25 de Agosto de 1943
Matthew acordou com a voz autoritária do comandante responsável pelo alojamento 22-A dizendo para se levantarem.
- Acordem seus maricas, o dia amanheceu e temos muito o que fazer. – Disse o homem grisalho e barba por fazer.
O castanho olhou ao seu lado em busca de certo ruivo, e viu que o mesmo já estava sentado calçando as botas rapidamente.
- Já não era sem tempo bela adormecida – Disse Jonathan olhando de soslaio para o amigo.
- Bom dia pra você também água de salsicha. – Disse se levantando e fazendo o mesmo que o ruivo.
- Não importa onde estivermos seu mal humor continua o mesmo, credo – Johnny disse revirando os olhos
- Você sabe que odeio que me acorde aos berros, não importa as circunstâncias. – Disse dando de ombros. – Agora levanta esse traseiro sardento daí que eu já terminei e você está ai ainda. Molenga. – Falou dando um tapa leve na nuca do amigo.
- Traseiro esse, que você já quis comer diversas vezes não é? – Jonathan disse se levantando – Mesmo sabendo que o único que come alguma coisa aqui sou eu, concorda? – Sorriu ladino se lembrando das tardes quentes já tiveram na casa do castanho anos atrás.
- Ridículo. – Disse Matt sem qualquer argumento contundente que pudesse rebater a afirmação do ruivo.
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Depois de saírem do alojamento, foram ordenados a se organizarem em duas fila para distribuição de tarefas daquele dia.
- Tomara que eu não fique com as foças, tomara que eu não fiquei com as foças... – Dylan dizia como uma mantra enquanto torcia os dedos das mãos nervoso chamando a atenção de Johnny que estava à sua frente.
- O que quer dizer com isso garoto? – Perguntou curioso olhando para trás encarando o menino de cabelos negros e bagunçados.
Dylan que não havia percebido a presença do mais velho, o encarou com grandes olhos brilhantes de lágrimas e chacoalhou a cabeça dando pequenos socos na mesma.
- Eles sempre me deixam por conta das foças, e eu odeio aquilo, odeio, odeio... – Disse imerso em pensamentos ignorando Johnny que ficou por entender aquela atitude atípica do garoto que conhecera na noite anterior.
- Não liga pra ele novato, esse ai devia estar no hospício. – Disse um homem extremamente alto e musculoso, que estava a poucos metros de distância de Dylan. Diversas tatuagens decoravam os braços fortes que mais pareciam dois troncos de carvalho, o cabelo estilo militar e o bigode com voltinhas nas laterais fechavam a aparência rústica do homem. – Todos os dias é a mesma coisa, apenas ignore. Logo passa – Disse com descaso.
O ruivo apenas acenou em concordância e virou para frente em silêncio, preocupado com o garoto que colapsaria a qualquer momento atrás dele.
- O que será que ele quis dizer com isso? – Disse Matthew que estava a frente do ruivo, despertando-o de seus devaneios.
- Eu não faço a mínima ideia – Disse vendo que o castanho seria o próximo. -Mais sei que vamos descobrir agora. – Falou fazendo um gesto com o queixo, mostrando que Matt seria o próximo.
Assim que Johnny terminou de falar, a vez de Matthew havia chegado, onde o mesmo pegou um papel com o que parecia instruções e olhou sem entender para o homem a sua frente, pois estava tudo em japonês.
- Ficará responsável pelas foças americano – Disse em inglês o soldado mal encarado com um sotaque carregado. – Ao final do dia terá que levar este papel ao comandante para que ele assine.
“ Droga” pensou enquanto saía da fila para dar lugar ao ruivo.
- O que pegou? – Matt perguntou na esperança de ir junto com o amigo.
- Carvoaria. – Disse Jonathan encarando o papel pensativo. – Serviço pesado, sou capaz de apostar. – Falou suspirando.
- Pelo menos terá que lidar com carvão, e não com o cocô dos nossos “superiores” – Matthew fez aspas com as mãos, sentindo a bile subir por sua garganta ao imaginar a lástima que era os banheiros daquele lugar.
- Vai dar tudo certo, pelo menos não irá carregar sacos e mais sacos como um burro de carga. – Disse Jonathan ouvindo um dos soldados gritarem para o seguirem até a mina de carvão.
– Tenho que ir agora, nos vemos mais tarde? – Perguntou esticando o punho fechado, esperando o castanho fazer o mesmo.
- Você sabe que sim seu panaca, boa sorte. – Disse Matthew batendo o próprio punho no do amigo que partiu junto de Dylan que saltitava feliz por não ter ficado com a tarefa que ele havia pegado.
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Pov Matthew
“Ai. Meu. Deus” pensei ao me deparar com o lugar carinhosamente apelidado de “banheiro”.
- Aqui está o que será necessário para a limpeza das latrinas. – Disse o soldado jogando um cabo de madeira com dois baldes pendurados nas laterais, uma escova de lavar roupa e por fim um balde grande de madeira. – Poderá usar o terceiro balde para pegar água daquele poço. – Disse autoritário apontando para o mesmo, a mais ou menos 100 metros de distância – Os resíduos serão jogados no rio na parte sul da base. Um soldado ficará responsável por acompanhá-lo quantas vezes forem necessárias. Quero tudo limpo até o final do dia – Falou se retirando, me deixando no meio de toda aquela sujeira.
- É... mão na massa, ou será na merda? – Disse em voz alta, rindo da minha própria desgraça.
Já havia perdido as contas das vezes em que vomitei ao encher aqueles baldes com sujeira e minhas costas gritavam de dor pelo peso excessivo que precisei carregar da base até o rio e vice e versa.
- Vejam só se não é a nova vadia do meu tenente-general limpando as latrinas do pelotão – Ouvi um rapaz alto, corpo esguio e longos cabelos platinados penteados de lado, se aproximar de mim. – Meu senpai já teve bom gosto tsc, tsc...– Disse com desdém – Mas, eu entendo a situação dele, tipos como você tem apenas uma utilidade. – Falou se aproximando de mim de forma lenta me olhando com nojo – Levar a merda dos outros nas costas como um burro de carga inútil. – O rapaz riu me empurrando.
Senti meu sangue ferver e engoli em seco tentando ao máximo não jogar aqueles baldes cheio de estrume em cima daquela garça emproada.
- Mais acho que não devo me
preocupar com você não é escravo? –
Me encarou com superioridade. – Não.... você é só uma vadia imunda, Tatsuo não me trocaria por isso – Disse apontando pra mim e cuspindo na minha bota. – Espero que faça bem o seu trabalho...burrinho de carga – E partiu rindo debochado.
Segurei o cabo de madeira com força e rosnei com raiva, voltando para os banheiros para terminar de limpar aquela porcaria.
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Pov Tatsuo
- Como ele está se saindo? – Perguntei ao cabo Higurashi enquanto observava minha hime ao longe conversando com Erick.
- Mesmo a contragosto, acatou a ordem que Ishimura designou sem maiores problemas Miyazaki-sama – Disse irônico
- Não quero vê-lo novamente naquele lugar, a menos que eu ordene. – Me virei devagar o encarando de maneira séria. – Estamos entendidos?
- S-sim senhor – Higurashi fez uma mensura em sinal de respeito. – Aliás, chegou um telegrama para o senhor – Disse estendendo um envelope branco.
– São “eles”.
Abri a correspondência lendo rapidamente o conteúdo amassando em seguida.
- Mande um telegrama em resposta, e diga que houve uma mudança de planos. – Andei até minha mesa e retirei um cigarro da gaveta, colocando na boca.
- Hai Higurashi -sama – Disse o soldado estendendo um isqueiro de prata, acendendo meu cigarro.
- Não deixarei que voltem atrás no acordo que firmamos – Dei um trago profundo fechando os olhos em prazer ao sentir a nicotina agindo em meu organismo. – Agora sou eu quem dita as regras aqui. – Soltei a fumaça lentamente, enquanto via o homem concordar com o que havia dito. –Pode se retirar agora, mas antes, quero que traga o Sr. Collins até mim ao anoitecer. – Disse de forma autoritária.
- Hai, Hai...com licença – Fez uma mensura e se retirou.
Assim que me vi sozinho, abri a parte de cima de minha farda e retirei a chave que carregava em meu pescoço. Abri a primeira gaveta a minha esquerda e peguei um maço de fotos, me deliciando com as imagens obscenas de cada uma de minhas bonecas de porcelana. “Adoráveis” pensei, parando pra observar uma em especial.
- Como consegue ser tão perfeito e ao mesmo tempo tão atrevido? – Falei em voz alta, gravando cada detalhe daquela foto. – Tenho a sensação de que vamos nos divertir mais tempo do que imaginava hime-sama.
Continua...
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