Dá pra acreditar que já é quarta-feira? Faltam exatamente 2 dias pra nossa viagem para o Rio de Janeiro, algo me diz que essa viagem promete. Já estou pronta pra sair de casa, resolvi não tomar café denovo, eu sei que é errado, mas está dando resultado, perdi quase 3 quilos depois que diminui as refeições. O importante é ninguém perceber que estou fazendo isso.
Eu e Paulo estamos na mesma, não chamei ele pra ir a escola nem ontem e nem hoje, ele pode ir com a namorada dele depois sem nenhum problema e eu evito o estresse.
Peguei a mochila e segui sozinha para a escola, o bom é que de fones a caminhada parece mais curta.
Cheguei à escola e sentei-me no mesmo banco de sempre, a escola ainda estava bem vazia.
- Bom dia! - Firmino.
- Bom dia! - Sorri.
- Então, Santa Diabinha... você estava na escola no dia da festa, não é?
Nesse momento meu corpo gelou, a gente tinha esquecido o Firmino dormindo naquele dia, estranho mesmo era isso não ter chegado aos ouvidos da diretora.
- Eu... estava, por quê? - Fiz minha melhor cara de inoscente.
- Algo muito estranho aconteceu, sabe... não lembro de nada.
- Eu acho que o senhor devia estar cansado, mas não sei de nada também, foi uma festinha normal.
- Está bem, obrigado, boa aula. - Disse ele um pouco desconfiado, mas eu estava dizendo a verdade, não colaborei com nada daquilo, eu bebi um pouco, eu sei, mas não foi culpa minha eles enfiarem bebidas aqui dentro.
Depois que as meninas chegaram eu me juntei a elas, todas animadíssimas pra viajar. Até eu estou, quero ver como o Mário vai se portar comigo enquanto estivermos lá.
Nossa primeira aula era com a Fernanda, e foi tranquila, sem novidades com exceção das conversas que eu era obrigada a escutar na parte de trás da sala, entre Mário, Adriano e Jaime, adivinha o assunto, a bunda da professora! Pode isso?
A droga da segunda aula era com o Fabio, nosso professor de literatura, eu até curto ler, mas ele é insuportável, e também não vai com a minha cara, a única explicação pra isso é que eu sou mais inteligente que ele, e isso o deixa de mal humor.
- Bom dia classe, hoje falaremos de um românce.
- Qual? - Os mais curiosos indagaram-no.
- Lolita. - Ele disse e eu acabei virando pra trás e encarando Mário, acho que ele ficou com cara de tacho igualzinho a mim.
Mas eu tinha que virar o jogo, e eu sempre sabia como fazer isso com o professor Fábio.
- Desculpe-me, Professor, mas Lolita pra mim nunca será um românce. - Intervi.
- Por um acaso você já leu? - Ele me encarou sério.
- Já sim.
- Pois é sim considerado um romance, e também um grande clássico.
- O senhor acha certo dizer que é coerente ensinar em uma sala cheia de alunas que uma história sobre pedofilia entre um professor e uma garotinha é normal? - Cruzei os braços e mantive o sorriso debochado.
- Não trata-se disso, Marcelina Guerra. - Ele já começou a fechar a cara. Os outros alunos observávam querendo rir, eles estavam acostumados com esse meu comportamento na aula do Fábio.
- Trata-se de que? - Levanteida carteira desafiando-o.
- Pois bem, venha aqui na frente, vai explicar esse livro pra toda a classe, e se não fizer isso, ou não dizer coisas coerentes sobre a história, leva 0.
- Olhei para o Paulo, ele olhava pra mim sem saber se ficava preocupado ou se dizia: "Depois eu sou o irmão que não se comporta, humpf!".
Já Ally, se divertia esperando minha próxima atitude.
Fui até a frente da sala.
- Lolita é uma história absurda escrita nos anos 50, o protagonista é um professor e sua forma de contar os fatos não é confiável, ele é totalmente obcecado por uma garotinha de 12 anos, com quem ele se imagina fodendo ( Sim, eu disse isso ) Ele acaba sendo obrigado a se casar com a mãe dela porquê acha que é o único jeito de manter a infeliz da garota por perto, mas o absurdo é que ele nem gosta dela de verdade, ele se interessa porquê a infeliz se parece com a garota que ele realmente amava, uma que morreu. Mas, como a mãe da garotinha não dá um tempo pra ele por os pensamentos nojentos e absurdos dele em prática com a sua filha, ele planeja matar ela, mas ela acaba morrendo atropelada e ele nem precisa, então ele busca a garotinha num acampamento de férias e sequestra ela. Leva ela pra uns hoteis e tal, mente que a mãe dela não morreu ... umas coisas sem importância acontecem, ele estupra ela, finge pras pessoas que é pai dela pra não desconfiarem. E ela não o denuncia porquê ele diz que ela vai ficar órfã e presa se procurar a polícia. Mas no final ela acaba conseguindo escapar dele, se casa, fica grávida, mas perde o bebê e morre no parto, e ele vai pra cadeia por assassinar o homem que ajudou ela a fugir e morre lá, não lembro de quê.. todo mundo é infeliz para sempre. Pronto, Professor, sua aula está dada.
Fábio me olhava boquiaberto, eu sabia que eu tinha explicado tudo direitinho, mas sabia que ele não ia deixar barato.
- Marcelina Guerra, saia da sala!
- Por que??
- Você me irrita, saia da sala!
- Professor, eu...
- SAIA!
Então acho que o único jeito era sair da sala, abri a porta e saí, resolvi ir pra Biblioteca e dar um tempo até a aula dele terminar.
- Marcê! - Ouvi Mário me chamar.
- O que ta fazendo aqui? - Perguntei confusa.
- Você deu um jeito de sair da sala... Então eu também dei, vamos conversar?
- A gente tem mesmo o que falar? - Arqueei a sombrancelha.
- Eu não quero ficar sem você, muito menos quero viajar contigo e te ver me ignorando.
- Ué, parecia ser justamente o que você queria no fim de semana passado.
- Agi mal, mas isso não vai se repetir.
- Ah é?
- É... E o tema da aula hoje foi justo Lolita... Não resisti de lembrar de você dançando Lolita pra mim. - Ele riu.
- Pior que eu também, não. - Também ri.
- Foi boa a aula também, pra não esquecer de parabenizá-la, Professora!
- A da Fernanda parecia estar melhor. - Levantei a cabeça para encará-lo.
- Você escutou os comentários, né? - Ele fez uma expressão de medo.
- Claro, você estava bem atrás de mim. - Fiz a mesma cara que minha mãe faz quando meu pai está mentindo e ela já sabe a verdade.
- Ah Marcê, eu escuto você e as outras falando um monte do Cássio, releva né... E olhar é... só olhar, ela é bonita, isso não quer dizer que você não seja mais.
Comecei a sentir uma tontura;
As coisas começaram a girar;
Eu apaguei;
Droga, onde eu estou???
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