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História Hoje eu matei um rato - Capítulo Único


Escrita por: Hellves

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Hoje eu matei um rato - Capítulo Único

Há um tempo aconteceram algumas coisas realmente curiosas. Bem, primeiramente, em uma noite rotineira eu ia lavar a louça do jantar e à caminho da pia fui, digamos que, atacada por um ovine – vou chamar assim por que de fato, não fui capaz de identificar o meu Agressor. A cena consistiu em um “ser” voador que bateu em mim e depois se escondeu debaixo da estante.

Como sou muito corajosa eu fiz questão de sair o mais rápido possível de lá, sem conferir com o que seria aquilo que deixou uma leve coceira momentânea em mim. Sim, deixei a louça para outro dia, mas isso é o de menos...

No dia seguinte ao do ataque, durante a tarde, eu estava na cozinha preparando um lanche e ouvi alguns ruídos incomuns. Bem, era como um “toc toc” ou “snack snack” de quem cava um buraco, exatamente no lugar em que o ovine tinha entrado. Fiquei assustada, mas outra vez não fui dar uma olhada no que era e deixei que se instalasse lá. Apenas deixei que ele se instalasse lá.

Meu Agressor, porém, era um bicho voador e... não acredito que ele tenha feito os ruídos. Acho que o Agressor deveria ser um besouro qualquer que teve um papel fundamental, visto que foi ele que me deixou com medo de investigar os ruídos produzidos pelo rato – que mais tarde deu as caras no meio da minha sala, antes de correr de volta para seu ninho na cozinha.

Sim, os ruídos eram de um rato.

O Rato era pequeno e fofo como um topolino. Tentei expulsar ele de lá de várias formas: coloquei comida do lado de fora e fiquei esperando com a vassoura na mão, joguei SBP, bati na parede... fiz um escarcel. Resumindo, fiz sujeira e barulho, mas o Rato não saiu. Porém, no fundo, eu sabia que não estava me esforçando o suficiente para tirar ele de lá. No fundo, eu sabia que estava deixando que ele se instalasse ali.

O tempo foi passando e o Rato parecia cada vez mais familiarizado. Não sei se é por que ele era fofo, mas eu não me irritava quando ele inconvenientemente roubava as coisas de minha cozinha. Ele era tão pequeno e ingênuo, sei que não fazia por mal, eu até ria quando eu acendia as luzes e ele corria assustado para se esconder.

Comecei a trancar as coisas em um armário que eu sabia que ele não seria capaz de entrar e a deixar despreocupadamente um pedaço ou outro de comida cair no chão. Eu achei que tínhamos um relacionamento amigável. Mas ele não parava de cavar, parecia que nenhum buraco era suficiente para ele e ele destruía minha parede sem dó.

Ficamos nessa por um período até considerável, até que eu precisei fazer uma viagem para a cidade vizinha por dois dias, resolver uns problemas de trabalho, sabe como é... e quando eu voltei eu vi que ele já não se limitava as refeições que eu disponibilizava com tanto carinho para ele e, mesmo com aquela aparência inocente, ele invadiu meu armário – que eu descobri não ser tão seguro quanto eu acreditava. Ou o Rato que era inteligente demais?...

Eu sei que não fazia por mal, era instinto. Mas ele fez...

Acredite, foi muito difícil me convencer do risco que aquilo me trazia, mas eu tinha de fazê-lo: eu precisava matar ele.

Hoje quando vi ele se aventurando no quarto de visitas e fugindo para debaixo do armário enquanto eu lavava a louça do almoço, decidi fazer o que minha mãe havia sugerido  – lógico que antes da decisão, apesar do ódio que eu estava sentindo borbulhar em minha barriga, sofri uma guerra civil entre meu lado “ele não faz por mal!” e meu lado “ele é perigoso!”

Fervi a água, arrastei o armário e com um custo da gota joguei o liquido borbulhando dentro do buraco. Deixei a panela agilmente na pia e esperei a tentativa de fuga dele na espreita, armada apenas com a minha vassoura.

Pensei em deixa-lo ir, no segundo em que o vi correndo desesperado para fora. Naquele misero segundo pensei outra vez que ele podia não estar fazendo por mal. Mas então me veio em mente o gênio destrutivo e invasivo dele, me veio em mente a minha parede oca e corroída, meus alimentos roubados, meus miojos contaminados. Por isso, ao invés de botá-lo em uma caixa para soltar longe de casa, civilizadamente, não, eu meti vassourada sem dó para destruir ele igual ele fazia com tudo.

 Ele não morreu de primeira, lógico, ele gritou, berrou, correu – e não duvide se eu disser que até tentou me morder (mas por sorte ele só atingiu a unha do dedão, sem risco). A despeito da agilidade e resistência, no fim, eu fui mais... agressiva? e ele não resistiu.

Eu gostei de ter matado ele e me livrado de problemas. Tive, então, que conviver com a culpa de ter gostado de matar ele, aquele serzinho tão fofo.

Joguei-o no lixo e não vi exatamente o momento em que o lixeiro passou levando ele para sempre da minha vida. Parece dramático, já que era só um rato. Mas acho que só parece drama agora que eu finalmente o matei.


Notas Finais


Devo me redimir com o besouro, por que talvez eu o culpe por querer tirar de mim a culpa por ter deixado o Rato se instalar na minha parede, mas no fundo (ou no raso) eu sei que a culpa foi minha. Afinal, somos cem por cento responsáveis pelo que acontece em nossa vida. Nossos atos, e até pensamentos, influenciam o que acontece ao nosso redor e o besouro estava lá por que eu adiei a dedetização da casa em uma semana; o Rato se instalou por descuido meu; e, o que é pior, o Rato ficou lá por que eu definitivamente negligenciei a presença dele ao máximo, adiando o que eu sei que deveria ter feito desde o primeiro dia, ignorando todos os riscos oferecidos apenas pela simples existência dele!
ENFIM, visto que o texto, como qualquer outra prosa, pode ser interpretado de forma literal ou não, depende de você entender de um jeito x ou y o que eu disse e o que eu vou dizer (conselho de amiga, eim): se um rato se instalar na sua cozinha, EXPULSA ELE!

*História baseada em fatos reais vividos por @eu*


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