1. Spirit Fanfics >
  2. Histórias Cruzadas >
  3. Capítulo - 4: Mercante da morte

História Histórias Cruzadas - Capítulo - 4: Mercante da morte


Escrita por: ThasHoran

Notas do Autor


Eu to amando essa fanfic, espero que curtam o cap e desculpe qualquer erro.

Capítulo 4 - Capítulo - 4: Mercante da morte


Obs: Sugiro ouvir com a trilha sonora: Sia - Bird Set Free

Mercante da morte

 

– KyungSoo, por favor não vá, eu sinto muito por não ter batido na porta antes de entrar – Era altas horas da madrugada, e pela quinta vez o ruivo implorava para o menor não sair tão tarde naquela noite, estava arrependido de ter entrado no quarto, porém mais ainda de invadir o espaço do moreno. Kyung pegava sua bolsa que estava encostada perto do sofá, estava com raiva por Chanyeol tê-lo visto tão frágil e vulnerável, por ver coisas que deveria manter-se só para si. O ruivo era intrometido demais, e depois de ter suas grandes mãos passeando sem nenhuma permissão pelas marcas profundas nas costas do moreno, deixava mais claro ainda que ele deveria dar o fora da vida de Park, ou ambos iriam se machucar, e não seria um simples soco no estomago, não, vidas estariam em risco se ele atrevesse entrar no caminho do pequeno Soo.

– Eu já disse para você me deixar em paz – Disse Kyung tentando ultrapassar a diferença de tamanho de Park, mas esse estava impedindo a passagem com seus um e oitenta cinco de altura. Aquele jogo de chove e não molha já estava torrando a pouca paciência que Kyung tinha. Estava tão frustrado que poderia quebrar os ossos do mais velho com apenas um olhar, e era o que estava tentando fazer, intimidar Chanyeol com seu olhar sombrio não estava adiantando, teria que pensar em algo melhor para passar por aquela porta.

– Eu juro que não foi intencional, eu jamais queria invadir seu espaço – Apesar da postura seria e fria que o menor carregava, o ruivo não seria vencido facilmente, tinha consciência que havia ultrapassado seu limite quando seus dedos calejados tocaram a ferida do menor, e lembrar da sensação que era ter aquelas grandes fendas marcando o corpo leitoso de Kyung embrulhou seu estomago, nunca tinha visto nada igual, e seu coração apertara de uma maneira tão profundo que podia sentir as lagrimas que sem permissão saiam deixando-lhe desconcertado na frente do moreno. Chanyeol era um cara de bom coração, e não suportava ver alguém sendo torturado ou ferido, independente de quem fosse, ele sentiria muito e tomaria suas dores para si.

– Não adianta chorar, o que fez foi errado, e não deveria ter visto o que viu – Kyung estava decidido a deixar o recinto, mas uma voz maior que a sua entoou em seus pensamentos, dizendo para si mesmo que ele não tinha para onde correr, e que se fosse sair por aquela porta a morte estaria lhe esperando como das outras vezes, entretanto aquela seria sua última estadia na terra, pois dessa vez até mesmo a ela estava cansada de visitar-lhe e sempre alguma coisa puxar os dedos finos do moreno para a superfície. Seu coração bem sabia disso, ele se via num mar de solidão, onde as algas cantavam uma canção doce e profunda levando-lhe para o fundo do mar, e mesmo que nenhum navio viesse lhe ajudar, sempre um anzol enroscava em seus últimos suspiros trazendo-lhe a vida. Ali diante daquele homem, Kyung ouvia a voz que lhe mostravam três caminhos, um era sobreviver mais dois dias àquela tempestade, outro o seu fim derradeiro, a morte, que lhe esperava ansiosa por detrás daquela porta marfim, e a terceira.... Mas aquela terceira rota nunca existiu aos olhos carregado de dor do menor, talvez ele nunca tenha visto uma terceira opção, e aquela fenda estreita que se mostrava para si estava bem a sua frente, porém estava tão cego em suas profundezas que não via a luz do olhar de Chanyeol chamando-lhe para a realidade.

– Por favor.... Eu sinto muito – Os largos braços do ruivo que antes tomavam conta da porta, agora repousavam na altura do seu corpo, ele havia feito seu melhor para sair daquela situação embaraçosa, entretanto seu olhar lívido via que o menor estava mesmo disposto a se arriscar nas penumbras da aquela madrugada – Não vou ficar em seu caminho, você deve ser maduro o suficiente para tomar suas próprias decisões.

– Você tem razão – Disse Kyung encontrando as orbes castanhas de Park – Acho melhor não arriscar sair em essa hora, pode ser perigoso demais – Um suspiro de alivio correu os pulmões do ruivo. Kyung sentou-se no estofado branco da sala, aquela pequena discussão tinha feito seu corpo gastar muita energia, sentia-se exausto em simplesmente respirar, fechou os olhos por alguns logos minutos, estava confuso, ouvia a voz da razão quebrar qualquer pensamento suicida estilhaçar seus planos de autodestruição, tudo o que menos queria naquele momento da sua vida era explicar o que eram aquelas marcas para alguém, ainda mais se esse alguém fosse Park Chanyeol. O ruivo sentou-se do outro lado, ficando a uma distância razoável do moreno, não ousaria se aproximar ou teria que amarrar o menor na cama para não sair até que o dia amanhecesse – Não conte sobre isso com ninguém.

– Prometo que fingirei que não vi coisa alguma – Disse Chanyeol tendo para si, dois grandes olhos roxos e uma boca delineando frustração e raiva.

– Mas você viu, e ainda por cima tocou – Proferiu o moreno bravo. Não devia explicações para o ruivo sobre nada da sua vida, entretanto o choque que Park levou foi um dos motivos que fez Kyung abrir o bico.

Um silêncio de iniciou vibrou no ar gélido daquele apartamento, uma luta interna também começava dentro do moreno, se devia ou não comentar a respeito de que fim o levou a ganhar tais cicatrizes, qualquer coisa que lembrava aqueles traços desenhados de dor que ficara marcado em sua vida fazia sua cabeça doer, tinha levado anos para tenta enterrar em sua memória aquela parte sombria de sua existência, e traze-la mais uma vez até aquelas águas que mergulhava a ferro e fogo era duro demais, tinha medo de despertar uma fagulha defeituosa que acorrentou dentro de si.

Relutante, as palavras saiam de seus lábios, silaba por silaba, corria sobre a boca carnuda e espinhosa do moreno. Kyung não sabia muito sobre seu nascimento, ou seus pais, todas as informações que tinha era que, seus responsáveis, seres errôneos, haviam lhe trazido a vida, e como uma fruta podre ele foi descartado da existência dos jovens amantes que deram-lhe a luz, e desde de sua vinda ao mundo, o moreno era uma alma viva sobrevivendo aos cacos que foram deixado para ele trilhar. Ele foi despachado para um abrigo ainda bebê, como uma mercadoria invalida, e estava tão certo disso que, todas as crianças o reprimiam, abusavam da sua fragilidade, quando o assunto era os sentimentos do garoto dos lábios carnudos, o mundo tampava os olhos deixando-lhe a mercê de sua derrota. De todos no abrigo, Kyung foi o único que não foi adotado, bem, pelo menos não em sua fase bebê. Beirando os onze anos, certo dia um homem fora visitar o orfanato – esse que aparentava ser mais um hospício – a procura de uma cria, ele alegava se sentir muito sozinho e que com a morte de sua tão amada esposa queria depositar todo o amor que restava dentro do peito para alguém fosse digno de seus sentimentos, ele decidiu dar uma olhada em todas as crianças residentes do recinto, e o moreno era uma delas, entretanto, na cabeça de Kyung ele tinha certeza que seria descartado como das outras vezes em que alguns casais vinham a procura de um filho, e ele sempre ficava para trás, e haviam tantas crianças, de diversos tipos e tamanhos, cores e etnias que deixava mais claro para o menor que ele era um intruso, entretanto quando ele achara que estava tudo perdido, no final das contas o homem havia lhe escolhido.

Kyung estava tão feliz enquanto arrumava suas poucas roupas que tinha conseguido com os restos que deixavam para ele, mal cabia no peito a sensação de finalmente ter um lugar para morar que não fosse aquele mausoléu. Como todo procedimento que era uma adoção, levou um certo tempo para sair a papelada, e logo depois o menor tinha sido adotado por aquele simpático homem, seu nome era um fato que o pequeno decidiu queimar com as cinzas do seu diário, pois as aparências enganam, ele não tinha sido tão sortudo assim, a verdade era que, aquele tratante que havia pego a única parte da infância do pequeno DO, era na verdade um mercante, homens que contrabandeavam crianças para serem escravizadas para trabalharem até a morte, e quando o sonho que o menor havia fantasiado sobre sua liberdade em sair do orfanato veio átona, ele teve certeza que estaria condenado pelo resto de sua vida. Durante muito tempo ele foi mantido preso com outras milhares de crianças, trabalhavam em fabricas de dia e noite, algumas não resistia a tamanha pressão que era e acabavam dando seus últimos suspiros limpando o sapato de algum miserável sem coração que lhe confinavam, contudo aquela não era a pior parte, Kyung poderia aguentar trabalhar a vida toda se fosse preciso, mas as marcas que tinha em suas costas era um lembrete de que se estava vivo era para um proposito maior que ele. Foram tantos, mais tantos corpos que ele tinha que levar para o deposito de cremação toda vez que uma criança falecia enquanto o chicote estralava contra seus ossos, e ele não ficou de fora, ele também sentiu o couro rasgando sua pele de garoto inocente sem dó nem piedade, ele lembra como se fosse naquela época, podia fechar os olhos e ouvir a correia preta gritar contra suas carnes o quão sozinho ele estava e que o fim dele estava mais próximo do que ele imaginava.

– E então é isso.... – Disse o moreno finalizando sua trágica história deixando o ruivo sem estruturas. Park queria encontrar palavras que pudesse confortar o semblante pesado que se alojava no rosto de Kyung, mas elas lhe faltavam mediante àquele depoimento.

– Eu nem sei o que dizer.... – E ele não sabia mesmo, estava estupefato com aquelas informações, se perguntava com alguém poderia ser tão cruel assim?! E como o moreno era forte para ter sobrevivido a tudo aquilo e ainda estar vivo, se fosse o ruivo com certeza estaria entre os vários corpos que Kyung levava para dar cabo entre cinzas de um fogo em brasa.

– Não precisa dizer nada, mas nunca mais faça aquilo, ou eu irie carregar seu corpo para a fornalha – Brincou Kyung assuntando o ruivo – Não precisa ficar com medo, a menos que invada meu espaço novamente!

– Prometo que não farei.... – Falou Park se desculpando pela sua falta de educação.

– Vamos dormir, e nem pense em entrar sem bater – Advertiu Kyung se levantando para deitar-se, mas não sem antes o ruivo dizer o real motivo da sua ida até o quarto.

– Sobre o que eu fui fazer no quarto, bem.... Eu terei que sair cedo amanhã e só ia avisar que a chave está do lado do pote de açúcar – DO apenas assentiu seguindo para cama, só que dessa vez ele decidiu deitar-se com algumas mudas de roupas leves que cobrisse seu corpo afim de esconder aquelas marcas, mesmo que se sentisse sufocado não teria mais problemas com o orelhudo por ver seu corpo maltratado.

Kyung adormeceu, contudo, seu subconsciente estava acordado divagando sobre memorias do passado. Ele tinha dito boa parte de todo aquele enredo para o ruivo, entretanto ele havia esquecido de mencionar o fato dele ter se vingado de cada um que havia feito-lhe sofrer. Depois de todo aquele episódio doloroso que foi sofrer em cativeiro, a vida tinha lhe dado uma trégua, as autoridades haviam descoberto aquela facção criminosa, e para o inferno ele havia voltado, porém a mente turbulenta do pequeno Soo era outra, todas as noites quando fechava os olhos para dormir ele sofria lentamente lembrando de toda a dor que passou na mãos daqueles mercantes, e nas sombra daquela floresta que era seu coração nasceu um novo ser, misturado ao ódio e rancor, ele decidiu que um por um, faria com que eles pagassem, e ele fez, cada um daqueles homens que torturaram sua mente, bagunçara seu coração, sua vida, pagou com o próprio sangue, exceto por um.... Seu mercante da morte, que até ali vivia em sombras do passado, porém, estava com medo das correntes serem fracas demais para segurar a fera com sede de vingança que reinava em seu peito, e tinha mais medo ainda de devastar quem quer que fosse para encontrar-lo, e se Park tivesse em seu caminho, aquele DO, que encontrou no beco frágil e sozinho, seria apenas uma passageira lembrança. 

Talvez fosse por aquele motivo que Kyung não conseguia ter paz, tinha decidido seguir em frente, e mesmo que uma parte de si gritasse por justiça, ele queria esquecer a imagem daquele homem, gostaria de atear fogo nas gravuras que desenhara a vida toda a procura do mercante, e se fizesse isso, nem mesmo o sorriso iluminado de Park lhe puxaria das trevas. 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...