Ponto de Vista: Assassino – Columbus, Ohio
Me sento na mesa da cafeteria. Ela fica na esquina do departamento e não é lá grande coisa, porém, ao redirecionar meu olhar ao Agente Mendes algumas mesas na minha frente, ele me parece degustar com felicidade o café.
–– Boa tarde. Posso anotar seu pedido? –– A garçonete aparece, com um bloquinho de notas em mão.
–– Claro. Um café com leite. Sem espuma, por favor. –– A mesma anota e sorri, andando até a cafeteira.
O policial sempre me pareceu muito observador. Ele tomava seu café enquanto suas pupilas mexiam de lá para cá. Observando cada um, o que faziam e como eram. As chaves do carro estavam arrumadas perfeitamente alinhadas na mesa, o mesmo com seu celular. Perfeccionista.
Talvez seja coisa do trabalho, mas para mim, parece um pouco obsessivo em observar os outros. Ele acompanhava com os olhos as xícaras dos outros clientes indo até a boca.
Ele era cuidadoso e percebia todos os detalhes. Talvez venha me prejudicar no futuro. Mas até ele descobrir que sou eu quem matou Hope e as outras meninas, minha missão já estará feita.
–– Aqui está. –– A garçonete aparece novamente, me entregando meu café. Averiguo se está de fato sem espuma.
–– Perfeito! –– Sorrio para ela, que retribui. Coloca a conta embaixo do porta guardanapo e sai.
Degusto meu café sem pressa, observando ora o agente, ora o relógio, que tiquetaqueava fazendo aquele barulho característico semelhante ao de um clique.
Ao perceber que o meu pedido estava sem açúcar, levanto a mão na tentativa de chamar algum garçom. Não só faço isso, como chamo a de Shawn, que estava até agora sentado de lado para mim. O oficial sorri, me cumprimentando. Faço o mesmo.
–– No que posso lhe ajudar? –– Aparece um garçom, desta vez.
–– Poderia me trazer adoçante? –– Assente e em uma fração de segundos está de volta com o mesmo em mãos.
–– Aqui está.
Pingo exatas cinco gotas no café, misturando-o com a colher dada junto com a xícara e com o pires.
Dou mais alguns goles. Olhando o telejornal na televisão minúscula que está pendurada numa estante no canto da cafeteria. Esse lugar me enojava. Respirei fundo e continuei bebendo o café mal feito. Um movimento brusco na parte do oficial me fez voltar o meu olhar à ele, novamente. Pegou algo na sua mochila, pendurada na cadeira. A carteira. Tirou uma nota de dez dólares e depois disso duas de um dólar. Pegou as chaves e o celular, colocando-os no bolso. Amassou as duas notas de um dólar e colocou por baixo do pires do café, como gorjeta. Foi ao caixa e pagou.
Olhou para mim e veio sorrindo.
–– Não sabia que frequentava esse tipo de lanchonetes. –– Falou sorrindo, levemente tímido.
–– Sou uma pessoa eclética, agente. –– Continuei no seu tom brincalhão.
–– Foi bom te ver. –– Sorriu. –– Vou voltar para o trabalho, meu intervalo acabou.
–– Foi bom te ver também. –– Respirei fundo e esperei ele sair.
Continuei meu café, tendo em mente o fato de que a minha próxima vítima já estava pronta, apenas para mim.
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