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História Hidden self - Capítulo V


Escrita por: sestraplantain

Notas do Autor


Olar! De acordo com os comentários no último capítulo a galera escolheu a segunda feira pra eu postar os capítulos, portanto: toda segunda, por volta das 20h vai sair capítulo novo.
Qualquer dúvida, só chamar lá no twitter: @heycoralina.
Espero que gostem do novo capítulo! Boa leitura!

Capítulo 5 - Capítulo V


Minha viagem para Nova Iorque acabou sendo mais cansativa do que eu esperava. Além do cansaço físico por conta das longas horas dentro do avião e todas as atividades que tive de atender junto aos meus colegas de elenco durante toda a convenção, havia um peso emocional que eu carregava comigo desde aquela noite no ringue de patinação.

Há muito eu não me divertia tanto e me sentia tão à vontade na presença de alguém como naquela noite e, apesar de tentar me prender aos momentos bons, a imagem de Cosima fria, evitando olhar para mim e me mandando ir embora era o que predominava em minha cabeça. Passei o resto daquela noite acordada, esperando ansiosamente pela mensagem de Cosima avisando que havia chegado bem em casa, mas a mensagem nunca chegou.

Durante toda minha viagem enviei mensagens e tentei ligar para minha amiga, mas assim como as mensagens, mesmo visualizadas, as ligações eram ignoradas. Amiga… me pego rindo toda vez que penso em Cosima desta maneira.

Na noite do acontecido duas coisas se confirmaram para mim: a primeira era que o que eu sentia por Cosima ia bem mais além do que  apenas uma amizade poderia oferecer. Eu estava me apaixonando. Sempre me pegava com um sorriso bobo no rosto quando me lembrava da delicadeza do toque suave de seus lábios sob os meus. A segunda coisa era que, por conta desses sentimentos, eu estava entrando em um território perigoso, que precisava ser analisado com cautela antes que eu me entregasse de uma vez.

- Delphine, - escutei Félix, meu colega de elenco, chamar meu nome. - o nevoeiro diminuiu, já estão nos chamando para embarcar.

Desviei minha atenção da janela de vidro da sala de embarque do aeroporto de Nova Iorque, através da qual eu estava a observar o decolar e aterrissar dos aviões enquanto me perdia em meus pensamentos. Sorri para Felix, que me aguardava, e, junto dele, parti para a entrada do corredor que nos guiaria até o avião que nos levaria de volta para casa.

- Você está bem? - o ouvi perguntar pela milésima vez enquanto nos ajeitamos em nossas poltronas.

- Eu estou bem, Felix, não se preocupe tanto. - forcei um sorriso. - Só estou um pouco cansada, essa viagem foi uma maratona. - desconversei.

- Nem me fale! - exclamou e logo engajamos em uma conversa sobre a convenção que havíamos atendido.

O vôo de volta para casa pareceu ter sido mais rápido que o de ida e antes do que eu esperava, já conseguia avistar Paul acenando para mim do saguão do aeroporto.

- E aí! - disse me abraçando quando o alcancei. - Fez boa viagem? - perguntou, me dando um selinho.

- É… acho que sim. - respondi confusa. - O que você está fazendo?

- Ferdinand. - foi a única coisa que disse, me fazendo revirar os olhos.

- O que ele aprontou dessa vez? - perguntei irritada.

- De alguma maneira ele descobriu que teriam alguns repórteres esperando a chegada de vocês e do elenco de uma outra série hoje e achou que seria “bom para sua imagem” - disse em uma voz entediada. - que seu namorado viesse te buscar e vocês fossem vistos juntos. Sabe como é: pela mídia.

- E você topou? - perguntei enquanto seguíamos em direção ao estacionamento. - Precisa aprender a dizer não para o Ferdinand, Paul. Você não tem que viver em função da minha imagem, não teria problema nenhum eu ser vista sozinha aqui. Ele está querendo é me irritar… e está conseguindo!

- Tudo bem, Delphine. Eu já estava por aqui mesmo, achei que não custava nada. - explicou. - Aliás, não deixe ele te irritar assim tão fácil. Você sabe como ele é: faça o que ele quer que ele te deixa em paz.

- Eu já estou ficando cansada desse jogo. - Confessei, passando minha mala para que Paul pudesse colocar dentro do carro quando chegamos ao estacionamento. Graças a Deus conseguimos evitar os repórteres que Paul havia falado. - Beth me odeia por conta disso e, sinceramente… eu não a culpo. No lugar dela eu também ficaria puta em ter que ver meu namorado desfilando por aí com outra mulher.

- Delphine, pare com isso. - disse ao entrar no carro. - Você sabe que Beth não te odeia… ela fica irritada às vezes, mas entende.

- Paul… - disse séria, me virando para ele que já estava pronto para dar partida no carro. - eu acho que a gente precisa terminar.

- O que? - ele perguntou assustado. - Você está brincando, né?

- Fala sério, não se sinta tão ofendido! - brinquei, tentando dar uma aliviada no clima. - Você não é meu namorado de verdade, não vai ser como se eu estivesse te dando um pé na bunda. - antes que ele pudesse protestar, continuei. - Eu sou muito grata por tudo que tem feito por mim, mas eu estou cansada desse jogo do Ferdinand. Essa ideia toda de falso namorado… isso já durou o que tinha de durar e ele vai ter que aprender a lidar com isso. Eu também tenho que aprender a lidar com as possíveis consequências disso, não posso esconder quem eu realmente sou para sempre. E para além disso… eu sei que você está querendo pedir a Beth em casamento não é de hoje…

- Como você sabe disso? - me perguntou surpreso. Eu apenas olhei para ele com uma olhar que entregava minha fonte sem que eu precisasse dizer qualquer coisa. - Alison!

- Claro! Alison é minha melhor fonte. - disse rindo. - Eu fico muito feliz por você, meu amigo, de verdade. - afirmei apertando sua mão que estava segurando o volante. - Vá! Seja feliz, peça Beth em casamento.

- Você tem certeza? - ele me perguntou, um sorriso estampado em seu rosto.

- Absoluta! - respondi. - A partir de agora nós não estamos mais juntos. Mas, antes de você ir pra casa chorar no seu travesseiro pelo nosso término, me leve para almoçar? Estou faminta!

Sem dizer mais nada, meu amigo finalmente ligou o carro e partimos em direção ao restaurante que costumávamos almoçar juntos.

Durante todo o caminho Paul não conseguiu tirar o sorriso do rosto. Eu me sentia muito feliz por poder ver meu amigo assim. Eu sabia o quanto ele amava sua namorada e planejava passar o resto da vida ao seu lado, eu não poderia continuar sendo a pedra no caminho dos dois. Beth havia sido muito compreensível quando Ferdinand fez a proposta desse falso namoro e sempre colaborou com a gente, ela era uma pessoa maravilhosa e seu amor por meu amigo era claro em seu olhar toda vez que eu via os dois juntos.

- Posso perguntar uma coisa? - Paul quebrou o silêncio quando já estávamos no restaurante esperando nosso almoço. Eu apenas consenti com a cabeça. - O que te fez ter esse estalo, de decidir romper com o plano de Ferdinand?

A pergunta de Paul me pegou de surpresa. Embora fosse esperada, não achei que entraríamos naquele assunto tão rápido. Eu pude sentir um calafrio percorrer meu corpo e meu coração acelerar enquanto eu processava o que eu poderia responder a meu amigo.

- Você conheceu alguém? - perguntou. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa acho que a resposta se fez presente em minha expressão quando um leve sorriso se formou em meu rosto. - Delphine, isso é ótimo! Quem é ela?

- Lembra de Cosima, a repórter que demos carona no dia da festa? - ele assentiu com a cabeça, um sorriso se formando em seu rosto. - Eu a encontrei depois e a gente meio que se aproximou um pouco. - expliquei.

- Se aproximaram como? Vocês saíram ou algo assim? - a curiosidade de meu amigo estava clara em seu tom de voz.

- A gente se viu algumas vezes, mas não foi nada demais. - pensei mais um pouco antes de continuar. Quem eu estava querendo enganar? - Quer dizer… há muito eu não sentia uma conexão com alguém assim, sabe? - disse entusiasmada. - Ela é engraçada, inteligente… me sinto bem perto dela. É como se ela me trouxesse uma paz que eu não sei explicar.

- Delphine Cormier, eu não acredito que você está apaixonada! - implicou, um sorriso provocador se formando em seu rosto.

- Paul, fale baixo! - o repreendi, olhando para os lados, com medo de que alguém pudesse nos escutar. - Eu… eu acho que sim, mas não sei se há uma reciprocidade.

- O que te faz pensar isso? - perguntou confuso.

- Antes de viajar nós saímos juntas. Nos divertimos muito e tudo mais, - contei, sem dar muitos detalhes. - mas teve um momento que meio que quebrou uma expectativa, sabe? A gente meio que se beijou… - a curiosidade de Paul triplicou com esse detalhe.

- Delphine, não existe meio beijo. Ou você beijou ou não beijou.

- Tudo bem, nós nos beijamos, mas ao mesmo tempo que foi maravilhoso, foi estranho. Depois disso Cosima meio que levantou uma barreira entre nós duas e me mandou ir embora. Ela não retorna minhas ligações, vê minhas mensagens mas não responde… eu acho que eu a assustei, Paul.

- É claro que ela se assustou, Del. - ele disse com obviedade. - Ela acha que você é comprometida, não é?

- Isso passou pela minha cabeça, mas eu não sei… ela acabou de sair de um longo relacionamento agora também, acho que ela ainda pode estar meio confusa e eu acabei forçando a barra.

- Eu sinto muito que as coisas não tenham ido como você esperava, querida. - disse, segurando minha mão em cima da mesa. - Mas eu espero que logo vocês possam se resolver e fique tudo bem.

- Eu a chamei para o jantar lá em casa essa semana… mas eu não sei se ela vai. - disse com tristeza. Eu realmente queria que Cosima fosse, mesmo que ela não quisesse nada comigo em questão de relacionamento, eu queria que pudéssemos pelo menos manter nossa amizade.

- Dá uma insistida, quem sabe ela não aparece, não é? - apenas sorri sem graça. - Já pensou como vai contar isso a Ferdinand?

- Eu não quero pensar nisso agora, não preciso da autorização de Ferdinand para fazer o que eu quero. Já deixei que ele me controlasse demais. Ele é meu agente e deveria se incomodar apenas com minha carreira, não com minha vida pessoal. Já deixei que isso interferisse demais na minha vida, mas agora já chega. Primeiro preciso me resolver com Cosima, depois penso nos xiliques de Ferdinand.

O resto do almoço seguiu de maneira confortável. Paul e eu agíamos como os velhos amigos que éramos em vez de fingir que quem estava ali era um casal apaixonado. Paul me contou que já havia comprado uma aliança para Beth há um tempo e só estava a guardando o momento que pudesse dar aquele passo a frente. Me senti mal em saber que por tanto tempo meu amigo foi impedido de fazer algo que queria tanto por minha causa, mas ele logo tirou essa culpa da minha cabeça, dizendo que é isso que amigos de verdade fazem uns pelos outros. Paul e eu éramos amigos há muitos anos e ele sabia bem os bons bocados que eu havia passado e o que ele pudesse fazer para me ajudar, ele faria.

O caminho de volta para casa foi animado, conversamos sobre as mil maneiras que Paul poderia pedir Beth em casamento e chegamos a conclusão de que o quanto antes, melhor: aproveitaríamos o jantar no meu aniversário para anunciar nosso término e dali pra frente a bola estaria com Paul.

O resto da semana passou bem devagar, a sexta feira parecia estar mais longe a cada dia que passava, se é que isso faz algum sentido. Mas apesar da demora, este dia finalmente chegou e com ele mais uma primavera se iniciava para mim.

Eu não era muito fã de aniversários e comemorações, mas receber carinho daqueles que se importam comigo e querem o meu bem era algo que eu realmente apreciava naquele dia. Foi uma surpresa para mim chegar ao set naquela manhã e encontrar todo o elenco e produtores com chapéis de papelão coloridos em suas cabeças e gritando “feliz aniversário” quando eu cheguei. Eles haviam preparado uma festa surpresa com salgadinhos e um lindo bolo escrito “obrigada por ser nossa melhor Rachel” em glacê azul, minha cor preferida. O dia de gravação foi animado, começamos a gravar um novo episódio, que era mais leve que o último e quando terminamos o planejado para o momento, nos reunimos no cenário que compunha o escritório de minha personagem para dar continuidade a festa e comentar sobre a convenção do final de semana anterior.

A quantidade de mensagens que recebi em meu celular durante o dia foi insana e só tive ideia disso quando cheguei em casa e finalmente toquei em meu telefone. Alison já aguardava por mim, afinal, ela que sempre era a responsável pelos jantares quando fazíamos alguma coisa lá em casa, até porque, convenhamos… eu era um desastre na cozinha.

- Delphine! - disse alegre ao me abraçar quando eu cheguei. - Feliz aniversário, minha amiga! Que esse possa ser o início de uma primavera ainda melhor do que a última para você!

- Merci! - respondi, a apertando ainda mais em meus braços.

- Vá logo tomar um banho e se ajeitar, marquei com todos às 21h… o que é um pouco tarde para um jantar, mas foi o horário que funcionou para todo mundo. O risotto já está quase pronto. Donnie vai trazer as crianças mais tarde, então vou me arrumar por aqui mesmo, tudo bem?

- Claro, Ali. Você sabe que minha casa é sua casa. - disse, dando um beijinho em sua bochecha e me dirigindo em direção ao meu quarto, jogando minhas coisas em cima da cama, recebendo um olhar invocado de Frida que acordou no susto.

- Désolé, cherie! - disse, acariciando sua cabeça antes de ir em direção ao banheiro.

Enquanto a água escorria por todo meu corpo eu sentia todo cansaço do dia evaporar. O dia havia sido longo, mas aquele também fora um dos dias mais felizes que passei naquele set, foi uma sensação muito maravilhosa me sentir acolhida e amada pelos meus colegas de trabalho. Mesmo Leekie, que sempre se mantinha distante de todos, se juntou e se divertiu com a conversa e com as piadas que foram contadas. Aquele havia sido um bom dia de fato.

Ao sair do banho, coloquei o vestido lilás que tinha separado para usar e sequei meus cabelos, deixando meus cachos soltos. Depois de pronta, me dirigi para a sala, me sentando sofá para esperar Alison terminar seu banho para que pudéssemos abrir uma garrafa de vinho.

Enquanto esperava por minha amiga, resolvi responder algumas das mensagens que havia recebido. Eu sentia um calorzinho por dentro enquanto lia todas aquelas mensagens, mas um em especial fez meu coração disparar de alegria e surpresa:

Feliz aniversário. - C.

Era uma mensagem simples, seca… mas levando em consideração que Cosima ainda mantinha-se me ignorando, o fato de que ela cedeu um pouco para me mandar uma mensagem em meu aniversário me fez sorrir. Encarei o display de meu celular por alguns minutos, sem saber exatamente como responder. Eu sentia falta de conversar com Cosima, das piadinhas sem graça que ela sempre me mandava, da sua voz… queria poder ver seu sorriso pelo menos mais uma vez. Seria o melhor presente que eu poderia ganhar hoje.

Não tem ideia de como sua mensagem me deixou feliz, ma chérie. Saiba que o convite que fiz ainda está valendo, o jantar começa às 21h. Gostaria de poder falar com você. Beijos - D.

Fiquei esperando uma resposta, mas Cosima nem visualizou a mensagem. Antes que eu pudesse começar a pensar demais sobre o assunto, Alison apareceu já com a garrafa de vinho e duas taças em mãos. Passamos um tempo conversando, contei à ela tudo que havia acontecido com Cosima e, assim como Paul, Alison acreditava que a reação de Cosima estava ligada ao meu "relacionamento" com meu amigo.

Não demorou muito para que Donnie chegasse com Gema e Oscar e o clima da casa ficasse mais leve, era incrível como aquelas crianças me faziam sentir bem. Eles eram como meus sobrinhos e, apesar de não ser irmã da Alison e Donnie ter uma irmã um tanto ciumenta, eles não cansavam de dizer que eu era sua tia preferida.

Um pouco depois Paul chegou junto com Beth, assim que recebi os dois troquei um olhar com meu amigo, na tentativa de reafirmar nosso plano. Ele consentiu com a cabeça e Beth, que claramente percebeu a troca de olhar esquisita entre nós dois, preferiu ignorar e me puxar para um abraço, desejando feliz aniversário e me entregando um livro de fotografia, que ela sabia que eu iria adorar. Paul, como um bom parceiro de copo, me entregou um engradado de cerveja artesanal: melhor. presente.

Com a chegada de todos, nos dirigimos para a mesa onde Alison nos serviu, muito feliz com o resultado de seu risotto. E era para ficar orgulhosa mesmo, porque o risotto estava divino e combinava perfeitamente com a garrafa de vinho que ela e Donnie haviam trazido como presente.

- Ali, muito obrigada. O jantar está maravilhoso! - agradeci. - E muito obrigada a todos vocês por terem vindo, vocês sabem que sinto um carinho muito grande por cada um de vocês.

- Mas você ama mais a gente, né, tia Del? - Gema disse de boca cheia, ganhando um olhar reprovador de sua mãe.

- Com certeza, meu bem. - respondi com uma piscadela.

Depois do jantar todos voltamos para a sala. Com o passar do horário as crianças ficaram cansadas e acabaram capotando em minha cama, deixando só os adultos na sala.

Enquanto meus amigos conversavam e bebiam eu não parava de checar meu celular a cada cinco minutos, na expectativa de alguma resposta de Cosima, mas até o momento, nada. Alison, como boa observadora, não deixou passar minha inquietude e logo me puxou para um canto para me perguntar o que estava acontecendo. Eu já havia lhe contado toda história e, como a boa amiga que era, Alison havia escutado e me aconselhado.

- Não se preocupe, Del. Ela deve estar ocupada hoje, por isso ainda não viu sua mensagem. - tentou me consolar. - Não fique se martirizando com isso, tá bem? Hoje é seu dia. - apenas assenti com a cabeça e voltamos para a sala.

Assim que voltamos, Paul não perdeu tempo em me dar o sinal que havíamos combinado quando conversamos sobre anúnciar nosso término. Mais uma vez a nossa troca de olhar não passou despercebida por Beth que, diferente de mais cedo, talvez um pouco influenciada pelo álcool, resolveu não deixar passar despercebido.

- Tá legal, já chega! - disse irritada, ganhando a atenção de todos nós. - O que é essa troca de olhares toda? Será que vocês podem compartilhar o que estão tramando com todo mundo ou vão continuar fingindo que não tem outras pessoas aqui?

- Beth… - disse, me aproximando da mulher que estava claramente irritada. - Paul e eu temos um pronunciamento a fazer. - todos me olharam com expectativa, era estranhamente desconfortável ter tantos olhos em cima de mim. - Você conta ou eu conto? - perguntei ao meu amigo.

- Não sei, eu acho que-

- Pelo amor de Deus, parem com isso e abram a boca de uma vez! - Alison exclamou já sem paciência.

- Tudo bem, eu conto. - disse rindo, era muito engraçado como Alison reagia toda vez que ficava curiosa. - Paul e eu decidimos terminar.

- O que? - Beth sussurrou sem entender, confusão clara em seu olhar. - Como assim terminar?

- Tá aí uma reação que eu não esperava. - Paul brincou.

- Paul e eu conversamos e chegamos a conclusão de que nosso “relacionamento”, - enfatizei, fazendo aspas com as mãos. - já deu o que tinha que dar. Eu sou muito grata ao meu amigo por todo apoio que me deu nessa ideia maluca de meu agente e também sou grata a você, Beth, que, apesar de tudo sempre nos apoiou. Chegou o momento em que Paul e eu precisamos nos libertar dessas amarras e abraçar quem nós somos e nos orgulhar disso. Paul é completamente apaixonado por você e não é justo que ele deixe de fazer algo que já quer há muito tempo porque está preso a mim… - confessei, a olhando nos olhos. - E quanto a mim, acho que finalmente é hora de traçar o limite entre minha vida pessoal e meu trabalho e impedir que a primeira seja afetada pelo segundo.

- Eu… uau, Delphine, eu… não sei o que dizer. - Beth disse, as lágrimas já ameaçavam escorrer por seu rosto quando me puxou para um abraço. Ela havia esperado muito tempo por aquele momento.

- Você só precisa dizer sim. - sussurrei em seu ouvido.

Ele me soltou do abraço e me olhou confusa, ainda não entendendo muito bem do que eu estava falando. Logo ela entenderia...

Meu amigo puxou Beth para um beijo apaixonado, era lindo ver como aqueles dois se amavam e estavam felizes por poderem viver seu amor em seu máximo potencial.

- Muito obrigada, Delphine! - meu amigo, mais feliz do que nunca, disse, me puxando para um abraço.

Foi ao abraçar Paul que pude ver a sombra da silhueta de alguém se aproximando da porta da minha casa através da janela que dava para a varanda. A pessoa se aproximou da porta, mas foi tomada por hesitação, dando meia volta e se afastando novamente. Eu sabia de quem era aquela silhueta, era impossível não reconhecer. Senti as batidas do meu coração acelerar e logo me soltei dos braços de Paul, correndo para o suporte de casacos que ficava perto da porta, pegando o de Alison que estava mais próximo, o envolvendo em volta do meu corpo e abrindo a porta. Como eu esperava, não havia ninguém lá, mas eu consegui ver aquela figura tão encantadora se afastando e antes que ela pudesse virar a esquina e sumir do alcance de minha vista, aumentei meus passos e chamei seu nome:

- Cosima! - ela parou abruptamente, mesmo de longe pude perceber seu corpo estremecer. - Cosima, por favor, espere! - disse, chegando mais perto dela.

- Eu… - ela tentou dizer alguma coisa ao se virar, mas nenhuma palavra saiu de sua boca.

- Por favor, não vá embora. - implorei, já sentindo aquela ardência familiar em meus olhos. - Fique. - ela apenas me encarou, ainda sem palavras. - Por favor. - sussurrei.

Ficamos um tempo olhando uma para outra. Como eu sentia falta de me perder naqueles lindos olhos castanhos...

Eu conseguia sentir alguma relutância em Cosima, ela parecia querer ir embora, mas ao mesmo tempo parecia estar presa a algo que a impedia de partir.

- Tudo bem. - ela respondeu em uma voz baixa.

- Venha… - disse, segurando em sua mão e a guiando para minha casa. Pude sentir sua tensão por causa do gesto, mas Cosima não relutou.

Ao chegarmos a minha varanda, encontramos todos a nossa espera, com olhares curiosos, o que era esperado, afinal eu havia saído correndo sem explicar nada.

- Pessoal, esta é Cosima, minha… amiga. - relutei um pouco antes de falar. Eu não sabia o que éramos desde aquela noite… eu não sabia se Cosima ainda me considerava uma amiga. - Cosima, esta é Alison e seu marido, Donnie, - os apresentei. - e este é Paul, que você já conheceu, e sua namorada Beth.

O olhar espantado de Cosima não passou despercebido por ninguém, ela estava completamente perdida e não era para menos. Sua boca abriu e fechou algumas vezes antes que ela conseguisse falar qualquer coisa.

- Eu… eu acho que eu me perdi um pouco. - ela disse, ainda com sua voz baixa.

- É uma longa história que eu gostaria que você me deixasse explicar. - pedi.

Um silêncio agonizante tomou conta de todos nós. Nos olhávamos sem saber muito bem o que esperar de Cosima, que apenas nos encarava.

- Eu espero que você tenha álcool para me dar porque eu acho que vou precisar pra poder entender. - disse finalmente.

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado do capítulo, até segunda!


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