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História Hinata na Akatsuki - Deixando para Trás


Escrita por: Morgenstarr

Notas do Autor


Capítulo atualizado e desculpe quaisquer erros. Boa leitura.

Capítulo 4 - Deixando para Trás


Fanfic / Fanfiction Hinata na Akatsuki - Deixando para Trás

 

A vida é um jogo que estamos destinados a perder.     

Olá, meu nome é Raiden Uchiha. Estou aqui para contar outro capítulo desta história terrivelmente triste e angustiante da Princesa Hyuuga e seus companheiros. Meus amigos me dizem que eu exagero nos adjetivos, que com as palavras eu torno tudo ainda pior do que foi, mas eram pessoas importantes para mim, foi terrível. Mas esta é uma história para outro capítulo. É espantoso o que podemos herdar pelo sangue, os nossos genes, a nossa herança. São espantosas as coisas horríveis que aconteceram com estas crianças, eu sei que ninguém deveria ser afligido da maneira que eles foram. Eu lhes imploro, deixem de lado este livro e procurem algo mais leve.

✴✴✴

Olhando no espelho, encontrando o erro no passado.

Sabendo que nós somos a juventude.

Corte até sangrar, dentro de um mundo sem paz.

Encare um pouco da verdade.

      Hinata dormia há dois dias parecia que tinha sido atropelada por um caminhão, todos os ossos do seu corpo doíam, onde estava? Não sabia. Nem sequer se lembrava de parar lá. Ela acorda em um quarto mal iluminado sem pintura nas paredes que possuíam um papel de parede gasto da cor de nuvens escuras; havia um criado mudo marrom ao lado esquerdo da cama, ele era antigo e pequeno, mas estava em ótimo estado; ao lado do criado mudo, porém mais acima, havia três ganchos enfiados no concreto da parede, era para pendurar roupas, no do meio estava uma capa da Akatsuki de seu tamanho; à frente estava uma mesa de estudo, em cima, ela pôde ver que havia um anel de pedra ametista. Ela levantou da pequena cama de solteiro com lençóis brancos, pegou o anel e admirou-o, de repente alguém abre a porta. — Olá, Hinata. Como está se sentindo? — a pergunta partiu de uma moça de cabelos azuis que acabara de entrar.

— Quem é você? — a Hyuuga perguntou.

— Oh, eu me chamo Konan.

— Que lugar é este e como você sabe meu nome?

— Este é um dos esconderijos da Akatsuki. Sasuke te trouxe até aqui.

— Então eu venci o Sasuke? Eu não me lembro. Eu acho que eu o machuquei.

— Ele admite quando fica cansado, mas acredite, ele aguenta bem mais que aquilo. No entanto, o Susanoo o esgota muito.

— Ele está bem?!

— Está sim. Você é muito forte, Pain gostou de você. Vai ser bem útil para a Akatsuki.

— Obrigada. — Konan sorri para Hinata, que retribui. Podia não a conhecer mas ela exalava confiança.

 — É melhor se arrumar, Pain quer você na sala dele o quanto antes.

— Está bem, eu já vou. — a verdade é que a Hyuuga a achou bastante bonita e simpática, talvez pudesse ter uma amiga até no lugar mais improvável.

     Konan deixa o quarto de Hinata. A Hyuuga observa mais uma vez o cômodo, desta vez ela reparou que sua mochila estava sobre o chão, ao lado direito da cama, ela a pegou e abriu de dentro ela retirou roupas limpas para vestir e se dirigiu ao que ela supôs ser o banheiro, que era uma porta estreita ainda do lado direito. Após um banho renovador, a garota veste roupas pretas e pega seu característico sobretudo escuro e se dirige a sala de Pain, o homem que quase a matou certa vez. Após alguns minutos andando por vários corredores que apenas davam á mais corredores, ela admitiu a si mesma que existia uma possibilidade de estar perdida dentro do esconderijo da organização criminosa mais perigosa e procurada do mundo. Como poderia saber o caminho se ninguém lhe falou? Ela continua andando e virando em vários corredores, mas realmente não fazia idéia de qual, de tantas portas, poderia ser a sala certa, e não queria correr o risco de abrir alguma porta errada, poderia se arrepender. Ela sentia que estava caminhando em círculos.

     Posteriormente algum minuto, a menina perdida, ao ato de virar um corredor, esbarrou em alguém, seu rosto bateu no peito dessa pessoa e ela se desequilibrou por um breve instante, mas a figura alta a segurou, o que era completamente desnecessário em razão de ela ser uma ninja de elite altamente treinada que apenas estava perdida. A pessoa à sua frente era alta e musculosa e tinha cheiro forte de perfume amadeirado aquático que não passou despercebido. Ao olhar seu rosto, não pode deixar de notar que aquele homem era incrivelmente parecido com Sasuke, mas ele possuía algo diferente, não só na aparência mas também no olhar. Seu rosto era tão jovem e bonito, Hinata pensava, mas seus olhos pareciam de vidro, algo quebrado e caliginoso, — caliginoso quer dizer sombrio, obscuro. — queria descobrir o que aquele olhar tanto escondia, as coisas pelas quais tinha passado.

Diga-me uma coisa, garoto.

Você não está cansado de tentar preencher esse vazio?

Não é difícil manter toda essa energia?

Estou caindo.

Em todos os bons momentos

Eu me vejo almejando uma mudança

E nos momentos ruins, eu tenho medo de mim mesmo.

— Desculpe-me, não vi você. — Hinata se desvencilhou das mãos do homem e deu um passo para trás, ainda estavam próximos.

— Não tem importância. Eu estava procurando por você.

— O quê? Ah... Por que estava atrás de mim? Eu te conheço? — ela aumentou a distancia entre os dois e tinha uma expressão confusa.

— Pain me pediu para te buscar e você apenas facilitou o meu trabalho.

— Desculpe-me. — ela sorriu — Não sabia onde era a sala de Pain e acabei me perdendo.

— Não tem importância. Eu te levo até lá. — ele não falava com frieza, ao contrário, estava sendo gentil, mas sua voz era gelada como se não tivesse emoção, como se ele não tivesse vida. — Eu me chamo Itachi... Uchiha.

— Me chamo Hinata, prazer. — ela sorri outra vez, “que sorriso bonito” pensou Itachi. — Você é o irmão do Sasuke. — ela parou de sorrir imediatamente quando se lembrou do que houve com o clã. E, naquele momento, ela entendeu os olhos dele.

— Sou sim. — Itachi abaixou a cabeça, apertou a mão em forma de soco e ergueu o olhar. — Hinata, me siga. — ambos começaram a andar em um silêncio asfixiante. Ela queria muito falar, gritar, socar ele, mas não conseguia, então mantém a cabeça baixa, até que ele mesmo quebra o silêncio. — Não precisa se conter.

— O que? — ela ergueu a face e o olhou.

— Eu sei o que está pensando. — ele parou de andar e ela o acompanhou.

— Eu tenho certeza de que não sabe.

— Eu massacrei meu clã. Está pensando que sou uma pessoa cruel.

— E você não é?

— “Há muito mais coisas entre o céu e a terra, Hóracio...”. — Hinata o olhou com confusão. — Hinata...

— “do que sonha a nossa vã filosofia.” — ela completou. Itachi a olhou com surpresa.

— Só quero dizer que essa não é toda a história.

— Você destruiu o Sasuke. Esta é a verdade. — eles encaravam os olhos um do outro.

— Eu sei. — ele voltou a andar e ela o seguiu.

— Itachi! — eles pararam em frente a uma porta desta vez, mas ela não disse nada. Eles se encararam por vários segundos.

— Nós chegamos. — ela ainda olhava para ele. — Pare com isso, pare de me olhar desse jeito! Às vezes as coisas não acontecem como gostaríamos! E você deveria, ao menos, tentar saber o resto da verdade! — ele disse, com a voz elevada, mas sem chegar a gritar. — Você nem deve se lembrar.

— É claro que eu me lembro.

— Não, não lembra. Você sabe como derrotou Sasuke?

— O que isso tem a ver? Eu sou forte e tenho habilidades!

— Mas não sabe de tudo, sempre viveu em seu mundo superprotegido. Não faz nem idéia das coisas que aconteceram. Nem antes e nem agora. Não sabe a sua própria história.

— Do que você está falando? — ela estava confusa, mas Itachi a encarou com carinho.

— Pain vai te responder. Você vai entender logo. — ele sorriu pela primeira vez, um belo sorriso que a fez sentir um incômodo no estômago, um incômodo bom. Itachi se virou e começou a caminha para qualquer lugar. — Nos vemos por aí.

     Ela sorriu ao ouvir isto. Talvez Uchiha Itachi não fosse o monstro de que todos falavam, seus olhares eram parecidos, ambos eram quebrados e vazios. A marca de uma grande tragédia. Geralmente é o que fica quando se perde tudo que mais lhe importa, resta apenas o quebrado e vazio. Quando coisas assim acontecem só há duas alternativas e Hinata sabia muito bem quais eram; ou você escolhe perdoar, amar e tentar seguir em frente; ou você toma a decisão que geralmente leva as pessoas à ruína. A vingança, mas você nunca será feliz, pois ela só gera mais ódio, mais raiva, e por fim, apenas mais dor. Você não terá paz. Então você logo deixa de viver, deixa de sentir, deixa de amar. Então você se torna uma pessoa fria. Será que um coração frio pode voltar a amar?

Nesta minha casa nada vem sem uma consequência ou custo.

Este é o preço que você paga:

Deixe para trás seu coração e o jogue fora.

Melhor ser o caçador do que a presa.

E você está parado no limite, de cabeça erguida.

     Hinata reuniu coragem e entrou na sala, o lugar era bonito e bem iluminado, havia uma mesa e em seu canto esquerdo tinha um pequeno abajur, no centro tinha papéis e certa pessoa de cabelos ruivos laranja dormindo em cima.

— Com licença? — ele não esboçou reação. — Com licença? — ele nem sequer se mexeu. — COM LICENÇA! — E ele cai da cadeira.

— Aiiiiiiiiiiii!! Pare de gritar garota! Para quê tanto barulho nessas altas horas da madrugada? Tá pensando o que? Droga! Bati minha cabeça, acho que rachei o crânio, aii estou ficando tonto, deve ser uma hemorragia, vou me preparar para partir dessa pra melhor.

— Pain? Ahh, não exagere, só foi uma pequena batida, você não vai morrer.

— Como você é insensível! Eu aqui à beira da morte e você me judiando.

— Não seja tão dramático!

— Por favor, diga á Konan que eu perdoo ela por comer o bolo de chocolate que eu guardei na geladeira. — Hinata o olhava assustada, ela esperava alguém sombrio, sério, mortal, ao invés disso, encontrou uma criança.

— Acho que você tem coisas para me contar, Pain.

— Tudo bem olhos perolados, — ele disse se levantando — posso te chamar assim?

— Chame como quiser, eu não ligo.

— Você é realmente insensível, olhos perolados. — ele ajeitou a roupa e se sentou. – Humm, naaoo, pensei em outro que combina mais e é melhor.

— Já disse, tanto faz, eu não ligo. — Hinata se sentou na cadeira à frente.

— Não pode não ligar! Todos aqui têm um codinome, por exemplo, o da Konan é Anjo Assassino; o do Kisame é Smurf, o pior que eu já criei; o do Sasori é Marionete Assassina; e o que eu mais gostei é o do Itachi, Olhos do Demônio. Então, para todo o caso, você se juntou a Akatsuki e quando você for conhecida vai precisar de um codinome, um apelido, que só de ouvir todos vão temer.

— As pessoas temem “Smurf”? — ela perguntou, Pain ficou indignado.

— Não se podem acertar todas.

— Tudo bem. Você me convenceu, eu te ajudo a escolher um apelido legal.

— Agora não preciso mais, eu já escolhi.

— Tudo bem então. Você já pode começar a falar o que você queria me falar.

— Bem, queria falar sobre sua luta com Sasuke, sobre você, na verdade, e sobre Amaterasu...

— Quem é Amaterasu?

— Se você me deixar falar eu posso responder.

— Desculpe-me!

— Prosseguindo, há uma lenda antiga que diz que Amaterasu retornará para a terra através de uma pessoa, a pessoa em que ela foi selada. Algumas lendas, as mais antigas, dizem que ela era a Deusa do Sol que cuidava das pessoas e as enchia de benefícios, ela iluminava o mundo e era amada por todos. Porém um dia...

— Tenho certeza de que você não precisa desses óculos para ler este livro.

— PELA MOR DI DEUZZ HINATA DEIXE-ME TERMINAR!!!

— Tudo bem, tudo bem, me desculpe.

— Prosseguindo, vou deixar este livro de lado, eu explico melhor com as minhas próprias palavras.

— Por que está me contando isso?

— Apenas escute. O irmão de Amaterasu sentiu inveja de todo o amor que e atenção que ela tinha. Então ele, Susanoo “o Deus da Tempestade”, a infernizou, ele soltou os cavalos de Amaterasu para destruir suas plantações de arroz, matou um de seus cavalos e feriu suas servas.

— Ele era terrível. Isso não é irmão é castigo.

— Cala a boca. Seu pai, Izanagi, o isolou no submundo por causar o caos, mas isso não impediu de Amaterasu, que se sentia muito zangada e humilhada, se isolou na Caverna de Rocha Celestial (Ama-no-Iwato) e o mundo caiu em trevas.

 — Historinha legal, mas acho que você iria me falar sobre o Sasuke. Eu acho.

— Essa é a parte legal. — disse ele animado. — Os deuses conseguiram fazer com que ela saísse e o mundo voltou ao normal.

— EBAH! Final feliz? Eu sei dessa lenda, Pain, minha mãe me contava sobre a deusa Amaterasu e o irmão do mal. Qual é?

— Bem, não durou muito. Ela te contou isso?

— Ela me dizia que o deus Susanoo estava machucando as pessoas, e ninguém fazia nada. Então Amaterasu fez. E aí os dois brigaram feio e quase destruíram a terra, ela não queria que os homens sofressem, então em uma última tentativa para acabar com a guerra, ela usou a espada que ganhou de presente de Susanoo, a Kusanagi-no-Tsurugi, e lutou contra ele, e venceu, fim. Estou ficando com sono.

— Aiai, essa geração não dá valor a nada.

— Queria tá fazendo algo mais interessante.

— Mas ISSO É interessante. Como você é chata!

— Já tive sermões de boas maneiras mais interessantes que isso.

— Isso FOI UM INSULTO! — Pain estava indignado mais uma vez.

— Eu só quero saber por que você está me contando isso, que coisa aleatória.

— Sei de um apelido novo. Chatolina.

— Eu não sabia que você era tão infantil.

— Você que é!

— Nem parece o psicopata que quase me matou.

— Águas passadas. Águas passadas.

— Não foi você que quase morreu!

— Águas passadas. Águas passadas.

— Continue.

— É que Amaterasu nunca mataria o próprio irmão, então ela pediu ajuda a Tsukuyomi, ele interviu e tudo virou um campo de sangue, então Izanagi se enfureceu com seus filhos e os puniu.

 — Estava demorando hein, o velho do conselho dizia que isso era falta de surra. — Pain a encarou.

— Você bateria nos seus filhos?

— Ahh, não! Mas se eles tentassem destruir a terra acho que eu tinha que fazer alguma coisa.

— Falou a garota certinha que traiu a própria vila.

— Gostaria de dizer que são águas passadas.

— Pobrezinha.

— Pobre de VOCÊ!

— As coisas já são complicadas demais, por isso gosto de estar de bom humor, fazer piadas. — Hinata se ajeitou na cadeira.

— O que aconteceu com os irmãos?

— Eu diria, se você conseguisse parar de me interromper.

— É que você é chato!

— Hinata, querida. Se você não quiser que eu te amordace, sugiro a você que FIQUE QUIETA — Hinata fez sinal de calado com a mão. — Izanagi aprisionou Susanoo no submundo e utilizou de um selo chamado “shirukume” (cordão sagrado) para que ele jamais pudesse sair, Tsukuyomi foi lançado a terra com uma maldição, fadado a ser para sempre um monstro, e Amaterasu, que amava tanto os humanos, foi fadada a ser temida e odiada por eles.

— Este é um ponto de vista. — afirmou Hinata. — Tsukuyomi foi conhecido como Jubi. Uma mulher, chamada Kaguya, cobiçou tanto poder e tentou toma-lo para si e deu errado, ela foi consumida pela fera. Jubi teve seu poder, o que chamamos de chakra, dividido em nove e foi selado em pessoas. Primeiro foi no Rikudou Sennin. Apenas dessa maneira ele poderia ser contido sem maiores danos.

— Sim. Já Amaterasu, também chamada de bijuu de dez caudas, permaneceu inteira, mas estava causando destruição, então Rykudou Sennin a selou em seu filho. O resto da história... — Pain sorriu para ela.

— Hana Hyuuga. O selo tinha um preço, iria sacrificar uma linhagem inteira, o primeiro filho sempre seria mulher e ela seria o próximo receptáculo, a próxima portadora do Jubi. — afirmou Pain.

— “O Portal das Duas Almas”. — Hinata complementou a fala.

— Exatamente.

— Acabamos? — Hinata estava inquieta, ela apertava as mãos de maneira que as unhas a estava ferindo.

— Você fez o dever de casa.

— O que você acha?

— Que esta é mesmo uma história chata. Mas eu tenho motivos para acreditar que a deusa Amaterasu, Jubi, que foi amaldiçoada a ser um monstro, está selada em você. — Hinata o encarou nos olhos mas não esboçou reação.

— Minha mãe... Teria morrido ao me dar a luz. Você está errado, Pain, e só desperdiçou meu tempo.

— Não foi o que eu ouvi do seu amigo. Sua mãe devia ter morrido quando você nasceu não é? O que nos leva ao fato de porque você tem uma irmã?

—... Não vou te explicar isso Pain. Você já é adulto, devia saber dessas coisas.

— Sua anta! Não é disso que estou falando, sua mãe deveria ter morrido quando você nasceu.

— Minha mãe morreu quando Hanabi nasceu. Obrigada por me lembrar. Meu pai virou um babaca depois disso.

— Hinata...

— Nada disso faz sentido. Hanabi deveria ser a portadora do Jubi, teoricamente.

— Não sua anta, estou falando de você, e você já deveria saber, todas as histórias são reais.

— Primeiramente, eu sou cética. Segundamente, isso não é possível, então como Hanabi existe?

— Você já está grandinha demais pra eu te explicar a história da cegonha Hinata.

— Você sabe do que estou falando. Sua anta.

— Tudo bem, tudo bem. Acho que a resposta mais provável é que quando você nasceu o selo não extraiu todo o Jubi pra você, ainda restou um pouco em sua mãe, pelo menos o chakra dele, o suficiente para deixa-la viva, aí, quando sua irmã Hanabi nasceu, foi transmitido a ela, por isso sua mãe  morreu só depois de sua irmã nascer, faz sentido pra mim.

— Isso quer dizer que Hana tem isso dentro dela também?

— Não, o pouco chakra que tinha já se dissipou há muito tempo. Mais cedo ou mais tarde, sua mãe ia morrer de qualquer jeito Hinata, a diferença, é que ela morreu a tempo de dar a vida à outra criança. É minha teoria, Kushina Uzumaki também conseguiu permanecer, por um tempo, viva após a extração da Kyuubi, e ela não morreu por isso, então não dá pra saber, mas, talvez ela tivesse durado alguns dias, ou anos, mesmo fraca.

— Então Naruto poderia ter tido a mãe? E o pai! Ele não precisava ter passado o inferno.

— Hinata...

— Ele não precisava Pain! Por que as coisas deram tão errado? — os olhos dela ficaram vermelhos, mas ela não chorou. — Talvez tudo fizesse algum sentido.

— Acho que isso é tudo. Não precisa ficar assim, Hinata. Não é culpa deles, ou da Kyuubi, é só... O mundo... Sabe? — ambos se encararam nos olhos. — Ninguém deveria ser jogado nele dessa maneira.

— Acho que é um pouco mais que isso.

— Você é boa, Hinata. Talvez você seja a pessoa que vai fazer a coisa certa com o poder que tem dentro de você, não importa o que aconteça. O Jubi só se reconectará com uma alma pura de coração, alguém que veja o seu pior lado e recue. — Hinata se mantivera calma o tempo todo, sua mão direita estava marcada com sangue por suas próprias unhas.

— Mas eu estou na Akatsuki, estou disposta a matar para conseguir o meu objetivo, não deveria ser eu.

— Eu tenho impressão que tem muito mais nessa história que nós não sabemos.

— E eu tenho certeza.

— Você irá cumprir o seu destino, seja ele qual for.

— Isso tudo é uma merda.

— Eu sei. Todos sabem. Estamos todos no mesmo mundo. Você deve ir. Falo com você quando precisar.

— Me importunou esse tempo todo e tá me expulsando? — a Hyuuga se levantou e se dirigiu até a porta. — Vou te dizer, Pain. Estou decepcionada. Achei que a gente era irmão.

— SUMA DAQUI! — Hinata saiu da sala antes que o grampeador que ele jogou pegasse nela. — Pérola Negra.

✴✴✴

Todo mundo tem seus demônios

Mesmo acordado ou sonhando

Todo fogo que eu acendo acaba em cinzas.

     — Me explique de novo! Pain nos mandou para o lado mais seco do mundo apenas para comprar comida? Diga a verdade Sasuke, porque estamos indo à Sunagakure agora? — fazia somente algumas horas que Hinata fora instruída a seguir Sasuke para conseguir mantimentos, se eu não disse antes, me desculpem, o esconderijo ficava perto das Ruínas do Templo, no País do Vento.

— Já te disse! Você vai à Suna comprar mantimentos enquanto eu vou comprar armas em Kobe, uns 200 quilômetros ao sul, não é longe, só duas horas a pé. Pelo menos para mim é só duas horas.

— Então você corre a cem quilômetros por hora? — Hinata estreitou os olhos. Ela ainda usava seu sobretudo preto mas estava com o anel que ganhara.

— Está bem, talvez leve alguns minutos a mais. — Sasuke disse contrariado.

— O que tem lá Sasuke? — ela ainda o encarava com ar de desconfiança.

— Ok. Apenas uma velha pessoa com quem eu gostaria de conversar.

— Ahh.... Eu sabia! Há alguém de Konoha lá, não é?!

— Talvez, vai descobrir quando chegar lá.

— Em Suna? Eu estava falando de Kobe! — ela tentou olhar em seus olhos mas ele virou o rosto para o lado oposto.

— Em ambos os lugares. — neste momento, eles se aproximavam de um pequeno vilarejo, a intenção era descansar por esta noite e, pela manhã, pegariam caminhos opostos. — Vamos pegar uma estalagem hoje.

— Não precisamos de uma! Podemos seguir direto, não é longe.

— Sabe o que não precisamos? Apressar-nos. — ele acelerou o passo.

Eu sou a pessoa que vai embora ao final

Para que tudo fique bem

Consegue ver por dentro?

Porque eu tenho um coração negro.

     O vilarejo era bem simples, o tipo de lugar em que todos conheciam a todos. As ruas eram quase todas feitas somente de terra, somente algumas poucas eram compostas com ladrilhos. Havia barracas de vendas de comidas e guloseimas, como também algumas de jogos, ao chegarem a uma rua mais afastada do centro, eles avistaram uma placa indicando a direção à estalagem. Quando eles chegaram, o lugar tinha ar de aconchegante, era bem iluminado e limpo; no rol de entrada um sino tocou ao abrirem a porta; havia poltrona e um carpete marrom, ao se aproximarem do balcão, uma senhora de cabelos castanhos e óculos de grau sorriu docemente para eles.

— Olá, boa noite, sejam bem vindo! — ela os olhava de maneira gentil. — Vocês querem um quarto?

— Sim, por favor. — Hinata respondeu com sua maneira doce e retribuiu ao sorriso.

— Sorte de vocês, com esta temporada de verão, o vilarejo recebe muitas visitas de passagem para outra cidade, só tenho apenas mais um quarto disponível.

— Só mais um? — Hinata perguntou com surpresa em seu semblante. — É que nós precisamos de doi...

— Este é perfeito, obrigado. — Sasuke a interrompeu com um sorriso travesso nos lábios. Hinata o olhou com repreensão. A senhora sorriu outra vez.

— Vocês formam um casal tão lindo! — Hinata ia corrigi-la, mas Sasuke colocou o braço em volta de seu ombro e falou primeiro.

— Obrigado. Eu também acho. Ela é incrível. — ele estava sorrindo da maneira mais sacana que só ele sabia ser, pensou Hinata. Ele pegou a chave do quarto e ambos foram subir os poucos degraus em silencio, até que entraram no quarto.

— MAS QUE PALHAÇADA FOI ESSA? — ela bateu a porta e olhou para ele, que não parava de rir da situação. — PARE DE RIR SASUKE!

— Você... tinha que ver... a sua cara... — ele tentava dizer em meio aos risos. Ela se rendeu.

— Você é muito bobo, Sasuke. — ela ria também, até que ambos pararam de rir e pairou o silêncio.

—... Hinata... — eles se entreolharam com intensidade.

— O que? — ele se aproximou dela.

— Posso te fazer uma pergunta? — estavam agora a somente centímetros de distância.

— Já está fazendo. — ele sorriu, tinha hálito de eucalipto e o sorriso perfeito, ela pensou, era do jeito que havia guardado na memória. — Fique a vontade.

Mas agora estou em pedaços

E agora que você sabe disso

Presos em um momento.

— Porque está aqui? — os olhos dela vacilaram, quase não podia suportar o olhar.

— Mais que pergunta boba! Pain... — ele a interrompeu.

— Não! — ele segurou as mãos dela. — Por que procurou a Akatsuki? Esse lugar não é pra você, isso destrói o que há de melhor em você. Por que está aqui?

O sangue em minhas veias

É feito de erros

— Seu tempo de se preocupar comigo, Sasuke, passou. Eu sei me cuidar.

— Eu não posso evitar. Não te posso ver cometendo um erro e não tentar intervir.

— Não Sasuke! — ela soltou as mãos dele — Chega! você não tem mais esse direito, você foi embora! Não se preocupe comigo, eu cuido do meu coração.

— Hinata...

— Olha, eu entendo porque você foi embora. Mas coisas horríveis aconteceram comigo também Sasuke. Não pode me julgar por tomar a mesma decisão que você tomou anos atrás. Não tem esse direito.

     Ele ainda a olhava e estudava seu silêncio, seu choro sem lágrimas e sem som, sem evidências. Sasuke, naquele momento, sentia um enorme arrependimento. Arrependimento por ter ido embora, por tê-la deixado. Aguentaria todo o peso de Konoha e do mundo se soubesse que ao ir embora, teria sido do jeito que está sendo agora. Ele a tomou nos braços em um abraço apertado, um abraço que quis muito em todos os dois anos que esteve fora. Ela era seu tom de ouro.

Vamos esquecer quem somos e mergulhar na escuridão

E quando explodirmos em várias cores

Voltaremos à vida.

— Me desculpe Hime. — ele beijou sua cabeça e apertou o abraço.

— Sasuke... — sua voz saia abafada. — eu senti a sua falta. Excessivamente.

— Você e suas palavras difíceis. — ele riu de leve. — Também senti a sua falta, Princesa.

— Você sempre foi assim. — eles se distanciaram. — Tão gentil com algumas pessoas... e muito cruel com outras.

— Eu sou alguém melhor quando estou com você. Nunca foi a minha intenção te ferir. — agora a seriedade pairava sobre o olhar do rapaz. — Você sabe disso.

— Eu sei.

— O que aconteceu Hime? O que fizeram com você? — ela hesitou em lhe responder por longos minutos. Até que, por fim, sua voz ecoou pelo ambiente.

— Porque você está aqui? Você era adorado lá em Konoha, ao menos parecia que todos gostavam de você. — ela vira as costas para Sasuke.

— Queria vingança contra o meu irmão, não conseguiria isso ficando naquela vila que acha que se pode acabar com uma guerra apenas com paz e amor. Guerra não é conto de fadas.

— E não dá? Sempre me disseram que devemos retribuir ódio com amor.

— E o que ganhou em troca? O mundo é um campo de guerra, e os fracos não sobrevivem à guerra.

— Você me chamou de fraca e depois eu derrotei você.

— Me desculpe! Eu tinha que dizer aquilo, era para te testar, para atingir seu potencial e depois veio aquele chakra todo! Eu nunca te achei fraca.

— Mentiroso! — ela riu. — Sou mais forte que você.

— Tenho certeza de que é.

— Está tarde, melhor irmos dormir. Quero dizer, VOCÊ DORME NO CHÃO.

— Tudo para que você durma bem. — ela se deitou.

— OK, pode dormir aqui, mas se tentar alguma coisa eu te derroto de novo.

— Eu sei que você ainda me ama Hime.

— Você adorar imaginar coisas que não existem, Uchiha. — ela se alinhou na cama e o sono começou a tomar conta de sua mente.

— Eu vou fazer você perceber isso.

— Me disseram que o amor era força. — disse já entorpecida pelo sono, logo bocejou e se entregou ao trem que a levaria ao mundo dos sonhos sem que percebesse.

— Eu sempre duvidei, mas começo a achar que seja verdade. — ele deitou ao lado dela e a observou dormir. — E tudo bem, — ela estava tão calma e tranquila, queria guardar aquele momento para sempre. Akai Ito, sua mãe lhe contou, o fio estica, emaranha, dá voltas, mas não rompe. — eu também te amo Hime.

Era o inicio do inverno...

✴✴✴

Na manhã seguinte, após alguns pontapés, eles se despediram e seguiram caminhos opostos. Hinata, depois de meio dia á pé, logo chega à Suna, ela se registra em um hotel barato. Tinha a intenção de passar a noite mas não fica muito tempo, apenas ficou o suficiente para tomar banho e trocar de roupa por uma calça e blusa de couro pretas, botas escuras impermeáveis e seu sobretudo de sempre. — fazia frio naquela cidade quando escurecia, afinal era o deserto. — Ela fazia questão de sempre estar usando seu anel de pedra ametista, também usava um medalhão que continha a foto de sua mãe, na parte frontal estava esculpido as palavras “For my love, be strong and brave.” que havia herdado de sua mãe. O sol já estava se pondo quando ela deixou o hotel para conhecer um pouco da cidade. Era tão bom estar livre.

Ao caminhar por aquelas ruas empoeiras, sentiu falta de Konoha, por um breve momento, Hinata por mais que tentasse, não conseguia realmente odiá-los, talvez se tivesse tido coragem, naquela época, para enfrentar Sakura Haruno. Mas era mais que isso. Era bem mais que isso, e você irá saber, querido leitor, no momento certo. Hinata sentia falta principalmente de Neji, por um tempo, tudo o que ele queria fazer era machucá-la o tanto quanto conseguisse, mas depois ele mudou, após lutar contra Naruto, ele passou a incentivá-la, fez dela a ninja extraordinária que era; ela o amava como a um irmão. A Hyuuga entra então em um restaurante e estava prestes a pedir uma refeição quando um garçom que corria depressa demais para ele mesmo esbarra nela, o homem descuidado iria derrubar toda uma, bem quente, yakisoba em cima dela, mas ela devia se esquiva a tempo e a tigela cai sobre piso fazendo um grande estrondo ao se quebrar. O servente não parava de se desculpar com a Hyuuga pelo o infortúnio de seu próprio descuido chamando assim a atenção de todo o restaurante, inclusive de três jovens que estavam somente de passagem, ela tentava gesticular e dizer que aquilo não importava mas não parecia surtir efeito, então ela resolveu que seria melhor ir a outro lugar, mas antes que a garota pudesse dar meia volta para ir embora, ela sente uma mão sobre seu ombro e se vira apenas para ter certeza de que aquilo não acabaria bem.

Respire, eu vou me controlar.

Apenas mais um passo até eu alcançar a porta.

Você nunca saberá o jeito como me lacera por dentro te ver.

— Hinata...?

— Kiba! — por um breve momento, surpresa e nostalgia encheram seus olhos, aquele era o garoto que se ela matasse alguém, ele a ajudaria a esconder o corpo. Era também conhecido como melhor amigo. Ela sabia que aquele não seria um encontro fácil, ela era agora uma Nukenin, seus olhos agora se encheram de terror.

— Hinata-chan! — foi Tenten quem exclamou, ela veio correndo em sua direção arrastando Shikamaru junto de si, mas o largou para abraçar a Hyuuga. — Hinata-chan você não faz idéia de como estou feliz por ti ver. — ela a soltou.

— Shikamaru, Tenten. O que vocês fazem aqui?

— Estamos em missão em uma missão expiatória. — foi Shikamaru quem afirmou. — Expiação quer dizer reconciliar ou pacificar. Mas acho que você já sabia, e também acho que não devemos falar sobre isso nesta situação.

— Oh, vocês já sabem. — os três a olhavam como se ela fosse uma criança que roubou um doce de uma loja. Ninguém mais no local olhava para eles.

— Demorou um pouco, pra falar a verdade. — Tenten respondeu. — Só ficamos sabendo ontem.

— Hokage–Sama enviou uma carta ao Gaara, acho que é uma questão de tempo para todos os países saberem. — Kiba complementou.

— Então demorou todo este tempo? — ela virou o rosto. — Acho que fiz bem então.

— Não diga estas coisas! Você foi estúpida e impulsiva! — Tenten gritou, atraindo alguns olhares.

— Seu clã encobriu, Hinata. Acha mesmo que não procuramos por você? — Kiba gritava. — Te procuramos. Eu te procurei por toda parte. Você tinha sumido.

— Acho melhor pararmos por aqui. — ela deu um passo para trás. Tinha certeza que aquilo não acabaria bem.

— Volte com a gente, Hinata-chan! — Kiba pediu. — Juntos podemos resolver isto, podemos passar por qualquer coisa. — Juntos. Ele se referia a ele e ela e seus amigos. Seus amigos de verdade.

— Não se aproxime mais Kiba! Nenhum de vocês! Vocês não entendem, não sabem de nada e não estão entendendo nada. — a essa altura todos já estavam os olhando novamente. — Não posso voltar.

— É claro que pode! Por favor, confie na gente! — Tenten praticamente implorava.

— Pessoal, por favor, me deixem ir. — ela pôde enxergar a decepção no olhar deles.

— Hinata, o que aconteceu com você? — Kiba pergunta. — Em que momento você achou que não poderia me contar as coisas, que não poderia contar comigo? Em que momento você acreditou que estava sozinha?

Se você cair eu te levantarei do chão.

Se você perder fé em você eu te darei força para sair dessa.

Eu estarei lá por você.

Se ao menos eu pudesse encontrar a resposta pra fazer isso ir embora.

— Eu só não quero voltar para lá, e eu não. Eu não preciso de ajuda de ninguém. — ela disse da maneira mais fria que conseguiu. Isso a despedaçava por dentro muito mais do que eles jamais irão saber, Kiba era seu melhor amigo, um dos únicos que ficou ao seu lado quando tudo estava desmoronando. Kiba, Tenten, Ino, Naruto, Neji, Shikamaru, Shino. Ela estava com raiva quando fugiu, mas agora, como poderia sequer pensar em machucá-los? Como poderia puni-los por erros de outras pessoas?

— Hinata, ao invés disso, confie em mim, vamos para casa? – Kiba implorava, queria acreditar que sua amiga, sua amiga que era a encarnação da própria bondade, faria a coisa certa. Apesar disso, parte dele sabia que as coisas jamais seriam como eram antes.

— Kiba, eu gostaria que as coisas fossem tão simples. Vai haver um dia em que você vai entender todos vocês vão. — Ela responde tentando manter a voz neutra, não poderia ceder á essa altura.

— Hinata, por favor, pense no que está dizendo, no que está fazendo. Estas decisões que está tomando agora, elas serão para o resto da vida. Elas definirão quem você é e quem será. — Shikamaru tentou persuadi-la.

— Acredite Shikamaru, eu pensei muito. Eu não estou tomando decisão nenhuma, eu já tomei quando deixei para trás aquela vila. — ela estava elevando a voz. — Agora, se me dão licença, tenho coisas importantes para fazer. Espero que vocês fiquem bem. — Hinata virou as costas e caminhou para longe, ela sabia que a única forma de se livrar deles e ir embora de lá seria lutando, mas ela não queria machuca-los, seria melhor se saísse e os despistasse para poder fugir. Mas com Kiba Inuzuka e Shikamaru Nara, seria difícil fazer isso sem lutar.

— Então acho que nós não temos outra escolha a não ser colocar sua cabeça no lugar à força. — Shikamaru se pronunciou, estava pronto para assumir sua posição de luta.

✴✴✴

Apenas um jovem, com o pavio curto.

Estava me sentindo preso, queria me libertar.

Sonhava com grandes coisas e queria deixar tudo pra trás.

Não sou de abaixar a cabeça e obedecer, não sou de seguir os outros.

Eu era o relâmpago antes do trovão.

     Quando Sasuke chegou á Kobe já era tarde da noite, ele sabia o que encontraria, mas ao contrário do que a maioria devia pensar, ele não tinha nenhum sentimento afetivo por aquela vila e seus habitantes e, para ser mais honesto, ela foi o palco de seus mais terríveis traumas. Não, não estou falando de Kobe, estou falando de Konoha. Encontrar o portador da raposa de nove caudas era a parte fácil, a parte difícil seria enfrentá-lo. Para Sasuke, era fácil cobrir os próprios rastros, se misturar, assim ele conseguiu evitar Naruto por anos, mas Hinata era diferente, não importa a onde ela fosse seus olhos a denunciariam, e eles já estavam chegando perto. Um Hyuuga Nukenin, desertor e traidor. Uma mudança súbita na história do mundo. Uma queda de um pequeno e único dominó que levaria abaixo o jogo todo.

     Sasuke não demorou a encontrar o antigo companheiro de equipe, ele não estava tentando se esconder, estava apenas descansando à beira de um lago. Uma vez as coisas foram fáceis e ele estaria mentindo se dissesse que não sentia falta do tempo que passaram juntos, eles foram quase irmão. Todos nós temos uma pessoa que nos traz o melhor de nós mesmos, que nos faz manter o controle e pensar em coisas boas, resistir à tempestade. Para Sasuke, Hinata era essa pessoa, a pessoa dele. E ele esperou muito tempo para tê-la de volta, ele foi embora e a perdeu, mas agora ela estava lá, estava perto dele e não estava disposto a abrir mão dela por nada no mundo, não ia cometer o mesmo erro outra vez. Ele não podia perdê-la, mas ele sabia que Naruto tinha poder nas mãos, sabia que se Hinata o visse ela cederia, ela ainda o amava. O Uzumaki não fazia idéia disso, nem a força disso, ela voltaria com ele e por ele no momento em que ele pedisse. Era a razão para estar lá, não a perderia sem lutar, embora ela não pertencesse a ele, pois ainda haviam coisas a serem consertadas e esclarecidas, Sasuke precisava parar Naruto.

     Sasuke deixou de lado seus pensamentos evasivos e denunciou sua presença, sacou três shuriken’s e as lançou na direção do garoto loiro que rapidamente ficou alerta. Naruto sacou uma kunai para se defender, era mais por força do hábito, ele olha ao redor, Sasuke não estava tentando se esconder e o loiro já devia saber disso, mas ele não evita perguntar.

— Quem é você? — o loiro pergunta com a voz elevada.

— Não lembra mais de mim Naruto? — Sasuke sai do meio das árvores e o responde, sua voz era grave.

— Sasuke? — Naruto não estava desprevenido, muito menos surpreso, ele sabia que estava chegando perto do esconderijo e mais cedo ou mais tarde teria que enfrentar alguém, só não sabia que seria o garoto que vinha procurando há anos.

— E quem mais poderia ser? Não que você esteja surpreso. — Sasuke se aproximou mantendo ainda uma média distancia entre ambos.

— É claro. O que você quer?

— Você não vai encontrá-la Naruto. — ele disse sem nenhuma enrolação.

— Não sei do que você está falando. — haa, ele sabia sim, e como sabia. Em suas investigações, ele sabia do confronto da garota de olhos singulares e o garoto de olhos vermelhos, e ali estava a prova congelada.

— Você sabe sim. Pare de procurar por ela, Naruto.

— Seu grande imbecil! Em que mundo você vive para ter a hipótese de achar que eu desistiria dela? — agora ele estava ficando irritado. — Você pode não entender, porque está aí do outro lado, mas não se desiste dos amigos.

— E você prefere correr atrás daquilo que não pode ter. Diga-me, você não se cansa?

— Não do que vale a pena. Espero que um dia você entenda.

— Eu não sou como você. — Sasuke sentia o choque de algo familiar, como quando você olha para uma fotografia, a lembrança de um tempo bom, mas você sabe que nunca o terá de volta, não importa o quanto queira.

— Não sei o que você fez com a Hinata... — sua fala é cortada.

— Eu não fiz nada, tudo o que aconteceu foi  culpa inteiramente de vocês, ela está conosco porque ela sabia que da culpa que aquela vila carrega.

— Como assim com vocês, vocês quem? — perguntou para o rival, muito embora ele já soubesse a resposta.

— A Akatsuki. — Naruto abaixou a cabeça analisando a situação, mas logo o remorso foi substituído por determinação.

— Eu não sei por que ela foi embora, mas eu vou achá-la e a trarei de volta.

— “Confie em si mesmo”. — Naruto fez uma expressão confusa. — Minha mãe dizia. Esquece.

— Sasuke...

— Parece que você não a conhecia nem um pouco, decepção costuma mudar as pessoas, Naruto. O jeito como as coisas acontecem. O mundo.

— Decepção? Ela é uma ninja incrível. Ela podia e pode contar comigo para qualquer coisa...

— Eu sei, mas ela não sabe, e não sabia. E você a deixou ir. — ele puxou uma kunai — É tarde demais.

— Está errado Sasuke, não importa o tempo que leve eu trarei os dois e nós voltaremos juntos para casa, eu prometo. — ele ainda estava com a kunai em mãos.

— Está enganado se pensa que vou deixar você chegar perto dela. Se ela é tão importante assim para você, devia ter a mantido por perto. — ele já estava irritado, para ele o recado já estava dado.

— Eu sei, e sinto muito.

— Tanto faz. O inferno está cheio de boas intenções. — ele ativa o Mangekyou Sharingan.

     Sasuke correu em direção a Naruto e usou a Técnica do Dragão de Fogo, o que fez o loiro se distanciar para não ser pego pela grande explosão, o Uchiha chega por trás com seu Chidori e pega em cheio no peito de Naruto, que some. O Uzumaki aparece por trás e cerca Sasuke com vários clones e os usa para contra atacar com múltiplos Rasengan’s, o garoto é pego a tempo de se livrar dos maiores danos, ele sabia qual era o Naruto verdadeiro e foi até ele. Sasuke banha a sua espada em Chidori e aparece atrás do loiro, que dá um salto para trás e tem seus pés presos por serpentes, ele as olha e tenta se soltar. Seu coração é arrancado várias vezes do peito e ele visualiza Hinata matando Sakura e seus amigos um por um, cada um tendo seu coração arrancado do peito.

— Você não sabe como é ser rejeitado, dar tudo de si e ainda ser chamado de fraco, por aqueles que mais ama. Hinata falava a ele enquanto segurava o coração ensanguentado de Sakura nas mãos. Seu olha era insano. Jamais havia visto seu Byakugan naquele estado.

Sei sim. — Seu coração pulsava dolorosamente dentro do peito. — e você sabe que sim, a vila inteira me rejeitava, e eu nem sabia o porquê.

— Mas parece que você se esqueceu. — o coração some, as coisas ficam calma e ele enxerga lágrimas escorrendo pelo rosto dela. — Você é tão cego assim, que não consegue ver. Por que você fez isso Naruto-kun?

— Hinata!!! — Naruto vê a si próprio, ele estava atrás dela e ergue a mão, a Hyuuga chora mais ainda e uma mão invade seu peito e arranca seu coração. Hinata!!! — o seu eu do mal segurou o coração dela ainda pulsante nas mãos e se aproxima de Naruto que, de alguma forma, estava preso a uma árvore.

Vê o que você fez? Você a matou? Por quê?ele se aproximou do loiro. Ela te amava e você a matou! ele apertou o coração dela cada vez mais forte, Naruto foi obrigado a ver tudo, a sentir tudo, até não sobrar nada. Veja tudo o que você ama se transformar em nada.

     Ele foi pego pelo Mangekyou Sharingan.

VER O QUE? — gritou ainda preso no Genjutsu.

     “Que ela ainda é apaixonada por você” pensou o Uchiha, porém ele apenas falou o que precisava.

— Que já é tarde demais. — Sasuke se aproximou de Naruto, a qualquer momento, quando deixasse a dor do que via de lado e pensasse com lucidez, ele despertaria. — Para nós é apenas tarde demais. Nossa luta não é agora.

     Sasuke saiu de lá o mais depressa que conseguisse e cobrindo seus rastros, estava a caminho de encontrar Hinata, precisava se certificar de que ela conseguiria, e caso não conseguisse, ele faria por ela. Ele à estava subestimando.

✴✴✴

I will not fold

She's in control of everything

Of everything

And everyone.

     Hinata saiu correndo de dentro do restaurante, não queria ferir os civis, não queria ferir ninguém na verdade. Ao entrar em o campo aberto, que era uma praça, sabia que precisava ser rápida ou viriam reforços.

— Eu já disse, NÃO VOU VOLTAR. — gritou com firmeza para os três ali à sua frente. — E não há nada, absolutamente nada, que vocês possam fazer para me impedir!

— Vai Tenten! — gritou Kiba, Shikamaru já criava um plano para capturá-la e por isso precisava ser mais rápida que seus antigos amigos.

“Droga!” — Hinata pensou ao desviar das várias armas lançadas por Tenten, incluindo uma flecha de ferro que pegou de raspão em seu braço, sabia que quando Tenten queria pegar pesado, ela pegava mesmo, principalmente porque aquela  flecha estava banhada em fogo flamejante.

Aiii! — gritou de dor, o que foi bem inaudível com todo aquele barulho, um pouco de sua pele derreteu e aquilo ardia como o inferno. Kiba faz o Jutsu Clone da Besta Humana com Akamaru e em seguida o Presa sobre Presa, ambos cercam Hinata e a atingem com múltiplos ataques. — ela sentia como se tivesse matado alguém, ou cometido um crime imperdoável, eles não entendiam nada. Hinata usa o Hakkeshou Kaiten (8 Trigramas: Rotação), expelindo seu chakra por todo o corpo, ela o libera em movimento circulatório criando uma defesa perfeita, embora esta não seja a sua defesa absoluta e sim a do clã, ela conseguiu se proteger a tempo de não se machucar ainda mais. De repente, todo o chão começou a inundar com água vinda de um pergaminho aberto por Tenten, era a Técnica de Deslacramento: Campo de Água Portátil, — “este é o plano?”, Hinata pensou, “criar um mar para me forçar a desativar a defesa... ou é outra coisa!” — neste momento toda a água foi eletrificada em alta tensão, Hinata se teletransporta para cima de uma árvore, mas ela logo percebe o plano quando vê as sombras se aproximando rapidamente, quando ela tenta se afastar para um ponto com luz, ela apenas sente uma dor terrível nas costas e cai no chão cuspindo sangue, Kiba a havia acertado com a Presa Gêmea Celestial lhe causando grandes danos internos.

     Hinata cai ao chão muito debilitada, ela não os estava nem atacando e eles pareciam apenas querer machucá-la o quanto pudessem, ela se levantou sentindo muita dor e uma forte tontura que ameaçou escurecer sua visão, foi quando percebeu que eles não iriam pegar leve, iriam levá-la de volta à Konoha não importava como ou em que estado a deixassem. Ela ativou o Byakugan e suas pernas cederam, ela apoiou as mãos e os joelhos no chão para que pudesse sustentar o próprio corpo “há mais nisso.... Veneno?”, ela tentava raciocinar, os três garotos a observavam em silêncio.

— O que está sentindo é o efeito do veneno que eu coloquei na flecha. — Tenten se pronunciou, estava há metros e metros de distância e ela começou a se aproximar de Hinata. — Curare. Agora, não importa o quanto você lute, seu corpo absorveu muito, você pode ter tontura e desmaiar porque sua pressão vai baixar, mas você já deve estar sentindo isto não é? — Hinata tentava se mantiver de pé, mas sentia suas pernas perdendo a força e dificuldade cada vez maior de respirar, sua cabeça doía e a tontura apenas piorava.

— O plano nunca foi te machucar, não sabemos o que aconteceu ou o que te fez mudar e se tornar outra pessoa, mas vamos te levar para casa, Hinata, não importa como. — Shikamaru disse, ele estava parado próximo a Kiba.

— Também terá apneia, ou seja, você vai parar de respirar por um tempo. Tudo foi só uma distração, seu corpo inteiro vai paralisar e você vai desmaiar, vamos te manter em respiração artificial e quando acordar, estrará em Konoha onde é o seu lugar. — quando Tenten terminou de falar ela já estava perto o suficiente para se abaixar e tocar Hinata. — Tudo isso vai passar.

— Achei que fossem meus amigos. — Hinata não conseguia mais se levantar e logo não mexeria mais os braços nem respiraria sozinha, na verdade nem estaria consciente. Ela pensou “Como deixei isso acontecer? mal consigo me mexer ou respirar, o veneno está correndo rápido demais, droga! tenho que derrotá-los e pegar a cura de Tenten, ela tem que ter, é agora ou nunca. Eu não vou voltar”.

— E somos, mas da antiga Hinata, a que jamais fugiria da vila, é por isso que vamos te levar de volta. — disse Kiba que não queria se aproximar dela, ela estava sangrando, estava machucada e ele tinha feito isso.

— Repetir tanto a mesma frase é para tentar sentir menos culpa? — ela sentia o sangue escorrendo de suas costas e mal conseguia falar. — Eu posso ter fugido, mas são vocês os errados e vão pagar por isso.

— Hinata-chan, eu nunca quis te machucar... — Tenten falava, mas é interrompida por um golpe de Hinata.

— Acontece que você machucou, agora, e mais do que imagina. Hakke Hiasangi! — com suas ultimas forças, Hinata revida usando o golpe Área gentil dos oito trigramas - Rajada divina, ela absorveu rapidamente uma média quantidade do Chakra de Tenten e depois o disparou contra ela como uma rajada de chakra.

— TENTEN! — Shikamaru gritou por ela e correu para ajudá-la, o golpe não causa tantos danos ao inimigo, Hinata só precisava a afastar de perto de si para poder reagir.

— Sinto em lhe dizer, mas essa Hinata não está mais aqui. — Hinata lutava contra o veneno paralisante dentro de si mas sabia que era apenas questão de minutos até se transformar em um peso de porta. Hinata fecha os olhos e implora ajuda aos céus, preferia ir ao inferno que voltar para aquela casa dos horrores, estava pronta para aceitar o que seria inevitável afinal, ela se sentou sobre o chão e assistiu Kiba se aproximar dela com a certeza da vitória estampada nos lábios esticados em um sorriso, ela ouviu uma voz bem fraca na mente, alguns chamariam de consciência “Ainda não”.

Eu não vou ceder

Ela está no controle de tudo

De tudo

E de todos

     Alguma coisa aconteceu, ela sentiu sua força voltar, o veneno se dissipar, seus movimentos voltaram e ela pôde respirar. Agora seus olhos atingiram um tom totalmente branco e o chakra de cor roxa começou a fluir de todos os seus poros.

— Você vai poder saber de nada, nem sentir nada, porque isso é tudo o que você sabe! — Hinata se levanta com cada vez mais energia. — Tenten! Se vocês acharam que podíamos salvar uns aos outros... Não podemos. — Sua voz era melancólica e carregada de tristeza. Ela correu em direção a uma das pessoas que mais amava no mundo com o seu golpe de misericórdia, ou o apelo final. —Último Recurso - Ataque dos 8 Portões!

— CUIDADO TENTEN! — gritou Kiba que se pôs na frente da amiga recebendo todo o dano do golpe.

     Hinata, com uma mão espalmada, quebrou todas as suas costelas, fechou seus 8 portões, parou totalmente seu fluxo de Chakra e seu coração também. Uma morte quase instantânea. Quase. Este Jutsu é proibido por ser mortal e considerado cruel pois sua vitima morre em agonia intensa, e Hinata o usou na mesma pessoa que, há poucas semanas, havia lhe preparado uma festa surpresa apenas para animá-la e tentar fazer se sentir melhor. Não que odiasse Tenten, mas era o Kiba, seu melhor amigo. Kiba tinha que se meter na frente.

“Droga, ai meu deus oque eu fiz? E-eu eu m-matei o meu melhor amigo? O que foi que eu fiz?” — Como a vida se passando em uma fração de segundos, ela assistiu Kiba cair aos seus pés sem nenhuma pretensão de um dia acordar. Ele não respirava. O corpo humano foi programado para não morrer. Sabemos disso e obtemos essas provas todos os dias. A espessura da caixa craniana, a resistência dos ossos, o coração forte.

     O impacto do golpe foi tão forte que devastou a área em que estavam. Tenten caiu um pouco mais afastada de si e parecia machucada, provavelmente estivesse tento hemorragia, Shikamaru foi o menos afetado, mas também havia se machucado, estava com vários hematomas e feridas pelo corpo.

— Hinata... o... o que você fez? — ele se levantou e ficou chocado ao ver a extensão do golpe e seus amigos tão machucados como estavam. — VOCÊ MATOU SEU AMIGO SUA DESGRAÇADA! — gritou Shikamaru tentando se levantar, mas havia um pedaço grande de metal enfiado em sua perna direita. Tenten parecia desmaiada.

     Quando nos machucamos, digo, quando nos machucamos mesmo, o trauma do que vemos é tão grande que funcionamos no modo automático, ignoramos a dor, fazemos apenas o que é preciso para continuarmos vivos. Quando saíres da tempestade, já não serás a mesma pessoa que eras quando entrou.

     Hinata, ainda em choque, se abaixou e colocou a cabeça de Kiba em seu colo, coisa que antes ele fazia espontaneamente e a matava de vergonha. Ela passou as mãos em seus cabelos sujos de terra, sua pele estava ficando cada vez mais pálida e fria. Ela chorou como se alguém tivesse aberto as comportas de sua alma, suas lágrimas se juntavam ao final de seu queixo e caiam unidas como uma só. Sua mão esquerda, a sua mão dominante, descansou sobre o peito de seu amigo.

— Me perdoe Kiba. — as lágrimas dela tocavam o rosto dele e ela desejou nunca ter ido àquela cidade. Como se seu desejo se realizasse, seu chakra roxo começou a envolvê-lo e saia de sua mão para o coração e sentiu uma pulsação. “Abra os quatro portões” ela ouviu uma voz ecoar pela sua mente e sentiu o poder em suas mãos cada vez mais forte. Ela deitou a cabeça dele sobre o chão com cuidado e posicionou as duas mãos sobre seu peito.

— Oitavo Portão: O Portão da Morte (死門, Shimon), localizado no coração. — ela utilizou de seu chakra e do chakra do biju para abrir este portão, de maneira que funcionasse normalmente e circulasse chakra pelo corpo, o coração voltou a bater. Ela soltou a respiração que nem sabia que estava prendendo quando Kiba finalmente pôde respirar, ela posicionou a mão abaixo de seu estômago para liberar o sétimo portão, mas ouviu gritos cada vez mais próximos mas os ignorou.

     “Você precisa se apressar” a voz voltou a ecoar na sua mente, mas Hinata não conseguia se afastar, até que ela se viu em outro lugar escuro, parecia ser um campo florido mas tudo parecia sem vida, havia uma figura caída no chão, quando ela se aproximou percebeu que a pessoa estava acorrentada, e essa pessoa lentamente se ajoelhou no chão e encarou Hinata nos olhos.

Você não pode demorar mais!

— Quem é você?

— Você sabe quem eu sou. — a mulher tinha olhos amarelos brilhantes e cabelos escuros como a noite.

— Amaterasu!

— Eu esperei tanto tempo para te conhecer. — ela tentou se levantar mas as corrente nos dois pulsos lhe deram uma choque terrível e ela voltou a cair no chão.

— Você está bem? — Hinata teve medo de se aproximar e com dificuldade ela se pôs de joelhos novamente.

— Para quem está preso há tanto tempo. Escute Hinata, você precisa voltar.

— Eu não posso deixar meu amigo, eu machuquei muito ele, eu não queria isso. As coisas fugiram ao meu controle. — Amaterasu olhou para ela com carinho e quando falou, sua voz era suave.

— Eu sei, e eu entendo, e eu sinto muito querida, foi um pesadelo tão ruim.

— Ele vai viver, ele vai poder ficar bem?

— Ele está bem, e ele vai melhorar, eu o curei com minha energia. — a entidade de olhos brilhantes parecia esgotada. — Eu não vou machucar você, querida. Você é quem vai me salvar.

— O que quer dizer? E o que é energia...

     Hinata volta a si e percebe que ninjas começaram a se acumular de um lado da praça e ainda mais chegavam, ela olha para Shikamaru que tentava se arrastar até Tenten, depois abaixa a cabeça e observa o rosto de Kiba que estava mais corado que dá ultima vez que o viu, ele parecia melhor. “Seja lá o que ela fez, esta energia o curou, ele está bem.” Hinata acaricia o rosto dele e se levanta com um pouco de dificuldade pela dormência nas pernas, ela se aproxima de Tenten para verificar se estava mesmo bem.

— NÃO SE APROXIME DELA HINATA, VOCÊ ME OUVIU? NÃO OUSE MACHUCAR ELA. — Shikamaru gritou, ele temia que Kiba estivesse morto e temia pela vida de Tenten, até tentou se levantar, mas estava com a perna rasgada com um pedaço de metal provavelmente impedindo de ter hemorragia, a dor mal o deixava se mexer e tinha lacerações por todo o corpo.

     Hinata checou seus sinais vitais e estavam enfraquecendo, com o Byakugan ainda ativado ela viu que Tenten tinha múltiplas fraturas e hemorragia interna, com a ajuda necessária ela ficaria bem, Shikamaru havia desmaiado quando Hinata colocou as mãos sobre o tórax dela e de si emanou a mesma lux roxa apenas para parar o sangramento, quando terminou, ela usou o Shunshin no Jutsu, teletransporte. Hinata foi parar três quarteirões distantes do local da briga e do restaurante, ela decidiu que deveria voltar para o esconderijo o mais breve possível, dois ou três dias de distância, estava tão cansada que sentia como se nunca mais fosse ficar bem de novo.

— Amaterasu, se estiver me escutando... Obrigada. — Hinata corria para longe de Sunagakure o mais depressa que conseguia, sussurrou estas palavras para si mesma, mas desta vez nenhuma voz ecoou em sua cabeça. — Eu sabia o que tinha que fazer, eu sabia, eu os tinha em minhas mãos e deveria derrotá-los porque é assim que Pain queria e porque isso era só um teste. — Hinata mordeu o lábio inferior tentando conter as lágrimas que queimavam em seus olhos, mas não adiantava, porque quando você machuca muito pessoas com as quais se importa muito, você na verdade quebra a si mesmo, e isso dói.

Chorei por ter despedaçado as flores que estão no canteiro.

 — Eu só... Eu estava com tanta raiva. Só queria machucá-los por não entenderem nada, mas como eles entenderiam? Eles não sabem de nada e eu não posso contar porque na verdade, eu não admito nem para mim mesma e isso machuca. Eu pensei em todas as coisas ruins que fizeram comigo e que aconteceram, mas... Quando vi Kiba quase morto eu me lembrei de todos os momentos bons. Pareceu tão fácil para o Sasuke ir embora daquela maneira, machucar o Naruto como machucou e me deixar sozinha. — “Você ainda pode voltar, Hinata, se é o que deseja” a voz ecoou em sua cabeça outra vez. — ESTÁ ENGANADA! Eu não posso, eu não posso. — Hinata para de correr subitamente e quase cai, ela se ajoelha em meio ao deserto e sobre aquela infinidade de grãos de areia ela chorou.  — As coisas que aconteceram, as coisas que eu tive que fazer... sozinha. Eu tinha Neji, mas ele nunca poderia saber e tudo por aquele maldito selo!

Não chore Hinata! Olhe as estrelas! — a voz fala em sua mente e ela quase podia ver a própria Amaterasu se materializar a sua frente, como uma neblina.

— Olhe as coisas que fazemos por quem amamos.

— Levante, vamos você nunca esteve sozinha, eu estava lá com você, eu sei o que aconteceu, querida, e eu sinto muito. Mas você nunca mudará o que aconteceu e passou!

— Não posso mudar o que aconteceu, mas posso mudar o sistema, melhor, eu posso destruir o sistema.

Por que você está assustado?

 (Não estou assustado)

 Você nunca mudará o que aconteceu e passou.

Hinata, quando você deixa a escuridão entrar não há como tirá-la, é um caminho sem volta.

— E por que você acha que isso me importa? Sasuke tem razão, amor é uma fraqueza.

O que você pretende fazer? — Hinata encarou o céu absurdamente estrelado de Suna, ou de algum lugar próximo em que estava como os joelhos empoeirados sobre o chão. Eram tão lindas, embora já estivessem mortas, embora estivessem desaparecendo.

— Destruir a causa de todo mal.

E como você pretende fazer isso?

— Primeiro eu preciso destruir a família principal e livrar minha família daquele selo maldito. O que for preciso.

 

Porque todas as estrelas estão desaparecendo.

Apenas tente não se preocupar, você as verá algum dia.

Pegue o que você precisa e siga seu caminho.

E faça seu coração parar de chorar.

 

Continua...

 



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