História Histórias de um prisioneiro - Capítulo 2 - Inimigo oculto

Capítulo 2 – Inimigo Oculto

Pov Matthew

27 de Julho de 1943 

Assim que chegamos a base militar de Washington DC. Fomos recebidos pelo Tenente Jonhson que nos guiou até o lugar onde ficaríamos até segunda ordem. Confesso que me senti aliviado por sair daquele caminhão apertado que mais se parecia com uma lata de sardinhas do que um veículos na verdade, minhas costas doíam como nunca e meu traseiro parecia ter se tornado parte do estofado encardido daquela lata velha.
Enquanto andávamos, tenente Johnson ia nos mostrando onde ficava o refeitório, a sala de comando, a área de treinamento com armas de fogo e a área de estratégia militar que nada mais era que  uma barraca onde ficavam rádios transmissores, telégrafos e uma versão estranha de um telefone sem fio em tamanho enorme.
- Soldados, agora que já conhecem a base, dirijam-se para o prédio principal, peguem seu uniforme e me esperem no salão sul virando a esquerda. – Tenente Johnson disse de forma autoritária, interrompendo meus pensamentos. – Agora formem duas filas e me sigam garotas! -Gritou arrancando risadas e assobios por parte dos soldados que andavam por ali,  e logo estávamos organizados  e seguimos para o prédio de aparência antiga que lembrava muito a um colégio interno do século passado.
Quando entramos, um rapaz de estatura baixa e óculos fundo de garrafa estava com uma prancheta com a listagem de nomes e disse para cada um assinar e pegar o uniforme, que consistia em calças de lona de cor marrom esverdeado, uma camisa de botões já com nossos sobrenomes bordados no peito (que ficaram enormes em mim só pra constar) do mesmo material e cor,  um par de camisas brancas e coturnos pretos. Sinceramente nunca me imaginei vestindo roupas tão monocromáticas e sem graças, mais o que eu poderia fazer a respeito? Nada. Eu sei disso não precisa me lembrar desse fato.
Nos dirigimos ao bendito salão e o tenente já se estava presente em posição de comando. Ele nos mandou fazer fila indiana novamente  e aguardar. Aproveitei para observar o local e reparei nas paredes de tom branco, grandes janelas que iam do teto até o chão, cortinas de veludo azul escuro com detalhes dourados e duas poltronas da mesma cor  e a minha a esquerda 3 cadeiras dessas que usavam em salões de beleza finalizavam a decoração minimalista do lugar.
- Em ordem quero que  sentem -se naquelas cadeiras e deixem os soldados Stephens, Jordan e Keeper  fazerem o trabalho de cortar isso que vocês chamam de cabelo. – O tenente finalizou saindo do cômodo com passos pesados.
Enquanto esperávamos a nossa vez, Jonathan que até o momento estava quieto cutucou meu ombro de forma discreta.
- Hey Matt, pra onde será que nós vamos depois? Ouvi dizer que muitos aqui vão para acampamentos do outro lado do país e depois são mandados para missões ultra secretas nos países aliados dos Chucrutes* – Johnny tagarelava de forma empolgada diante da possibilidade de ir para terras inimigas.
- Deixa de ser estúpido Johnny, você já pensou se isso chegar a acontecer? Vamos ter que nos separar, e eu não quero isso... – Abaixei a cabeça em sinal de constrangimento.
- Relaxa companheiro, eu te fiz uma promessa não fiz? Estamos juntos nessa até o fim. – O ruivo disse confiante estendendo a mão em punho para que eu tocasse e mesmo a contragosto o fiz, “ruivo idiota” pensei escondendo um sorriso.
- Próximo! – gritou um dos soldados responsáveis por cortar nossos cabelos e reparei que já tinha chegado minha vez. Andei até  a cadeira e me sentei esperando o mesmo começar o serviço.
- Santo Deus garoto, seu cabelo se parece com o da minha mulher – Reparou o soldado de meia idade com um cigarro pendurado na boca e uma cicatriz no olho direito. – E além de tudo é cheiroso – Acrescentou dando uma fungada profunda em meus cabelos, me causando calafrios – Uma pena acabar com tamanha beleza, mais ordens são ordens gracinha – Finalizou sussurrando em meu ouvido. Minha expressão que já não era das melhores piorou depois do que o soldado de nome Keeper disse pra mim. – Brincadeira garoto, relaxa – Terminou pegando uma tesoura do próprio bolso – Agora vamos terminar logo com isso.
Enquanto Keeper cortava as madeixas maiores com a tesoura, não pude deixar de ficar chateado, sempre gostei dos meus cabelos compridos, minha mãe pegava no meu pé dizendo que nunca arrumaria uma namorada com o cabelo daquele tamanho, mal sabia ela que garotas nunca foi o meu forte (risos).  Assim que Keeper terminou de raspar o que havia restado do meu cabelo, a ficha caiu como uma bomba (irônico não acham?) e percebi que não tinha mais volta. Olhei – me no pequeno espelho de mão e quase chorei de tristeza ao ver que minha cabeça assemelhava-se a um ovo e sai pra dar lugar ao próximo.
- Apesar da careca de ovo de galinha, eu ainda te pegaria fácil, fácil amigo. – Gargalhou de forma escandalosa o ruivo imbecil que eu chamava de amigo.
- Vou considerar isso como um elogio – Dei uma piscadela e gargalhei seguindo os demais ao alojamento A-32 .

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- Precisamos de pessoas  que possam fazer o serviço sujo por nós General Philip – O homem jovem de feições rígidas  disse observando da grande janela, os recém chegados a base.
- Não quero arriscar meus melhores soldados em uma missão fadada ao fracasso meu caro - Disse o idoso sentado de frente a mesa elegante de carvalho envelhecido.
- Acho que tenho uma ideia de quem pode fazer tal sacrifício senhor  – Finalizou com uma risada de escárnio, sendo acompanhado pelo velho, enquanto observava os jovens entrando no alojamento.

Continua....