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História Hino ao Amor - Fique perto de mim


Escrita por: makkachin

Notas do Autor


Gente, eu tô meio grogue hoje, mas queria colocar o capítulo aí pra vocês lerem. Qualquer erro aí, só me falar.

Obrigado pelo apoio de todo mundo. Beijo do Makka.

=D

Capítulo 2 - Fique perto de mim


O pequeno cordão de couro em sua mão tinha como pingente um dente de cachorro. Victor ainda não sabia se sorria ou chorava ao ver ele - tinha sido o primeiro dente que Makkachin perdeu enquanto tentava roer a perna de uma poltrona, e Victor tinha guardado, sabe-se lá por qual motivo. Agora era um talismã da memória de um de seus melhores amigos.

Mas apenas um dente em volta de seu pescoço não fazia ele muito feliz dentro do vazio apartamento. São Petersburgo continuava linda, mesmo da janela da sala de estar. O verão trazia calor e luz para a cidade que ficava na boca do Golfo da Finlândia, se abrindo para o Mar Báltico. Não era lá tão quente, mas mesmo assim Victor tinha passado muitos verões nas praias de areias brancas de frente para o azul do oceano.

Agora, no entanto, nada daquilo o atraía. Se bem que a morte de Makkachin era só o ponto final de uma longa linha de coisas que não funcionavam mais na vida de Victor. Depois que ele se aposentou, ganhando todas as medalhas de ouro possíveis no mundo da patinação, tudo havia perdido seu brilho. A imprensa não dava mais descanso para Victor, e agora que ele não tinha mais peripécias esportivas para mostrar todos estavam mais do que ávidos para saber sobre a vida pessoal dele.

Até agora Victor tinha conseguido espantar os repórteres de seu caminho, mas eles estavam cada vez mais esfomeados. Não era nenhuma surpresa, afinal de contas a patinação era um dos esportes mais populares na Rússia, e todos os campeões do passado tinham virado celebridades. Victor tinha sua fama, sim, mas ele não queria ter que continuar fazendo o papel de patinador incrível o tempo todo. Sem falar que ele queria ter a chance de viver a vida como ele queria, encontrando alguém para dividir o tempo com ele, alguém para ser um companheiro, para estar ao seu lado. Mas se assumir sexualmente na Rússia era difícil.

Sem falar que a influência dele era tão grande que Victor certamente seria arrastado pela mídia só por causa da sua natureza. Era quase uma surpresa imaginar que até hoje ninguém tinha pego ele em nenhum dos clubes da Rússia, mas também ele sempre foi bastante secretivo quando saía. Porém agora ele não queria mais aquilo. Victor queria poder ser livre. A grande pergunta era se ele iria conseguir ser livre dentro de sua própria casa. E se ele não pudesse, para onde fugir? Victor queria poder sair de casa de mãos dadas com quem fosse sem ter que carregar um escudo para se defender. Nem mesmo os seus amigos dos tempos de patinação vinham muito a Rússia, e Victor tinha que sair do país para encontrar com eles, por isso tudo parecia tão difícil. Ele precisava de um novo ar para respirar, algo que desse a ele um objetivo na vida, mas como encontrar aquilo? Trancado em seu apartamento, sem família por perto, tentando fugir das câmeras e das pessoas - e olha que ele tinha sido sempre tão aberto ao público - Victor não via futuro para si mesmo.

Ele sabia que tinha que mudar. Só era difícil começar do nada, especialmente quando ele tinha que dormir sozinho em sua cama. Nem o cheiro que restou de Makkachin era o bastante para aquietar seu coração.

 

~*~

 

Yuuri estava destruído depois de um Domingo de mais de doze horas no rinque de patinação. Ele tinha tentado avançar com o treino das combinações de salto para a próxima temporada, e Yuuri sabia que seu corpo estava cada dia mais pronto, quem sabe chegando a níveis de qualidade que ele nunca tinha alcançado antes.

Especialmente porque ele nunca ficava em pé o bastante para poder fazer o seu potencial valer em competição.

O pior de tudo era ter que voltar para casa caminhando, já que o Onsen Yu-topia ficava do outro lado da baía, não assim tão longe, mas uma caminhada que parecia bem mais fácil quando ele estava disposto. Pelo menos ele iria chegar em casa com uma mesa cheia de delícias para o receber, especialmente uma tigela de katsudon.

Claro que ele não se deixava comer mais do que uma porção, pois sabia que o treino iria ser pesado no outro dia e ele tinha que manter a forma. Yuuri se permitiu comer à vontade uma vez na vida, quando ele havia ficado em último lugar na final do Grand Prix. Depois demorou quase um ano pra ele poder voltar a uma forma aceitável, e às vezes parecia que ele ainda estava retornando à sua forma ideal.

Agora ele já estava mais do que feliz com a própria vida de patinador, contente com o progresso até agora. Ele tinha outra vez uma grande chance na sua vida, a possibilidade de, quem sabe, chegar até a final do Grand Prix de novo, e dessa vez conseguir fazer um papel melhor do que antes.

Ele não queria dizer que aquele era seu maior sonho, porque o perigo de destruir tudo era grande ainda, mas Yuuri também não queria deixar aquilo de lado. Desistir jamais.

Por aquele motivo, todas as noites Yuuri passava algumas horas procurando por vídeos de patinação, tentando assistir todos os grandes patinadores do passado, procurando inspiração para suas rotinas e para se tornar um competidor ainda melhor. Yuuri até que tentava assistir um pouco de cada patinador, mas vira e mexe ele sempre voltava para o mesmo.

Victor.

Uma das melhores partes de ele ser um fã tão grande de Victor é que tinha tantas competições que Victor havia participado que Yuuri podia ver vídeos dele sem se cansar, e sempre ter algo novo para assistir. Havia algo tão chamativo em Victor, algo tão teatral e lírico que Yuuri queria poder ter pelo menos um pouco daquelas qualidades. Era só a música começar a tocar que Victor se transformava no personagem com facilidade - e Yuuri tinha certeza que se ele tivesse se tornado um ator ele teria se feito na vida.

E claro, era fascinante ver um competidor que raramente errava completar as competições com sucesso uma e outra, e mais outra vez. Yuuri se sentia encantado. Não era por nada que ele ainda guardava os pôsteres de Victor, que mesmo não estando mais em sua parede, não tinham ido pro lixo.

Só porque não tinha as fotos na parede, Yuuri foi a procura de um pouco de Victor, abrindo a página do Instagram dele. Yuuri seguia Victor, claro, mas ele não gostava muito de checar as mídias sociais porque ele sempre era engolido pela vida que os outros patinadores tinham de competições e mais competições pelo mundo, e Yuuri não tinha nada daquilo.

Uma enxurrada de fotos apareceu na timeline e ele foi clicando para baixo. Muitos dos patinadores estavam terminando suas férias, ou viajando o mundo para procurar coreógrafos e técnicos em busca de aperfeiçoamento em frente às novas competições. Yuuri ficava feliz por alguns, e curtiu umas fotos, mas ele não podia deixar de ficar enciumado deles. A vida de elite era perfeita, e ele gostaria muito de ter a chance de estar lá também, mas não era sempre que os sonhos se realizavam.

Ele já estava distraído com as fotos quando viu uma que o chamou atenção. Não porque era de Victor, pois ele nem tinha percebido no começo, mas porque era a foto de um dente de cachorro em um fio de couro.

E então Yuuri ele leu o que estava escrito na legenda.

Em memória de um grande amigo.

Só aquela palavras fizeram ele sentir seu coração se apertar no peito. Yuuri sabia muito bem como era a dor de perder um cão, pois ele havia ficado sem Vicchan há um bom tempo, e agora Victor estava passando pelo mesmo. Só de imaginar aquilo ele sentia uma vontade imensa de poder fazer alguma coisa, mas naquele momento ele só podia mandar um comentário, nada mais.

Mas o que comentar? Já havia uma grande inundação de outras pessoas fazendo o mesmo, Yuuri não tinha ideia se suas poucas palavras iriam fazer alguma diferença. Mas ele pelo menos poderia fazer a sua parte e mandar boas energias para Victor.

Eu já passei pelo mesmo com o meu melhor amigo, anos atrás. Tudo parece difícil no começo, mas nós acabamos por nos lembrar de todas as coisas boas que eles nos deram durante sua vida. Sem falar que eles devem estar nos esperando do outro lado, prontos para nos dar todo o amor que eles têm dentro de si.

“I battiti del cuore

Si fondono tra loro

Partiamo insieme

Ora sono pronto.”

Ele achou que aquela letra da música poderia ser sem sentido no contexto, mas também fazia todo sentido para ele. Ela tinha um significado bonito: As batidas de nosso coração/Se fundem/Nós partimos juntos/Agora já estou pronto. E aquela palavras tinham sido importantes para Victor em uma parte de sua vida, então Yuuri achou que elas poderiam servir de alguma coisa.

Mesmo que Victor nunca fosse ler aquele comentário mesmo.

 

~*~

 

Victor não conseguia dormir. Ele continuava mexendo em seu telefone. Uma das mãos ficava rolando o dente de Makkachin entre os dedos enquanto a outra movia a tela do telefone pelas diferentes páginas. As notificações estavam desligadas, porque desde que Victor postou a foto de sua corrente de couro, todo mundo mandou mensagens a ele.

E sim, Victor estava emocionado com o suporte de tantas pessoas, mas ele não estava pronto para responder aos comentários. Ele abriu o aplicativo mesmo assim, querendo ler mais alguns deles, mesmo que fosse apenas para aliviar seu coração. A maior parte deles desejava o melhor a Victor, pedia para que os deuses iluminassem Makka, e Victor sentia as lágrimas chegando a seu rosto.

Ele foi lendo e lendo, um comentário se juntando a outro, tudo parecendo o mesmo, até que um deles o chamou a atenção. Aqueles escritos em italiano não eram estranhos para Victor. Aquele parágrafo simples e bem escrito também o surpreendeu, especialmente com o monte de emojis e caretas nas outras mensagens.

O comentário era de um patinador japonês que Victor vagamente se lembrava de sua época de competições. E a letra da música que ele colocou tinha sido de um dos programas de Victor, talvez um dos melhores de sua carreira. E quem sabe era por aquele motivo, Victor não sabia ao certo, mas ele clicou no ícone de quem enviou o comentário.

A maior parte das fotos de Katsuki Yuuri eram paisagens japonesas, tanto de cidades como do campo, e fotos de treinos de patinação. Victor abriu algumas fotos para olhar, apreciando as feições de Yuuri. Ele tinha cara de ser mais novo do que Victor, e parecia ser bastante sorridente em algumas fotos, mas envergonhado em outras.

Ele até tinha uma imagem dentro de um daquelas termas japonesas, e Victor sorriu ao ver a foto, lembrando das vezes em que ele foi para Tóquio competir e tirou seu tempo para aproveitar o país. Só que fazia tempo que a patinação não tinha levado ele pra lá.

Victor olhou todas as fotos de Yuuri, se maravilhando com as paisagens do Japão, mas quando elas terminaram ele não queria deixar Yuuri de lado, e foi atrás de vídeos do patinador, tentando descobrir se ele tinha alguma memória de Yuuri. Victor viu alguns pedaços de umas competições dele, e notou que Yuuri nunca parecia conseguir explorar completamente seu potencial, com seus saltos grandes e altos, mas sempre caindo ao chão, ou tendo dificuldade com a interpretação de seus programas.

Uma memória do passado veio a Victor, a final do Grand Prix de muitos anos atrás, um que ele ganhou com muitos pontos de diferença. Ele se lembra de um competidor japonês que estava desolado ao ficar no último lugar. Victor tinha visto ele chorando pelos cantos, e depois até ofereceu para tirar uma foto com ele, mas o tal patinador parecia não querer nada daquilo. Victor depois o esqueceu, mas agora as coisas apareciam de novo.

Ele ficou pulando de um vídeo para outro, se distraindo de todo o resto, até que ele encontrou um vídeo de Yuuri que só tinha o título “Stay close to me/Aria”, e assim que o leu Victor levantou suas sobrancelhas. O programa que tinha a letra da qual Yuuri se utilizou para o comentário era exatamente aquele. E se Victor não estava errado, aquele programa era da temporada do Grand Prix que Yuuri havia participado, mas a memória de Victor não era tão boa para ele ter certeza.

Assim que ele clicou para ver o vídeo, a música do programa de Victor começou, a Yuuri estava na posição em que Victor começava seu programa. Dali em diante, Victor ficou com seus olhos vidrados naqueles quatro minutos e meio, contando os saltos, movimentos da coreografia, os giros, tudo, quase que apontando em seus dedos o que Yuuri fazia. Aquele programa era exatamente o mesmo que Victor tinha competido, mas havia algo muito diferente neste.

Enquanto Victor tinha uma sensualidade teatral, quase cômica às vezes, melancólica em outras, que sempre ficava bem óbvia por mais que as músicas fossem diferentes, Yuuri era algo puro, branco e virginal enquanto ele executava seus movimentos. Ele era quase asexual em sua execução, o que fez Victor imaginar Yuuri como um anjo.

Mas não só isso, havia um certo tipo de liberdade naqueles movimentos, como se Yuuri estivesse apenas olhando para si próprio. O vídeo ainda era interessante porque Victor podia ver que Yuuri não estava na melhor forma, e que ele tinha erros em seu programa, mas ele não parou em momento algum. Aquelas eram características importantes de um competidor, ter força pra continuar, nunca parar.

Quando a última nota soou na música, e Yuuri fez a pose final, Victor quase se sentou para aplaudir. Assistir aquilo foi quase que uma experiência divina para Victor, pois ele nunca havia visto alguém copiando seus programas, e muito menos se sentido tão. Como alguém tão diferente de Victor havia tido a audácia de o copiar, mas ao mesmo tempo parecer tão conectado àquele programa?

Victor ficou se perguntando aquilo enquanto via o vídeo uma, outra e mais outra vez. Ele assistiu a Yuuri até os olhos dele se sentirem secos, cansados, mas seu coração tinha começado a bater cada vez mais forte no peito, e mais rápido e com mais vigor. As emoções eram conflitantes dentro dele, pois o cansaço queria se abater, mas Victor não queria permitir. Ele apenas apertou o play mais uma vez, pois já não conseguia parar de olhar para Yuuri.

E Victor não sabia dizer o porquê. A letra da canção parecia voltar para ele, cantarolando pelo ar enquanto Yuuri saltava em frente a seus olhos.

As batidas de nosso coração

Se fundem

Nós partimos juntos

Agora já estou pronto

 



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