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História Hey You - This is the real life


Escrita por: bae_boo

Notas do Autor


Sabem como é difícil achar algo que não seja drabble nessa tag? Talvez saibam.
JaeYong é tão OTP pra mim que tive que tomar coragem (em todos os sentidos possíveis da palavra) pra postar.
Espero que vocês curtam <3

Capítulo 1 - This is the real life


Fanfic / Fanfiction Hey You - This is the real life

— Então, senhor...?

— Jaehyun — respondi sua pergunta oculta. — Jung Jaehyun.

— Sim, continuando — disse a atendente. Jovem, aparentava ter poucos anos além dos meus. Como uma ação condicionada, sua postura modificou ao retornar a falar, colocando as mãos frente ao corpo e segurando a prancheta mais firme.

— Ao experimentar nosso simulador, senhor Jung, irá, além de ajudar a ciência, ser um dos poucos Alfa Testers, podendo usufruir gratuitamente do nosso produto.

Em pé, frente à bancada lisa da recepção, abaixei a cabeça. Procurava parecer menos deslocado na sala onde estávamos, evitando a olhar, pois ali com meu uniforme escolar, de um amarelo tão destacado frente a sala branca, quis sair pela porta que entrei.

Fitava a bancada, ainda tendo consciência que, apoiada do outro lado do móvel, a atendente esperava ver empolgação de minha parte, após ter citado as palavras "ciência" e "gratuitamente". Percebeu então, como todos fazem em algum momento, que Jung Jaehyun não é bom em falar com pessoas, fazendo ela própria algo sobre aquele silêncio.

Buscou em algum lugar sob a mesa um panfleto e estendeu a mim, que, por reflexo, peguei. Em um design minimalista estava escrito "USE. EXPERIMENTE." Mais abaixo havia uma frase curta: " Drop Vision. Qualquer realidade pode ser a sua."

Tomado pelo desejo imperativo que aquele papel havia passado, levantei o olhar para moça, não encontrando-a mais ali perto, e sim frente à uma porta branca mais a direita da sala. Ela me esperava, indicando com a mão desocupada que eu entrasse primeiro.

Constrangido novamente, falei aquilo que deveria ter dito desde o primeiro momento frente à recepcionista

— Poderia me explicar primeiro o que seria tudo isso aqui? Fui... — pausei a frase retornando a olhar para o panfleto. — Fui indicado por um amigo e ele não falou nada antes.

Doyoung simplesmente havia me dado o endereço, falando coisas como compromisso, atrasado e importante. Não soube quais dessas palavras eram sobre mim e quais outras eram sobre ele, mas vim sem nenhum norte, confiança que só nossos anos de amizade permitiam.

Ela ponderou por um breve momento, me encarando com a porta ainda entreaberta. E quando suspirou, demonstrando o cansaço por trás da face de boa funcionária, minha mãos quiseram sair do bolso para erguer um breve aceno e sair dali.

Em vez disso, andei em passos largos até a porta na qual a atendente me esperava, ignorando seu olhar espantado e reabrindo a porta qual ela quase fechava. Sei que, em seu lugar, não gostaria de lidar com um estudante introspectivo ao fim do expediente, então poupei-a de continuar com aquela postura mecânica, a fim de saber com que ciência eu estaria contribuindo.

 

 

XxX

 

 

Se a vida já não lhe motiva, venha ver a que criamos pra você. Drop Vision! Em breve!

Outro cartaz, agora visto atrás da porta. Na sala havia vários deles, dispostos em sua desorganização calculada sobre as paredes. No cômodo pequeno, estávamos a moça, agora de jaleco, e eu, sentado rígido sobre uma cadeira reclinada. Parecia demais com a de um dentista para oferecer algum relaxamento, conseguindo ser ainda pior por sua estrutura de aço, a qual transmitia o frio para minha pele não sendo impedido pelas roupas.

— O simulador age de forma bem pessoal, entende? — falou ela enquanto virava de costas para minha cadeira, indo em direção as prateleiras. — Na verdade tudo o que faz é pegar uma situação da sua mente, na maior parte relativa a imaginação, e traduzir como uma simulação. Dessa forma, você pode ser ou estar em qualquer lugar e, junto ao seu nível de imersão, moldar a realidade.

Extremamente horizontal, a cadeira não me permitia a ver no que fazia sob a mesa ao lado. Continuei olhando o teto liso e previsivelmente branco, assim como toda a sala, ouvindo a voz feminina junto ao tilintar dos objetos nos quais mexia.

— Nunca vi alguém da sua idade aqui, afinal esse é um produto pro público mais velho. Vai ser interessante ver como a máquina se adapta aos seus 18 anos.

Ouvi a voz se aproximar, enquanto falava, e logo suas mãos estavam próximas ao meu rosto. Segurava algo entre elas, metalizado e de um leve luminoso.

— Esse é o Drop Vision, senhor Jung. Me permite?

Soltei um sim baixo quando suas mãos já se dirigiam até ao meu pescoço. Com uma agilidade vinda da prática, ela posicionou a faixa de metal ali. Mal suas mãos haviam se retirado, as minhas buscaram o aparelho, sentindo a espécie de coleira lisa e metálica que era.

Novamente de forma educada ela me chamou pelo sobrenome, completando — Sinto pelo seu desconforto, mas terei que fazer o procedimento de segurança antes.

Em minha mente, levemente confusa pela adrenalina, pensei que ela se referia a algum dado adicional para a ficha de voluntário, ou até mesmo algo relacionado a coleira em meu pescoço. O entendimento só me veio quando ela já afivelava as tiras de couro em meu pulso, antes omitidas dentro dos braços da cadeira. Duas em cada braço, sendo grossas como cintos.

— Para sua segurança, senhor Jung — pontuou antes de se afastar.

Quando sua segurança está em ficar preso, os questionamentos sobre aquilo valer a pena começam a surgir. E os meus mal tiveram seu tempo de existência. Logo a jovem falou, ao mesmo tempo que digitava em algum aparelho, mais ao fundo da sala

— Como último detalhe — falou voltando seu olhar a mim. — Devido a ser um produto em sua forma Alfa ainda, os personagens existentes na simulação não tem os moduladores de voz, podendo somente o jogador falar. Tenha uma boa experiência, apesar desse ponto. Obrigada, senhor Jung.

Dito isso, a luz da sala foi diminuindo e meu corpo, ficando mais leve, até o momento no qual não existia nada além do vazio ao redor.

 

 

X x X

 

 

Quando era criança, costumava me esconder dentro do armário de roupas e ficar ali por horas que nunca pareciam longas o suficiente. Lá era escuro e úmido, mas isso não impedia que me sentisse melhor ali do que em qualquer outro cômodo.

Ficava, no silêncio e de olhos fechados, vivendo as aventuras como as dos desenhos que assistia, até minha mãe abrir a porta, falando com um sorriso tensionado sobre minha criatividade e convencendo a si ainda ter um filho normal.

Quando a visão da sala sumiu, deixando apenas o escuro profundo no lugar em um milésimo de segundo, questionei essa tal normalidade, assim como todos fariam em meu lugar.

Meu corpo que antes parecia flutuar sentiu a gravidade outra vez, e pouco a pouco o ambiente tornou-se visível. Eu estava em um infinito vazio, mas havia logo a frente um foco de luz, o único ponto distinto na imensidão. Me aproximei em passos cautelosos, sentindo aquela ação tão real como fora qualquer outra em minha vida.

Sob a luz existia uma garota muito jovem. Com talvez seus doze anos, a franja tornava sua aparência mais infantil ainda, porém seu olhar era plácido e vazio. De alguma forma se movia, os ombros subindo e descendo minimamente mostravam que respirava.

Um avatar, presumi.

Procurei me aproximar, estando também no foco da luz, mas de nada contavam meus passos. Sentia minhas pernas deslizando frente a parede invisível que era a luz e, por fim, desisti, continuando na escuridão onde não podia definir onde começavam minhas mãos e tinha início o vazio.

Seja qual fosse a ligação entre o tempo corrido ali e o do mundo material, eu suportaria sentar no chão e esperar até a atendente me trazer de volta a realidade. Mas que chão? Poderia eu estar suspenso em uma mínima plataforma, existindo o absoluto nada ao redor dela.

Prendi a respiração, ouvindo meu coração ressoar nesse silêncio. A partir do instante que finalizei meu pensamento da plataforma, soube que agora ela estava lá.

— E junto ao seu nível de imersão, moldar a realidade — murmurei, repetindo a frase que a funcionária havia me dito.

O avatar infantil continuava em seu olhar cego, encarando minha estupidez de modo complacente.

Expressei algo próximo a um sorriso, nada condizente com o medo que corria meu estômago. O fiz ao perceber que eu era semelhante a um rei ali, finalmente entendo a magnitude das promessas naqueles cartazes.

Movi minha mão em um movimento curto, da direita para a esquerda, estando ela espalmada. A garotinha deu um giro em seu próprio eixo. Quando sua face retornou para mim, já não era ela no foco, e sim uma mulher bem mais velha, com fisionomia ocidental. Outro movimento e havia um homem careca.

Sendo aquele o avatar, gostaria de estar com alguém diferente do meu eu real, mas não tanto para ser uma mulher ou criança. Continuava nesse movimento até ver alguém que captou minha atenção. Já havia o passado, mas retornei fazendo a mesma ação com a outra mão.

Ele era oriental como eu, mas de cabelos claros. Ficava evidente que não era natural, mas isso não roubava nada da beleza que tinha. Estava na mesma posição e roupa simples dos vários outros avatares que eu havia ignorado, mas mostrava-se muito mais imponente e chamativo que qualquer deles, transmitindo isso até no movimento de seu tórax ao representar uma respiração.

Alguém bonito e imponente. Alguém que eu gostaria de ser naquele mundo.

— Er... — Estava ainda inseguro dos poderes que tinha ali, assim como era em qualquer coisa que fazia. — Esse.

A luz apagou.

Soou uma campanhia vinda de lugar nenhum.

O piso sumiu e despenquei, caindo através do nada.


Notas Finais


Até logo o/


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