História Umbrella High School - Um Grande Problema

* * * Claire * * *

 

O plano da Jill foi perfeito...

Ela não poderia se envolver porque era a principal suspeita e o professor desconfiaria dela, então assumimos as posições mesmo com ela não parecendo gostar que nos arriscássemos por ela.

Mas valeu muito a pena!

Enquanto a Sherry distraia o professor de biologia, o Carlos pegou os sapos de laboratório e levou ao vestiário onde a Rebecca o aguardava para abrir para ele e ficar de olho até terminar o trabalho. Ela também deu um jeito de pegar a chave do vestiário para trancar as meninas lá dentro enquanto eu, fiquei em uma das janelas para tirar as fotos...

Não poderia ter dado mais certo!

As meninas se desesperaram e eu tive que me segurar para não morrer de rir da cara delas de desesperadas, porque nunca pensei que veria a Jéssica daquele jeito, garota sem noção!

Finalmente chegou alguém nessa escola que não abaixará a cabeça para ela, finalmente alguém que deixou claro de que não gostaria de ser como ela e nem liga para o que aquela cobra é.

Eu, Becca e Sherry nunca ligamos para Jéssica e ela nunca mexeu conosco para não ficar com uma aparência ruim para meu irmão que morre pelas coxas grossas e seios avantajados que ela tem, mas a garota não é burra... Ter o Capitão do time louco por ela é a melhor coisa na escola e tem que zelar por isso.

Ah, meu irmão...

Não sei o que o Chris tem na cabeça de cima, porque é apenas a debaixo que o controla, ele tinha que crescer logo.

Será que realmente está de olho na Jill?

Eu não duvido, ela é linda e o jeito que o Piers insinuou dela para ele na minha frente e o jeito que ele a olhou enquanto dançava comigo e as meninas no meu quarto, ficou claro o interesse.

Mas mesmo sendo meu irmão, não deixarei ela perto dele...

Ela é muito legal e não merece meu irmão, ele é um galinha que não quer saber de outra coisa além de pegar e jogar fora a não ser que seja a Jéssica, essa ele quer pegar e pegar até não ter mais fim.

Ele devia se apaixonar de verdade, só assim vai crescer.

Se a Jill fosse a abençoada que o fizesse tomar jeito na vida, tenho certeza de que além de eu ser mais feliz, ele veria como é bom amar alguém de verdade.

Mas duvido disso, por isso cuidarei para que não chegue perto dela e muito menos que ela tenha a oportunidade de cair na lábia dele, porque ela é esperta, mas confesso que meu irmão tem um charme que encanta toda garota que passa perto e ele sabe usar isso a seu favor.

Depois que notou que as garotas se derretiam, ele não parou mais de se galinhar por aí aprendendo a usar a sedução que facilmente atiça toda a garota com o jeito dele e quando ganhou o título de Capitão do time... Nossa, aí não teve mais jeito mesmo, era só ele olhar que a garota já se jogava aos seus pés.

Por isso ele se acha tanto...

Por isso acha que qualquer garota pode ser dele.

Espero que não consiga alcançar a Jill, mas se isso acontecer, que ela dê um belo de um fora nele para ficar claro que uma jaqueta de Capitão e um charme sobre humano não são tudo para uma garota.

Quando meu celular tocou na cômoda ao lado da minha cama onde eu estava largada deixando os pensamentos me dominarem, eu rolo para alcançá-lo e vejo que uma mensagem chegou e reviro os olhos com aquela dor em meu peito ainda doendo um pouco.

 

“Ainda não quer falar comigo?”

(0302)

 

“Me deixa quieta...”

(Claire)

 

“Deixe de reina, ruivinha... Sabe que só tem você para mim.”

(0302)

 

“Para o seu bem, espero que isso seja verdade.”

(Claire)

 

“Se você me amasse de verdade, saberia que é.”

(0302)

 

“Não comece com chantagem emocional porque não cola.”

(Claire)

 

“Tudo bem, continue a não falar comigo então, ótimo!”

(0302)

 

“Não comece você também...”

(Claire)

 

As mensagens pararam...

Eu esperei mais um pouco e nada dele, então dou um salto na cama.

Qual é, me deixa me chatear um pouco!

 

“Vai reinar comigo agora também?”

(Claire)

 

“Motivos não me faltam...”

(0302)

 

“Não tem motivos para ficar bravo comigo.”

(Claire)

 

“Como se eu não soubesse de uns que se derretem quando você passa também...”

(0302)

 

“Sabe que você é o único para mim.”

(Claire)

 

“Se você não confia em mim, não tem porquê eu confiar em você...”

(0302)

 

Toda vez que entramos em uma discussãozinha casual, ele consegue ficar por cima, sabe lidar bem com a minha birra.

Ele sabe dos garotos que dão em cima de mim, então usará isso...

Eu sei que não tem culpa de um milhão de garotas correrem de atrás dele também, mas me irrita não poder chegar quebrando tudo e gritar “ELE É MEU!!!” para todas escutarem e se galinharem com outro qualquer que realmente prefere uma sem noção do que uma garota de caráter.

 

“Me desculpe...”

(Claire)

 

“Minha ruivinha é ciumenta ao extremo J ”

(0302)

 

“E você não é?”

(Claire)

 

“Sou mesmo, assim como você!”

(0302)

 

Eu sorri do jeito dele, já sabendo que estava sorrindo daquele jeito que me fazia perder o ar só de me lembrar, então deitei na cama novamente.

 

“Sou ciumenta mesmo... Mas é porque tenho medo de te perder.”

(Claire)

 

“Sabe que eu te amo e isso nunca vai mudar.”

(0302)

 

“Eu não sei, meu pai, meu irmão... Não sei o que fariam se descobrissem que tenho um namorado.”

(Claire)

 

“Seu irmão não é problema, posso me entender com ele.”

(0302)

 

“Depois de tanto tempo, tenho certeza de que ia pirar ao saber que é você.”

(Claire)

 

“Eu sei, mas também sei como lidar com ele...”

(0302)

 

“Não sei... Acho que ele ainda ia pirar.”

(Claire)

 

“Eu acho que devíamos abrir o jogo para ele...”

(0302)

 

“Não! Ele vai contar para o meu pai e aí acabou tudo :’-( ”

(Claire)

 

“Não acho isso, penso que talvez pudesse nos ajudar com seu pai...”

(0302)

 

“Eu não sei... Acho que ele me traria de arrasto para casa e meu pai me trancaria no quarto a base de pão e água.”

(Claire)

 

“Exagerada...”

(0302)

 

“Você não conhece direito o meu pai, mas eu sim... Sei que ficaria irritadíssimo se soubesse que me encontro as escondidas com um garoto.”

(Claire)

 

“Por isso talvez fosse melhor a filha dele namorar em casa... Sabe que não vou me chatear de poder ficar apenas no sofá da sala com ele no meio heheheh.”

(0302)

 

“Bobo... Ele jamais permitiria nem isso.”

(Claire)

 

“Tem certeza?”

(0302)

 

“Tenho certeza de que meu pai ia pirar...”

(Claire)

 

“Tudo bem... Então vamos esperar mais um pouco.”

(0302)

 

“Sim, por favor...”

(Claire)

 

“Só que eu não gosto de ver uns manés da escola de olho comprido em você e não poder chegar perto mostrando que você não está sozinha...”

(0302)

 

“Eu também queria chegar quebrando tudo quando vejo uma garota olhando para você, mas me seguro...”

(Claire)

 

“Hahahah uma Redfield sempre é esquentadinha!”

(0302)

 

“Sou mesmo ;-) ”

(Claire)

 

“Mas e seu irmão? Podemos tentar falar com ele...”

(0302)

 

Ele não vai desistir...

Está cada vez mais impaciente, ele quer muito vir para minha casa firmar um relacionamento sério perante meu pai, mas ele não o conhece direito... Sei que meu pai o expulsaria daqui e não quero que ninguém o trate mal, nunca, jamais eu ia querer isso.

Mas também sei que não poderei segurá-lo por muito mais tempo...

Eu o enrolo com isso, mas logo vai bater o pé e não arriscarei perdê-lo, só que não sei o que é pior, perder ele para o meu pai depois que enxotá-lo daqui ou perder ele depois do fora que pode me dar de tanto enrolá-lo.

Sei que me ama, mas ele é sério e quer tornar nosso relacionamento em algo sério também, nunca gostou de fazer isso as escondidas, quis desde a primeira vez já vir falar com meu pai.

Ele é um amor, é gentil e carinhoso... O mais próximo possível da perfeição e morro de medo de perdê-lo, mas isso não pode acontecer, meu pai não pode saber que tenho um namorado.

E meu irmão...

Ele já desconfia.

Mas se souber que a coisa é séria e souber com QUEM é...

Puxa, não quero nem imaginar.

 

“Amor?”

(0302)

 

“Desculpe, estava pensando...”

(Claire)

 

“Se chateou comigo?”

(0302)

 

“Não, não...”

(Claire)

 

“Vamos falar com seu irmão?”

(0302)

 

“Pode me dar um tempinho? Para eu pensar... Em como fazer isso...”

(Claire)

 

“Então isso é um ‘sim’?”

(0302)

 

“Sim... Mas vamos pensar bem antes de tudo.”

(Claire)

 

“Legal! Ele poderá nos ajudar amor, sei que pode...”

(0302)

 

Ele está se iludindo...

Meu irmão vai surtar quando souber.

E mesmo se aceitar isso, não vai e nem poderia nos ajudar com meu pai, afinal, não existe santo que pudesse fazê-lo enxergar que tenho o melhor namorado possível, amoroso, gentil, educado e extremamente respeitador.

 

“Tudo bem... Vamos pensar em como fazer.”

(Claire)

 

“Ótimo, meu amor!”

(0302)

 

“Ótimo J ”

(Claire)

 

Meu coração se apertou com medo do que pudesse estar a frente.

Ainda tentarei enrolá-lo um pouquinho mais e talvez eu tente jogar umas indiretas em meu irmão só para ver como ele reage com a informação... Mas aí dizer quem é, ai Senhor, proteja meu namorado.

O Chris vai pirar...

Mas eu o amo e nada poderá mudar isso.

 

* * * Ada * * *

 

Quando eu coloquei meus pés naquela escola vi que a maioria das pessoas encarava aos risos eternos o jornal do George.

O que esse palhaço escreveu agora?

Depois do que a Jéssica aprontou com a novata, não duvido que tenha criado outra coisa... Não entendo o porquê dessa obsessão dela, a garota acabou de entrar e a Jéssica já apontou a maldade dela para garota de um jeito incomparável.

Continuando a caminhar, vejo os rapazes do time de futebol rindo do jornal também e reparo que estavam distraídos quando cheguei.

-- Olá, meninos!

Eles dão um salto e escondem o jornal de mim ao me cumprimentar, mas noto o nervosismo no jeito deles. O Chris ao lado com o Piers riam sem disfarçar e o Leon se aproximou de mim com um sorriso bobo na cara ao me dar um beijo.

-- Parece que alguém quis se vingar de novo da sua amiga...

-- Como assim?

-- Mostrem para ela...

Kevin riu e me entregou o jornal para ver uma foto ridícula de nós no banheiro aos berros rodeadas de sapos.

Mas é uma... Vaca!

A Jéssica era o foco, é claro, mas eu aparecia ao fundo também, só de toalha de banho e com uma expressão de desespero pelos sapos ao meu redor.

Ótimo!

A novata está implorando por mais humilhação...

Mas o que deu na cabeça daquele imbecil do George para aprontar uma dessas para Jéssica? Ela sempre disse que ele estava na palma da mão dela...

Ainda com o jornal na mão, saio de lá e vou para o vestiário onde a Jéssica poderia estar e ignoro irritada os risinhos ao meu redor, mas bastava eu dar um olhar que todos paravam, afinal, ninguém faz piadinha tão descarada sobre alguma líder de torcida.

Todas querem ser como nós...

Todos querem a nós...

Ao entrar no vestiário, vejo a Jéssica sentada no banco amarrando os tênis e me aproximo jogando o jornal ao seu lado.

-- Bom dia para você também, Ada.

-- Que droga é essa?

-- Somos nós...

-- Isso eu já percebi.

-- Também é a novata implorando para ser esmagada assim como o resto do grupinho dela...

Ela falava calma, mas com uma voz mais fria do que eu me lembrava de quando estava irritada, então esperei... Mas ela permaneceu ali com os olhos vidrados nos tênis com uma expressão sinistra.

-- O que vai fazer?

-- Planos não me faltam...

-- Me conta.

-- Assim não teria graça...

-- Teria sim, me conta o que vai fazer.

-- Pedi um favor para um amigo... Mas isso é só o começo, meu golpe dependerá do tamanho da ousadia dela com algo que sempre foi meu.

-- Como assim?

-- Não tente entender, é muito cedo...

-- Sou sua amiga, me conte.

Ela deixou os tênis amarrados e encarou o jornal lendo algumas linhas e rindo sem alegria nenhuma, pois seus olhos estavam ainda mais sombrios do que eu me lembrava.

Eu sento ao seu lado e respiro fundo procurando alguma resposta para o ódio dela ter se focado tão brutalmente na novata... Então uma resposta simples me veio a cabeça.

-- Isso tudo é por causa do Carlos?

Os olhos dela viraram em minha direção rapidamente e com um leve resquício de lágrimas, ela levantou e foi para o armário mexer em alguma coisa, então levanto e me aproximo dela sabendo como aquele assunto a deixava.

-- Jéssica, ele...

-- CALA A BOCA! NÃO FALA DELE, EU NÃO QUERO SABER!!!

Eu me assustei com a reação dela e a raiva que demonstrou ao pronunciar aquelas palavras, então ela se aproximou.

-- Você é a única que sabe o que aconteceu, então aconselho que fique de boca fechada!

Ela desviou novamente e sentou no banco encarando o vazio e suspiro novamente me sentando ao lado dela e acatando ao seu pedido.

-- Tudo bem... Mas me conte o que pretende.

-- De acordo com meus planos aquela idiota será a primeira, mas será algo leve e sem importância por enquanto... Só para ela achar que não farei mais nada depois e claro que desta vez nem saberá que eu estarei por trás.

-- Não estou entendendo...

-- Não importa... Depois é aquele grupinho dela que vai levar, porque é óbvio que não fez nada sozinha.

-- Quem?

-- A irmãzinha idiota do Chris, a filha daqueles otários dos Birkin’s e a garota antissocial do teatro... As três estão andando com a novata e não tenho dúvida de que a ajudaram.

-- O que vai fazer com elas?

-- Tenho tempo... Mas cada tiro será certeiro.

-- O que vai fazer, Jéssica?

-- Descobrirei o ponto fraco delas... Do jeito que são bobas, devem estar apaixonadas por algum garoto da escola e darei um jeito nisso, esta opção sempre é a mais fácil e prática.

-- Sim, tem razão...

-- Sempre tenho.

-- O Carlos também a ajudou...

-- A parte dele já fica junto com a da novata.

-- O que vai fazer com a Jill?

-- Primeiro, ela levará um susto e depois... – Ela riu – Estou preparando lágrimas de sangue para ela, tenho o plano perfeito, Ada.

-- E que plano é esse?

Ela me olhou com olhos marejados que brilhavam com um ódio que eu nunca tinha visto e que me fazia temer pela garota nova... Ela realmente não sabe com quem está se metendo, a Jéssica não mede limites para conseguir o que quer ou destruir quem quer.

Depois de tudo que aconteceu no primeiro ano aqui na escola, eu sempre soube que a Jéssica tinha arrancado o próprio coração e por isso eu sabia que era melhor me juntar a ela do que correr o risco de virar um alvo.

-- Me conta, Jéssica...

-- Na hora certa vai saber.

-- O Chris parece que está na dela...

-- E existe alguma garota que não atice o Chris?

-- Parece diferente com ela...

Jéssica riu parecendo já saber disso melhor do que eu e ficou claro de que o que quer que ela estivesse aprontando, tinha a ver com ele também.

-- Ele está envolvido nisso?

-- Ele é a peça chave...

-- Acha que vai te ajudar?

-- Ainda estou tramando os detalhes, na hora certa você vai saber.

-- Tudo bem...

Ela não vai me contar agora.

Mas o que quer que seja, é bom a novata estar preparada para muita coisa ruim pela frente porque se realmente a Jéssica despertou um lado dela adormecido há anos por causa dele, ela... Enfim, ela não deixará isso barato.

Pelo que eu a conheço, ela não está nem aí para os sapos no nosso vestiário, apenas usará como desculpa e apenas ela, eu e o próprio Carlos saberemos que é porque ELE ajudou a novata contra a Jéssica.

E a Jill mal saberá de onde isso tudo veio...

Nem saberá qual foi a culpa dela...

Será que eu devia contar?

Dizer para se afastar dele ou tudo vai piorar na vida dela, porque a Jéssica não medirá esforços para destruí-la, então é bom ela se cuidar, pois está andando sobre ovos.

E um passo em falso a Jéssica a afunda de um jeito que ela não poderá mais se recuperar de forma alguma...

Ah, não, melhor não...

Não vou me envolver.

Nem na vingança e nem na defesa ou virarei alvo também.

Só sei de uma coisa: Novata, querida... Se prepare.

 

* * * Jill * * *

 

Eu ainda estava rindo da manchete daquele jornal...

 

“Líderes dos Anfíbios”

 

Realmente o George tem jeito para jornalista de revista de fofoca.

Com a aula já tendo acabado, eu me surpreendi de ter apenas levado encaradas leves no refeitório e nas aulas... A Jéssica não pareceu se importar em demonstrar sua raiva para mim, mas as demais líderes sim. A maioria delas me fuzilava com o olhar quando eu passava por perto, mas a cobra mãe parecia fazer de tudo para demonstrar indiferença.

Só ele...

Não me prendi com os olhos nele porque estava cercado por olhares próximos de fúria para mim, já que vive perto dos outros jogadores de futebol que também sempre estão próximos daquelas vacas de uniforme.

Toda vez que olhei, ele conversava com os amigos...

E meu coração traiçoeiro se despedaçou em terminar um dia sem ganhar AQUELE olhar e AQUELE sorriso.

Ah, se controle, Jill...

Ele não é para você e nunca será.

Enquanto eu caminhava para fora da escola, vagando em pensamentos, sinto meu braço sendo puxado e dou de cara com três sorrisos animados.

-- Jill, hoje tem a festa no lago! – Claire sorriu.

-- A primeira do semestre! – Sherry concordou.

-- Não podemos perder! – Rebecca saltitou onde estava.

-- Festa?

Essa informação é nova para mim...

-- Sim, geralmente os gatinhos do terceiro ano fazem essas festinhas e não podemos perder de jeito nenhum! – Becca sorriu.

-- Não sei, meninas...

-- Ah, ande, temos que comemorar nossa vitória contra as líderes dos anfíbios!

Nós quatro rimos e eu ainda não tinha certeza...

Não posso deixar minha mãe sozinha durante a noite, ela ainda está doente e se eu não estiver perto para ajudar se ela precisar... Nem quero pensar no que pode acontecer, mas não quero dizer isso para elas.

-- Eu não sei, verei com a minha mãe...

-- Ah, deixe disso... Vá pelo menos um pouquinho para ver como é bacana, a galera manda bem! – Claire disse animada.

-- Tudo bem, vou ver se posso!

-- Te esperamos lá! Mando o endereço para o seu celular!

-- Certo, até...

-- Tchau, Jill!!!

Elas saíram e cada uma foi para o seu lado me deixando livre ao voltar em meus pensamentos sem levantar a cabeça para não ter o risco de dar de cara com ele.

Ah, Chris...

Chris Redfield...

Por que Chris Redfield é tão lindo?

Por que Chris Redfield é tão charmoso?

Por que Chris Redfield tem que ser jogador do time de futebol?

Por que Chris Redfield não pode ser um garoto normal e anônimo aqui na escola?

Por que Chris Redfield faz meu coração dar piruetas no peito?

Por que Chris Redfield não sai da minha cabeça?

Por que não paro de pensar no nome “Chris Redfield”?

Até o nome dele soa bem!

O garoto deve ser um feiticeiro, só pode!

Ninguém é tão irresistível assim, ai Senhor, me ajuda, por favor...

Tira esse garoto da minha cabeça... Por favor.

Coloco meus fones de ouvido e sigo caminhando para casa ainda sem desgrudar da minha mente o nome “Chris Redfield”.

 

...

 

Ao chegar em casa, já sinto o cheiro bom das delícias da minha mãe e vou até a cozinha abraçá-la e recebo um sorriso.

-- Oi, mãe... Como você está?

-- Bem, querida... Como foi na escola?

-- Muito bem, estou me dando bem com os professores!

-- Ótimo, mas isso não me surpreende.

Ela sorriu e me sentei ao lado pensando em tudo que já tinha acontecido naquele lugar que eu não contei para ela.

O médico deixou claro de que ela não deve ter preocupação desnecessária e do jeito que ela é exagerada, é melhor eu evitar isso a todo custo... Se soubesse que tem uma garota obcecada de atrás de mim e um garoto do lado negro da força me encarando estranho quando passo, ela ia enfartar.

-- O que foi, querida?

Quando pergunta, me lembro da festa e pergunto a mim mesma se eu devia ou não me preocupar em ir.

-- Como está se sentindo?

-- Muito bem!

-- E o médico?

-- Minha primeira consulta é na segunda-feira!

-- Legal...

-- Coma alguma coisa, querida.

Eu peguei um bolinho e comecei a comê-lo ainda pensando se devia contar... Ela não diria para eu deixar de ir, pelo contrário, gosta que eu socialize com amigos porque não sou muito de sair, mas algo me diz que não é uma boa ideia ir para essa festa.

-- Você está mesmo bem, mãe?

-- Estou, querida... O que está ocupando essa cabecinha, hein?

-- Hoje a noite o pessoal fará uma festa...

-- Legal, você vai?

-- Não queria te deixar sozinha...

-- Já disse para não se preocupar! Sabe que já fiz amizade com a vizinha e se você se sente melhor, a convido para vir para cá essa noite enquanto você está fora...

-- Isso, eu quero!

-- Ótimo... Então vá fazer as tarefas e coloque um sorriso no rosto para me trazer um genro gentil e educado e não um desses moleques irresponsáveis!

-- Mãe! – Eu ri.

-- O que foi? – Ela sorriu – Ah, não se faça de boba, você é linda e sei que logo algum garoto vai laçar seu coração, mas fique esperta, querida... Esses garotos da sua idade são um perigo!

Eu saí dali rindo do jeito dela e suspirando sem ela nem saber que alguém já tinha laçado meu coração e eu me punia por isso.

Minha mãe engravidou no colegial, é normal que queira cuidar que não aconteça o mesmo comigo, mas é diferente... Na época dela, as coisas eram mais precárias e hoje em dia as informações são mais atualizadas e melhor repassadas. E do jeito que sou, acho que eu morreria de vergonha só em pensar conversar isso com um futuro namorado...

Em minha cabeça traiçoeira, o sorriso encantador agora nomeado como “Chris Redfield” vem na minha cabeça e sorrio automaticamente sem nem me ligar sobre a associação da imaginação.

Credo, Jill... Para com isso!

Sacudo a cabeça e vou ao meu quarto fazer os deveres imensos que os professores tinham nos passado sem nenhuma piedade.

Já tendo recebido a mensagem da Claire, fiquei feliz em saber que o lago não era longe da minha casa.

Depois do meu banho, fui ao guarda-roupas completamente sem saber o que usar... Eu queria ficar diferente de como fico na escola, mas também não queria exagerar em nada.

Será que um vestido cairia bem?

Puxo um simples, preto e florido de alcinhas, nada curto, bem comportado e me olho no espelho... Não sei.

Vou ao celular e mando mensagem para Claire...

 

“Com que roupa você vai?”

(Jill)

 

“Você vai mesmo???”

(Claire)

 

“Sim J ”

(Jill)

 

“Legaaaaaaaallll \o/ \o/ \o/ ”

(Claire)

 

“Pois é, mas não sei o que vestir! Um vestido é muito exagerado?”

(Jill)

 

“Não, é perfeito! Vou com um também, meu modelito favorito e proibido na escola :-P ”

(Claire)

 

“Legal, então está decidido! Até depoooiiss <3 ”

(Jill)

“Estará perfeita para abalar corações! Até <3 ”

(Claire)

 

Eu ri do jeito dela e larguei o celular do lado vestindo o vestido, calçando uma sapatilha e penteando meus cabelos soltos que resolveram ficar de bem comigo ao adotar um perfil de completamente liso e macio.

Me maquio suavemente, nada exagerado e me olho no espelho...

Está muito bom.

Mas meus pensamentos me levam a pensar em como ele reagiria ao me ver e o que pensaria quando visse... Será que devo ir mais discreta?

Com a porta se abrindo, minha mãe sorri ao me ver e se aproxima.

-- Você está linda, querida!

-- Não acha que estou exagerada?

-- Nem um pouco... Está maravilhosa!

-- Obrigada...

-- Você vai sozinha?

-- Sim, não é longe...

-- Ah, querida, me preocupo em você caminhar sozinha à noite.

-- Vou ficar bem e nem escureceu ainda!

-- Mas e na volta?

-- Verei se consigo carona... Minha amiga tem um irmão, talvez eu fale com ele ou sei lá, com outra pessoa!

Claire tem um irmão ainda desconhecido para mim, mas sei que tem um carro... Talvez se eu falar com ele, possa me dar uma carona na volta, mesmo eu achando que não seja necessário.

-- Tudo bem... Se divirta!

-- Pode deixar!

Eu a abraço e peço meu celular enfiando em uma bolsa pequena e saio mais contente do que deveria estar.

Ele estará lá, tenho certeza...

Lembro que a Claire comentou que o irmão dela era do time de futebol, então devem ser amigos! Ele deve conhecer o Chris... Ser amigo dele.

Talvez não seja uma boa ideia pedir carona...

Bom, sei lá... Vejo depois.

Caminho pela rua distraída, mas sorrindo como uma boba sabendo que o veria lá e poderia olhar e olhar e olhar mais um pouquinho sem ele notar.

Não devia existir tamanha beleza!

Lindo!

Um príncipe encantado!

Mesmo meio safado, ainda é gentil... E lindo demais.

Afinal, que sorriso é aquele?

Ah, deixe disso, Jill...

Respirei fundo e continuei a caminhar recebendo a mensagem de que a Claire já estava a caminho de lá.

 

...

 

Chegando no lago, eu já ouvia a música e a barulheira do pessoal.

Respirei fundo antes de aparecer entre as árvores e vi que parecia que toda a escola estava lá, cada um com um carro se achando mais do que o outro e um som alto tocando em uma camionete grande e cara no fundo da paisagem.

Eles tinham latinhas de cerveja na mão e pareciam alegres em aproveitar por ali.

Com a vontade imensa de sair correndo por me sentir completamente deslocada, vejo alguém abanar para mim e fico feliz em ver a Claire com a Sherry perto do lago, encostadas em uma árvore.

Vou até lá sem olhar para lugar nenhum ou eu acabaria escorregando e caindo de bunda no chão pelo meu nervosismo.

-- Jill, você está linda!

Elas me abraçam e sorrio sem jeito com o olhar da Sherry em mim.

-- Eu disse que ficaria bom! – Claire sorriu – Está linda mesmo!

-- Obrigada...

Eu sorrio sem jeito e ainda não tenho coragem de olhar para os lados e sei lá, talvez vê-lo rindo da minha aparência ou... Bom, eu não sei.

-- O que achou da festa?

-- Parece que vai agitar...

-- E vai mesmo! – Claire sorriu.

-- As líderes dos anfíbios parecem não ter outra roupa, hein...

Com a Sherry apontando discretamente, olho para o grupinho delas onde cada uma tinha uma latinha de cerveja na mão e reviro os olhos ao reparar que estavam usando o uniforme curto de líder de torcida.

-- Se usassem uma roupa normal, cobririam o que querem mostrar!

Elas riram comigo e me ofereceram um refrigerante em lata que abri e tomei um pouco, agora olhando mais confiante para o lugar.

Mesmo com minha cabeça dizendo que não, meus olhos o procuravam nas pessoas ao redor e quando olhei para camionete grande e de um vermelho vivo de onde vinha o som, vi ele sentado na parte de trás com os garotos do time que não usavam as jaquetas casuais.

Ele olhava para mim...

Tinha um sorriso no rosto que o deixava mais lindo.

Usava uma camisa preta e um jeans preto que ajudava a destacar ainda mais seus olhos extremamente e apaixonantemente verdes e brilhante.

Isso não é real...

Ele só pode ter roubado esse corpo de um anjo que caiu na Terra...

E mesmo com meus pensamentos me jogando tijolos para desviar dele, eu não conseguia, ele me hipnotizava de um jeito que me deixava tonta e vulnerável.

Até que um garoto o empurra o fazendo desviar e dar um tapa em sua nuca, me deixando ver que era o garoto de cabelos lisos em que caí no colo no vestiário masculino depois que fiquei trancada.

Com os risos dele e uma rápida indicação para o nosso lado, o Chris volta a me olhar com aquele sorriso enorme e cheio de charme que me faz desviar agora e ficar sem saber como me mexer direito já que eu sabia que olhava para mim.

Mas dou de cara com a Claire e a Sherry me olhando desconfiadas e sinto meu rosto ficar vermelho.

-- O que foi? – Perguntei.

-- Nós que perguntamos...

-- Eu estava olhando o lugar e as pessoas... Quase todos estão aqui.

Tento desviar o olhar, mas vejo que elas trocam sorrisos e tento fingir que nada aconteceu ao olhar para todos, menos para galera da camionete.

Jill: Camionete = PROIBIDA!!!

-- E a Becca?

-- Ah, ela não vem... A mãe dela a segurou em casa para um jantar de família!

-- Puxa, que pena...

-- Pois é, ela ficou frustrada por não poder ver o Billy.

-- Quem é esse?

-- Aquele com tatuagem no braço, ali no grupinho afastado com um violão, olha...

Eu virei e vi um grupinho bem afastado dos demais com um rapaz ao centro tocando violão com uma grande tatuagem no braço.

-- Ele é do teatro, não é?

-- Sim, todos eles são, inclusive eu... – Claire riu – Becca me obrigou a entrar por causa do Billy, mas até que é divertido.

-- Legal...

Desviei e olhei direto para o lago tentando focar para eles e para as meninas que olhavam tudo e puxavam mais assuntos alheios ou me mostravam alguém novo da escola... Então bufaram alto.

-- Parece que nem a turminha obscura quis ficar de fora!

Claire indicou alguma direção e vi o Albert com seu grupinho sentados no capô de um carro tomando cerveja sem parada... Nada do Carlos.

Viu só, ele não é como o irmão!

Nem sequer se mistura!

-- Jake não está lá... – Sherry disse.

-- O quê?

-- Ah, nada...

Sherry desviou sem jeito e agora fui eu com a Claire que trocamos um sorriso ao notar que ela pensou alto demais e revelou que esperava encontrar o rapaz da confusão do livro dela.

Talvez por isso que foi a que melhor tratou o Carlos, porque viu que o outro irmão não é tão ruim e deduziu que o Carlos também merecia uma chance.

Com agora ela desviando o assunto, ficamos por ali apenas no refrigerante e conversando sobre o sucesso de nosso plano de ontem e de hoje e tramando os próximos apenas por diversão.

Mas se precisasse, já tínhamos cartas na manga!

Eu realmente gostei de ter ido e não olhei mais para a camionete vermelha, tentando esquecer que ele existia e que poderia estar me olhando.

E mesmo adorando ficar mais tempo com as meninas, olhei o horário e notei que já devia estar em casa.

-- Meninas, tenho que ir...

-- Ainda é cedo, Jill, fica mais um pouquinho!

-- Não posso, minha mãe ficou sozinha em casa...

-- Vai caminhando?

-- Sim, minha casa não é longe...

-- Pode ser perigoso!

-- Vou ter cuidado, eu prometo.

Eu as abracei com carinho e elas sorriram para mim sabendo que agora nos veríamos apenas na segunda-feira.

-- Até segunda!

-- Até e se cuide, qualquer coisa ligue para nós!

-- Tudo bem!

Eu saí com meus olhos se rendendo a tentação e o procurando sutilmente, mas ele não estava mais na camionete.

Meus pés andaram mais devagar procurando por ele e meu coração se apertou ao imaginar que poderia estar com alguma garota por aí... Não.

Abaixo o olhar agora triste em saber que seria o mais óbvio e me afasto das pessoas voltando ao caminho de onde vim.

Será que está com alguém?

Sinto meus olhos ficarem marejados e respiro fundo.

Deixe disso!

Ele NÃO é para você, entenda!

Suspiro ao ter certeza daquilo e continuo o caminho já vendo a rua entre as árvores, mas ao sentir um puxão brusco no meu braço alguém me imprensa na árvore mais próxima e me assusto em ver quem era.

-- E aí, gatinha... Para onde pensa que vai?

-- Me solta!

Albert me olhava com um interesse nojento e os amiguinhos dele riam parecendo extremamente bêbados ainda com garrafas na mão e eu sentia o bafo de algo mais forte quando Albert voltou a falar.

-- Não vai já não... Eu estava olhando para você o tempo todo, sabia?

-- ME SOLTA, ALBERT!

Eu tentei sair, mas ele era mais alto e bem mais forte do que eu, me deixando presa entre a árvore e ele que se aproximou de mim e desviei o rosto.

-- Por que a pressa de ir... Tem que se divertir de vez em quando.

Ele desviou a mão do meu braço vindo até minha barriga e tento sair de novo, mas escuto ele e os demais rirem bêbados mal se aguentando em pé.

-- Sei de uma diversão que tenho certeza de que vai adorar, meu bem...

-- ME SOLTA, ME SOLT...

Com a mão dele tampando minha boca me impedindo de gritar, ele me arrasta para fora do caminho limpo de saída e me puxa mais para entre as árvores e meu desespero ao ver que estávamos longe dos demais e eu não tinha como me soltar dele fez meus olhos ficarem marejados sem saber o que fazer.

Por favor... Alguém me ajude.