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História Highway Of Fallen Kings - Foulness


Escrita por: fuckCollins

Notas do Autor


Domingou guys 'u'
Caramba eu demorei bastante, mas como eu disse antes: Não estou para desistir da fanfic enquanto tiver o apoio de vocês. Então mesmo que eu acabe demorando, acreditem que eu vou estar escrevendo e em um dia qualquer, como hoje, estarei postando. s2

Capítulo 20 - Foulness


O som de um gemido engasgado ecoou ao redor deles assim que Castiel agarrou o rapaz pelos ombros e o ajudou a sair do seu carro, felizmente eles haviam conseguido estancar o sangue que antes vazava intensamente através do ferimento à bala na perna de Tyler, e embora a bala de prata alojada em sua perna devesse causar um suposto incomodo que deveria deixar o rapaz inquieto, o mesmo apenas permaneceu a maior parte da viagem em silêncio, como se o choque da notícia houvesse se dissipado e agora ele finalmente estivesse compreendendo o que de fato estava acontecendo.

Durante a breve viagem Castiel havia explicado o que tinha acontecido com Jenna, falado sobre como eles tinham a encontrado e suas suspeitas. Era uma afirmação óbvia sobre Tyler já saber que ambos eram caçadores, mesmo que o homem de sobretudo houvesse preferido não especificar que Meg era apenas uma aspirante e ainda estava aprendendo o que era conviver ao redor do sobrenatural, mas ele acreditou ser uma informação desnecessária, não lhes traria vantagem, e mesmo que o jovem não houvesse arrancado o coração de Jenna fora não era seguro expor suas fraquezas daquela maneira.

Então o caçador apenas contou o que Tyler precisava ouvir, e depois disso o silêncio se estendeu até que Castiel estacionasse em frente à única casa a vista depois de alguns quilômetros de distância da cidade. O lugar de fato só possuía árvores e verde por todo o lado e Castiel não confiava nas intenções do jovem lobo os trazendo para um lugar inabitado, porém o caçador havia prometido leva-lo para sua casa em troca da ajuda do garoto para localizar quem havia matado Jenna.

Mas Tyler parecia ter se esquecido do detalhe de que ele vivia em uma alcateia.

─ Ok. Vamos lá pessoal, vamos manter a calma. ─ Tyler olhou seus três irmãos mais velhos com apreensão ao mesmo tempo em que Castiel e Meg tinham suas armas apontadas em direção a eles. ─ Sério, não tem necessidade disso. Eles me ajudaram.

─ Te ajudaram te deixando aleijado, irmãozinho? ─ O rapaz presente no meio do trio rosnou, ele era maior que os outros dois, embora a diferença de estatura fosse pequena entre eles. De certo todos estavam um pouco mais alto que Castiel, mas mesmo assim o caçador não parecia intimidado com a presença destes, e mesmo Meg parecia firme o suficiente para não demonstrar algum resquício de medo.

─ Chama-se legitima defesa. ─ O homem de sobretudo retrucou, arrancando um par de risadas.

─ Caçadores atiram para matar, não importa qual seja o negócio. ─ Um deles retrucou, recebendo o aceno dos seus companheiros. ─ Vocês não são bem vindos, nunca serão.

─ Claro. Porque eu tropecei e acidentalmente errei o tiro na cabeça do seu irmão mais novo. ─ Castiel esticou um sorriso sarcástico em seus lábios, recebendo a abrupta atenção de todos, inclusive de Meg que não se lembrava de tê-lo visto usando essa faceta de sarcasmo antes. ─ Talvez um de vocês mereça a bala no lugar dele então. Estou certo? ─ O caçador desafiou, arrancando alguns rosnados até que a voz estridente de Tyler, que se encontrava em pé graças ao apoio da lataria do carro, ecoou entre eles com irritação.

─ Chega! ─ O jovem lobisomem respirou fundo parecendo recuperar o fôlego e fez uma careta dolorida em seguida ao sentir a pontada em sua perna reclamar diante da posição em pé, ou quase isso, em que se encontrava. ─ Eu ataquei, ele se defendeu, mas foi apenas um mal entendido. Estamos em um tipo de aliança e os caçadores aqui vão me ajudar a me vingar, ok? Não é da conta de vocês, apenas nos deixem em paz.

─ O que está acontecendo aqui? ─ Uma voz feminina, e que não era de Meg que permanecia apontando sua arma firmemente contra o trio, soou atrás de ambos. A atenção de todos imediatamente foi deslocada para a mulher parada a poucos metros do carro de Castiel e ela parecia desconfiada enquanto seu olhar avaliava cada um deles, porém ela fungou antes de deixar qualquer um responder. ─ Quem trouxe caçadores aqui?

─ Mãe... ─ Tyler começou, arfando dolorido ao tentar se virar. ─ Jenna está morta. ─ Havia um tom magoado em sua voz, mas não se sabia dizer se era pela ferida em sua perna ou sobre a garota, talvez fosse por ambos.

A mulher apenas franziu seu nariz e acenou, não parecendo muito comovida.

─ Sinto muito, Tyler. Mas humanos são frágeis. ─ Ela retrucou, assistindo o homem de sobretudo desviar a arma em sua direção ao vê-la se aproximar, fazendo-a sorrir presunçosa diante da atitude do caçador. ─ Acha que vai mesmo conseguir matar um de nós com tamanha desvantagem? ─ O questionou, abrindo levemente os abraços como se deixasse ainda mais evidente a maioria de lobisomens ao redor dele e de Meg, parecendo reforçar que eles perderiam facilmente diante dos números.

─ Vocês são apenas um grupo pequeno, talvez me façam suar um pouco. ─ Castiel havia se erguido até então, colocando-se em uma postura mais ereta de maneira que ele realmente pareceu mais ameaçador e orgulhoso diante do desafio e ele pode ver a loira ao seu lado trocar o peso do seu corpo para o outro pé em sinal de desconforto. Apesar dele não temer o grupo a sua frente, o caçador sabia que por causa de Meg ele teria uma desvantagem. Não era igual ele caçando sozinho, geralmente não havia preocupação sobre outra pessoa ferida além dele, talvez por isso ele logo emendou seu argumento. ─ Mas não estamos aqui para lutar. ─ O cano da sua arma caiu quando ele deixou a mesma deslizar por sua mão, apontando contra o chão em um gesto pacífico.

O grupo de lobisomens se entreolhou, porém foi Tyler que se pronunciou.

─ Ele está procurando quem matou Jenna e eu quero ajudar, eu preciso. ─ O jovem parecia irritado, embora o tom embargado em sua voz somente demonstrasse mágoa. ─ Eles acham que foi um de nossa espécie, ela teve o coração arrancado e ele está certo, alguém fez.

─ Não há outros lobisomens na área além de nós, Ty. ─ Um dos irmãos contrariou, apertando os punhos diante da acusação. ─ E não foi um de nós apesar de não gostarmos da sua relação com a humana. Ela é apenas um pedaço de carne e você deveria saber que em algum momento...

─ Calado, Thomas. ─ A mulher, mãe deles, exigiu e o silêncio que predominou foi um claro sinal de respeito no grupo. Castiel apenas observou curioso, já tendo em mente que estava lidando com a líder da alcateia. ─ Não sabemos de outro lobisomem na nossa região, minha alcateia participa do acordo entre originais e os caçadores, nós não matamos ninguém e cada um fica na sua, então não foi um dos nossos e eu posso garantir que se fosse nós lidaríamos com o problema, caçador.

─ Ainda assim temos uma garota morta. ─ Meg se pronunciou pela primeira vez, atraindo a atenção de todos e principalmente de Castiel que a encarou quase curioso com o quão firme ela soou, e ele acenou em aprovação. ─ Se não foram vocês essa é sua chance de provar.

─ Ninguém precisa se ferir mais. ─ O homem de sobretudo apontou para Tyler antes de erguer seu olhar novamente para encarar a líder que mantinha um semblante quase impassível em seu rosto, embora ele pudesse a perceber vacilar quando encontrou o olhar dele. ─ Ninguém a não ser o culpado.

O grupo ficou em silêncio por um momento, embora a tensão estivesse longe de desaparecer e Meg pudesse sentir suas mãos suadas em contato com a arma. Ela havia cedido como o homem de sobretudo fizera, embora ainda segurasse sua arma com firmeza o suficiente para demonstrar estar atenta e desconfiada, um pouco diferente de Castiel que parecia exalar apenas tranquilidade, tanta frieza que era impossível distinguir se ele estava confiando ou não na ameaça que os cercava. A dançarina buscou o rosto dele em seguida, o vinco presente entre a testa franzida exibia um conjunto que formava seu semblante sério, a arma dele ainda estava em mãos e ela se perguntou se ele estava realmente assumindo uma negociação pacífica com as coisas sobrenaturais a sua frente.

Ela poderia não entender sobre o sobrenatural tão bem quanto ele, mas Meg entendia sobre confiança e ela não estava disposta a confiar em qualquer um antes e muito menos nos tempos atuais, e isso o incluía. A dançarina ainda sentia-se em duvida se o caçador merecia sua confiança, embora ela não admitisse em voz alta que inconscientemente acabasse confiando mais do que deveria nele. Meg sabia que desde que sua vida havia virado de ponta a cabeça ela foi induzida a confiar, mesmo que um sentimento a perseguisse às vezes e a alertasse sobre a grande burrada que provavelmente estava se metendo.

─ Leve Tyler para dentro, tirem a bala e o alimente, ele vai se curar. ─ A líder finalmente se pronunciou, lançando um olhar para seus filhos que apenas acenaram antes de um deles apoiar Tyler em um dos ombros, ajudando-o a o carregar para dentro da casa enquanto os outros dois seguiram atrás do jovem lobo mesmo hesitantes e olhando para trás durante sua caminhada. A movimentação toda parecia apenas uma desculpa para deixar caçadores e líder a sós, e Castiel e Meg não perderam essa intenção quando a mulher se aproximou deles o suficiente para cheirar um deles.

Meg pode assistir os ombros de Castiel rígidos, mas ele não se moveu até que a lobisomem se afastou do seu corpo ao sentir a ameaça do cano da arma do caçador pressionando contra seu abdômen após ter praticamente roçado o nariz contra o pescoço dele. A mulher apenas sorriu, parecendo gostar do gesto de desconfiança que acabou persistindo entre eles, mesmo após parecer existir uma concordância geral de tornar aquele diálogo pacífico.

─ Você cheira errado. ─ Ela indicou franzindo o nariz.

─ Ele precisa de um banho. ─ Meg retrucou atrevidamente, dando um sorrisinho divertido para Castiel quando o mesmo a encarou com uma carranca séria presente em sua face.

─ Não acho que um simples banho vai ajudar. ─ A mulher avisou, cruzando os braços e deixando os cabelos ruivos finalmente se destacarem ao caírem sobre seus ombros.

Meg e Castiel se entreolharam mais uma vez, porém Castiel logo cortou a conversa.

─ Teremos seu apoio ou não? ─ A voz do caçador ainda era grave e tão firme que a denotação de intimidação parecia ter praticamente nascido junto com ele, e de fato funcionava, embora a líder de alcateia não parecesse fácil de assustar.

─ Donna. ─ A mulher respondeu, recebendo em troca apenas semblantes confusos. ─ Me chamem de Donna. ─ Ela acrescentou em seguida, estendo sua mão para Castiel em um gesto que o caçador logo entendeu ser a chance que eles teriam de trégua e de um possível acordo. ─ Não me importava com a garota, Tyler gostava dela, mas ele sabia dos riscos e ele é jovem e tolo para acreditar que pode ser um lobisomem e ainda amar qualquer uma e ser feliz. Você deve saber que amor e o mundo de mortes que vivemos não combinam muito, caçador. ─ A mulher lançou um olhar insinuante entre ele e Meg, mas continuou. ─ Mas a reputação do meu grupo está em risco e eu não quero me desentender com os outros originais. ─ Donna estendeu um pouco mais a mão e dessa vez Castiel a segurou e retribuiu o aperto. ─ O ajudamos com a localização do intruso e você finaliza o problema.

─ Feito. ─ O caçador concordou, recebendo o sorriso vitorioso da mulher antes de se afastarem. Donna acenou no momento seguinte, soando como um pedido silencioso para que eles permanecessem ali antes de ela os dar as costas e seguir para dentro da cabana onde o resto do grupo de lobisomens havia regressado minutos atrás.

─ Está realmente confiando nela? ─ Meg arqueou as sobrancelhas, assistindo-o se virar para encontrar seu olhar ao perceber o tom crítico em sua voz.

─ Não. ─ Castiel rebateu olhando com certa admiração os olhos quase negros da dançarina a sua frente diante da escuridão do local. Meg quase acreditou que ele não diria mais nada, porém o silêncio do caçador permaneceu até somente ele desviar o olhar do seu rosto. ─ Mas nem tudo é preto e branco, todos nós estamos mais para cinza. Eles têm uma chance.

 

Esfregando sua mão contra a outra ele as limpou como se tentasse fazer aquela sensação de morte manchando seus dedos sumir, embora ele precisasse admitir que já houvesse se tornando uma sensação familiar e que não estava preocupado com as possíveis consequências disso, afinal, não existia ninguém capaz de puni-lo. Não importava a força que fizesse no esfregar de mãos sob a água corrente, a sensação não iria sumir e ele já tinha tentado outras vezes, a pequena risada que escapou profundamente por seus lábios se assemelhou assustadoramente a um breve resquício de insanidade e desgosto.

─ Foda-se. ─ Resmungou desistindo, certificando-se que o sangue em mãos havia sido completamente lavado antes de deixar as palmas de suas mãos apanharem água suficiente para ele jogar por seu rosto, umedecendo os cabelos castanhos que caíram facilmente por sua testa.

Não importava o quanto ele houvesse gostado de Jenna, no fim ela tinha se tornado apenas mais uma peça de seu tabuleiro de jogos, era nisso que os humanos se resumiam no fim de tudo: Apenas peças; peças frágeis e descartáveis.

Gabriel ergueu o olhar para assistir sua própria imagem no espelho, apertando suas sobrancelhas como dois rostos se confundiram facilmente e ele riu novamente decidindo ser simplesmente hilária a visão de si mesmo, no que ele havia se transformado. Talvez ele realmente houvesse ficado um pouco insano durante os anos ou seu senso de humor tinha apenas evoluído o bastante para parecer como um louco durante sua convivência entre mortais.

─ Não sabia se você iria preferir biscoito canino, mas... Trouxe hambúrguer de qualquer forma. ─ O clique da porta se fechando na sala atrás dele o despertou de seus devaneios e Gabriel estendeu a mão para recuperar a toalha sobre a pia, secando-se rapidamente antes de prosseguir até a porta do banheiro.

─ O que está fazendo aqui?

─ Trazendo comida. ─ O homem retrucou em um tom óbvio que implicitamente parecia julgar Gabriel como estúpido assim que o mesmo ergueu uma das sacolas em suas mãos, puxando uma das cadeiras e sentando-se em seguida a mesa como se conhecesse aquele lugar e estivesse familiarizado com o mesmo.

─ Não fazia parte do acordo. ─ Gabriel sorriu mais divertido do que irritado com a presença do homem a sua frente. Era engraçado assistir a ilusão que o poder trazia; quando aqueles que acreditavam ser poderosos simplesmente poderiam se descuidar tanto apenas por acreditarem serem invencíveis.

Todo aquele caso estava o divertindo de uma maneira que ele não se lembrava de ter se divertido depois de tantos anos, e mesmo com o casal que acreditava ser simples caçadores o rodeando, Gabriel não hesitou em prosseguir, pelo contrário, a adrenalina corria em suas veias com a chance de ser descoberto e mesmo que ele fosse seu pequeno irmão não saberia sobre ele e suas verdadeiras intenções.

Provavelmente ele não sabe de porra alguma do que está acontecendo, pensou.

Era assustadoramente hilário.

─ Considere como um bônus então. ─ O homem sentado à mesa retrucou enquanto abria uma das sacolas com comida.

─ Jenna está morta.

─ Eu sei.

─ Não se importa? ─ Dessa vez Gabriel apenas encarou Hank com curiosidade. Nunca se tornava cansativo ver como os mortais eram facilmente corrompidos, principalmente nos tempos atuais. Se houvessem demônios Gabriel tinha certeza de que os mesmos estariam se divertindo e trazendo o caos facilmente, o piso de baixo provavelmente estaria lotado.

─ Não me entenda mal, eu gostava dela. Era uma garota legal e muito bonita, me ajudou muito e é até uma ironia ela está me ajudando novamente. ─ Hank estendeu um dos guardanapos sobre a mesa de forma organizada antes de colocar seu hambúrguer sobre o mesmo. ─ Ela somente teve o azar de ser a única garota de coração virgem na cidade, negócio antes de amizade, amigo. ─ Ele ergueu o olhar em seguida, finalmente encontrando o semblante relaxado de Gabriel. ─ Mas tenho que admitir que estou impressionado com seu auto controle, lobisomens não costumam se conter diante de um bom coração em mãos.

Gabriel riu. ─ Você me subestima.

─ Talvez eu realmente o fiz. ─ Hank acenou lentamente como se refletisse sobre isso, mas o olhar pensativo fugiu dos seus olhos quando o mesmo voltou a encarar sua comida. ─ Meu feitiço vai estar finalmente pronto, graças a você.

─ Eu vou fingir que estou feliz por você. ─ Gabriel jogou a toalha de mãos sobre seu ombro e caminhou mais perto sem deixar de perder contato visual. ─ Esse é seu momento de cumprir sua parte do acordo, então. ─ Ele incentivou enquanto se curvava sobre a mesa.

Por um momento Hank pode ter o vislumbre dos olhos claros de Gabriel faiscando em direção aos seus como se o ameaçasse ou simplesmente parecesse muito ansioso por aquela informação.

─ Por que está tão interessado nela? ─ Hank questionou curioso.

─ Eu não me intrometo em seu negócio e você não se intromete no meu. ─ O sorriso presente nos lábios do lobisomem era uma sombra de bom humor, embora o tom impaciente soasse como um aviso para que não houvesse mais perguntas. Hank não desviou seu olhar, como se estivesse o desafiando de igual para igual, embora o sorriso que ele acabou esboçando entregasse que ele se sentia superior diante do lobo a sua frente. ─ Me fale sobre a ruiva.

─ Rowena? ─ Hank balançou a cabeça dando um sorrisinho enquanto voltava a encarar seu lanche, dessa vez afastando o pão do recheio como se de fato estivesse disposto a começar a comer. ─ É apenas uma bruxa renegada e manipuladora.  Uma vadia com letras maiúsculas e garrafais, mas não tenho notícias desde... Aquilo. Ouvi rumores depois disso, mas nada definitivo; nada valioso.

─ Onde? ─ Gabriel insistiu impaciente.

Hank enrugou sua testa como se pensasse se deveria responder.

─ Com o filho.  

 

O sol já estava nascendo quando Castiel cruzou a porta da lanchonete vinte quatro horas, ele caminhou a passos tranquilos, embora firmes de volta ao seu carro enquanto carregava duas sacolas do que seria um emendo do jantar e desjejum dele e de Meg. Depois de tantas horas sem se alimentar não era uma surpresa seu estômago roncar pelo simples pensamento de finalmente ter algo para comer, mesmo que não fosse nada saudável ou recomendado, mas era hambúrguer e ele poderia apreciar a carne como se fosse a melhor comida já criada por toda a humanidade, e para ele de fato era.

O caçador largou as sacolas no banco vazio ao seu lado e franziu levemente a testa após se arrumar melhor no assento do veículo. Tudo que ele e Meg haviam conseguido levava a um único suspeito e era ótimo ter algo definitivo para seguir em frente, isso graças à pequena matilha de lobisomens e o relato de um dos irmãos mais velhos sobre o que havia visto no dia anterior da morte de Jenna.

Lobisomens reconheciam uns aos outros, Castiel sabia, mas talvez Meg e o sentimento dentro dele estivessem certos em desconfiar de algo, ele era um caçador no final das contas, nunca deveria confiar em criaturas com toda a certeza. E ele não estava confiando, mas aquela sensação continuava o perseguindo como se existisse algo que ele não houvesse percebido.

Thomas, um dos irmãos mais velhos de Tyler, havia lhes dito que no dia anterior da morte de Jenna ele havia visto alguém desconhecido em um dos bares que costumava frequentar. O cheiro não era de alguém que ele se lembrava, mas era de fato um lobisomem e ele garantiu isso cheio de convicção ao exibir que seu olfato não se enganava. Porém Thomas não viu o rosto do espécime novo, alegando que o cara estava saindo pelos fundos do bar assim que ele entrou no lugar e a única coisa que ele se recordava era do cheiro do outro lobo, onde o mesmo garantiu que poderia reconhecer sem dificuldade se visitassem o local da morte de Jenna.

Talvez o olfato apurado e o cheiro do outro lobisomem pudessem ter deixado uma trilha, visível apenas para lobos, e Thomas garantiu que os ligaria de volta após prosseguir com Tyler ao seu lado para fora do estacionamento do motel em perseguição ao seu suspeito.

Castiel se incomodou inicialmente por deixá-los fazer seu trabalho, mas ele e Meg precisavam de uma pausa para descanso e comida, e mesmo que sua mente se negasse a parar seu corpo o obrigou ao menos buscar algo para se alimentarem.

Balançando a cabeça levemente o caçador tentou afastar os pensamentos ao guiar seu carro para fora do pequeno estacionamento. Meg deveria estar tão faminta quanto ele, e provavelmente um pouco mais mau humorada sobre sua demora em buscar o café da manhã.

 

Era de fato uma grande mudança.

Seus dedos percorreram por seus fios úmidos, sentindo a textura do seu cabelo molhado após a tinta parecer ter sido fixada o suficiente entre mechas e seu couro cabeludo. Meg ergueu o olhar, ignorando por um momento a toalha de rosto suja de tinta escura enquanto admirava o novo visual em frente ao espelho. Apesar de que aquela mudança houvesse sido indiretamente forçada, agora a dançarina estava silenciosamente aprovando o que estava vendo.

Seus olhos de chocolate eram agora realçados com o tom castanho escuro de seu cabelo e foi uma combinação mortal e ao mesmo tempo sensual, ela finalmente admitiu ao decidir que tinha gostado do resultado.

Escuridão combina com você.

A voz quase parecia ter ecoado ao redor dela, mas estava apenas dentro de sua cabeça como uma segunda consciência que estava presente como um tormento, embora não fosse um incomodo; não um incomodo do tamanho daquele que ela tinha sentido na loja de conveniência do posto de gasolina. Nem chegava perto, agora era mais como sua própria mente pensando junto a si e ela felizmente conseguia se livrar facilmente daquilo quando quisesse, bastava se concentrar em qualquer outra coisa.

Provavelmente era estresse, ela tinha lido um monte de coisas na internet uma vez na sua antiga vida que relatavam estresse pós-traumático e uma série de porcarias de coisas que envolviam traumas e relatos de pessoas que se escondiam em si mesmas em busca de aliviar a dor de ter perdido o controle de suas vidas. Meg não fazia parte dessa estatística simplesmente porque ela não queria, não combinava com ela e se esse era o novo mundo que tinha que viver a dançarina iria se acostumar; iria ser mandante de suas ações. Nenhum caçador, fantasma ou monstro iria lhe passar a perna e dizer o que ela deveria fazer, ela podia facilmente mandar um grande dedo do meio para eles se tentassem a controlar e se para isso fosse necessário ser uma nova pessoa, ela seria.

Começando com seu novo e brilhante cabelo.

Sua antiga vida e sua luta por sobreviver mais um dia graças a sua dança poderia ter sido arruinado, mas a única coisa que havia mudado era que a dança não estava mais como seu foco principal. Ela ainda tinha que sobreviver, só não tinha certeza do por que. A agora morena também não sabia qual era o real interesse de Castiel nisso, era apenas o trabalho dele? Ele era tão profissional assim que se recusava a largar um caso até que estivesse resolvido? De fato ele parecia ser desse tipo e provavelmente ele também era estúpido o suficiente para sacrificar a si mesmo no processo.

Seu estômago roncou em protesto como se para obrigá-la a parar de discutir dentro da sua mente, puxando sua total atenção para a fome que sentia e para a demora de Castiel. Ao menos ele havia dado privacidade o suficiente para que ela se demorasse longos minutos em um banho quente após todo o processo de pintar seu cabelo.

Meg suspirou e se encolheu quando seu estômago reclamou novamente, porém dessa vez a porta se abriu como se o caçador houvesse ouvido seus apelos esfomeados. Não importava o que ele houvesse trazido, o cheiro era delicioso apesar dela sentir o odor de fritura e grandes porções de carboidratos que estavam prestes a arruinar sua dieta de dançarina profissional.

Mas de qualquer maneira ela já não era mais uma dançarina.

─ Meg? ─ A voz grave do caçador alcançou de forma abafada o banheiro e ela olhou-se no espelho mais uma vez como se para conferir a si mesma antes de sair do cômodo. ─ Trouxe hambúrgueres. Antes que reclame, sim, eu sei que você tem que manter uma boa alimentação por causa da dança, mas...

─ O quê? ─ A dançarina arqueou uma de suas sobrancelhas após sair do banheiro, observando os olhos azuis de Castiel parcialmente arregalados enquanto a encaravam com tanta atenção como se pudessem enxergar através dela. Se ele não tivesse deixado as sacolas sobre a mesa antes provavelmente teria as deixado cair agora.

─ Seu cabelo. ─ Ele pontuou surpreso, apertando seus lábios após o semblante assustado finalmente ter sumido da sua face. Ao invés disso ele agora franziu sua testa suavemente, ainda a olhando com tanta atenção como se tentasse decifrar algo complicado entre os fios escuros e úmidos. O cabelo dela destacava os olhos praticamente negros vistos diante da pouca luz presente no quarto e só agora ele tinha percebido que as cortinas permaneciam bloqueando o dia que se iniciava do lado de fora.

─ Gostou? ─ Ela retrucou sem conter um pequeno sorriso orgulhoso.

─ S-sim. Sim, muito. ─ O caçador gaguejou, praguejando silenciosamente por demonstrar estar tão afetado com o novo visual da dançarina. Ele gostava da antiga aparência loira, porém ele de fato havia sido balançado diante da visão do conjunto negro de cabelos e olhar. Sua boca parecia ainda mais viva agora, avermelhada e atraente e ele precisou fazer um pouco de esforço para não ser pego olhando os lábios dela por mais tempo que o necessário. ─ Você está muito bonita. ─ Castiel não soube de onde havia tirado sua voz ou aquele elogio, mas ele teve consciência que a mesma era tão baixa e quebrada que entregava que ele estava mais admirado do que o normal com a presença dela.

─ Obrigada, menino bonito. Você é sempre tão doce e cavalheiro, não é? ─ Meg caminhou mais perto do caçador, cercando-o contra a mesa atrás dele enquanto o assistia parecer ficar um pouco mais tenso com a recente proximidade. ─ Me pergunto quando você vai me mostrar seu lado cavalo e irá me deixar montar em você até que não haja mais força em nós. ─ O tom malicioso entregou um pouco do comentário lascivo da dançarina, embora Castiel ainda estivesse tentando fazer a conexão entre cavalos, montaria e eles, não havendo sucesso algum em troca. ─ Você não é bom de conversa, certo? ─ Ela confirmou após ver o vinco de dúvida presente entre as sobrancelhas franzidas dele.

─ Sam e Dean já citaram algumas vezes minha falta de habilidade com interações sociais. ─ Castiel retrucou sem tirar seus olhos dos dela, algumas vezes seu olhar parecia querer fugir e encarar a boca de Meg, mas ele se conteve ao pensar que poderia parecer inadequado. A dançarina apenas arqueou uma das sobrancelhas em troca e ele acenou. ─ Não sou bom com essas coisas.

─ Flertar ou mulheres? ─ Ela indagou sorrindo aquele sorriso maldoso que lhe causava um arrepio estranho na nuca.

Castiel hesitou e desviou o olhar. ─ Ambos?

─ Sério? ─ Meg inclinou seu corpo menor sobre o dele, consciente da diferença grande de tamanhos quando precisava erguer seu queixo para permanecer o encarando face a face, ela quase poderia ter jurado ter o visto engolir a própria bile com o movimento dela pairando junto dele. ─ Eu pude jurar que era o contrário quando nos beijamos antes da boate... ─ Sua boca roçou a linha da mandíbula de Castiel e seu tom de voz diminuiu várias notas, transformando-se em um sussurro lento e sensual que fizeram ondas elétricas percorrerem suavemente pelo corpo de Castiel em forma de um calafrio. ─ E quando eu estava em seu colo ontem.

─ Não enxergo qual é a ligação entre minha falta de habilidades sociais com o sexo. ─ Ele retrucou parecendo um pouco mais confiante, embora sua voz se quebrasse com a menção da última palavra. ─ Não saber flertar não significa que não sei sobre sexo, não existe uma dependência literal e necessária, é mais... Físico.

─ Touché. ─ Meg sorriu divertida com a resposta dele e bruscamente puxou uma das sacolas atrás do caçador, afastando-se logo depois do corpo quente dele, sentindo rapidamente a falta da temperatura que emanava contra ela. ─ Então o que foi? Namorada, esposa?

─ O quê? ─ Castiel retrucou confuso, embora parecesse mais relaxado quando a dançarina o encarou de volta assim que ela se sentou no pequeno sofá e buscou seu lanche dentro da sacola.

─ Os motivos para você frequentar um clube erótico, Cas. Nenhum homem sem ter problemas de relacionamento frequenta esse tipo de lugar sozinho e ainda por cima paga uma garota para dançar em seu colo e lhe trazer felicidade. ─ Meg mordeu um pedaço do seu lanche e o caçador desviou o olhar levemente ao assisti-la sugar dois dos seus dedos sujos de molho com firmeza dentro da sua boca, seu corpo parecia extremamente disposto a corresponder àquela visão e ele estava tentando evitar isso, ele ainda lembrava-se da última ereção que ela havia deixado de presente pra si, mesmo que não fosse culpa dela a súbita interrupção que tiveram.  ─ E sinceramente você não parece o tipo que curte esse tipo de noitada, embora seu amigo Dean com certeza tenha o incentivado ─ Havia um tom debochado em sua voz com a menção do outro caçador, mas ela prosseguiu parecendo desinteressada. ─ Eu juraria que tinha alguém em sua vida se não tivesse visto sua casa e a enorme pilha de chatice dentro dela.

─ Eu não fui... ─ Castiel suspirou após a pequena pausa, reorganizando sua mente em seguida. ─ Não há ninguém. ─ Ele retrucou com mais facilidade do que Meg esperava e ela arqueou as sobrancelhas. ─ Nunca houve.

─ Nunca? ─ Meg repetiu e ele acenou simplesmente. ─ Nunca, tipo, nunca?

O caçador aparentou ficar um pouco aborrecido com a aparência surpresa e o sorriso desdenhoso presente nos lábios dela, mas ele confirmou mais uma vez mesmo com um tom impaciente agora presente em sua voz. ─ Nunca.

Meg largou seu lanche sobre as sacolas em seu colo ainda parecendo um pouco chocada com aquela informação, porém o caçador apenas sentou-se e buscou seu lanche mais perto enquanto ela ainda parecia maldosamente pensativa sobre o que tinha acabado de saber.

─ Então você é... Virgem? ─ A dançarina estava esperando uma resposta positiva depois de tudo que ele havia lhe dito, mas Castiel sacudiu sua cabeça brevemente de um lado a outro especificando uma clara negação. ─ Ok, nós estamos realmente um pouco confusos aqui, menino bonito.

─ Houve uma garota. Uma noite. ─ A resposta evasiva não a satisfez, e estava longe de satisfazer quando ela finalmente havia conseguido chegar mais fundo dentro das camadas misteriosas que se resumiam a estranha vida de Castiel, mas para seu desgosto o telefone tocou os interrompendo, soando como um gongo que vibrava sobre a mesa o salvando de suas perguntas.

─ Sim? ─ O caçador resmungou assim que atendeu ao telefone e seu semblante passou de levemente impaciente para preocupado em questões de segundos. Meg notou a diferença tanto na face quanto nos ombros tensos dele nesse momento e ela imediatamente soube que algo tinha acontecido. ─ Onde?

Mais alguns segundos de silêncio se passaram e Meg continuava mastigando seu lanche enquanto permanecia o assistindo mesmo após ele ter encerrado a chamada. Castiel arrastou sua cadeira para trás e se colocou de pé novamente como se houvesse desistido de saciar sua fome naquele momento.

─ Quem morreu? ─ Ela resmungou após engolir um pedaço do seu lanche.

─ Hank.

─ Esse não era o tal dono do motel? ─ A dançarina arqueou uma de suas sobrancelhas, assistindo-o embalar de volta seu próprio lanche antes de afastar seu sobretudo e exibir o coldre escondido dentro do tecido grosso do casaco. Castiel confirmou com um simples aceno enquanto retirava uma das armas, checando o cartucho de balas de prata na mesma antes de coloca-la de volta. ─ E como isso tudo não é pessoal?

─ Podemos perguntar a ele quando chegarmos à cena de crime.

 

Foi um golpe de sorte, Gabriel teve que admitir, ele não seria pego tão facilmente ou tão desprevenido, ainda mais por dois jovens lobisomens. Usar sangue de morto fora uma boa jogado contra ele de fato, mas ele só permaneceu amarrado naquela cadeira porque ele quis, na verdade se ele estava ali e se deixou ser preso era porque queria; queria ver o que iria acontecer e queria principalmente vê-lo.

O sangue ainda pingava por seus dedos, o quente e viscoso esfriando assim como o cadáver sentado à mesa. Um sorriso estava presente nos lábios de Gabriel enquanto ele admirava o buraco no peito de Hank; era tão grande que suas duas mãos cabiam facilmente dentro dele, não que ele já não houvesse testado para confirmar a teoria. Foi divertido.

─ Eu pensei que gostava de Jenna, que eram amigos. ─ A voz jovem chegou aos seus ouvidos, lhe resgatando dos seus pensamentos. ─ Ela gostava de você, e você a ajudou tantas vezes... Não faz sentido.

─ Jenna? ─ Os olhos de Gabriel pareceram suavizar quando os mesmos encararam Tyler, o garoto parecia magoado e a tensão em seus ombros exibia uma irritação profunda, semelhante à raiva, apesar dele estar visivelmente se contendo. ─ Oh sim. Eu gostava.

─ Então por quê? ─ O jovem devolveu.

─ Ás vezes precisamos fazer alguns sacrifícios para um bem maior, garoto. ─ Gabriel quase parecia gentil ao falar com o jovem lobo a sua frente, mas o sorriso em seus lábios era qualquer coisa menos um sinal de arrependimento. ─ Ela foi meu sacrifício, essas coisas acontecem. Já deveria ir se acostumando, afinal, aqueles que amamos sempre morrem.

Tyler rosnou irritado, mas Gabriel desviou o olhar para o outro lobo que se encontrava a vigiar a janela como se estivesse a esperar alguém.

─ Eles vão demorar? ─ Ele os questionou afinal, assistindo dessa vez os dois irmãos o encararem. ─ Os caçadores, quem mais seria?

─ Não tempo o suficiente para você apreciar seus últimos minutos de vida. ─ Tyler sussurrou.

─ Você gostava mesmo dela, uh? ─ Gabriel provocou, mas antes que o jovem pudesse retrucar a provocação, o lobo mais velho saiu de sua posição e se encaminhou até a porta do pequeno apartamento, atraindo a atenção dos outros dois na sala e principalmente de Gabriel que arqueou uma de suas sobrancelhas com a sensação abrupta que queimou em seu peito. ─ Então eles chegaram... De fato posso sentir. ─ Ele balançou levemente sua cabeça, tirando as mechas castanhas da frente dos seus olhos enquanto sentia aquela tensão dentro do seu peito crescer apenas com a sensação da presença de alguém como ele, não tão forte como ele, mas ainda alguém igual.

Gabriel sentia-se um pouco nervoso agora devido a isso. Fazia muito tempo que ele não tinha um contato tão próximo daqueles que uma vez ele abandonou a mercê do novo futuro, e era incrível como esse futuro, agora presente, estava se moldando finalmente a verdade. Uma terrível e inevitável verdade que iria destruir todos eles.

A porta finalmente se abriu no instante seguinte e Gabriel encarou o homem de sobretudo parado a mesa, não com um sorriso, não com qualquer resquício de diversão, apenas uma troca de olhares firme como se ele estivesse analisando o novo visitante da sala em buscar de reconhecer os traços que sua memória havia lhe guardado sobre o mesmo, mas aquele sentimento não estava sendo retribuído pelo caçador devido ao bloqueio proposital que Gabriel estava causando em sua essência. Ainda não era a hora de Castiel descobrir a verdade e isso ele soube assim que olhou para seu irmão.

Castiel franziu sua testa após escutar o que Thomas tinha a lhe dizer sobre o que havia ocorrido antes dele chegar ali, seus olhos avaliaram o lugar enquanto isso; primeiro o cadáver e em seguida as mãos de Gabriel como se já houvesse imaginado tudo que tinha acontecido dentro daquela pequena sala. Meg veio logo em seguida atrás do caçador e diferente dele seu olhar era menos analítico, apenas rude e quase parecendo entediado com toda aquela bagunça.

Gabriel franziu o nariz com a presença dela, era claro que ele sabia de quem ela se tratava e não era agradável vê-la com seu irmão, apesar de que ela estar junto de Castiel agora era uma consequência de seus passados. Castiel tinha um péssimo gosto para relacionamentos, não era um mistério e também não era uma novidade para o presente que os cercava.

─ Caçadores, uh? Predadores, droga de cadeia alimentar. ─ Zombou, atraindo finalmente a atenção de todos na sala e interrompendo o silêncio que havia se estabelecido brevemente. ─ Ok, eu matei Jenna, matei alguns cervos... Ou eram pessoas? Não importa, matei mais alguns antes desse coitado, foi divertido.

─ Quem é sua família? ─ Castiel simplesmente questionou, parecendo ignorar a confissão mórbida do lobisomem amarrado à cadeira.

─ Oh está falando da minha matilha? ─ Gabriel riu; realmente se perdeu em risadas por um breve minuto antes de encarar novamente Castiel. Ele sabia como funcionava o acordo entre espécies, cada família de lobisomens tinha que obedecer ao acordo que os originais haviam feito com os caçadores e homens das letras: não mate seres humanos e tudo poderia ficar em paz, sem um banho de sangue para nenhum dos lados. ─ Bem, ela está bem aqui, não é lindo?

─ É um solitário? ─ Castiel pareceu um pouco surpreso, mas logo seu semblante gélido disfarçou isso com cuidado. Era raro ver solitários de qualquer espécie nos tempos atuais, cada espécie tinha sua organização definida e era coisa das grandes, ficar sozinho era uma desvantagem, afinal, se manter em grupo era uma garantia acima de tudo de proteção dos alfas.

─ Eu sou uma raridade, não é? ─ Gabriel sorriu e seu olhar desviou-se para Meg no instante seguinte como se estivesse agora a avaliando, assistindo-a de maneira tão interessada que foi inevitável ela não perceber com facilidade a julgar como ela trocou o peso do seu corpo de pé e o desafiou de volta com tanta audácia.

Ok, ele admirava ela, mas não iria admitir.

─ Era. ─ O caçador retrucou e em seguida todos na sala puderam ver a arma apontada na direção do lobisomem. Ele estava encurralado, fixo a aquela cadeira através de cordas grossas, as mesmas deveriam o segurar depois do sangue de homem morto que percorria em suas veias, e essa falsa sensação de segurança foi de fato uma diversão para qual Gabriel se deixou deleitar enquanto os assistia.

─ Então agora eu morro, não é? ─ Ele questionou ainda sorrindo.

─ Você esperava algo diferente disso, sério? ─ Meg finalmente se pronunciou ao parar ao lado de Castiel e ela pode sentir seu braço roçar contra a lateral do casaco dele. ─ Eu quase gostei de você, cachorrinho. Achei que era mais esperto, mas a vida é feita de desapontamentos, não concorda? ─ Gabriel queria rir com aquele argumento tão irônico vindo da mulher, mas se conteve com apenas um sorriso ao assisti-la erguer o olhar em direção a Castiel. ─ Eu faço.

O caçador franziu a testa e em seguida seu queixo caiu para perto do seu ombro quando ele buscou os olhos negros dela, como se a perguntasse silenciosamente se ela queria realmente aquilo. Meg apenas acenou e tocou o braço dele, o qual Castiel imediatamente abaixou antes de deixá-la tomar a arma de sua mão com tanta facilidade.

Gabriel já deveria esperar isso, não importava quanto tempo houvesse se passado, ele simplesmente acabava cedendo a ela.

Os olhos escuros de Meg encontraram os dele agora, e ela parecia estranhamente animada ao apontar em direção a sua cabeça.

─ Últimas palavras? ─ Meg questionou firme.

─ Até breve.

O barulho do disparo foi a última coisa que ele ouviu.

 

─ O que fazemos agora? ─ Meg questionou enquanto caminhava ao lado de Castiel até o veículo dele estacionado a poucos metros de distância da casa onde eles haviam finalmente encerrado o caso sobre a morte de Jenna.

─ Pegamos nossas coisas e continuamos até Sioux Falls. ─ Castiel explicou tirando as chaves do seu carro dentro de um dos bolsos de seu sobretudo. ─ Ainda precisamos te fazer sumir, novos documentos, tudo, e seu novo tom de cabelo irá nos ajudar bastante.

─ Não se cansa de me elogiar não é menino bonito? ─ Meg mordiscou seu lábio inferior quando o viu apenas a encarar de volta com aquele olhar intenso que parecia ser capaz de atravessá-la facilmente.

─ Talvez. ─ O caçador resmungou antes de entrar em seu carro.

Tyler observou os caçadores entrarem em seu carro e partirem antes de buscar o olhar do seu irmão mais velho que já havia puxado o corpo de Hank para o chão, recolhendo os restos dele para um dos lençóis do lugar.

─ Eu deveria ter feito, eu merecia.

─ Ele está de morto de qualquer maneira, irmãozinho. Fique satisfeito. ─ Thomas retrucou antes de limpar suas mãos sujas de sangue no lençol que havia usado para embrulhar o cadáver de Hank. Tyler permanecia o encarando aborrecido não convencido de suas palavras e ele suspirou. ─ Eu sei que queria acabar com o bastardo com suas próprias mãos, mas são caçadores, deixamos que eles façam o trabalho deles e permanecemos dentro da zona segura, como a mãe ensinou.

─ Ele merecia uma morte lenta. ─ Tyler resmungou.

─ Você vai continuar reclamando ou vai me ajudar a limpar isso? ─ Thomas se ergueu agora, buscando o olhar do seu irmão. ─ Te deixarei queimar os restos do desgraçado, que tal?

─ Certo. ─ O lobisomem mais jovem concordou após uma breve troca de olhares silenciosa entre eles. ─ E você pega o jantar mais tarde.

─ Idiota aproveitador. ─ Thomas resmungou, mas sorriu assim como seu irmão quando eles se aproximaram da cadeira onde o corpo de Gabriel estava amarrado. Seu rosto pendia para frente enquanto o sangue pingava no chão e contra o próprio rosto do cadáver. ─ O segure enquanto o desamarro.

Tyler acenou segurando-o pelos ombros enquanto tentava não sujar suas próprias roupas com o fluído cerebral que pingava da testa do cadáver. Seu olhar acompanhou como o lobisomem mais velho desamarrou sem pressa o corpo de Gabriel e assim que Thomas deixou as cordas caírem no chão ambos olharam ao redor quando as lâmpadas do quarto ascenderem abruptamente.

─ Lixo de fiação elétrica? ─ Tyler sugeriu e assistiu seu irmão acenar.

─ Pegue as pernas dele. ─ Thomas indicou.

O jovem lobo o obedeceu em seguida, agachando-se em frente ao cadáver em enquanto agarrava ambos os tornozelos do mesmo, prestes a puxá-lo com a ajuda do seu irmão para tirá-lo dali e finalmente o depositar junto do outro corpo.

─ Quando quiser. ─ Tyler avisou.

─ Então agora. ─ A voz de Gabriel chegou até o jovem lobo ajoelhado a sua frente e o mesmo imediatamente se jogou para trás, sentando-se no chão e se arrastando para longe. ─ Eu tenho que admitir que vocês me fizeram um estrago, mas foi mais assustador do que doloroso. ─ Ele comentou casualmente enquanto se colocava de pé e assistia os dois lobisomens recuarem para longe dele.

─ Não é possível. ─ Thomas rosnou surpreso. ─ Era uma bala de prata.

─ Oh isso? ─ Gabriel apontou o ferimento à bala em sua testa e o mesmo imediatamente se curou. ─ Não funciona comigo de verdade, mas foi divertido fingir.

─ O que... O que você é? ─ Tyler perguntou com os olhos arregalados enquanto assistia os olhos claros e brilhantes a sua frente se transformarem em um azul furioso ao mesmo tempo em que as orbes se tingiam em um tom vermelho escarlate ao encará-lo de volta. Não havia nenhuma criatura assim antes, o cheiro de ozônio e o calor sufocante preenchiam a sala de forma infectante, parecendo ser capaz de queimar a pele e fazer arder como se milhares de pregos de prata estavam se afundando em seus corpos.

─ Pare. ─ Thomas rosnou, embora soasse mais com um gemido de dor.

─ É tão humilhante que vocês simplesmente tenham se esquecido, garotos. Todos vocês, todas as espécies poderiam ser mortas por nós e ainda assim vocês esquecem. ─ Gabriel balançou a cabeça de forma indignada e ergueu sua mão, seus dedos roçavam um contra o outro de maneira satisfeita com a liberação de força que geralmente ele precisava esconder. ─ Bem, talvez isso os faça se lembrar.

Houve um simples estalo e tudo a sua volta explodiu e queimou ferozmente. 



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