem para Eunwoo, eu desci, deixei minhas sapatilhas na pequena área reservada para sapatos na sala e fui para a cozinha, onde minha avó estava sentada conversando com meu tio.
– Olá.
– Aonde vai, filha? – minha avó perguntou e eu sorri.
– Vou assistir ao ensaio do grupo musical de uns colegas do colégio.
– Já fez amigos? Isso é ótimo, querida!
– Sim, é realmente ótimo.
Sentei-me com eles e comemos juntos. Assim que acabei de escovar os dentes, a campainha tocou e foi meu tio quem abriu a porta, convidando Eunwoo para entrar. Ele estava muito bonito e simples com uma calça jeans rasgada nos joelhos, uma regata preta com uma blusa xadrez vermelha e preta por cima. Depois de calçar os chinelos destinados a visita, Eunwoo foi levado até a cozinha, onde minha avó terminava de guardar a louça que eu e meu tio lavamos.
– Olá senhora. Sou Cha Eunwoo, colega da Na Doorim – ele cumprimentou minha avó, fazendo uma reverência.
– Olá – ela sorriu para ele e segurou sua mão com um carinho que só minha avó sabia ter.
Cheguei à cozinha e sorri para Eunwoo, que retribuiu.
– Vovó, nós temos que ir, se não Eunwoo vai se atrasar.
– Tudo bem. Divirtam-se, crianças. Tomem cuidado – ela acenou e voltou a guardar as coisas.
Meu tio nos acompanhou até a entrada e sorriu para mim.
– Se precisar que te busque quando acabar, é só me ligar, está bem?
– Obrigada, tio. Até logo – fiz uma reverência e tirei os chinelos no pé, calçando minhas sapatilhas em seguida.
– Até logo, senhor – Eunwoo reverenciou meu tio e então também tirou os chinelos e colocou seu tênis.
Saímos andando em direção ao local do ensaio, e eu estava doida para perguntar a ele se sabia algo sobre o que aconteceu com Moon Bin, mas não tinha certeza se podia... Suspirei.
– Eunwoo...
– Sim?
– Quantos anos você tem? – ele sorriu com a minha pergunta.
– Dezoito.
– E o resto de vocês?
– Hm... Bin você sabe que tem dezessete... Jinjin e MJ tem dezoito, Rocky tem dezesseis e Sanha tem quinze.
– Rocky e Sanha são os dois outros garotos que estavam na mesa? O de cabelo laranja e o que tinha uns reflexos mais claros?
– Sim, eles mesmos. O laranja é o Sanha... Yoo Sanha, e o outro é o Rocky.
– Entendi – sorri de canto. – Vocês se conhecem há bastante tempo?
– Vejamos... conheço o Jinjin desde os dez anos e ele me apresentou o MJ e ao longo dos anos fomos conhecendo os outros. Sanha começou a andar conosco ano passado.
Sorri em concordância. Eu ia perguntar sobre o Moon Bin quando ele parou de andar, em frente a um galpão que parecia abandonado. Dei um passo para trás.
– É aqui que vocês ensaiam?
– Sim – ele sorriu, mas o sorriso morreu ao me olhar.
– V-você pode acaso me trouxe até aqui, para me matar?
– Que? – ele pareceu espantado.
– Me trouxe a um lugar abandonado, para poder largar meu corpo aqui? – dei outro passo para trás.
– Doorim! Do que está falando? Nós... nós ensaiamos aqui!
Balancei a cabeça, assustada. No mesmo instante, a porta do galpão foi aberta e MJ apareceu, sorrindo.
– Oi gente! Estão atrasados. Moon Bin está te esperando, Eunwoo.
– Viu... o MJ está aqui e o resto do grupo também.
Respirei aliviada. O lugar era realmente feio, e eu não conhecia Eunwoo há tanto tempo para saber do que ele era capaz, não é?
– Desculpa, Eunwoo – pedi, envergonhada. Minhas bochechas estavam queimando e ele riu.
– Tudo bem... vamos entrar.
Ele andou em direção ao MJ e eu o segui. Senti o ambiente pesar assim que pisei no galpão, os olhares todos direcionados a mim, me deixando sem graça. Eu realmente não deveria estar ali.
– O-olá a todos! – cumprimentei com uma reverência exagerada.
– Bem vinda, Doorim – Jinjin abriu os braços, sorrindo e aparentemente, tentando amenizar o ambiente.
– O que ela está fazendo aqui? – Moon Bin perguntou e eu o olhei fixamente, tendo meu olhar retribuído.
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