História Inexplicável - Uma boa idéia?

Hermione se encarou no espelho do banheiro por um tempo, estava nervosa, seu peito subia e descia rapidamente. Dali a exatamente quarenta minutos ela apresentaria sua proposta para divulgar o novo produto da empresa. Ela deveria estar feliz e orgulhosa de si mesmo, certo? Errado. Tudo o que conseguia pensar naquele momento era que tudo poderia dar errado e talvez que ela faria papel de boba na frente de investidores importantes. O coração da mulher batia num ritmo descompassado, ela odiava se sentir tão nervosa. Fechou os olhos, tentando controlar a respiração. Inspirou e expirou até sentir que a mesma estava se controlando, abriu os olhos, jogou água no rosto e se encarou com veracidade.

–Eu vou conseguir, não vou fazer papel de boba e irei ganhar essa aposta. –Afirmou para seu reflexo. O reflexo não respondeu, felizmente.

Depois de secar o rosto ela refez a maquiagem cuidadosamente e saiu do banheiro repassando mentalmente o que diria para convencer os investidores a considerar sua proposta. Torceu uma mexa dos cabelos entre os dedos enquanto andava e repetia para si mesma as palavras, estava tão distraída que só percebeu que alguém tentava chamar sua atenção quando a pessoas estava na sua frente balançando uma mão na frente de seu rosto e provavelmente se perguntando se a castanha ainda habitava aquele corpo.

–O Sr. Malfoy deseja lhe ver. –Falou o moreno, secretário de Draco.

Ela assentiu e agradeceu baixinho o garoto, seguindo em direção a sala do loiro. Ela nunca havia entrado lá, mas quando entrou se surpreendeu com a mesma. Uma mesa de mogno tomava uma parte do ambiente com sua altivez, atrás dela uma cadeira de executivo grande e preta que aparentava ser muito confortável, outras duas cadeiras na frente da mesa provavelmente para os convidados. Porém, o que mais surpreendeu Hermione foi à imensa janela que dava uma vista privilegiada da cidade, ela não estava coberta por persianas grandes e escuras dando demasiada luz ao ambiente, o que não parecia ser bem o estilo de Draco.  A sala também era equipada com enormes prateleiras que trasbordavam de livros e arquivos, tudo na sala tinha aparência fina e cara, era um local bonito, porém a luz que vinha da janela já estava começando a incomodá-la, tanto que imaginou que Draco estaria sentado na cadeira no meio da sala esperando a entrada de Hermione para se virar de forma dramática como acontecia nos filmes, porém nada aconteceu.

–Muita luz, não é? Não gosto daqui. –Fala Malfoy como se esperasse a deixa.

Hermione vira para encará-lo, até o momento não havia notado o homem no canto da sala, num local onde a luz provinda da janela não alcançava. Ele estava deitado num sofá marrom escuro encostado a parede, seus cabelos estavam bagunçados em volta da cabeça, como uma nuvem loira platinada. Ele indicou para Hermione uma poltrona a sua frente e ela foi em direção ao local indicado sem contestar.

–Se não gosta daqui por que simplesmente não manda reformar e deixar do seu jeito?–Ela pergunta erguendo a sobrancelha.

–Você é bem curiosa, não é? –Ele riu. – Mas vou responder, porque resolvi ser alguém legal hoje, essa sala é mantida assim a gerações, é uma tradição de família não alterar a sala principal, outro motivo é que meu pai pediu para que eu mantivesse pelo menos a sala do jeito que ele deixou, então aqui estamos nós. –Ele fez um gesto indicando a sala, parecendo não ligar muito – é claro que essa sala não é assim tão antiga, mandei construir igual a da Malfoy’s antes dela fechar e ser apenas mais um prédio abandonado.

Ela mordeu o lábio encarando a janela e pensando em como a janela ficaria maravilhosa com uma cortina, mas não falou nada.

–Enfim, não chamei você aqui para discutimos a decoração da minha sala, apesar de ser um assunto claramente muito importante.

–Então por que me chamou?

–Eu quero que você desista da aposta – Ele fala simplesmente, como se fosse a coisa mais fácil do mundo.

Hermione que até então olhava para a janela se vira para ele abruptamente, todo o controle que havia treinado no banheiro indo por água a baixo, não queria discutir com ele justo naquele momento, em que estava com os nervos a flor da pele.

–Como?­–Ela perguntou se controlando para não gritar e querendo ter certeza de que ouvira certo.

–Eu esperava que a aposta fosse algo só nosso e não que meus investidores apareceriam aqui querendo ver o que você preparou. Então, você pode desistir e eu cancelo essa reunião ridícula que eles marcaram.

– Não! –Dessa vez ela não se controlou– Eu trabalhei dias nessa campanha, dediquei muito esforço nela, não pode me pedir que abandone isso assim – fez gestos exagerados– Do nada!

Ele inspirou profundamente parecendo pensar o quão cabeça dura a mulher a sua frente era, ela não desistiria, não depois de ter gasto tanto tempo e esforço naquilo.

–Tudo bem. –Ele disse depois de longos cinco minutos. –Mas por que insiste nisso? Poderia facilmente desistir, tentar me ajudar à melhor minha imagem diante dos outros, por que você se importa tanto?

–Eu já te disse uma vez Malfoy, eu costumo lutar pelo que acredito e eu acredito que você realmente mudou. Não gosto quando julgam as pessoas pelo sobrenome, pelo poder aquisitivo, pelo país de origem ou pelo sangue.

Essa ultima pareceu fazer um efeito nele, o homem se sentou e encarou Hermione, os dois ficaram assim por dois constrangedores minutos, antes que ela ficasse constrangida o suficiente e abaixasse o olhar para seus sapatos, que naquele momento pareciam infinitamente interessantes.

–Desculpe. –Ele disse depois de um tempo, tão baixinho que ela não tinha a certeza se havia escutado certo. – Se você não vai desistir mesmo dessa aposta e é tão importante para você, vou facilitar as coisas: Você não precisa superar aquela margem que te mandei, se você conseguir impressionar meus investidores eu considero a aposta ganha.

Hermione levantou a cabeça e sorriu verdadeiramente para o loiro. Ela se levantou para sair da sala.

–Obrigada!

– Hermione – ele chama quando ela está prestes a sair, surpreendendo-a

– Sim.

– Não sei como dizer isso sem deixar você ofendida, mas eles são piores que os abutres de alguns jornalistas.

Na porta deu de cara com o secretário que se preparava para bater, provavelmente para lembrar o patrão de algo. Hermione deu um sorriso radiante para ele, deixando-o corado e saiu se controlando para não deixar sua felicidade transparecer demais, afinal, ela ainda teria que convencer os investidores de Draco e pela maneira que ele falou deles, achava que a tarefa não seria nada fácil.

Algum tempo depois Hermione se vê de cara com a porta da sala de reunião, ela estava calma, já havia ficado nervosa o suficiente para um dia e precisava transmitir confiança em si mesma, senão provavelmente fracassaria. Ela alisou mais uma vez a roupa, ergueu o queixo e entrou na sala. Lá dentro, em volta de uma mesa branca estavam quatro homens e duas mulheres, além de Draco. Todos com expressões formais e contidas, em roupinhas apertadas e de marca, parecendo entediados com a vida. Ela se controlou para não torcer o nariz para eles, tinha certeza que não seria um gesto delicado e bem visto.

Posicionou-se na frente do quadro onde seria exibida a apresentação de slides, onde alguns dos seus esboços estavam e Malfoy deu inicio a reunião, falando com uma calma sem medidas, enquanto os mais velhos apenas observavam, ocasionalmente anotando alguma coisa em seus blocos.

Depois do que se pareceram vinte minutos de um falatório infindável e absolutamente tedioso Draco se virou para Hermione com um sorriso falso no rosto e disse:

–Como vocês bem sabem, o modelo ultrapassado desse celular vendeu muito bem, entretanto, continuamos ousados e queremos um número ainda maior com esse. Minha assessora de marketing, Srta. Hermione Granger cuidou de uma proposta que segundo ela fará a venda aumentar consideravelmente.

Ele piscou para a castanha sem que os outros vissem e voltou para seu lugar, um sinal claro que agora era a vez dela de falar. Ela respirou fundo e deu o seu melhor sorriso contagiante.

–Como consumidora dos produtos, eu sempre fico atenta as novidades, sempre querendo estar com o melhor em mãos. Seja por questões de status ou não. Porém, como consumidora eu também fico receosa em saber se o novo é realmente melhor. –Ela usou o controle para ligar a tela e mostrar vários aplicativos. – Os aplicativos que gosto continuaram nesse novo modelo? Eles irão melhorar seu desempenho? Realmente vale a pena trocar algo que eu já tenho certeza por um novo, apenas por ser novo? O custo beneficio vale? – Ela suspirou dramaticamente. –Isso se passa na minha cabeça e de muitos que consomem seus produtos, o que quero dizer é que talvez os consumidores precisem de uma prova.

Ela começou a andar pela sala, tentando manter a calma e a concentração, os investidores não pareciam mais entediados, o que era bom. Um deles encarava Hermione com tanta intensidade, que se não fosse um velhinho de prováveis sessenta anos ela teria ficado constrangida de mais para continuar.

–E que prova seria essa?–Continuou– Bem, eu selecionei alguns dos aplicativos favoritos segundo pesquisas e funções do antigo aparelho– Ela mudou o slide– E proponho que deixemos as pessoas testarem no novo aparelho sem pagar nada. Como fazemos isso? Vocês podem estar se perguntando, selecionando consumidores fies para testarem os novos celulares e divulgando suas avaliações para as melhorias do aparelho, assim as pessoas vão se sentir mais próximas da empresa da qual compram e se sentirão mais confiantes ao perceberem as boas avaliações que o aparelho provavelmente receberá.

Ela continuou com sua apresentação por mais quinze minutos, mudando slides e explicando os detalhes do plano, os investidores pareciam impressionados conforme as palavras fluíam com facilidade de sua boca, alguns tinham perguntas que ela ficou feliz em responder e mostrar para eles que estava preparada, era uma proposta um tanto arriscada, mas era inovadora, nunca nenhuma empresa havia feito aquilo. Algo realmente bom, afinal a originalidade tende a prender a atenção das pessoas.

Quando terminou encarou as pessoas na mesa, satisfeita por eles lhe encararem de volta parecendo aprovar. Olhou para Draco, mas esse mantinha a expressão neutra para ela, sua cara estava limpa, sem nenhum vestígio de emoção, ela desviou o olhar perguntando a si mesma se tinha feito algo errado no processo.

–Por favor, Srta. Granger, poderia se retirar enquanto votamos sobre sua proposta?–Ele pergunta depois de um tempo, formal.

Ela assente dando um ultimo e pequeno sorriso confiante e se retira da sala, do lado de fora finca encarando a porta, esperando que a qualquer momento ela se abrisse e eles lhe falassem o resultado da votação, dessa vez não conseguiu evitar o nervosismo. Andando de um lado para o outro e tentando em vão controlar sua respiração. Quando estava quase fazendo um buraco no chão de tanto andar para lá e para cá a porta se abre, revelando a mulher que estava transcrevendo a reunião. Ela dá um sorriso tranquilo para Hermione e lhe convida para entrar.

Lá dentro Draco está de pé novamente, ele circula a mesa para ficar ao lado da castanha, sua expressão não é mais neutra, ele parecia sinceramente orgulhoso, como se tivesse planejado aquilo desde o inicio. O coração dela se aquece, a expressão neutra dele havia deixado ela nervosa, não gostava daquilo.

–Depois de uma pequena discução sobre os pros e contras de sua proposta decidimos aceitar– Ele fala. –Concluímos que os pontos contra não são relevantes a ponto de deixarmos uma idéia tão boa passar. Parabéns Srta. Granger, aprovada. – Ele ainda estava formal, mas Hermione não ligou dessa vez, pois seu peito praticamente explodia de felicidade.

☀☀☀

Depois da reunião Hermione estava oficialmente demitida e estava feliz com aquilo, finalmente podia trabalhar com algo que acreditava, era bem melhor do que tatear as cegas tentando fazer comerciais, ela não estava preparada para aquilo. Agora melhorar a imagem de alguém na mídia? Tranquilo. Ela era jornalista, sabia como fazer aquilo. Terminou de colocar seus poucos pertences dentro de uma caixa de papelão e saiu para o corredor.

Srta. Cooper estava subindo naquele exato momento, naquele dia ela não estava de maquiagem, deixando a mostra várias sardas extremamente fofas em seu rosto. Ela encarou a caixa nas mãos da mulher a sua frente e pareceu verdadeiramente preocupada.

–O que aconteceu? –Indagou ainda encarando a caixa. –Porque foi demitida?

Hermione se permitiu sorrir, não queria falar que agora não trabalharia para a empresa e sim diretamente para Draco, não queria conquistar a inimizade da ruiva a sua frente, mas era necessário.

–O senhor Malfoy me demitiu da empresa, mas me contratou para outro cargo. Vou ser a assistente particular dele.

A mulher encarou Hermione estupefata, como se estivesse confirmando uma teoria.

–Então vai trabalhar diretamente para ele?

Hermione assentiu.

–Boa sorte, você vai precisar. –Fala ela com um olhar distante. –Um conselho, não se deixe envolver de mais com ele, você ira se arrepender futuramente se fizer isso.

E sem dizer mais uma palavra a ruiva se retira, deixando uma Hermione espantada para trás.  

Dando de ombros Hermione segue até a sala de Draco, o secretário dele estava com o rosto enterrado em um caderno, completamente concentrado, um lápis atrás da orelha e outro na mão, enquanto rabiscava furiosamente.

–O seu COO está?– Pergunta Hermione parando na frente dele.

O garoto se assusta, o caderno cai de sua mão.

–Desculpe– Fala sincera.

–Sem problemas Srta. Granger, o Sr. Malfoy foi comprar um café e já volta, ele disse que teve um dia corrido e que precisava de cafeína na veia para poder finalizar o dia. Se quiser esperar aqui é só ficar a vontade.

Ele juntou o caderno do chão e o guardou em um canto da mesa, depois encarou o computador, parecendo querer voltar ao trabalho. Hermione se sentiu culpada por não saber o nome dele. Se sentou na cadeira de frente a sua mesa e perguntou:

–Qual o seu nome?

O garoto levantou o olhar para a mais velha.

–Meu nome é Peter Ward, Srta. Granger– Ele responde.

–Você disse que faz faculdade na área de tecnológicas, certo?

Ele assentiu.

–Então porque trabalha de secretário, sendo que podia ser um estagiário em uma das fábricas da empresa?

Ele suspirou.

–Quando a secretária do Senhor Malfoy saiu para licença à maternidade a vaga abriu, entrei pensando em mostrar meus esboços para o senhor Malfoy, porém até hoje não tive coragem para o ato. Acho que você conseguiu perceber que sou meio tímido. –Ele deu um sorriso sem graça.

Hermione assentiu pensando, ficou tão concentrada que se alguém com imaginação suficiente lhe observasse aquele momento poderia ver as engrenagens girando dentro da cabeça da castanha. Ela olhou novamente para o garoto a sua frente. Ele havia pego o caderno de volta e rabiscava distraidamente em seu caderno, alheio ao olhar dela. Hermione sorriu – Percebendo que havia sorrido muito aquele dia – ela já sabia qual seria sua medida como assistente particular de Draco. Sabia como melhorar a imagem dele, aos poucos, pequenas coisas que fariam uma grande diferença futuramente.

–Ward?– Chama Hermione– Você poderia me emprestar um de seus desenhos?

O moreno volta a encarar Hermione, provavelmente achando que a mesma era maluca.

–Vou trabalhar diretamente com o Sr. Malfoy, terei mais contato com ele do que você, então se você me emprestar um dos seus desenhos eu poderia mostrar ele para o chefe, isso é claro, se você não se importar de outra pessoa falar por você. – Ela tenta se explicar.

 O moreno encara de olhos arregalados e então dá um sorriso pequeno.

–Claro! Isso seria incrível, muito obrigado Srta. Granger, você é uma ótima pessoa!

Ele levanta nervoso carregando o caderno consigo, procura algo e depois arranca a folha quando a acha. Parecendo sentir dor ele entregue a folha dobrada ao meio.

–Por favor, não amasse muito. É um dos meus favoritos. – ele suplica.

Os minutos pareciam se arrastar, até que finalmente o elevador fez barulho e Draco saiu por ele, olhou para Hermione a chamando com a cabeça e cumprimentou Peter antes de entrar no escritório, carregando um saquinho de doces e dois cafés.

–Primeiramente eu tenho que te felicitar, eu não via aqueles velhos realmente surpresos a um bom tempo. Você teve uma boa idéia e em pouco tempo, é uma pena que tenha decidido sair do setor de marketing.

 Ele senta no sofá no qual estivera mais cedo e coloca o saquinho na mesa de vidro, localizada na frente do mesmo.

–Sente-se. –Ele convida, entregando um dos cafés para Hermione quando a mesma senta na poltrona na qual estivera mais cedo.

–Fazia tempo que não via aqueles velhos tão impressionados, geralmente eles se reúnem para reclamar comigo como se não houvesse um amanhã, ficam insatisfeitos com coisas, por menor que elas sejam, discutem entre si e me deixam irritado. Eles não podem fazer nada, pois apesar de serem investidores e donos de pequenas porcentagens da empresa eu ainda sou o majoritário, e COO, mas eles sempre fazem o possível para me deixar irritado. É um saco, foi bom vê-los de queixo caído. – Ele pega uma rosquinha de dentro do saco e também oferece para Hermione que recusa, preferindo ficar apenas no café.

–Fiquei muito nervosa na reunião de hoje– Ela admite– Pensei que tinha falado bobagens e poderia ser ruim para você, fico feliz em saber que não.

–Como eu disse antes, é uma pena que você tenha largado o setor de marketing, eu daria muitas coisas para calar a boca daqueles velhos mais vezes, mas como você disse tudo por uma boa causa. – Ele deu um sorriso de canto, provavelmente tentando ser sedutor e falhando por conta do açúcar salpicada em sua boca, que fez Hermione rir.

Ele limpou a boca revirando os olhos.

–Se vamos andar o tempo inteiro juntos você não pode vestir isso. –O loiro indicou o uniforme da castanha.

–Porque não?

–Não é nada sexy, não quero andar com alguém assim

–Hey!

Dessa vez ele riu, Hermione apenas decidiu ignorar.

–Mas é verdade, não pode andar de uniforme e tão formal o tempo inteiro ao meu lado, pode ficar a vontade na escolha de roupa.

Ela assentiu.

–Estou curioso sobre o que você vai fazer, dada a surpresa de hoje espero que seja algo bem emocionante.

–Na verdade eu já estou com algumas coisas em mente.

–Ação de graças? –Pergunta irônico.

–É claro que não! Eu preciso de um tempo para formar minhas idéias e deixar você aprová-las antes de colocá-las em pratica, mas garanto que vai ser um conjunto de pequenas boas ações, não vai transformar você em um santo, mas aos poucos vai mostrar a mídia a sua personalidade e tentar apagar a impressão que as pessoas tem de você só por conta da sua família e sim vamos envolver a mídia nisso, logo você vai dar entrevistar e aparecer como antes, só que sem os ataques.

Draco ergueu o copo de plástico como uma taça incentivando Hermione a fazer o mesmo, os dois bateram como em um brinde.

–Depois de todos esses anos sendo odiado pela mídia, você vai ter que fazer algo realmente impressionante, se quiser mudar a opinião de todos sobre mim, para eles eu não passo da sombra do meu pai, um homem errôneo que infelizmente ainda ocupa uma boa posição na sociedade, enquanto pessoas boas estão abaixo de mim. – Ele sorriu parecendo amargurado. –Me mostre do que é capaz, Granger. Eu não tenho nada a perder, pelo menos nada que eu já não tenha perdido.

Pela segunda vez naquele dia os dois se encararam, a prata pura misturando-se ao castanho chocolate, em um acordo mútuo e silencioso.