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História Hipnosis - Empatia


Escrita por: BtsNoona

Notas do Autor


Olá leitores-amores! <3 Como estão? Com saudades? Espero que sim :)
Mais um capítulo de Hipnosis, que acabou de sair do forno. Ou seja: não foi revisado! Por favor me avisem caso encontrem algum erro de digitação/formatação.
Bom, é isso. Tomara que vocês gostem <3

Boa leitura!

Capítulo 24 - Empatia


Fanfic / Fanfiction Hipnosis - Empatia

 

Jungkook acordou com um sorriso bobo no rosto. Sentiu o cheiro de Taehyung, impregnado por todos os lados, antes mesmo que abrisse os olhos. Também, nem queria abrir os olhos. Mesmo que tivesse ninado Taehyung até que ele dormisse, não se importaria de fazê-lo mil vezes, ou para o resto da vida. Estava preocupado, é claro, mas tinha certeza de que ficariam bem, no fim das contas. Já tinham feito uma vez.

Esticou o braço à procura do corpo magro dele. Não encontrou. Chateado, abriu os olhos para aquele quarto estranho, e só então notou o barulho do chuveiro ligado. Taehyung estava no banho.

Afundou a cabeça no travesseiro macio. Ah, como sentiu falta daquele cheiro! Do odor doce e viciante, que lhe trazia de volta memórias preguiçosas de manhãs serenas e afáveis, de abraços aconchegantes e carinhos castos.

E notou que estava nu. Não acordava assim há um bom tempo, e o estômago tremeu desconfortavelmente com o retorno de uma lembrança que há muito fora bloqueada.

A última vez que acordara nu. A dor de cabeça terrível, a ressaca sem precedentes e o quarto estranho de um hotel caro. O cheiro de álcool e a ânsia de vômito.

Quem dera pudesse apagar aquela memória repulsiva. Só de lembrar o enjoo retornou e Jungkook respirou fundo contra a fronha do travesseiro, em busca da paz que o cheiro de Taehyung lhe trazia, mas não foi o suficiente para aliviar o aperto opressor que comprimia o peito e enchia os olhos de lágrimas. Teve que segurar o choro.

Porque, da última vez em que acordara nu, não era Taehyung quem estava do outro lado da cama.

Era Go Dongsun.

 

Capítulo 23 – Empatia

Tudo bem, eu precisava tomar um gole de vergonha na cara. Aliás, dose dupla, por favor.

Eu não estava bem – apesar de que mentir pra mim mesmo sempre foi um dos meus esportes favoritos – e mesmo que Jungkook estivesse ao meu lado pra me abraçar, e ninar, e cantar toda vez que um desses santos resolvem incorporar em mim, eu precisava de ajuda. Precisava de ajuda profissional.

E dessa vez não podia ser Seokjin. Porque ele estava envolvido demais na história, louco para que aquela coisa da hipnose desse mesmo certo, e talvez aquilo o deixasse meio cego. Tipo, eu confiava piamente que Jin hyung não faria nada que pudesse me causar mal, mas por outro lado eu me sentia o experimento de um cientista maluco. E, bem, eles são malucos, né? Não dá pra confiar nesses caras cem por cento, ainda que tenham a melhor das intenções.

Enfim, me veio a doutora Lana na cabeça, mas merda… Eu ia levar uma bronca. Uma bronca por ter sumido, bronca pela hipnose, por ter voltado com Jungkook sem contar nada pra ela e por ainda não ter tido coragem de ir ao apartamento, lá, trancado e abandonado.

Ela ia me desossar! E eu detesto levar bronca. Muito, muito mesmo. Faz com que eu me sinta pequeno e impotente, fere meu orgulho. Ainda estava inclinado à evitar esse encontro.

Então, pensei, Kim Dahyun. Ah, essa sim seria compreensiva. Ela ia falar aos montes, é verdade, e provavelmente faria um milhão de perguntas estúpidas e daria uma série interminável de gritinhos histéricos, mas ela ia tentar entender meu lado. Ok, eu sei que disse que precisava de ajuda profissional, e tecnicamente Dahyun não configura uma ajuda profissional, mas ela é minha melhor amiga e é uma especialidade dela me ajudar. Além do mais, Dahyun raramente me contradiz. Ela mais embarca comigo em qualquer que seja a maluquice que eu esteja inventando na vez. Foi assim com Jungkook, com a minha mãe, com a RM e, eu tinha certeza, também seria dessa forma com a hipnose.

Além do mais, eu ia encontrar a Dahyun de qualquer jeito porque não dava pra ficar sem trabalhar. Eu e Jungkook passamos a segunda-feira toda em casa, tiramos o dia de folga sem avisar ninguém. Por sorte, não reclamaram. Na verdade, eu tenho certeza de que não foi sorte porcaria nenhuma e provavelmente Dahyun e Yoongi inventaram alguma desculpa e cobriram o nosso sumiço. De qualquer forma, tínhamos que trabalhar. Pensei que ia ser até bom ocupar minha cabeça com alguma outra coisa.

Quando eu acordei no dia seguinte de manhã, estranhamente segui minha rotina matinal de todos os dias. Foi estranho, claro, como Jungkook estava deitado na minha cama, dormindo feito um coelhinho, mas eu me levantei em silêncio e fui pro banho. Ao mesmo tempo, foi reconfortante. Foi inquietante. Por algum motivo, eu fiquei nervoso enquanto tomava meu banho, porque sabia que ele estava do lado de fora. Me deu um monte de frios na barriga, desses ridículos e adolescentes, só de pensar que eu sairia do banheiro e o veria assim que ele acordasse, com os olhinhos inchados e sonolentos.

Sério, isso não era normal. Eu não costumo ser afetado assim com tanta facilidade, por mais que ame Jungkook com todo o meu coração. Passei quatro anos da minha vida vendo a carinha fofa dele todas as manhãs, e não era pra eu ficar tão inquieto só por conta disso. Mas eu fiquei. Tive calafrios só de olhar pro potinho da pia e ver duas escovas de dentes ao invés da minha solitária escova azul. Jungkook tinha comprado uma pra ele, vermelha, e colocado ao lado da minha. E ver aquilo me fez sorrir sozinho feito um idiota.

Enfim, eu não estava normal mesmo, mas felizmente também não estava tão pirado quanto no dia anterior. Quando Jungkook acordou eu me forcei a ignorar aquele surto de puberdade tardia e agi normalmente. Seu rosto estava sério, parecendo ansioso e eu pensei que meu coelhinho tinha ficado realmente preocupado com aquela choradeira. Tentei pelo menos passar a impressão de que foi só coisa do momento e estava tudo bem, mas até que gostei do tratamento especial que recebi – ele ficou me apertando e distribuindo beijinhos, todo dengoso e delicado. Deu frio na barriga.

Depois ele tomou banho, nós tomamos café juntos e ele foi pro apartamento dele, já que não ia pegar nada bem se aparecesse no trabalho com as minhas roupas. Ia dar pra perceber na mesma hora, porque eu e Jungkook não nos vestimos nem um pouquinho igual – digamos que ele sempre teve um estilo mais minimalista. Além do mais, se as calças dele já ficavam provocadoramente justas demais, imagine as minhas.

Eu fui pra RM a pé mesmo, como fazia todos os dias. Jungkook se ofereceu trocentas vezes pra me deixar lá de carro, mas eu recusei. Nem sabia como íamos lidar com nossa nova situação, e era melhor agir de forma discreta até que a gente decidisse. Também, pensei que um pouquinho de ar puro me faria bem, pra eu dar uma arejada na mente e repassar todas as informações que precisava contar pra Dahyunie.

Respirei aliviado ao entrar na RM e perceber que ninguém sabia de nada. Todo mundo me cumprimentou como se fosse qualquer outro dia, então imaginei que a santa Kim Dahyun tinha me salvado outra vez e não deixou a coisa vazar. Sério, essa mulher tem que ser venerada. Aliás, eu sou um cara de muita sorte com o sexo feminino. Ainda que a maior parte dos homens deteste suas ex-namoradas e sogras, as minhas são as duas melhores mulheres que eu conheço. Por outro lado, não posso dizer o mesmo da minha mãe, mas nem tudo é perfeito.

Entrei no escritório e, antes de qualquer outra coisa, passei um ramal pra Dahyun. Ela deu uns gritinhos e disse que já estava a caminho. Então, aproveitei os minutinhos extras pra conferir minha agenda do dia e fiquei surpreso. Não tinha nada demais, mas todos os meus compromissos eram sobre as últimas preparações para a filmagem externa do teaser da coleção, que seria gravada na sexta-feira. Aquele lá das flores de cerejeira. Eu tinha me esquecido completamente desse pequeno detalhe e, infelizmente, a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi que eu teria de encontrar o bosta do Go Dongsun de novo.

Só deu pra ficar irritado por uns segundos porque logo depois a Dahyun entrou no meu escritório, toda afobada e sem bater na porta – como sempre.

- E aí? – Perguntou numa vozinha estridente, antes mesmo de se sentar. – Vocês voltaram, né oppa?

“Voltaram”. Eu estava considerando que sim, mas nós ainda não tínhamos tornado nada oficial.

- Ainda não discutimos os termos. – Dei o meu melhor pra fingir que não me importava. – Mas ele não saiu lá de casa desde aquela conversa.

- Own! – Dahyun bateu palminhas animadas, e precisei revirar os olhos. – Fico feliz por vocês, estavam demorando demais. Ah, Yoongi oppa teve mesmo uma ideia incrível ao trancar vocês dois naquela sala.

Yoongi oppa?

- Eu e Jungkook não temos nem um pouco de mérito em termos nos resolvido? – Perguntei, irônico, mas é claro que ela não entendeu a ironia.

- Ah, até tem. – Deu de ombros. – Mas vocês são muito enrolados! Ia demorar mais um tempão naquele drama antes que criassem coragem pra colocar tudo pra fora. Yoongi oppa tinha razão. Sabe, ele me disse isso antes de-

- Tem alguma coisa que você precisa me falar? – Perguntei, e ela ficou com cara de tacho, a boca entreaberta e sobrancelhas erguidas, numa carinha falsa de sonsa. – Dahyunie, vai. Desembucha. Tá dando pra ver a quilômetros como você quer falar sobre o Yoongi oppa.

Ela fez uma careta, contorcendo o nariz e a boca, e juro que até mesmo me lembrou o Yoongi.

- Ahn… Ah não, não é nada disso. Quero saber sobre você e Jungkook. Tipo, vocês saíram daqui de mãos dadas, mas você não contou sobre o que realmente aconteceu dentro daquela sala e, nossa, vocês ficaram lá muito tempo e depois saíram com-

- Fala logo!

- Eu e Yoongi saímos pra jantar. – Ela cuspiu a frase como se fosse uma só palavra e eu nem tive tempo de responder nada. – Na verdade, comemos pizza e tomamos umas cervejas.

Fiquei em choque, mesmo. Não que a Dahyun não fosse uma mulher atraente e interessante – afinal, eu namorei com ela. Só que o Yoongi não é muito o tipo de pessoa que sai pra jantar. Mesmo que fossem só pizza e cervejas. Ele faz mais o tipo que vai pra casa e pede comida em caixinhas, pra comer esparramado no sofá. Eu fiquei tão fissurado naquela história com o Jungkook que nem tinha parado pra pensar demais no assunto, ainda que eu soubesse muito bem da quedinha que minha ex tinha pelo Yoongi. Eu não dei importância pra isso.

O Yoongi sempre tratou ela como uma total e completa maluca.

- Saíram pra jantar? – Perguntei de novo, só pra garantir que eu não tinha entendido errado.

- Aham… A gente tinha ficado a tarde toda no corredor, e estávamos mortos de fome! Aí depois ele pagou a conta e nós fomos embora. Ele até me deixou em casa e mas-

- Yoongi hyung pagou a conta?

Aquela história estava ficando mais surreal do que Nárnia.

- Hãn? É… Pagou. Eu até me ofereci pra dividir, mas ele insistiu.

Fiquei em silêncio, só olhando pra ela. Dahyun continuava com as sobrancelhas franzidas, uma cara de quem não está entendendo aonde eu queria chegar com aquele papo, mas dava pra ver um brilhinho esperançoso nos seus enormes olhos castanhos.

Oh, Dahyun. Esperava mesmo que ela não estivesse se iludindo, do fundo do coração. A vida amorosa dela era só tragédia atrás de tragédia – começando comigo.

- Você acha que ele pode… – Começou, incerta, e hesitou no meio da frase. A boca dela se fechou e ela pareceu pensar por um segundo antes de continuar. – Ter algum interesse?

- Setenta e cinco por cento.

- Hãn?

- A chance de ele estar interessado em você.

Chutei um número alto, com certeza. Ainda assim, era mais baixo do que realmente estava se passando pela minha cabeça. Se eu fosse ser totalmente sincero, chutaria uns noventa. Mas eu não queria iludir a Dahyun e depois ver ela dar com a cara na parede.

- Sério? – Ela pareceu surpresa. Aquilo me deu dó, porque se tivessem me dado uma chance de setenta e cinco por cento eu riria na cara da pessoa. – E os outros vinte e cinco?

- Vinte por cento de chance de ele te considerar uma amiguinha próxima, de longa data, e querer só bater um papo.

- E os outros cinco?

- Essa é a chance de Yoongi ter feito isso porque estava de bom humor.

Dahyun revirou os olhos e respondeu na mesma hora:

- Ele definitivamente não estava de bom humor.

Dei uma risada alta. Conseguia claramente ver Yoongi, com a cara amarrada, reclamando enquanto bebericava sua cerveja. Ele deve ter falado muito mal de mim e de Jungkook, tinha certeza. Yoongi de bom humor era mais lenda que unicórnios alados.

- Imaginei que não. Mas isso é bom. Aumenta suas chances em dois e meio por cento.

Ela abriu um sorriso largo e aliviado, e eu quis me dar um tapa na cara por não ter notado isso antes. Eu achava uma gracinha ver minha ex passando batom e perfume todas as vezes que Yoongi faria uma visita a RM, mas como diabos eu tinha deixado passar aquele brilho nos olhos? Merda, era óbvio! Dava pra ver, estampado na cara dela. E eu conhecia muito bem essa cara. Já tinha visto muitas vezes antes, pra mim.

Dahyun estava apaixonada.

Depois de me dar conta disso, é claro que eu desisti de contar da memória que tinha voltado. Ela era minha melhor amiga, e estava feliz. Nada de preocupações além de si mesma, do seu crush no Yoongi hyung. O problema entre eu e Jungkook tinha sumido, e ela finalmente podia aproveitar o tempo comigo pra falarmos sobre a vida dela, pra variar. Eu não queria estragar isso. Não tinha porquê arrasar ela de novo pro interminável drama da minha vida.

Então, deixei que ela tagarelasse sobre “Yoongi oppa” por um tempão. Escutei cada detalhe, desde como ele a convidou dizendo que “humanos comiam”, até a parte em que ele a “deixou em casa de carro mas não abriu a porta para ela sair”. Ela estava mesmo apaixonada, a maluca.

E sobre minha memória avulsa, meu surto de taradeza e ataque de lágrimas: pensei que só ia ter um jeito, ainda que eu não gostasse. Teria que abrir o jogo com a doutora Lana e rezar pra ela não me matar na consulta.

Consegui marcar para o mesmo dia. Acho que ela devia estar ansiosa pra cacete pra me ver, já que marcar horários com ela não costuma ser tão fácil. Mas também, fazia sentido. Ela devia estar me detestando porque eu sumi do nada depois de jogar toda aquela bomba da hipnose na nossa última consulta. Além disso, devia estar preocupada. A noona me conhece e sabe que dificilmente deixo de fazer aquilo que eu cismo em fazer.

No meio da tarde, Jungkook apareceu na RM. Eu acho que ele não tinha muito o que fazer por lá, mas foi mesmo assim, e eu senti de novo aquelas borboletas idiotas na boca do estômago assim que o vi. Ele estava no estúdio, conversando com o fotógrafo, provavelmente planejando os detalhes do teaser que iríamos filmar na sexta. Dei de cara com ele sem aviso prévio, e tenho certeza que fiquei ridiculamente vermelho. Ah, ele estava usando jeans e camisa social preta, solta pra fora das calças. Céus, as mãos enfiadas casualmente nos bolsos, as mangas da camisa dobradas, as veias do antebraço saltando. Não faziam nem 24 horas desde que a gente tinha transado e eu juro que fiquei excitado de novo. Eu estava com tesão enrustido, só podia.

Fiquei parado feito um otário, só observando, e não sei porque mas me deu medo de ir falar com ele. Sabe? Tipo garotinha do ensino fundamental, que não tem coragem de ir falar com o cara que gosta. Merda, eu tinha morado com esse homem por quatro anos! Que diabos…?

- Ei, Tae! Vem aqui rapidinho.

Oh não, ele me viu.

Senti vontade de dar um tapa na minha própria cara.

Caminhei até onde ele e o fotógrafo estavam, me concentrando pra não transparecer o quão estúpido eu realmente me sentia por ter sido pego no flagra enquanto estava encarando de longe. Mas claro que não passou cem por cento despercebido, porque Jungkook deu uma risadinha quando eu cheguei perto e meu estômago deu cambalhotas idiotas.

Também, o cheiro dele me deixou maluco. Precisei tomar fôlego e focar no trabalho, porque estava prestes a ficar duro. Aish, aquele sorrisinho de coelho maldito!

Por fim, consegui aturar dez minutos de conversa profissional e ignorar meu coração retumbando descontrolado dentro do peito. Assim que o fotógrafo saiu de cena, Jungkook – sem nenhuma piedade, digamos de passagem – deu um passo pra perto. Muito perto.

Abaixei a cabeça e mirei o chão. De novo, não sei o que deu em mim. Ele inclinou o rosto até quase colar a porcaria da boca na minha orelha e eu fechei os punhos, me segurando pra não pular em cima dele.

- Me espera antes de ir embora. – Sussurou, e minhas pernas tremeram tanto que eu pensei que fossem falhar. – Deixei uma muda de roupas no carro.

Argh, ofensivo. Eu já esperava que ele fosse dormir lá de novo essa noite, confesso, mas ouvir ele sussurrando essas coisas tão de perto me deixou nervoso.

- Não vou direto. – Disse, feliz por não ter gaguejado e piorado ainda mais minha situação vergonhosa. – Tenho consulta na psicóloga.

- Eu te busco lá. Me passa o endereço e me avisa a hora que vai sair.

Jungkook falou firme, sério – e isso sempre me tirava do sério. Me lembrou do seu lado mandão e possessivo, que me dava um baita tesão. Engoli em seco.

- Meu escritório. Em cinco minutos.

Ele deu uma risadinha maliciosa e afirmou com a cabeça, antes de eu tomar coragem pra virar as costas e obrigar minhas pernas bambas até o elevador.

Foi assim que a gente acabou num amasso ardente em cima da escrivaninha, com direito a camisas desabotoadas e cintos desafivelados, as minhas mãos impacientes agarrando a pele dele sem dó e minha língua estalando sua pele branquinha e salgada, até que Dahyun ligou dizendo que tinham percebido que sumimos por tempo demais.

Mesmo ele tendo ido embora depois de uns 40 minutos, pensei que meus dias no trabalho ficariam muito mais suportáveis a partir dali.

 

~x~

 

Cheguei ao consultório da Dra. Lana com cinco minutos de antecedência e ela já estava me esperando. A secretária fofa nem teve tempo de me tranquilizar, porque assim que eu pisei lá dentro ela já me recebeu com um “a doutora está te esperando” e não consegui nem beber uma água pra aliviar a garganta seca.

Eu estava nervoso. Não gosto de ser julgado, e sabia que eu seria, então esse tipo de situação sempre me deixa inquieto. Mesmo assim, engoli a saliva engasgada e entrei no familiar consultório da minha querida psicóloga.

A noona já me recebeu com uma carranca. Olhei pra ela, e mesmo com aquela cara azeda era bonita. Ou então, só pensei isso na hora porque estava com saudades, apesar de não querer admitir. Durante esse tempão longe de Jungkook, ela foi a única capaz de me ajudar. Mesmo que eu estivesse com medo e odiasse ser contrariado, ver o rosto dela me deixou um pouquinho mais tranquilo.

- Voltei com Jungkook. – Disse, direto, louco pra me livrar logo daquele peso inútil nos ombros. – E lembrei de uma coisa. Com a hipnose.

Vi ela comprimir os lábios fininhos e percebi que ela estava se concentrando pra não ralhar comigo logo de início.

- Detalhes, Tae. – Pediu numa voz seca. – A gente não se vê há um tempo. Conta desde o início.

Aí eu contei, tudo o que não tinha contado ainda. Do beijo que eu roubei dele sem permissão, antes de termos feito as pazes, quando eu percebi que ele ainda era meu coelhinho. Contei da sessão de hipnose com Seokjin, da mão esticada dele e como ele me fez voltar no tempo. Contei do plano mirabolante de Yoongi, de como Dahyun enganou a gente pra que ficássemos trancados na sala de reuniões. Contei do surto de ansiedade que me deu, das cartas que finalmente colocamos à mesa, da falsa traição com o ursinho de pelúcia. E do perdão, das pazes, o fim da espera e enfim os beijos de verdade. Contei que ele disse que me amava.

Por fim, descrevi o dia anterior, completo. Como eu acordei com aquela impressão de sonho, e descobri ser memória. Meu coelhinho bocejando. Meu encontro com Jin hyung e a segunda sessão de hipnose. Meu surto louco de abstinência sexual, a forma insana – até pra mim – como eu fui faminto pra cima dele e quase botei fogo no apartamento por causa da porcaria de peixe. Aí, contei do ataque de choro e como Jungkook precisou me acalmar.

Soltei um suspiro alta ao finalmente terminar. Céus, quanta coisa. Eu mesmo não tinha percebido que minha vida estava tão bagunçada assim.

A Dra. Lana ouviu tudo, cada vírgula, e mal piscou. Dava pra ver que ela ainda estava com uma raivinha, mordendo os lábios e bufando vez ou outra no meio da minha narrativa, mas até que por fim foi bem menos pior do que eu imaginava. Ela estava interessada, também, e tenho certeza que bem curiosa. Eu sou a porcaria de um prato cheio e suculento para psicólogos, com toda a certeza.

- Eu sei porque você surtou. – Ela finalmente disse, como se fosse a coisa mais banal do mundo. Arqueei as sobrancelhas e arregalei os olhos. – É óbvio, Taehyung. Você acha que pode lidar com as lembranças, mesmo as ruins. Mas, como eu desconfiava, elas não vão voltar sozinhas. Vão trazer de volta os seus sentimentos, o Taehyung de vinte anos.

- Hãn? Como isso é possível?

Ah, não. Isso era surreal demais, até pra psicologia. Já era péssimo ter que aturar o de quase trinta, o de vinte aninhos ia ser um estorvo.

- Esse surto libidinoso, o ataque de choro depois. Você vai ter que lidar com as inseguranças de um adolescente que não faz ideia do que está fazendo. Era por isso que eu tanto temia a hipnose, já que essa fase não deveria voltar. É algo que você superou, e precisava ser deixado no passado.

Levei um soco no estômago, e senti um gosto amargo na ponta de língua. Mas fazia sentido, é claro. Na minha memória, eu e Jungkook debaixo dos cobertores, eu consegui sentir meu próprio julgamento e incerteza. Tão claro quanto o bocejo fofo do meu coelhinho, eu sabia que aquilo era errado. Ou, pelo menos, era o que eu pensava na época.

- Depois que a gente transou o Jungkook disse que tinha sido como antes. Como quando começamos a namorar, na universidade. – Pensei alto, me lembrando de como ele achou graça do meu jeito desesperado. – E foi bem depois disso que eu quebrei.

- É claro. Tem dois Taehyungs dentro de você agora, e você vai ter que aprender a lidar com eles se quiser continuar com essa loucura. Com os desejos e preconceitos daquele Taehyung mimado de vinte anos. Tem certeza de que vale a pena?

Pausei um segundo. Ah, eu não queria ter que lidar com a porcaria duns hormônios adolescentes, nem com borboletas no estômago. Muito menos o preconceito que eu tinha sobre mim mesmo, a sensação opressora de se estar fazendo algo errado e não conseguir parar. Não queria ter que lidar com meu eu arrogante e infantil, nem com surtos aleatórios de choro.

Só que aquela mísera, ínfima lembrança me voltou à mente… Tão curta e insignificante que nem mesmo Jungkook se lembrava – e eu garanto que ele lembrava de praticamente tudo em detalhes, já que precisou me contar todas as histórias depois do meu acidente. Mas mesmo que fosse sim uma coisinha boba de nada, era minha. Não era inventada. Eu gostei de ver o rosto inocente do meu estudante de música, de sentir o aconchego dos seus braços, a adrenalina de que algo não podia ser errado se era tão bom. Queria guardar aquela memória pra sempre.

E tinham outras. Incontáveis vestígios do meu relacionamento com Jungkook, que não seriam nada fáceis de reunir. Ainda mais com a personalidade imbecil do Taehyung jovenzinho, ainda mais orgulhoso e arrogante do que o atual. A noona tinha razão, desde o início. Eu ia sofrer.

- Eu tenho certeza.

A Dra. Lana suspirou audivelmente, e eu sabia que foi proposital. Ela olhou para o papel de anotações em suas mãos e depois largou o troço no chão, em cima do tapete. Quando olhou pra mim outra vez, estava com aquela cara de irmã mais velha, preocupada. Os lábios finos curvados num sorriso compreensivo, os olhos verdes brilhando como se estivessem molhados. Ela ficou só me encarando, uns segundos em silêncio, cheia daquele sentimento que não era dó nem pena, nem só carinho nem só tolerância.

Era empatia.

- Eu vou te ajudar, Tae. – Ela finalmente disse, e eu vi um sorriso implicante surgir no cantinho de sua boca. – Mas você vai ter que me pagar o dobro.

- O quê?!

Ela tinha ficado louca? Já me custava os olhos da cara! Fiquei de queixo caído, esperando ela dizer que era brincadeira, mas a noona só riu da minha cara de incrédulo.

- Ué, nada mais justo. Já que agora eu tenho dois Taehyungs pra tratar.

Ah, ela estava reclamando? Eu tinha dois Taehyungs pra conviver – e garanto que um já me dava dor de cabeça o suficiente.

E Jungkook tinha dois Taehyungs pra aturar, pobrezinho.

Rezei pra que ele ainda fosse apaixonado pelo outro também.


Notas Finais


aaaaaaaa, e aí?! Como foi? Nem só de amor vive uma fanfic, não é mesmo? Já estávamos na tranquilidade por tempo demais. Vamos que vamos, que ainda temos um bocado de tretas pra resolver aqui. hahaha
Estou doida, principalmente, pra saber o que vocês acharam do itálico. Espero mesmo que não me matem, por favor!
Bom, então é isso :) Não se esqueçam de deixar um comentário, enaltecer Hipnosis com os coleguinhas e vir surtar comigo, se possível. Quem me segue no twitter sabe já que eu estou escrevendo minha monografia, último período de faculdade e por isso não ando tendo tempo de responder os comentários. Sempre que tenho uns minutinhos vou lá e respondo, mas tem sido no aleatório mesmo.
AINDA ASSIM, EU LEIO TODOS. Não só leio como entro no spirit 200x por dia pra checar se tem comentários novos, em busca de inspiração pra escrever. Leio e releio, na verdade, diversas vezes.
Enfim...... Por favor comentem! <3

quem quiser falar comigo, já sabem
twitter/curious cat @ btsnoonafanfics

último texto da série "sobre escrita" que saiu na K4US, eu falo sobre verossimilhança, pesquisa e planejamento pra sua fanfic ficar um chuchuzinho: https://goo.gl/tY6Hnu

quem quiser ajudar essa pobre universitária a se formar em jornalismo, pode responder a essa curtíssima pesquisa pra mim? É SOBRE KPOP! Leva 5 minutos e me ajuda demaaais com meu projeto final!
Link: https://goo.gl/g8g5Cn

Bom, acho que é só! Amo muito vocês e POR FAVOR não desistam de mim <3

Beijocas amoras,
~BtsNoona


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