História Hey, Noona? (Imagine Jeon Jungkook) - Não confio em você, Yoongi.

Jungkook P.O.V

Tentei evitar ao máximo olhar pra ____, mas cara, essa mulher mexe muito comigo.

Ela estava aérea, como se apenas seu corpo estivesse ali mas a sua mente não.

– Noona? – perguntei tentando chamar sua atenção.

Ela piscou diversas vezes e me encarou com uma expressão confusa.

– Falou comigo? Desculpa, eu me distraí.

– Nem notei – sorri e ela abaixou a cabeça.

– Lembrei de tantas coisas, você me traz ótimas lembranças, Jungkook.

– Me senti um museu com pernas agora, mas pelo menos são boas memórias.

– Algumas das melhores da minha curta existência – sorriu.

– Curta nada, você é bem velha já – falei rindo e ela me deu um tapa no braço.

– Ei, eu não sou tão velha assim.

– Mas falou como se fosse a minha bisavó.

– Ah, nada a ver, cala a boca.

Rimos e logo chegamos no mercado.

Ficamos fazendo piadas um com a cara do outro, o que fez meia hora dentro do lugar parecer apenas cinco minutos.

Compramos várias coisas e logo voltamos pra casa.

Era como se nada tivesse mudado independentemente do tempo em que ela esteve distante. Zoávamos e conversávamos com a mesma proximidade de antigamente.

E ao mesmo tempo que isso era bom, era péssimo, pois ela ainda me via como o garoto babão de 10 anos de idade.

Chegamos em casa rindo como duas hienas, colocamos as sacolas na cozinha e logo voltamos pra sala.

– Vou preparar um lanche pra gente – falei animado.

– Foi mal Jungkook, mas eu tenho que ir – Taehyung falou sério, levantando do sofá.

– Mas... – _____ o encarou confusa.

– Fique aí se quiser – ele disse logo saindo.

– Eu vou com ele mas nos vemos logo, ok? – ela disse vindo em minha direção, dando um beijo na minha bochecha e logo depois se afastou.

– Ok – sorri sem graça.

– Também quero te dar beijinho, Jungkook-ah – Jimin disse pulando em meu colo, rindo enquanto tentava beijar minha bochecha.

– Eca, sai – falei o empurrando e ele riu, se afastando – Vou lá lamber o saco inexistente da minha irmã no ''jantar em família'', depois a gente se fala.

– Até depois – falei me sentando no sofá.

Pela janela conseguia ver ____ e Tae aparentemente discutindo, e confirmei isso ao ver Jimin tentando distrair a mais velha.

Exatamente como sempre, Taehyung e suas crises de raiva enquanto a noona saia correndo atrás dele.

Sabe quando você vai no mercado com a sua mãe, pede um doce e ela recusa, daí você chora como se o mundo tivesse desabado? Esse era o Kim quando a noona fazia algo que não o agradava.

Todas as vezes que me encontrava perto dela, ele agia da mesma forma, e ela sempre o ''obedecia'' como um cachorrinho de madame.

Ela é mais velha, ele que devia respeitá-la, não é?

Mas ele não devia se comportar dessa forma, afinal, ____ e eu somos próximos desde a infância, não tem nada de errado nisso.

Tirando o fato de que eu sou apaixonado por ela e que venderia todos os meus órgãos pra comprar uma aliança caso aceitasse namorar comigo, não tinha nada de errado.

Ok, talvez um pouquinho errado.

Porém já conversei com o Jimin sobre isso, nunca faria isso com ninguém. E por mais que não goste do Taehyung, traição e falta de respeito não é muito a minha cara.

Então apenas faço a mesma coisa de sempre, sento no sofá enquanto observo a garota que eu amo se afastando com seu ex (atual) namorado.

Eu sou o cara mais otário do mundo né?

Simplesmente aceito vê-la beijando outro garoto, sem coragem de dizer o que sinto.

Mas é meio que normal agora, ficar no quarto ouvindo música depressiva, enquanto olho sua foto no celular, me xingando mentalmente por não ser capaz de falar o quanto a amo.

Ah, e do que adiantaria contar? Ela me vê como o garotinho que era obrigada a buscar na escola, cuidar e ajudar com as lições.

Maldito momento em que minha mãe gostou da ideia da _____ ser praticamente minha babá. Porra, agora ela acha que eu ainda sou daquele jeito.

Ela se comporta como uma irmã mais velha, o que em certos momentos faz muito sentido, mas é pedir demais que ela veja que eu cresci e me tornei homem o suficiente pra ela?

Jimin sempre disse que eu devia lutar pela atenção dela, mostrar que sou melhor do que ela imagina, mas pra que? O mundo parece rodar em torno do Taehyung, ela sempre elogiou sua maturidade e o jeito doce que ele tem, além de que ele tem uma qualidade que eu nunca vou conseguir atingir, o fato de que ela nunca teve que brincar de carrinho com ele.

Não é como se eu culpasse completamente a minha idade e o tipo de amizade que tínhamos, mentira, a culpa é da idade sim.

[...]

Depois de comer, tomar um banho e assistir uns programas inúteis, me joguei na cama, pronto pra esquecer que eu existo.

Nossa, até eu fiquei surpreso com o meu drama.

Fiquei mexendo no celular por alguns minutos, até que o aparelho caiu na minha cara.

– Ótimo jeito de terminar o dia – falei jogando o celular em cima do armário, passando o dedo em meu nariz que ardia muito por causa do impacto.

Depois de quase 5 minutos conferindo se meu nariz não estava sangrando, fechei meus olhos com raiva, torcendo que nenhuma merda acontecesse enquanto eu dormia.

Jimin P.O.V

Depois de um jantar chato com a minha família e o Taehyung, deitei na cama, olhando pro teto.

Imagino como Jungkook deve estar se sentindo, não via o olhar brilhante dele desde o dia do pagamento de seu primeiro salário.

Como eu queria ter impedido o maknae de se apaixonar pela minha irmã, ele não merecia passar por isso.

Sempre agindo como se tivesse tudo bem, aceitando vê-la ao lado do Taehyung, guardando pra si toda a dor de amá-la em segredo.

Kook é um garoto muito forte por agir assim, ou talvez fraco demais pra terminar com essa tortura emocional que _____ se tornou em sua vida.

Mas bem que a noona podia parar de ser tão cega e notar que ele mudou, ela ainda não voltou oficialmente a namorar com o Taehyung, é o momento perfeito pra dar uma chance pro Jeon.

Ele é aquele típico personagem de filme colegial, mas não aquele popular que todo mundo quer. É o tímido apaixonado, ignorado que é praticamente o desastre em sua forma humana.

Era o tipo de cara que as meninas achavam lindo e fofo, mas na hora h escolhiam o babaca popular.

Qual é o problema dele?

Lá no fundo sei como se sente, afinal somos muito parecidos.

Então acho que essa pergunta tá meio errada.

Qual é o meu problema?

[...]

No dia seguinte me encontrei encostado no muro da faculdade, enquanto esperava um sinal de vida do meu melhor amigo.

Taehyung chegou com sua moto, nem olhou na minha cara e simplesmente entrou.

Logo depois vi Jungkook amarrando o cadarço do outro lado da rua, com o cabelo bagunçado e a roupa toda amassada e torta.

– Acordei atrasado – disse assim que chegou do meu lado, todo ofegante e desengonçado.

– Percebi.

– Quase me atropelaram na esquina de casa.

– Que sorte – falei irônico.

– Ele...

– Ele quem?

– Foi ele que quase me atropelou – disse apontando pra um Audi R8 que estacionava logo ali em frente.

– Meu Deus, imagina se atropela você, tadinho do carro – me olhou indignado dando um soco em minha barriga.

Já não bastava o carro todo preto, o dono vestia roupas também pretas, o mundo tá muito gótico e eu não me adaptei ainda.

O garoto que desceu do carro, vestia uma camiseta preta simples, calças pretas rasgadas no joelho e um tênis de cano longo também preto. Usava boné virado pra trás e óculos escuros.

Cara, aqui é a faculdade e não o desfile da Victoria's Secret.

A atenção se virou toda pra ele e seu carro de luxo, obviamente.

Em questão de segundos as meninas interesseiras e sem futuro se aproximaram dele.

Além de suas roupas escuras, o garoto tinha cabelos pretos, brincos, anéis brilhantes e os braços cobertos de tatuagens. Típico bad boy que as meninas recebem não só de braços abertos, mas pernas também, literalmente.

Estranhei ao ver que ele vinha em nossa direção.

– Foi mal por ter quase te matado – ele disse olhando pro Jungkook que o encarava sem graça.

– Sem problemas.

O moreno tirou um maço de cigarros no bolso, colocou um no meio dos dedos e poucos segundos depois acendeu com um isqueiro prateado que parecia valer mais que a minha casa.

– Algum de vocês fuma? – perguntou oferecendo e negamos com a cabeça – Então tá né? Bom, sou Min Yoongi e vocês?

– Park Jimin.

– Jeon Jungkook.

– Acho que te devo uma pelo susto, pago o almoço de vocês – Yoongi disse enquanto tirava seu óculos e o pendurava na gola da camiseta.

– Não precisa – Kook disse rapidamente.

– Não precisa, mas vou pagar mesmo assim – disse ríspido, enquanto tragava seu cigarro.

Soltava a fumaça lentamente, enquanto encarava as garotas que passavam dando mole pra ele, mordia o lábio e elas derretiam com sorrisos idiotas no rosto.

– Elas são sempre assim?

– Assim como? – perguntei.

– Fáceis, atiradas...

– Não, acho que você é o segundo cara que faz elas ficarem assim – Jungkook respondeu.

– Quem foi o primeiro?

– Hoseok – dissemos em uníssono.

– Conheço ele, é um cara foda.

– Eu sei, às vezes queria ser como ele – Kook disse de cabeça baixa.

– Posso te ajudar, se quiser – o moreno falou jogando seu cigarro no chão, pisando em cima do mesmo.

– Pode mesmo?

– Claro, depois a gente conversa, ok? Nos encontramos aqui no final da aula – Yoongi disse e se afastou sem esperar resposta.

Encarei o mais novo que estava com uma expressão animada então abaixei a cabeça.

Agora realmente me sentia em um filme colegial.

Por mais que eu saiba que é extremamente errado julgar as pessoas, tinha quase certeza que aquele cara não era boa coisa.

Não sei porque, mas não confio em você, Yoongi.