1. Spirit Fanfics >
  2. High Hopes >
  3. Buquê de flores

História High Hopes - Buquê de flores


Escrita por: feelsobanghim

Notas do Autor


Tenham uma ótima leitura!

Capítulo 9 - Buquê de flores


Youngjae sentia-se feliz e acolhido naquela segunda de manhã utilizando a tigela que havia ganhado de Jaebum e que agora tinha mais um significado entre os antigos; remetia-se a memórias de sua mãe quando o menino ainda era muito jovem, quando se sentava no tapete bege com algumas gotículas azuis que teimavam em fugir do pincel da Choi mais velha e a via fazendo diversos tipos de artesanatos e afins, aquele objeto era uma das coisas que lhe lembrava a mulher que tanto amava, tal objeto que agora também absorvia memórias de mais uma pessoa: Im Jaebum. Era esquisita a sensação bipolar que seu chefe – e agora hyung – transmitia mas ao mesmo tempo era tão... boa. Confuso, que nem o mais velho, mas incrivelmente convidativo para descobertas. Choi estava confuso, por mais que sempre sorrisse ao lembrar do quão legal o hyung havia sido em lhe dar o presente como um pedido de desculpas, então deixou qualquer pensamento idiota de lado e voltou a fitar a televisão com a tigela cheia de comida em sua mão.

 

Não muito distante de sua residência estava Im adormecido feito uma pedra com feição inocente, os cabelos bagunçados e a boca entreaberta, vez ou outra murmurava coisas incoerentes e lambia os lábios enquanto trocava de posição. Em seu sonho estava apenas caminhando em um lugar vazio com algo bem ao longe, esquisito, mas não parava de andar de modo algum. Quando achava que estava próximo a chegada, afastava-se consideravelmente e voltava a caminhar incansavelmente, como se sua vida dependesse de sua chegada àquele lugar que nem ao menos sabia o que era. “Caso não consiga alcançá-lo, desista, talvez isso seja a única coisa que poderá te deixar vivo por dentro”, foi quando ele mesmo disse tal frase que paralisou, vendo então “a coisa” no final ir se afastando e se afastando mais e mais, fazendo Im cair do chão e se sentir fraco. Então acordou, coçou os olhos e sentou-se na beirada da cama. Sua mente tentava focar no sonho questionando-se sobre o que era aquilo, mas seus olhos fitavam o celular vibrando ao seu lado na cama.

 

- O que você quer?

 

- Por quê precisa sempre ser tão carinhoso? - Jackson perguntou irônico.

 

- Diga logo o que quer.

 

- Soube que saiu com Youngjae, como foi? - Questionou animado enquanto o mais velho quase se engasgou com a saliva.

 

- Como sabe disso?

 

- Eu sei, isso que importa. Então me conte tudo.

 

- Não tem o que contar, idiota, só saí para dar um presente a ele. - Respondeu se jogando de costas na cama. - E por quê está tão interessado em saber sobre isso?

 

- Você comprou um presente pra ele, hyung?! - Jackson gritou do outro lado em meio a risadas nervosas, estava muito animado com tudo isso.

 

- Por quê está tão interessado em saber sobre isso, Jackie? - Repetiu – Ria mais baixo, acabei de acordar.

 

- O que comprou para ele? Um relógio? - Insistiu – Ah, não, aposto que foi um par de tênis. Quem sabe um suéter. Foi um relógio, não foi?

 

- Uma tigela, Jackson, foi isso que comprei. - Respondeu rolando os olhos.

 

- Aish hyung, como pôde dar uma tigela de presente para ele? Assim não o conquistará nunca.

 

Jaebum foi basicamente atingido pelas palavras do melhor amigo, de onde foi que ele tirou essa ideia maluca? Im Jaebum tentando conquistar Choi Youngjae? Não, não mesmo! Jackson tinha perdido a noção das coisas, estava viajando e provavelmente criando uma história em sua mente.

 

- Yah, Jackson Wang, veja só o que está falando, sua criança idiota! - O mais velho o repreendeu assustado enquanto ainda escutava a risada escandalosa que aumentou ainda mais com sua reação do outro lado da linha – É uma longa história, eu te conto outro dia mas já adianto que não é nada disso que está pensando.

 

- Ok, tudo bem, não está mais aqui quem disse. - Respondeu em rendição – Mas vai dizer que nunca reparou no quão bonito ele é? Ou naquelas coxas grossas dele que se realçam quando ele usa calças de couro, hm?!

 

- Jackson!!!

 

- Tudo bem, tudo bem. Preciso mesmo desligar, mas espero que tenha aproveitado o passeio, hyung. A gente se fala depois.

 

///

 

Definição: Ato ou efeito de definir. Explicar, tornar algo claro. Valor, importância, significância. Como um rótulo.

 

Im Jaebum depois de tudo o que passou se tornou para muitos uma pessoa indefinida, o que era doloroso de se dizer pois uma pessoa indefinida é quase como uma confusa, sem decisões ou esperanças, do tipo de pessoa que para ela tanto faz estar viva ou morta. Mas a realidade era que Jaebum poderia muito bem ser definido como um buquê de flores; bonito quando se olha, encantador e convidativo. A aparência era o que importava, era o que ainda chamava a atenção dos demais, entretanto não se passava de uma mera flor morta ou com pouco tempo de vida, que fora arrancada de sua raiz onde era seu porto seguro, arrancando junto sua esperança. Para os outros aparentava estar bem, bonita, sempre perfumada e chamativa, mas por dentro estava morrendo, estava quase gelada e não continha mais um pingo sequer de esperança. Era triste, mas essa passou a ser a definição dele. Im Jaebum era um buquê de flores.

 

Depois de seu encontro com Youngjae – tal que aconteceu há dois dias –, ele pensou algumas vezes no rapaz e em como sua risada parecia tão profunda quanto seus olhos. Ah, ele tinha reparado nos olhos de Choi, e como tinha! Tão profundos, brilhantes e encantadores. Parecia tão inocente. Deveria admitir que as pessoas fora de seus ambientes de trabalho eram um tanto quanto diferentes, umas eram melhores e outras piores, mas Youngjae era ótimo. Merda! Por quê acabou definindo o garoto daquele jeito? Sacudiu a cabeça só de se imaginar nomeando alguém de ótimo. Mas aquela era a verdade. O mais jovem no trabalho era centrado, organizado, animado e disposto; fora de lá era como uma criança, aparentava ser inocente e dócil, muito mais animado e engraçado. Porém sempre, independente do lugar onde se encontrava, era incrível, era ótimo.

 

Foi tirado de seus pensamentos com o som insistente da campainha e praguejou-se por pensar novamente na mesma pessoa, caminhando de forma lenta até a porta e a abrindo sem nem checar quem era. Naquele instante seu coração bateu de forma descompassada, engoliu a seco e sentiu seu sangue ferver.

 

- Que merda é essa? - Perguntou com o tom de voz nada agradável.

 

- Isso é maneira de receber uma visita, Jaebum oppa? Ainda mais sendo uma mulher? - A voz soou irônica, coberta de sarcasmo e aquele maldito olhar que o fitava sem dó.

 

- O que você está fazendo aqui, SunHee? - Ele estava irritado, extremamente nervoso e seu sangue fervia só de ter que olhar para aquela mulher de novo. Coisas passavam em sua mente, naquele momento parecia ser alguém insano enquanto cerrava os punhos e via a mulher entrar em sua casa sem nem pedir permissão.

 

- Onde estão nossas fotos? Haviam tantas espalhadas, teve mesmo coragem de tirar todas elas?

 

- Joguei todas no lixo porém minha vontade era tacar fogo em cada uma delas. - “E em você” pensou sorrindo irônico.

 

- Tão mal… - Comentou virando-se para ele – Você não costumava ser assim, oppa. Só na cama, as vezes, quando eu pedia.

 

Jaebum queria vomitar naquele momento, seu interior se tornou uma completa bagunça e não de um modo bom mas sim do pior de todos. A voz dela o irritava, fazia seu sangue borbulhar. Sua presença ali atiçava seu lado insano, queria enforcá-la até que ela morresse porém não o faria. A mulher continuava a andar pela sala observando cada detalhe e passando os dedos de modo sutil em algumas coisas, parando depois em frente a Im que possuía o maxilar trincado.

 

- Senti tanto sua falta. - Ela disse fazendo o outro rir, aquilo era mesmo uma piada.

 

- O que foi que aconteceu? Seu namoradinho lhe tratou como a vadia que você é, te usou e foi embora?

 

- Não fale desse jeito comigo, exijo o mínimo de respeito! - Gritou chegando mais perto ainda dele.

 

- Sério mesmo? - Aquilo tudo só podia ser um sonho do qual Jaebum não podia esperar mais para que terminasse.

 

Ao olhar nos olhos da mulher reparou que a mesma parecia extremamente ofendida com suas palavras e até mesmo caiam algumas lágrimas de seus olhos, porém nada daquele seu teatrinho havia o comovido ou mudado algo dentro de si.

 

- Eu me arrependo tanto.

 

- Jura?! - Riu em escárnio, recebendo um olhar confuso da mulher.

 

- O que foi que aconteceu com você? Está tão diferente. Parece tão frio.

 

- Você aconteceu comigo. Você é um demônio destruidor que me transformou nessa pessoa sem sentimentos reais.

 

- Eu queria ser livre!

 

- Poderia ter me dito isso e não feito o que fez, eu nunca te prendi, sua…

 

- O que? Diga, vamos lá, coloque para fora todas as palavras que passaram a me definir para você, talvez assim se sinta melhor. - Aumentou o tom de voz e direcionou um de seus dedos ao rosto do mais velho. - Vamos, estou esperando.

 

- Pode morrer esperando por isso. - Deu as costas para ela e andou até a porta a abrindo – Não vou gastar minhas palavras nem desperdiçar saliva para definir o quão baixa, suja e ruim você é, não vou perder meu tão precioso tempo discutindo com alguém que não merece nem meu ódio. Aliás, se isso lhe conforta ou lhe incomoda para mim tanto faz, eu simplesmente não sinto nada por você pois você se tornou uma coisa insignificante para mim. Como aquelas pequenas formigas que pisamos na rua e nem sabemos da existência delas, não sentimos remorso, culpa, alegria… Absolutamente nada. Então morra esperando que eu lhe xingue novamente ou algo assim porque eu posso ter me tornado esse monstro sem sentimentos por total mérito seu, mas ainda possuo educação e o mínimo de respeito por tudo o que meus pais ensinaram a mim. Então por favor, retire-se da minha casa antes que eu tenha que chamar os seguranças para te retirar à força. E não chore na minha frente achando que isso pode mudar alguma coisa, suas lágrimas são definitivamente armas das quais não quero chegar perto e não me atingirão de novo.

 

SunHee piscou diversas vezes e abaixou a cabeça depois de o olhar durante longos minutos que para Jaebum pareciam eternos, caminhando devagar e de forma atrapalhada, saindo do apartamento e indo embora dali. O estrondo da porta assustou a mulher que caminhava devastada pelo longo corredor até o elevador, enquanto Im dirigiu-se até a cozinha e encheu um copo d’água, o tomando como se fosse a última coisa do mundo enquanto tremia deliberadamente. Estava agitado, transtornado e incrivelmente surpreso.

 

- Droga! - Gritou ao jogar o copo na bancada da pia fazendo o objeto virar caquinho, apoiou suas mãos na bancada e nem ao menos sentiu dor quando teve as mãos cortadas e furadas, seu sangue ainda estava quente demais. E gritou, gritou como um louco, gritou porque precisava pôr pelo menos uma parte daquilo para fora antes que acabasse o devorando por dentro. Sua respiração ofegante e sua tontura não muito passageira não ajudaram quando ele decidiu sair da cozinha, dando menos de sete passos e caindo no chão da sala. Sua visão ficou embaçada e ele suava frio, era incrivelmente tosco o que aquela mulher podia fazer com ele, e Jaebum percebeu o quanto ela mexia com sua sanidade segundo antes de desmaiar no chão da sala fitando o celular que estava em suas mãos que o apertava fortemente.

 

///

 

- JB hyung, por favor, me responda! - Gritava enquanto chacoalhava o mais velho esticado no chão – Jaebum hyung, pelo amor de tudo o que é mais sagrado, acorde!!!

 

Chamava mas de nada adiantava, a boca do maior estava roxa e seu corpo mudava de temperatura de movo repentino porém seus batimentos cardíacos e pulsação estavam normais e isso acalmava um pouquinho só o rapaz ali presente.

 

- Puta merda, Im Jaebum, acorda antes que eu acabe desmaiando e caindo ao seu lado, seríamos dois desacordados e isso seria bem pior. - Implorou de joelhos ainda chacoalhando o outro. Se viu sem muitas opções e só restavam duas coisas para se fazer. Caminhou até a cozinha e pegou um copo cheio com água, só então notou os cacos de vidro em cima da pia e o sangue espalhado por ali. - Desculpe por isso, hyung. - Ditou antes de jogar o copo com água gelada e bater algumas vezes com certa força em seu rosto.

 

O moreno acabou despertando com o susto e sentou-se apoiando os braços no chão para não cair novamente, a respiração falhava constantemente e ele aparentava estar tonto. Apertava os olhos e depois os abria com certa força tentando fazer sua visão focar. Respirou fundo diversas vezes e viu a pessoa na sua frente se levantar, fazendo o mesmo em seguida de modo enrolado e quase acabou caindo por estar fraco, tendo a ajuda do outro que o guiou até o quarto e o pôs na cama.

 

- Ela veio aqui. - Jaebum disse encarando o teto – Acredita que SunHee teve a coragem de vir aqui?

 

- Quem?

 

- SunHee, minha ex, já esqueceu o nome dela?

 

- Eu nem ao menos sabia da existência dela, quem dirá o nome.

 

- Como assim, Jackson? - Virou o rosto para o lado e viu a figura sentada em uma cadeira perto da cama o fitando com o cenho franzido – Youngjae?

 

- Eu.

 

- O que está fazendo aqui? O que foi que aconteceu?

 

- Você desmaiou mas antes disso me mandou uma mensagem. - Respondeu como se fosse uma coisa óbvia.

 

- Mandei? - Questionou e viu o rapaz assentir – Merda. Você pode ir embora se quiser, não queria te atrapalhar em nada, deve ter ficado preocupado. Posso me cuidar sozinho agora ou sei lá, chamar Jackson.

 

- Não mesmo! - Ditou autoritário – Eu corri de casa até aqui e nem moro tão perto assim, vim que nem um louco preocupado e quando cheguei aqui e o vi jogado no chão desacordado meu coração quase parou e você quer realmente chamar o Jackson aqui? Não foi para ele que mandou mensagem e também não precisa preocupá-lo.

 

- Mas eu…

 

- Mas nada, hyung. - O interrompeu – Vou ficar aqui e cuidar de… tudo isso. Começando por esses cortes nas suas mãos, já vi isso antes. Então, onde encontro um quite de primeiros socorros?



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...