História Hinata na Akatsuki - Os Sentimentos de Cada Um

Em uma terra de deuses e monstros

Eu era um anjo

Vivendo em um jardim perverso.

A história que contarei a vocês é sobre uma menina que nasceu com seu destino predito para ser herdeira de um dos clãs mais poderosos do mundo shinobi, o clã Hyuuga. O clã era dividido em dois, a Família Principal que comandava tudo e a Família Secundária que era subordinada e fadada a uma vida de servidão e proteção à Casa Principal. Como uma cortina de ferro, Hinata Hyuuga cresceu em um mundo; um clã, onde sua família era dividida entre “essenciais e descartáveis” para proteger o Byakugan, fadada a seguir um destino que nunca desejou, era considerada fraca e fracassada quando, na verdade, apenas não queria machucar ninguém, ela sempre achou que este cargo, esta herança deveria pertencer a Neji, o gênio.

É claro, há poucos momentos felizes na vida desta delicada menina, sempre subestimada por todos, ela lançou a sua própria sorte e superou as expectativas de todos, se inspirando e se espelhando no garoto loiro rejeitado da vila pelo simples fato de carregar dentro de si um monstro, mas ele não tem culpa disso. Ela foi rejeitada pelo pai e por toda a Casa Principal, os viu maltratar também o garoto que considerava um irmão e o machucarem, novamente, com aquele maldito selo. Esta era a sua casa, mas esta não é toda a história, e o caminho daqui em diante, leitores, apenas vai ficar mais escuro e pérfido, absurdamente repulsivo e perverso. Em um momento, sem perceber, a Hyuuga vai parar em um beco sem saída. Beco sem saída é uma expressão que significa que até mesmo algo pequeno e inofensivo pode pôr você num caminho de algo muito ruim.

Meu nome é Raiden Uchiha, e eu sinto muito em dizer que todas as bifurcações, estradas e escolhas que existiriam na vida de Hinata Hyuuga apenas a levariam para um fim triste e terrivelmente ruim. Você deveria jogar este livro fora e procurar um entretenimento mais agradável, você não vai gostar do que vai ler. Palavras e atos podem quebrar um coração; podem descontruir uma pessoa e mudar uma personalidade, mas e um laço? Será que podemos mesmo salvar uns aos outros?

✴✴✴

Mesmo quando criança, todos diziam que

Ele seria uma estrela algum dia.

Finalmente, ele encontrou uma maneira de alcançar o céu.

Mas ele não sabia o que encontraria.

Agora, o sol está mais próximo do que antes.

Qualquer um que seja pode sentir isso.

— O QUE?!! COMO ASSIM TRÊS DOS NOSSOS MELHORES NINJAS FORAM DERROTADOS? — Tsunade Senju parecia realmente irritada e muito, muito nervosa.

— C-calma Tsunade-Sama! — pedia Shizune que estava amedrontada com a reação da Hokage.

— ME DIGAM LOGO, COMO ISSO ACONTECEU? FALE LOGO KAKASHI! — além dela, na sala estavam somente Shizune, Might Guy e Kakashi Hatake que, com seus contatos, foi o primeiro a receber a notícia.

— Na verdade, eu acabei de receber a notícia, Hokage-Sama, graças ao meu contato na vila oculta da areia.

— Que contato? — questionou Guy

— Apenas alguns contatos com algumas pessoas. — ele respondeu.

— Achei que depois da aliança shinobi você tinha recebido ordens para retirar seus espiões das vilas vizinhas. — Guy continuou no assunto, Tsunade estava prestes a matar os dois.

— Não sei do que você está falando, Guy, eu retirei meus espiões de todas as vilas. — Kakashi respondeu.

— Então como você ficou sabendo disso antes da Hokage? — ele continuou.

— Contatos, Guy, apenas contatos... — Tsunade os interrompeu.

— Não me importa se vocês são os melhores ninjas desta porcaria de aldeia ou se o Kakashi ainda tem os espiões dele pelas vilas, eu vou matar vocês se não me responderem agora. — sua voz estava perigosamente calma, Shizune fugiu da sala na primeira oportunidade. — O QUE ACONTECEU COM AQUELES GAROTOS EM SUNA?!

— Houve uma briga, uma luta! — Kakashi se prontificou a responder. — Durante a missão expiatória, eles encontraram Hinata por acaso e a coisa saiu do controle. Eles quiseram a qualquer custo trazê-la de volta para a vila, que agiram com inconsequência, foram estúpidos.

— Eles são ninjas fortes e habilidosos! Como conseguiram perder de três contra um?! — Tsunade estava de pé e encarava os dois homens a sua frente.

— Há uma semana eles eram amigos, bagunçavam e agiam como os adolescentes retardados que eles são. Eles não deveriam ter lutado contra ela sem a intenção de machucá-la e não poderiam machucá-la porque ela era uma amiga, apesar de tudo. — Kakashi respondeu.

— Quando as crianças sentem que algo está errado, quando se sentem impotentes ou quando se sentem incompreendidas, elas se comportam mal. — foi Guy quem falou, sua feição e voz eram sérias.

— As coisas que fazemos pelas pessoas que nos importamos. — Kakashi afirmou. Ambos esperaram uma reação da Hokage, que se pronunciou após alguns minutos de silêncio.

— O que aconteceu com eles? — Tsunade perguntou.

— Shikamaru Nara machucou muito a perna, vai ficar enfaixado e talvez precise de muletas, Tenten Mitsashi quebrou alguns ossos pelo corpo e vai precisar descansar por um tempo. — Kakashi respondeu. — Mas Kiba Inuzuka sofreu graves danos durante a luta, Hinata o acertou com o selamento dos 8 portões, francamente, eu não como ele ainda está vivo.

— O garoto vai ficar bem? — Tsunade estava apreensiva.

— Ele ainda não acordou e nem sabem quando ele acordará. Quando o examinaram, somente 4 portões ainda estavam fechados e 4 abertos, mas os danos permaneceram, como quebrar um vaso, não sabem se Kiba vai ficar bem, ou se vai voltar a ser um ninja. — Kakashi respondeu.

— A paz é frágil, Hokage-Sama, isso não irá passar despercebido pelos Kages e a comoção de termos uma Hyuuga, uma usuária do Byakugan foragida. Temo que vá começar uma caça as bruxas. — Guy falou.

— Eu entendo Guy, e você está certo. Nunca um membro do clã Hyuuga se tornou foragido, e as coisas ficam piores, pois Hinata é da Família Principal, seus olhos não estão protegidos pelo selo e todos sabem disso. Tenho medo do que pode acontecer. — Tsunade apertava os punhos. — Mas depois do que aconteceu em Suna, as pessoas podem ver como uma declaração de guerra aos países aliados, pois ela ainda é uma ninja de Konoha, a paz é frágil e Gaara pode ceder a pressão. Nós não somos confiáveis agora.

— Com certeza ninguém irá deixar passar. — disse Kakashi.

— E nós temos que reagir! Hokage-Sama, a senhora precisa declara que Hinata não é mais uma de nós. É a única maneira de não colocar a aldeia no meio fogo cruzado e na mira de todos os países. — completou Guy, que apesar da determinação, era notável a tristeza em sua voz.

— Temo que seja tarde demais para trazê-la de volta como uma Kunoichi da Aldeia Oculta da Folha. Seria uma afronta. — Kakashi terminou.

— Eu sei você têm razão. — com muito contra gosto, Tsunade continuou a frase. — Preciso que vocês dois, Guy e Kakashi, vão até Suna para uma missão expiatória. Quero que apaziguem as coisas e garantam que continuaremos aliados, pacifiquem este estrago antes que tenha chance de piorar. Gaara é nosso aliado e também nosso amigo, mas depois do que aconteceu e com a pressão que está recebendo das outras vilas e de sua própria, não vou culpá-lo se não quiser mais estar do nosso lado, se não puder.

— Mesmo que tenham sido os nossos ninjas os que se machucaram? — Guy perguntou, ele estava irritado.

— É o mundo Guy. E eles vão fazer qualquer coisa pelo Byakugan, para conseguir mais poder. E mesmo que não gostemos de admitir, nós temos a culpa. — Tsunade respondeu.

— Meus contatos disseram que há a possibilidade de ela ter se juntado à Akatsuki. — Kakashi afirmou. — Ela foi vista junto de Sasuke Uchiha em Koka, uma vila turística. Ele usava o manto da Akatsuki.

— O seu contato tem certeza? — Guy perguntou.

— Sim. E vocês conhecem o ditado, onde há fumaça há fogo. — Kakashi respondeu.

— Precisamos agir rápido, se ela realmente se juntou a Akatsuki, agora eles têm em mão os três kekkei genkai mais poderosos... — a voz da Hokage morreu no meio da frase.

— Eles têm o Rinnegan, o Sharingan e agora o Byakugan. — Kakashi continuou. — Sem contar com o Mangekyou Sharingan.

— Que dor de cabeça! — Tsunade exclamou. — Essas crianças retardadas! — ela foi até a janela e observou o fim do dia se aproximando, ainda faltavam duas horas para escurecer, ela se virou para olhar os dois ninjas, todos naquela sala estavam apreensivos. — Eles têm poder demais em mãos, mais do que pensam!

— Seguiremos as suas ordens Hokage, qualquer coisa que decidir. — Guy assegurou. Tsunade abaixou a cabeça pensativa, em seguida ergueu o olhar com determinação.

— Faremos o que for preciso para uma guerra não eclodir. Em toda a história muitos quiseram o poder do Byakugan, agora estão mais perto de tê-lo e nem consigo pensar no que aquela organização pode fazer. Quero que fique claro para todos que Hinata Hyuuga agora é  inimiga de Konoha e do País do Fogo. — Tsunade abaixou a cabeça e deixou lágrimas escorrerem.

— Tsunade-Sama... — Guy começou a falar, mas foi interrompido.

— Kakashi, também quero que me envie notícias sobre Kiba,  sei que é um momento difícil, mas precisamos nos reerguer, ela agora é nossa inimiga. — “e eu a considerava uma filha” ela pensou — E eu não vou ficar de braços cruzados enquanto vejo minha vila se machucar por causa dela, — deu desferiu um soco na mesa a partindo ao meio, os pedaços caíram pelo chão. — esse foi o caminho que ela escolheu. — Tsunade se sentou na cadeira que havia restado, estava com a expressão muito cansada.

— Faremos nosso melhor Hokage-Sama. — Guy respondeu.

— Faremos o que for preciso. — Kakashi disse, estava pronto para ir embora.

— Eu sei que farão, só queria que não tivessem que fazer. Agora vão, quanto antes chegarem até Suna, melhor. Espero que as coisas voltem a ficar bem.

— Mandaremos notícias assim que chegarmos. — Guy disse antes de sair, deixando o amigo sozinho com a Hokage.

— O que será que a fez tomar esta decisão? — Kakashi questionou, estava no batente da porta prestes a sair.

— Não importa. — ela respondeu. — Os jovens são um acumulo de problemas, decisões erradas e coração partido. Queria que eles soubessem que há mais para ver além da neblina que está tampando seus olhos, que há mais para viver além daquele momento ruim.

— Eles são sempre tão impulsivos. — ele falou.

— Sim, eles são. Por mais que eu pense, eu não entendo, eu não encontro o erro. Kakashi eu estive aqui o tempo todo, cuidando da vila e deles e mesmo assim eu não sei o que aconteceu, o que deu errado. — Ela olha através da janela. — Será que estaremos sempre destinados a cair? Parece que o ciclo apenas se repete. Estou cansada de lutar guerra tanto quanto estou cansada de tentar impedir ela. Isso tudo é uma droga.

— Gostaria que houvesse uma maneira de fazer isso melhorar sem ter que usar Hinata e Sasuke de mártir. Eu queria que não tivesse sido desta maneira nem com eles, nem com Obito e Rim. Queria poder tê-los salvado. Cada um deles. — disse Kakashi, ele não se referia somente a eles, também se lembrava de Minato e Kushina, de Itachi Uchiha, assim também como se referia ao seu pai Sakumo Hatake. — Eles são apenas crianças. Ninguém deveria ser machucado pelo mundo dessa maneira.

— Vamos apenas fazer o que for preciso, e também nem todo mundo enlouquece no mundo, Naruto passou por coisas horríveis e tomou decisões corretas. Aquela praga só pode ser filho dos pais dele.

— Ele é um bom garoto, eu não sei como suportou, e sorrindo. — ela olhou para Kakashi. — É melhor você ir.

— Tem razão, até mais.

— É... Até mais... — ela o observou ir embora, pegou sua garrafa de sakê do chão e começou a beber. — Não importa o quanto lutemos, acho que no final das contas, não podemos salvar todos, não podemos salvar uns aos outros.

Antes de cair à noite, Kakashi Hatake e Might Guy iniciaram a jornada até a Vila Oculta da Areia com a missão de manter o frágil tratado de paz ainda em vigor. Por que era sempre Konoha que se metia em problemas? Não importa o quanto isso os afetasse internamente, não poderiam se deixar perder o controle, só se chora as perdas quando a guerra acaba, e eles precisavam evitar que uma briga começasse outra vez, antes que essa bola de neve se transformasse em uma avalanche e arrastasse tudo com ela, e você não faz idéia de como é fácil chegar a esse ponto.

✴✴✴

Amar pode doer.

Amar pode doer às vezes.

Mas quando fica difícil, você sabe que pode ficar difícil às vezes.

É a única coisa que nos faz sentir vivos.

Em passos lentos ele caminhou e se sentou na cadeira ao lado da cama, Neji nunca o perdoaria se não a protegesse, mas quem ele deveria exatamente proteger? Por mais que tivesse tentado, às vezes não dá para proteger aqueles com quem nos importamos por mais que queiramos muito. Ele a observou deitada naquela maca velou por seu sono toda a noite e, pela manhã, as coisas apenas se tornaram ainda mais difíceis.

— Ainda não quero conversar Shikamaru. — ela parecia triste, e de fato estava, um tsunami havia passado pela sua vida e tirou tudo o que conhecia do lugar. Ela estava sentada na cama abraçando os joelhos onde mantinha a cabeça apoiada, seus olhos miravam o chão embora ela não olhasse realmente para algum ponto, sua expressão era abatida e tinha olheiras.

— Você passou a noite chorando. — fazia um dia desde o ocorrido, Shikamaru estava com gesso na perna direita que, embora houvesse sido curada dos ferimentos, ainda estava com o osso quebrado.

— Não! — negou firmemente, Tenten havia passado aquela noite e o dia descansando, agora passava das 5 da manha e o sol iria despontar.

— Não foi uma pergunta Tenten. — de fato não foi uma pergunta, depois que ela acordou, ele lhe contou sobre o que aconteceu como Hinata os machucou e o estado de Kiba, então ela exigiu a solitude, isto é, ela o expulsou do quarto e exigiu ficar só até agora, quando ele foi vê-la mesmo ela não querendo.

— Ainda assim não quero conversar Shikamaru, por favor, vá embora. — Tenten ainda estava com faixa por todo o tórax, tinha fraturado muitas costelas e perfurado o pulmão, mas deram um jeito, porém os ossos quebrados teriam que curar sozinhos.

— Sabe o que vai acontecer quando voltarmos, não vai haver descanso, vai ser uma caçada humana pelo Byakugan. E não somente Suna, mas os restos das vilas querem uma reposta sobre o que está acontecendo... — ela cortou sua fala, ambos pareciam esgotados.

— Eu sei Shikamaru, tá?! Eu sei, já entendi! — apesar de tentar com todas as forças, ela não conseguiu evitar a enxurrada de lágrimas que transbordavam de seus olhos. — Não precisa me lembrar... — o choro ficou mais intenso, o nó em sua garganta a sufocava e ela não conseguia falar sem soluçar. — Mas eu não quero fazer isso, não consigo. — ela se encolheu ainda mais e escondeu o rosto, quando conseguiu falar, sua voz estava abafada. — Ela é minha amiga.

— Não chore Tenten, por favor. — o choro ficou ainda mais intenso e agora ela tremia, ele se aproximou e sentou ao lado dela na cama e passou um braço ao redor de seus ombros em um meio abraço. — Ela não é mais nossa amiga e ela escolheu isso. Sei o que você está sentindo, mas se não fizermos isso, vai haver uma guerra, talvez até Gaara fique contra nós.

— Mas Shikamaru se dissermos isso, se dissermos que foi ela quem nos atacou e atacou Suna, vão caçá­-la até a morte sem se importar com quem esteja no caminho, vai ser um banho de sangue.

— Mesmo se mentirmos e dissermos que foi outra pessoa, talvez da Akatsuki, ainda assim não faria diferença, todos que estavam por perto viram o rosto dela e os olhos dela. Um Hyuuga é inconfundível. — ela se encostou sobre o peito dele o que o fez enrubescer as maçãs do rosto, ela estava mais calma.

— Ela bagunçou demais Suna e tudo, ela bagunçou tudo. — ela suspirou. — E parecia não ter o controle daquilo, o que era afinal? Parecia que o chakra dela estava roxo.

— Estava, e foi bem estranho, você estava muito machuca e ela te curou e também ao Kiba, eu não sei como, é que o golpe que ela usou... — ela o cortou.

— O Selamento dos Oito Portões! Eu sei o Neji quem criou. É chamado de o último recurso porque foi feito pra matar o oponente, ele usa apenas para situações muito ruins.

— De qualquer forma não se preocupe com isso. — ela se afastou dele alguns centímetros para o olhar nos olhos.

— Como posso não me preocupar? — as lágrima ameaçaram cair outra vez. — Eu não... é...

— EI! Acalme-se está bem! — ele colocou as mãos sobre os dois lados do rosto dela carinhosamente. — Não chore mais Tenten, isso entope o nariz. — ela riu mesmo que ainda estivesse tão triste. — Me desculpe, eu deveria ter te protegido, eu não queria machucar ela e a deixei machucar você.

— Mas a culpa não é sua Shikamaru, as coisas acontecem, e não deveriam ter sido desse jeito. — ele ia retirar as mãos de seu rosto, mas ela as segurou pondo as suas em cima das dele. — Eu só queria tê-la salvado.

— As pessoas nunca caem de uma vez Tenten,  ela já devia estar pensando nisso faz um tempo, talvez o tempo em que podíamos salvar ela tenha acabado quando ela abandonou a vila. — dessa vez ela soltou as mão dele e uma distancia pairou entre eles.

— Eu não acredito que ela fez aquilo com o Kiba, com a gente. Ela deveria ter pedido ajuda, eu ajudaria... — sua voz morreu no meio da frase. — Acho que ela tentou falar... Uma vez...  Ela ia me dizer alguma coisa, mas eu não dei ouvido porque estava atrasada para o treino. Por que eu não parei cinco minutos para escutar a minha amiga? Eu achei tão importante aquele treino naquela hora, agora é tão banal. — ela voltou a chorar.

— Tenten não é sua culpa.

— Eu sei mas... Foi há dois meses, ela ficou distante depois disso, droga! Ela parecia sempre exausta e eu nem me importei. Eu só... — ela agarrou a blusa de Shikamaru e escondeu o rosto em seu peitoral, ela chorou tanto.

— Ei! Tenten pare de chorar! Por favor... — ele desistiu e a envolveu por sobre os braços em um abraço protetor.

— Não é justo. — sua voz estava abafada por causa da roupa dele. — Ela precisava de ajuda e eu não notei; ninguém notou!

— Agora só podemos esperar que Kiba melhore. Tsunade-Sama deve estar enviando alguém para cá, acho que o Kakashi-Sensei e provavelmente o Guy-Sensei. — ele tentou consolar ela, que se afastou dele.

— Nós viemos para Suna por causa dessa missão estúpida, eu me lembro dela no restaurante e ela estava bem quando a deixamos junto com a Sakura, aí quando eu olhei de novo ela já tinha ido embora. — ela falou.

— E Kiba disse que a viu sair correndo de lá quando ele estava chegando para nos chamar! — ele completou. — Ela ignorou quando ele a chamou.

— Então talvez ele possa dizer alguma coisa! — por um milésimo esperança brilhou nos olhos dela. Talvez se entendesse o princípio pudesse entender o fim.

— Não tenho tanta certeza Ten, ele a chamou, mas acho que ela não ouviu, pelo menos foi o que ele me disse. — ele afirmou.

— O que aconteceu Shikamaru? — ela perguntou, seus olhos estavam tristes outra vez.

— Isso nós apenas saberemos quando Kiba acordar Ten, quer dizer, ele foi o último a vê-la pelo o que sei... — ele respondeu e se assustou com o grito que ela deu.

— NÃO! — dessa vez ela parecia mais determinada.

— O que foi?! — ele estava realmente preocupado. — Está sentindo dor?!

— Kiba não foi o único! — ele fez uma expressão confusa. — Shikamaru, o Kiba não foi o único! Antes de a Hinata sair correndo e depois fugir da vila, ela estava falando com a Sakura! E antes de eu sair e deixar as duas sozinhas ela estava bem!

— Está dizendo que a fuga dela e tudo isso tem haver com alguma coisa que a Sakura fez? — ele questionou. Ele estava perplexo com o que ela estava dizendo, até onde sabia, Hinata e Sakura eram amigas.

— Não estou dizendo que foi culpa dela, porque acho que todos nós temos a culpa, mas eu sei que ela deve ter feito ou dito alguma coisa que a fez agir dessa maneira, um gatilho para o fim de tudo. — ela respondeu, Shikamaru desviou o olhar, era uma dúvida válida.

— Só saberemos disso quando perguntarmos a ela. — ele respondeu. — Mas somente quando você melhora, então poderemos voltar a Konoha.

— O Kiba tem que melhorar também, eu não quero ir embora sem que ele esteja bem, ele me salvou; se não fosse por ele eu estaria naquela cama agora. — ela se mexeu na cama e colocou os pés para fora com a intenção de se levantar.

— Ei, cuidado! — ele a segurou pelos braços e a ajudou a ficar em pé. — Ainda está doendo não é?

— Nem tanto para cinco costelas quebradas. — com dificuldade considerável, ela andou até a porta.

— Aonde você vai? Quer que eu vá junto? — ele estava nitidamente preocupado.

— Não precisa Shikamaru, eu já volto, só irei até o terraço do hospital para pensar m pouco, eu preciso tomar um ar. Vá me chame se tiver notícias, ainda que possam não ser boas.

Em passos cuidadosos, um pé na frente do outro, Tenten foi caminhando até o lugar que desejava, embora o que mais queria mesmo era encontrar um buraco de minhoca para que, dessa vez, pudesse fazer as coisas certas; para que impedisse seu próprio mundo de cair aos pedaços. Ela preferiu subir as escadas enquanto abraçava seus braços e deixava mais lágrimas caírem, e não importasse o quanto tentasse, ela não conseguia abandonar a sensação de que as coisas só iriam ficar cada vez piores e que ela se sentiria tão impotente quanto se sente agora. As coisas estavam realmente se complicando.

Não há problema em chorar, até meu pai chora ás vezes.

Então não esfregue seus olhos.

As lágrimas podem lembrar de que você ainda está vivo.

Então, por dentro, vamos ficar com raiva contra a morte da luz.

Vá em frente e apenas viva isso.

Vá em frente e me despedace.

✴✴✴

Quando Naruto saiu do Genjutsu, ele imediatamente foi procurar seus companheiros de equipe, ainda sentia o rastro de chakra de Sasuke, mas escolheu não segui-lo. Correndo pela cidade a esta hora quase deserta, todos estavam procurando alguma pista da Hyuuga, qualquer coisa que os levassem até ela. Ele estava procurando por Neji, mas não o achava, então foi até uma hospedaria em que Neji havia ido quando chegaram e feito check-in, embora ele tivesse apenas pedido o quarto para uma pessoa, pois Naruto não queria pensar em descansar, mesmo que precisasse.

Ele subiu as escadas para o segundo andar e foi mais rápido do ele mesmo achou, agora sentia o chakra dele, — se tivesse tentado isso antes já o teria achado. — Naruto abriu a porta e entrou, Neji estava sentado sobre a cama enquanto escrevia em um pergaminho, provavelmente era o relatório do dia.

— Neji! — ele gritou.

— Agora não Naruto, estou escrevendo para a Hokage-Sama sobre o que encontrei. — Neji disse, neste momento só havia os dois no quarto.

— E o que encontramos? — ele questionou.

— É... — ele parou de escrever e se virou para Naruto. — Eu tenho quase certeza de que Hinata entrou para a Organização Criminosa Akatsuki. — Naruto o olhou sério. — Algumas pessoas viram uma garota com as mesmas descrições de Hinata junto com alguém com a capa da Akatsuki ontem, foi comerciante do porto, da Aldeia da Névoa, ele anda por aí vendendo e reconheceu a capa. Se for mesmo ela, então estamos muito atrasados e talvez seja tarde demais, mas talvez ainda dê tempo de a resgatarmos antes que algo pior aconteça. — ele respondeu e voltou a escrever — Por sorte ou azar todos conhecem o Byakugan.

— Neji... — Naruto andou até perto dele e se sentou sobre o chão.

— Eu sei que você tá cansado, mas vai ter que arrumar um quarto para você, e é melhor descansar porque eu vou sair cedo, e você também.

— Neji eu encontrei com o Sasuke. — a mão de Neji travou.

— Do que você está falando? — ele perguntou cuidadoso.

— Eu encontrei com o Sasuke, nós lutamos e ele me prendeu em um Genjutsu. — Neji se virou e o encarou.

— É claro que pegou, você é o idiota que cai em Genjutsu, não dá pra ser bom em tudo. — os dois estavam sérios. — Embora escapar do Genjutsu de um Uchiha possa ser... complicado. — Naruto continuou sério. — O que você não está contando?

— Ele disse que jamais me deixaria chegar perto da Hinata-chan outra vez.

— Entendo. — Neji se levantou e começou a andar em círculos sem perceber.

— Eu senti o chakra dele quando a Kurama liberou o Genjutsu, eu não ia lutar com ele naquela hora, eu tinha que te falar isso e também que ele disse que...

— Espera aí... — Neji o interrompeu. — Explica de novo, você encontrou com o Sasuke... E DEIXOU-O FUGIR?! — ele sentiu tanta fúria de repente que Naruto se encolheu.

— Eu já falei Neji, não podia lutar com ele aquela hora, estamos em uma missão importante, além do mais que se dane o Sasuke e que faça o que quiser, ele é a última pessoa que me importa nesse momento.

— E a primeira é a Hinata não é? — ele parecia realmente irritado. — Como você é hipócrita!

— Neji... — Neji o pegou pelo colarinho e o prensou contra a parede.

— Por que está tão determinado a achar ela? — seus rostos estavam próximos e sua voz estava elevada, embora ainda não gritasse. — Durante anos, Naruto, durante anos ela esteve apaixonada por você e você só queria saber do Sasuke e d Sakura, agora de repente ela se torna a pessoa especial da sua vida?!

— Neji me escut...

— NÃO, ME ESCUTA VOCÊ! Ela se confessou e quase morreu para salvar VOCÊ! E depois disso você apenas foi embora, tem noção de como ela ficou?! Foi horrível, mas EU ESTAVA LÁ, EU ESTAVA LÁ QUANDO NINGUÉM MAIS ESTAVA, NEM SASUKE E NEM VOCÊ! — Neji o soltou e se afastou. — Eu não fui o melhor irmão no início, mas você me mostrou que eu poderia mudar. Eu mudei e a ajudei, isso não é justo.

— Eu sinto muito. — o loiro disse, e realmente sentia.

— Deveria sentir mesmo. Você é a pessoa errada para esta missão.

— Eu só a quero bem Neji. — ele tentava se explicar.

— Não importa, Kiba era amigo dela, ele vai entrar na equipe e você vai sair, eu sou o líder e poço pedir isso a Hokage quando voltarmos.

— Não acho que você vai conseguir.

— E eu não me importo com o que você pensa, ela vai entender. E você deveria ter parado o Sasuke. Naruto,  você não pensou nem por um segundo que talvez ele pudesse nos levar até ela?

— Por que você acha isso Neji? — uma gota escorreu pela cabeça de Neji, ele estava indignado.

— Esqueceu de que ela pode ter se envolvido com a Akatsuki? Acredite em mim, eu sou o primeiro a querer que isso não fosse verdade, mas se tem uma possibilidade...

— Neji eu tenho que falar... — um cortava a fala do outro.

— Eu sei que se sente culpado Naruto, embora isso não sirva de nada, mas não pode mais deixar seus sentimentos atrapalharem você em uma hora crucial...

— ELE DISSE QUE ELA ESTÁ LÁ! — ele gritou de uma, pois se dependesse de Neji, ele nunca conseguiria falar. — Ele tinha razão, antes de ir atrás dela eu devia primeiro tê-la mantido na vila. — colocou as mãos na cabeça em uma tentativa desesperada de tentar não pensar mais naquilo.

— O que? Aonde? Naruto... O que ele disse? — agora ele tinha a total atenção de Neji.

— Ele disse... Que ela está na Akatsuki. — Neji se sentou no chão frio.

— Então era verdade, o que diziam... — ele apertou os punhos para descontar a frustração.

Um parque cheio de memórias, passagens enferrujadas.

E sua voz cantando, todos eles cruzaram além do esquecimento.

Se nunca amamos nada, não há nada a perder.

Entendemos isso em nossas mentes, mas acabamos sozinhos de qualquer forma.

— Vamos trazer ela de volta Neji, eu prometo. — a infelicidade pairava no ambiente.

— Eu não acho que ela queira voltar. — Neji estava quieto.

— Ela vai sim, tenho certeza. — Naruto tentava abrandar a situação.

— Não vai ser fácil, eu treinei ela, eu conheço a força dela e sua determinação.

— Difícil não é impossível. — ele tentava ser otimista.

— Ela se espelhou em você, sabe... Hinata-Sama é forte em todos os sentidos. Se ela não quiser voltar ela não vai voltar, ela sabe se defender.

— Então você vai desistir? — Naruto questionou.

— Não. Eu vou achar ela, mas não vou trazê-la a menos que ela queira.

— Neji...

— Não Naruto, cale a boca porque você não sabe de nada sobre nada das coisas que aconteceram com ela, com a gente. Nós somos como irmãos, vamos nos encontrar de novo.

— Eu não sei o que aconteceu com vocês ou com ela, mas sei que não há nada que uma pessoa não aguente, e com as coisas que acontecem por aqui Neji, poderia ter sido bem pior.

— Mas deveria ter sido bem melhor. — ambos ficaram calados e o silêncio pairou no local.

— Pessoal... — Shino chamou a atenção.

— AHHHHHH. — gritaram Naruto e Neji com a mão no coração.

— HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ ESTÁ AÍ, SEU IDIOTA?! — gritou Naruto tentando se recuperar do susto.

— PARE DE GRITAR, IDIOTA! — gritou Neji.

— O QUE? MAS VOCÊ TAMBÉM ESTÁ GRITANDO, IMBECIL! — os dois estavam se encarando saindo faísca pelos olhos e Shino estava com uma gota na cabeça, ele estava indignado.

— Recebi uma carta de Konoha. — disse Shino que queria apenas se apressar.

— O QUE? — disseram os dois juntos.

— São sobre Hinata-San, notícias de Hokage-Sama.

— O que diz a carta Shino? — perguntou Neji.

— Leiam vocês mesmos. — ele deu a carta na mão de Neji e de Naruto, ela estava aberta, pois Shino já tinha lido.

—O QUE? — Naruto gritou bem no ouvido de Neji.

— NÃO GRITA NO MEU OUVIDO SEU IDIOTA! QUER MORRER?! — Neji estava com dor de cabeça, queria uma pausa de tudo isso.

— Isso é mesmo verdade Shino? — Naruto perguntou ignorando totalmente Neji, ele estava preocupado de que agora não pudesse fazer mais nada, sentia como se mais uma vez estivesse preso ao chão com estacas e vendo Hinata se machucar sem ele poder fazer nada para ajudá-la, para protegê-la.

— A Hokage-Sama não se enganaria Naruto, já estamos nessa missão há tanto e estamos tão atrasados. — Shino parecia exausto, ele era o que vigiava o ambiente enquanto os companheiros dormiam e ele estava lá fora procurando informações enquanto os dois estavam no quarto. Ele estava exausto.

— Estávamos chegando perto, muito perto de encontrá-la. — Naruto falou. — E isso não faz sentido. Hinata não machucaria os próprios amigos. — ele se virou e socou a parede, ele também estava exausto, mas não era físico, ele estava exausto das coisas, estava cansado de fracassar em proteger as pessoas com quem se importava. — Nada disso faz sentido.

— Naruto... Vamos dar um jeito — Shino tentou consolá-lo, mas era em vão.

— A gente só se ferra, eu cresci sem pais e sem amigos porque nessa vila só tem filho da puta que culpa os outros pelos seus problemas. Neji foi selado quando criança e isso nem é metáfora para uma prisão, é uma prisão. — Neji, que estava colocando suas coisas dentro de sua mochila, parou nesse momento e olhou para Naruto com uma expressão indecifrável. — Foi uma vida fodida. Já não tivemos tudo o que merecemos? — todos permaneceram em absoluto silêncio por minutos.

— Hokage-Sama quer a sua presença em Konoha, Naruto. Neji e eu vamos até Suna. — Shino falou.

— Vão o caralho! Eu vou com vocês e depois vou para Konoha. Vamos sair logo daqui. — Naruto já estava jogando as coisas dentro de sua mochila. — Foda-se o que a Hokage da vila quer, eu disse que encontraria Hinata e a traria de volta, eu prometi que faria o que fosse preciso.

— Pare já Naruto. — Neji ordenou. — Se começar a desobedecer às ordens da Hokage só vai estar mais próximo de ser um desertor também. Ela não está mais lá e não há nada que possamos fazer agora.

— Então ao invés de continuar tentando eu deveria simplesmente desistir e voltar? — ambos começaram a discutir.

— Eu ainda sou o líder dessa missão. — Neji hesitou em continuar, mas, por fim, decidiu. — Está bem, você vem com a gente, mas de lá você vai direto para Konoha.

— Está bem. — Naruto aceitou. — Aliás, foi exatamente isso que eu tinha dito.

— Mas como ela venceu os três, Shino? Mesmo sendo forte, e eu sei que ela é, é quase impossível vencer os três juntos. — disse Neji com a carta na mão sem conseguir acreditar no que acabou de ler, ele lia e relia. — Ela machucou a Tenten, ela nunca machucaria a Tenten e o Kiba, nem um de nós. E agora o Kiba está muito mal. Como eles não conseguiram se defender? — ele questionava, embora fosse mais para mesmo.

— Com certeza, Neji-San, porém vindo de Hinata-San não acho tão impossível assim,  eu não conseguiria atacar ela,  ela deve ter tirado vantagem em eles a verem como uma amiga querida, se não fosse o caso, tenho certeza de que eles jamais perderiam... Neji?

Shino parou de falar no momento em que percebeu que ninguém estava prestando atenção nele, pois Neji estava encima de Naruto lhe dando socos no rosto enquanto o loiro tentava desesperadamente se defender, a causa disso era que Naruto na pressa de arrumar as coisas na mochila,  jogou um vaso na cabeça de Neji achando que era um travesseiro, e agora havia um galo enorme na cabeça dos dois. E sim, Shino foi ignorado mais uma vez...

Depois que os dois pararam de se bater, o grupo de resgate composto por dois Junnins e um Gennin partiu com o destino traçado até Sunagakure, Naruto queria acima de tudo trazê-la de volta para casa, a vida inteira ele sentiu a falta dos pais; de uma família; de ter amigos, ele entendia sobre os sentimentos de solidão; de saudade e de perda, mas ele não sabia que poderia sentir tanto assim a falta de alguém como ele sentia a de Hinata. Ele se sentia arrependido por não ter falado o quanto ela era importante antes, gostaria de poder consertar as coisas, mas nunca era fácil, nunca foi fácil, pois quando a vida bate ela quer que você fique no chão, ninguém nunca vai te machucar tanto quanto ela. Mas dessa vez o herói de Konoha estava de mãos atadas.

Neji mantinha a expressão séria durante todo o caminho, ele nunca deixaria transparecer seus sentimentos para qualquer pessoa. O rapaz de olhos da cor do satélite que orbita em volta do planeta sentia como se tivesse se distanciado de algo que antes ele não sabia que era essencial, a prima que ele aprendeu a ver como uma irmã e ajudou a se tornar mais forte, agora havia partido para traçar seu próprio destino, e por mais que ele não admitisse em voz alta, apesar dos sentimentos de traição e perda, ele sabia que ela havia feito a coisa certa em ir, Neji sabia que existia um limite até onde se pode abusar de alguém sem que essa pessoa não faça nada, e esse limite havia sido excedido, ele só desejava que onde quer que ela estivesse, que estivesse bem, e se a encontrasse não a forçaria a nada, pois ele conhecia seus segredos e suas cicatrizes, por isso só ele entendia, queria apenas lhe dizer que mesmo de lados oposto, ainda estariam do mesmo lado. Um laço de irmãos não se desfaz.

Eu sei que é desperdício de tempo

Perseguir no escuro,

Mas mantenha-me em sua mente nublada

Até que o tempo acenda uma faísca.

✴✴✴

— POR QUE VOCÊ FEZ ISSO?! ERA TUDO PARTE DO SEU PLANO NÉ?! — Hinata chutou a porta da sala de Pain o despertando do sono na mesma hora, com toda a raiva que ela estava sentindo naquele momento começou a gritar com ele.

— C-calma Hinata-chan. Por que tanta violência?! — dizia Pain que se encolhia cada vez mais em sua cadeira, pois estava com muito medo da Hyuuga descontrolada na sua sala.

— CALMA?! COMO VOCÊ TEM CORAGEM DE ME PEDIR PARA TER CALMA DEPOIS DO QUE ME FEZ FAZER?! SEU CABEÇA DE AZEITE DE DENDÊ! — então ela pulou em cima dele sem mais nem menos e começou a puxar seu cabelo e bater em seu rosto. — SEU CARA DE CAVALO. PAIN EU TE ODEIO.

— AHHHHHH SOCORROOO KONAN-CHAN  ELA QUER ME MATAR, ITACHI PARE DE RIR E ME AJUDE! — Pain gritava e pedia ajuda para seus companheiros que já estavam ali antes de a sala ser invadida por um ser de cabelo azul, Itachi tinha dor no abdômen e estava quase caindo de tanto rir, a única dor que vale à pena.

— NEM VEM! NINGUÉM SE METE ATÉ ELE ME EXPLICAR! — Pain estava com o rosto todo arranhado quando Hinata começou a estrangulá-lo.

— Itachi-San pare de rir e ajude-o, não vê que ele está sofrendo? — pediu Konan que observava a cena com indignação, mas Itachi só fez cair no chão com a mão na barriga sentindo dor de tanto rir. “Pain às vezes é tão infantil, algumas vezes nem eu o entendo, mas eu sei que ele trata a todos aqui como irmãos, afinal é isso que somos. Somos família. Por isso ele não tolera a morte de um de seus companheiros, isto é a única coisa imperdoável para ele. Temos muita sorte de ter como líder alguém assim.” Pensava Konan sorrindo.

—KONAN ME AJUDE! — Konan foi despertada de seus devaneios por gritos de seu namorado.

✴✴✴

Bem-vindo ao grupo de pessoas

Que tiveram um grupo de pessoas que eles amavam

Distanciados deles.

Só porque checamos as armas na porta

Não significa que nossos cérebros deixarão de ser granadas de mão.

— Entendeu agora? — perguntou Pain que explicava pela milésima vez a mesma coisa. — Você precisava cortar os seus laços, agora vejo que foi uma idéia ruim, você nem teve coragem de matá-los.

— Eu entendo, eu fui forte e derrotei-os, mas eu não vou matá-los. Não precisa de tanto. — disse Hinata de cabeça baixa.

— Acontece, Pérola, que seus laços com os seus amigos são mais fortes do que você imagina. Não se rompe algo assim tão rápido, se é que possa se romper, por mais raiva que você sinta agora isso é algo passageiro, e eu sei que a única coisa que ainda te mantém aqui é o sei Orgulho. — Pain argumentava.

— Eu já disse Pain, eu não vou voltar. É mais do que isso, é muito mais do que orgulho. Você não vai entender, apenas saiba que eu serei leal, eu posso despistá-los e também posso derrotá-los, mas eu não matarei meus amigos. — ela falava e estava determinada.

— Hinata, mágoa e orgulho passam também...

— Olha, se a minha palavra não é o suficiente para você, então eu posso ir embora. Mas por favor, não venha com esses joguinhos e muito menos armações que coloquem a vida deles em perigo outra vez. Eu tenho esse monstro dentro de mim, Pain, e eu vou usá-lo contra você se precisar. — Hinata o olhava muito sério, não havia mais ninguém na sala além dos dois.

— Está bem, se é assim que você quer, eu conheço a sua força e tenho idéia do dano que causaríamos se nos enfrentarmos. Eu estava apenas tentando te tornar uma ninja melhor. — ele respondeu, mas agora seus olhos não tinham vida alguma. — Apenas quero saber se você está com a gente ou não, pois quando se entra para a Organização Akatsuki você não pode mais sair. Só que ainda há tempo de você escolher; se escolher ficar nós cuidaremos de você como se fossemos família,  mas se você for nós não iremos atrás de você.  Está livre pra escolher.

— Pain... — Hinata estava com lágrimas nos olhos e então virou o rosto para outra direção para que ele não a visse assim.

— Hinata você ainda tem amigos lá e pelo o que descobrimos, eles a querem de volta, eles se importam com você. E aqui, apesar de tudo, somos uma família, nós cuidamos uns dos outros e por isso chegamos tão longe. Se ficar será inimiga deles, mas se for… será nossa inimiga, a escolha é sua, você está por sua própria conta e risco, qual é o seu lugar? — completou a pergunta com a expressão um pouco mais amena.

"Qual meu lugar?” — Hinata questionou a si mesma em pensamento, sua mente estava uma confusão. — “Qual o lugar onde eu pertenço?”.

Os segundos não passavam naquela sala, o peso do ar parecia esmagar Hinata cada vez mais e as palavras não queriam sair de sua boca, até que resolveu levantar a cabeça e encarar um pouco da verdade de frente, afinal era da sua família e amigos de quem eles estavam falando.

— Eu quero entrar para a Akatsuki.

Pain abriu um sorriso de criança sapeca e fez o sinal de positivo com a cabeça, realmente achou que ela iria recusar, mas devia saber que ela nunca trairia seus amigos.

— Então você está oficialmente dentro,  bem vinda a Akatsuki, Pérola negra.

— Fácil assim? — ela sorriu, embora estivesse tensa.

— Bem, na verdade você ainda tem que fazer um juramento simples, mas é coisa boba. — ele tinha um sorriso de quem estava aprontando.

— Isso vai parecer uma seita. — Pain riu. — Olha só eu vou indo, quando decidir esse juramento eu faço.

Depois de tudo que eu disse, por favor, não se esqueça.

Todos os meus amigos são excêntricos, pegue leve.

Por que você veio? Você sabia que deveria ter ficado.

Tentei avisá-lo pra ficar longe.

E agora eles estão lá fora prontos para arrebentar.

Parece que você pode ser um de nós.

Continua...