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História Hold Me Tight - .take it slow


Escrita por: ninalogi

Notas do Autor


amores da minha vida, cá estou eu c: não demorei //tanto// dessa vez... é bom ver vocês <3

eu não fui pra aula hoje, então fiquei o dia inteiro aqui, escrevendo. não vou demorar muito aqui, mas por favorzinho não deixem de ler as notas finais!!

ps: desculpem qualquer erro idiota, estou meio doente e com sono, então não estou com paciência para revisar (apesar de eu raramente revisar qualquer coisa... enfim!!)

boa leitura~

Capítulo 26 - .take it slow


— Então você finalmente disse a ele?

Jeongguk baixou os olhos, desviando-os para as próprias mãos entrelaçadas sobre a mesa de madeira clara. O ar estava aquecido ao seu redor, trazendo uma sensação de conforto em contraste com o frio que fazia lá fora. Jimin e ele estavam sentados ao fundo de uma cafeteria perto da escola, ambos bebendo cappuccino puro. Jeongguk havia decidido ir à escola naquela sexta-feira, mesmo que grande parte de seu material artístico houvesse ficado no apartamento, e felizmente as aulas haviam acabado mais cedo por conta de uma prova de proficiência que havia sido aplicada para as turmas do terceiro ano.

— Disse — Jeongguk confirmou, respirando fundo. Era perto das quatro da tarde, e a chuva que caíra o dia inteiro havia cessado por um tempo. Ele afundou mais um pouco na cadeira acolchoada, tendo terminado de explicar tudo o que precisava explicar a Jimin. — Foi rápido, tivemos que desligar. E... acho que ele não se convenceu.

Jimin apertou os lábios, solidário. Ele estivera ouvindo tudo o que Jeongguk tinha a dizer desde aquela manhã, quando eles se encontraram no portão da casa dos Park. Havia sido bom para Jeongguk colocar tudo para fora, e ele se sentia infinitamente agradecido por Jimin estar ali.

— Não acreditou em você? — o de cabelos ruivos perguntou, usando aquele tom cuidadoso dele.

Jeongguk balançou a cabeça devagar.

— Não exatamente. Taehyung disse que precisava de tempo para consertar as coisas por completo — ele suspirou, apoiando o rosto numa das mãos. — Eu o entendo, sabe? Faz sentido que ele ainda esteja inseguro. A minha indecisão atrapalhou tudo.

Jimin inclinou-se para frente, sorrindo de modo confortante.

— Ora, não se culpe tanto. Você teve seus motivos para hesitar.

Jeongguk suspirou, assentindo sem dizer nada em resposta. Ele não estava com ânimo para discordar, mesmo que soubesse que Jimin só estava tentando ser gentil. Jeongguk tinha consciência de que a culpa de tudo ter ido tão mal era dele e apenas dele, e que Taehyung havia acabado por se machucar com toda a hesitação de Jeongguk quando se tratava de assumir os próprios sentimentos, abandonar um velho afeto que nunca daria em lugar nenhum. Ele havia usado seu antigo fascínio por Jimin para justificar o medo que tinha de abrir definitivamente a porta de sua vida para Taehyung, de deixá-lo entrar completamente. 

Ele checou o relógio mais uma vez. Faltavam dez minutos para as quatro. Jeongguk estava mais do que ansioso para encontrar Taehyung naquela tarde, e dezenas de cenários passavam por sua cabeça — alguns catastróficos, outros doces e divertidos. Ele tentava ser otimista, dizendo para si mesmo que tudo sairia bem e que eles entrariam num acordo, mas havia aquela parte hesitante de Jeongguk, sempre temendo que ele fosse estragar tudo mais uma vez.

— Por que não vamos até a minha casa? — Jimin sugeriu, tirando Jeongguk de seus pensamentos. — Tenho certeza de que minha mãe ficará muito feliz em vê-lo. Sabe, pra você se distrair.

Jeongguk sorriu. Ele era mesmo sortudo por ter um amigo como Jimin ali, tão disposto a ajudar, mesmo que a situação estivesse fora de seu alcance. Jeongguk sabia que, nem em um milhão de anos, seria um amigo tão bom quanto Park Jimin era, e sentia que devia mais do que algumas dezenas de favores ao outro. Ele apenas esperava ser capaz de retribuir tudo um dia.

— Obrigado, Jimin, mas, na verdade, eu tenho um lugar para ir daqui alguns minutos — Jeongguk falou, pausando para tomar o último gole de seu cappuccino amargo. — Talvez eu passe lá amanhã, se não for nenhum problema.

— Claro — Jimin assentiu, arqueando uma sobrancelha. — Mas que lugar é esse que você precisa ir?

— Combinei de ir ver o Taehyung — Jeongguk contou, sentindo-se inexplicavelmente satisfeito em dizer aquilo.

— Ah, isso é bom! — Jimin bateu palmas silenciosas, e acrescentou, humorado: — Achei que teria que aguentar você choramingando com saudades dele.

Jeongguk esticou o braço para dar um tapa no braço de Jimin, que apenas riu como resposta.

— Eu tenho que ir daqui a pouco — Jeongguk falou. — Mas eu falei o suficiente pelo dia inteiro. Aconteceu alguma coisa interessante ontem, sem a minha ilustre presença?

Jimin riu brevemente da falsa autoestima de Jeongguk e mudou de posição na cadeira, aparentando estar desconfortável.

— Aconteceu uma coisa.

Jeongguk inclinou-se para frente, curioso com o tom subitamente soturno de Jimin. O de cabelos vermelhos abriu um sorriso descontente, desviando os olhos para seu cappuccino ainda inacabado.

— Que coisa? — Jeongguk perguntou, incentivando o outro a prosseguir. Jimin, porém, apenas suspirou, balançando a cabeça lentamente, como se quisesse deixar o assunto de lado. — Jimin, não é saudável ficar guardando as coisas para você mesmo. Você quase nunca me conta nada, e eu vivo jogando meus problemas em você... Quero ajudar também.

Jimin ergueu os olhos mais uma vez, sorrindo mais largo agora. Jeongguk sempre entendera a mania do amigo de guardar os problemas para si, mas, com Jimin sendo sorrindo e sendo prestativo, ficava difícil identificar quando ele realmente estava mal. E agora, prestando atenção nas olheiras pesadas de Jimin, Jeongguk se sentia egoísta por estar afundado demais nos próprios problemas para reparar nos de Jimin.

— Terminei com a Chanri — Jimin contou, tomando um longo suspiro. Ele tamborilou os dedos na mesa, encolhendo os ombros. Seu tom era quase de culpa, e Jeongguk odiou a melancolia por trás das palavras cansadas do amigo. — Nós conversamos ontem e ela disse que eu estava distante... Terminamos depois de umas duas horas de discussão.

— Ah, Jimin, eu sinto muito por isso — Jeongguk apertou os lábios, indeciso sobre o que dizer. Ele era péssimo naquele tipo de coisa. — Mas não era isso que você queria?

— Sim, eu acho. Mas eu estou confuso agora — Jimin, escondeu o rosto nas mãos pequenas, olhando para Jeongguk por entre os dedos. — Eu gosto da Chanri, gosto mesmo. Mas é algo tão... platônico. É sempre assim comigo. É cansativo.

Jeongguk franziu as sobrancelhas, cruzando os braços sobre a mesa.

— O que quer dizer?

Jimin hesitou por alguns segundos, olhando ao redor e em seguida para Jeongguk de novo, sua expressão indecisa.

— Jeongguk, já faz algum tempo que nos conhecemos, certo? — perguntou.

— Sim, já faz alguns meses.

— Bom. Olhe, eu nunca disse isso para ninguém, mas... — Jimin mordeu o lábio inferior, claramente irresoluto. — Acho que você vai entender, não é?

— É claro que vou, Jimin — Jeongguk tentou sorrir de um modo convicto. — Pode confiar em mim.

Jimin hesitou mais uma vez, por um período mais longo de tempo dessa vez. Ele ajeitou-se novamente na cadeira, sua expressão ligeiramente perdida.

— Você já ouviu falar sobre assexualidade?

Jeongguk piscou algumas vezes, surpreso. A palavra não lhe era estranha, embora ele não tivesse muita certeza do que o termo significava.

— Mais ou menos — admitiu.

Jimin respirou fundo, cauteloso.

— Bem, eu andei pesquisando muito sobre o assunto — ele passou os dedos pelo cabelo vermelho, sorrindo fracamente, como se lembrasse de alguma coisa. — Eu sempre fiquei muito perdido em relação a... bem, a o que eu sou. Quem eu sou, pode se dizer.

Jeongguk assentiu. Ele podia se relacionar àquilo. Sempre fora muito indeciso sobre a própria identidade, também, mas havia parado de se torturar com isso já fazia um tempo. Convenceu-se de que era inútil tentar mudar a si mesmo e havia aceitado que nem todos eram do mesmo jeito. Havia dito para si mesmo que não havia problema em não saber quem ele mesmo era, ou o que queria. Ele saberia, uma hora ou outra, afinal.

— Quando eu era mais novo, os garotos da minha idade viviam falando sobre as garotas como se elas fossem objetos, e eu nunca consegui me encaixar nisso — Jimin continuou falando diante do silêncio de Jeongguk. — Há alguns anos, considerei a possibilidade de gostar de garotos, e deu certo por um tempo, mas eu nunca conseguia ir além, sabe?

Jeongguk piscou.

— Jimin, eu não sei se entendo o que você está querendo dizer.

Jimin respirou fundo. Seus olhos eram pequenos e apreensivos de repente. Jeongguk não estava acostumado a vê-lo tão hesitante. Park Jimin, que parecia sempre tão confiante em si mesmo, estava ali confessando algo importante o suficiente para deixá-lo daquele jeito tão receoso.

— Existem vários tipos de assexualidade — ele prosseguiu, falando mais devagar, para que Jeongguk pudesse acompanhar o raciocínio dele. — Eu achava que era apenas defeituoso, sem conseguir me sentir atraído por ninguém, sempre ficando para trás no meio de adolescentes cheios de hormônios atuando, sabe? Mas aí eu descobri isso, assexualidade tipo D. Panromântico. É parecido com pansexualidade, mas sem a atração. Significa que eu posso me apaixonar por qualquer um, garotos ou garotas, mas nunca vou me sentir fisicamente atraído, entende?

Ah.

Jeongguk não entendeu bem o porquê de um pequeno sorriso brotar em seus lábios enquanto ele digeria o que Jimin havia acabado de admitir para ele. Jeongguk não era muito familiar com a assexualidade, nunca tendo conhecido ninguém que se identificasse como assexual, mas ficava feliz por Jimin ter confiado nele o suficiente para contar aquilo.

— Fico feliz que esteja contando isso para mim, Jimin — falou, e, para enfatizar, acrescentou: — Mesmo.

Jimin suspirou, oferecendo um sorriso fraco a Jeongguk.

— Senti que as outras pessoas nunca entenderiam — ele confessou, em seguida bebendo o resto de seu cappuccino e soltando uma risada breve, mas satisfeita. — Não é que eu não aceite isso sobre mim, entende? Só é complicado. Por mais que eu goste de alguém, como eu gosto da Chanri, é como se eu nunca pudesse fazer alguém completamente feliz. Eu tentei explicá-la, mas... Chanri não me deu ouvidos, de qualquer forma.

— Você não deveria se sentir culpado por algo assim — Jeongguk falou, tentando soar tão reconfortante quanto Jimin sempre soava quando ele precisava. — Se Chanri não entende você, se os dois têm interesses diferentes, então é melhor que se separem. Você precisa de alguém que te compreenda, e não que te culpe por apenas... ser quem você é.

Jimin sorriu, mostrando os dentes dessa vez, e o ato aqueceu o peito de Jeongguk, fazendo-o sorrir também.

— É, acho que você tem razão — Jimin suspirou. Com ironia, adicionou: — Talvez eu precise dar um tempo nessa coisa de me apaixonar. Deveria focar em ser o melhor pianista do mundo agora.

Jeongguk riu.

— Também acho — concordou, balançando a cabeça exageradamente. — Você já é completo sozinho, Jiminnie. Não precisa de mais ninguém.

E, mesmo que Jimin estivesse rindo, Jeongguk realmente sabia que Park Jimin, seu melhor amigo, era mesmo completo por si só.

— Vamos embora, Jeongguk — Jimin falou, se levantando e pegando o casaco que deixara sobre a cadeira vazia na mesa. — Você tem um compromisso e eu preciso praticar os últimos detalhes da minha sequência pra amostra.

Jeongguk concordou, e eles saíram para a tarde gelada, rindo de algum comentário idiota que Jeongguk havia feito — ambos muito mais leves e aliviados que antes.

 

Eram cinco e treze da tarde.

Jeongguk estava sentado numa das mesas perto da entrada, olhando para fora pelo vidro embaçado do Namjin’s, atento a qualquer sinal de Taehyung. Seokjin havia o recebido com um sorriso afável e oferecera uma torta de limão por conta da casa, mas, sem fome, Jeongguk recusara educadamente e dissera que apenas esperaria por Taehyung ali. Namjoon, por sua vez, insistira que Jeongguk aceitasse uma bebida para manter-se aquecido, e ele aceitara um latte macchiato pequeno, apenas para não ser inconveniente.

Ele sentia-se ansioso, feliz porque veria Taehyung em breve. Seus dedos estavam inquietos sobre a mesa, e a música em seus ouvidos — por algum motivo, sentira vontade de escutar 505 — servia apenas para deixá-lo com ainda mais vontade de ver Taehyung.

Jeongguk enxergou a silhueta magra pelo vidro turvado, e seu coração começou a bater mais forte imediatamente. Taehyung andava apressadamente, o queixo escondido dentro da gola do casaco conforme ele se aproximava da porta.

— Taehyung, aqui — Jeongguk chamou, acenando quando Taehyung passou pela porta, olhando ao redor a sua procura.

O rosto do outro se acendeu quase imperceptivelmente, os cantos de sua boca se erguendo de leve, e o de cabelos castanhos se apressou para onde Jeongguk estava sentado. Ele não podia deixar de notar o quanto Taehyung estava adorável num suéter grande demais para si, as mangas chegando aos seus dedos. Seu cabelo era uma bagunça cor de chocolate amargo, e Jeongguk nunca havia se sentido tão apaixonado por olhos castanhos como grãos de café.

— Oi, Jeongguk.

Ele engoliu em seco todas as sensações que vieram à tona em sua garganta, fazendo o coração de Jeongguk bater rápido demais. Ele imaginou se não era preocupante estar assim tão fascinado por outra pessoa, mas não poderia ligar quando se tratava de Kim Taehyung. Enquanto o outro tirava o casaco pesado, colocando-o de lado, Jeongguk apenas observava seus movimentos suaves, o modo como tudo o que Taehyung fazia era meigo e adorável, mesmo em pequenos gestos. Mesmo quando ele estava parado, havia algo em seus olhos que fazia Jeongguk temer desviar o olhar e acabar perdendo qualquer detalhe de Taehyung.

Era um sentimento novo e remoto para Jeongguk, estar apaixonado daquele jeito.

— Oi, Taehyung — respondeu, dando-se conta de que estivera tempo demais olhando para o outro. — Como você está?

— Eu estou bem — Taehyung respondeu, o rosto levemente corado enquanto ele cruzava os braços sobre a mesa, sorrindo para Jeongguk. — E você? Como vão as coisas?

Jeongguk suspirou, forçando um sorriso.

— Estão melhores, mesmo — falou, tentando soar tranquilizante. — Ontem durante a noite, depois que você ligou, a amiga da minha mãe que nos cedeu um lugar em sua casa, Nari, me levou para buscar tudo o que podíamos no apartamento, mas algumas coisas ficaram para trás.

Taehyung arqueou as sobrancelhas.

— Oh — ele lambeu os lábios. — E... o seu padrasto não estava lá?

— Não — Jeongguk balançou a cabeça. — Não sabemos onde ele se meteu, mas não tem problema. Talvez esteja desmaiado em algum bar por aí, arrependido por ser um verdadeiro babaca. Ou talvez esteja apenas trabalhando, seguindo sua vida miserável, eu não sei. Minha mãe precisa buscar os papéis do divórcio na semana que vem, mas ela ainda está hesitando um pouco.

Taehyung estendeu as mãos sobre a mesa, como se fosse tocar Jeongguk, mas recolheu-as quase imediatamente. O de cabelos castanhos suspirou.

— Não posso nem imaginar como deve estar sendo para você, Jeongguk — ele falou.

Jeongguk sorriu, mais genuinamente dessa vez.

— Eu já me sinto melhor só de você estar aqui, Taehyung.

O outro baixou o rosto, sorrindo também. Taehyung parecia tão pequeno em suas roupas de frio, tão adorável com as mãos entrelaçadas sobre a mesa. Jeongguk precisava se esforçar muito para controlar aquele sentimento em seu estômago de que estava prestes a explodir com o impacto que o garoto a sua frente tinha nele.

— Fico feliz em ajudar, Jeongguk.

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos. Jeongguk tomou um breve gole de seu latte, sem tirar os olhos de Taehyung uma vez sequer.

— Sabe, Taehyung — falou, desviando os olhos para a janela embaçada. — Ontem eu insisti em ocupar um grande espaço no carro de Nari para trazer a pintura que eu fiz de você. Aquela que eu precisava fazer para a escola, sabe? Deixei guardada debaixo da cama na casa nova, porque só saber que ela está ali é reconfortante.

Taehyung piscou, erguendo a cabeça para olhar para Jeongguk com um pequeno sorriso escondido nos lábios.

— Você não entregou? — perguntou.

— Não — Jeongguk respondeu, balançando a cabeça. — Como eu poderia? Eu não achei que a professora fosse digna de recebê-lo, então guardei pra mim, mesmo que isso significasse perder os pontos extras. Foi a primeira pintura que realmente me deixou feliz, mesmo que não fosse boa o suficiente para capturar tudo que eu queria sobre você.

Os olhos de Taehyung, magneticamente presos ao de Jeongguk, pareciam querer dizer alguma coisa. Havia algo escondido por detrás das orbes acastanhadas, como se Taehyung quisesse transmitir pelo olhar tudo o que não conseguia colocar em palavras.

Mas, por mais que tentasse, Jeongguk não conseguia entender do que se tratava.

— Jeongguk, eu sei que posso parecer paranoico com isso tudo — Taehyung suspirou, cansado. Sua voz tinha uma denotação de dor, as palavras soando exaustas. — Eu sei que seria mais fácil apenas voltar com tudo, fingir que nada aconteceu, mas eu não posso. Sei que não vou conseguir.

— Eu entendo, Taehyung — Jeongguk falou, o mais suave que pôde. Ele estendeu uma das mãos para ajeitar a franja que caía sobre os olhos de Taehyung e sorriu. — É claro que eu entendo. Você não precisa se apressar. Leve o tempo que quiser, e eu estarei aqui quando você se convencer de que os meus sentimentos são legítimos.

Taehyung estava corado. Ele vasculhou pelo rosto de Jeongguk, parecendo em dúvida. Sua expressão era indecifrável — um misto estranho de dor e alívio.

— Eu pensei muito durante essas últimas semanas — Taehyung prosseguiu, desviando os olhos. Seu tom era baixo, taciturno. — Me passou pela cabeça que, talvez, nós nunca pudéssemos dar certo. Eu quero muito acreditar que fomos feitos um para o outro, mas isso tudo foi um desastre desde o começo. Talvez não importe se você está apaixonado por mim, porque, desde o início, nós nos usamos como uma segunda opção. Tentamos tanto nos apaixonar um pelo outro, e é claro que isso aconteceria uma hora ou outra, Jeongguk. Mas... não foi natural.

Jeongguk foi pego desprevenido pelas palavras machucadas de Taehyung. Ele arfou de leve, surpreso pelo tom desalentado de Taehyung — o outro soava como se estivesse desesperado para que suas afirmações fossem contestadas, para que fosse provado o contrário. E agora Jeongguk finalmente entendia aquela amargura escondida nos olhos de Taehyung. Ele queria fazer toda aquela incerteza ir embora, mas estava tão perdido quanto o outro, sendo movido apenas pelo objetivo de fazer Taehyung ter certeza absoluta de que seus sentimentos eram genuínos.

— Eu discordo com tudo — Jeongguk pegou as mãos de Taehyung sobre a mesa, entrelaçando seus dedos no dele. O outro olhou de Jeongguk para suas mãos entrelaçadas, e em seguida para Jeongguk de novo, com aquela melancolia amenizada em seus olhos para algo mais brando. — Discordo de cada palavra que você disse.

Taehyung apertou de leve os dedos de Jeongguk, retribuindo o carinho. Seu rosto ainda não era feliz, mas o sorriso que abriu — sem mostrar os dentes, mas grande o suficiente para fazer seus olhos diminuírem — foi o bastante para convencer Jeongguk de que nem tudo estava perdido entre eles.

— Eu quero mesmo que você consiga me fazer mudar de ideia sobre isso tudo, Jeongguk — ele murmurou. — Precisamos começar de novo.

— Como poderíamos deixar de lago tudo o que já aconteceu? — Jeongguk questionou, não querendo deixar para trás todas as coisas boas que já haviam acontecido.

— Não é isso que estou pedindo — Taehyung negou. — Apenas... me faça acreditar que foi tudo verdadeiro. Que não nos apaixonamos à força. Precisamos de memórias novas para colocar por cima das dores antigas... Não como se nós nunca houvéssemos nos machucado, mas como se o passado fosse insignificante diante do presente, do agora. É isso que eu estou pedindo.

Jeongguk olhou para Taehyung. Observou suas mãos, seus ombros, a pintinha em seu nariz. Ele era tão sortudo por apenas ter a chance de conhecer alguém tão incrivelmente fascinante. Por tantos anos, Jeongguk havia acreditado que era alguém fácil de se apaixonar, mas nunca tivera a experiência de cair tão profundamente por alguém quanto havia sido com Taehyung. Em comparação a o que sentia pelo garoto de cabelos castanhos, tudo o que sentira antes era gelado e superficial, irrelevante diante daquilo que queimava tão dramaticamente em seu peito por Kim Taehyung.

— E eu estou disposto a te convencer de todas essas coisas — Jeongguk sussurrou de volta, esperando que seus olhos refletissem todos aqueles sentimentos impossíveis de colocar em palavras. — Taehyung, eu estou apaixonado por você. Tão apaixonado que eu tenho medo de que não demos certo, porque eu nunca seria capaz de me apaixonar por alguém de novo. Todas as outras pessoas seriam desinteressantes, e eu nunca conseguiria superar isso. Superar você.

Taehyung abriu a boca, prestes a dizer alguma coisa, mas pareceu desistir. Um sorriso surgiu em sua boca dessa vez, e ele riu baixo, balançando a cabeça como se não conseguisse lidar com Jeongguk.

— Você é tão dramático — comentou, humorado.

Jeongguk sorriu, satisfeito.

— Só estou dizendo a verdade, acredite.

Taehyung piscou para ele, assentindo.

— Eu acredito, Jeon Jeongguk — ele assegurou. — Eu confio em você.

O coração de Jeongguk batia como louco, seus batimentos mais descompassados que antes. Não queria que aquele momento passasse. Não queria ter que acenar uma despedida para Taehyung, e não queria que aquele dia acabasse.

Ele arriscou perguntar:

— Seria idiota demais pedir para passar a noite com você, Kim Taehyung?

Taehyung sorriu.

— Não, não seria.

 

Jeongguk não sabia bem como havia acontecido. Num momento, eles estava conversando sobre coisas aleatórias no carro de Taehyung, e, menos de um minuto depois de ter estacionado na entrada da garagem, as mãos de Taehyung estavam em seu pescoço, seus lábios colados, e Jeongguk pressionava o outro contra uma parede qualquer na sala.

Não que ele estivesse reclamando.

Definitivamente não ousaria reclamar dos dedos de Taehyung em seu cabelo, puxando-o cada vez para mais perto. As mãos de Jeongguk agiam fora de seu alcance, pressionando as costas nuas de Taehyung sob o suéter enquanto seus lábios percorriam o maxilar do outro, adorando cada um dos sons que Taehyung fazia em resposta, ou o modo como seu corpo reagia sempre que Jeongguk subia as mãos um pouco e descia os lábios em seu pescoço.

— Jeongguk — Taehyung arfou, apertando os ombros do outro, os olhos apenas ligeiramente abertos. — Se nós continuarmos...

Jeongguk ergueu os olhos para ele, vendo a própria urgência refletida nas íris de Taehyung. Eles haviam estado separados por tantos dias, e a falta — emocional e física — que tinham um do outro estava estampado no rosto de ambos agora. A necessidade que sentia de estar com Taehyung, de tê-lo para si de todas as maneiras possíveis queimava por todo o corpo de Jeongguk, e ele sequer tinha espaço para pensar sobre isso.

— Taehyung — ele murmurou, beijando os lábios do outro de maneira suave e encostando suas testas. — Está tudo bem se você não quiser.

Os olhos de Taehyung eram grandes e castanhos, ameaçando engolir Jeongguk por completo.

— Eu quero — ele murmurou, o rosto corado enquanto entrelaçava os dedos atrás do pescoço de Jeongguk. — Mas nós acabamos de combinar que nos daríamos uma chance. Não acha que é cedo demais?

Jeongguk sorriu, fechando os olhos para assentir algumas vezes. Ele puxou Taehyung para perto num abraço apertado, convencido de que apenas abraçá-lo e beijá-lo teria que ser suficiente por agora.

— Tudo bem — ele falou, erguendo o rosto para sorrir para Taehyung, que retribuiu. — Eu ficarei feliz em só dormir de conchinha.

Taehyung riu fraco. Jeongguk não sabia se era apenas a luz refletida nos olhos do outro, mas eles brilhavam.

— São apenas seis da tarde — Taehyung lembrou.

— Então vamos ver um filme — Jeongguk sugeriu, pegando uma das mãos de Taehyung e puxando-o em direção ao quarto. — Ou um dorama, até mesmo um desenho animado, se quiser. Você escolhe.

E, apenas alguns minutos depois, eles estavam completamente entrelaçados sob várias camadas de cobertores e almofadas, assistindo a um dorama bobo na pequena TV do quarto de Taehyung. Jeongguk tinha seus braços ao redor do outro, mantendo-o o mais perto possível, com o rosto apoiado sobre a cabeça de Taehyung, que repousava em seu ombro. Ele não estava exatamente interessado na história clichê e patética que passava na televisão, e prestava atenção apenas em Taehyung. Sua respiração era calma, e ele sorria uma vez ou outra. Seus braços estavam ao redor de Jeongguk, assim como suas pernas, e ele parecia distraído com o que assistiam.

Parecia um pecado quebrar o silêncio tão confortável, desviar a atenção de Taehyung, mas Jeongguk precisava ter certeza, reafirmar que o outro tinha consciência do quão feliz ele era de apenas poder estar ali — poder olhar Taehyung de perto, poder abraçá-lo.

— Taehyung? — chamou, suave, para não assustar o outro.

Taehyung ergueu os grandes olhos para Jeongguk, distraído.

— Sim?

Era estúpido o modo como o estômago de Jeongguk ainda revirava com aqueles gestos tão simples de Taehyung. Ele sentia-se bobo por admirar o outro com tanta devoção, mas não poderia imaginar nada melhor que ter o privilégio de ser apaixonado por Kim Taehyung.

— Eu farei tudo o que for preciso pra convencer você de que não tenho dúvidas sobre o que eu sinto — murmurou, erguendo uma das mãos para acariciar a bochecha de Taehyung. — Não importa quanto tempo leve. Então não se sinta pressionado, ok?

Taehyung sorriu.

— Deixe isso pra depois, Jeongguk — suspirou.

Jeongguk assentiu uma vez, sorrindo muito suavemente, sem conseguir evitar. Taehyung mudou de posição, ficando sobre o colo de Jeongguk e pousando a cabeça em seu ombro, com os braços apertados ao redor dele. Taehyung fechou os olhos, respirando fundo, e Jeongguk observou seu rosto brando e suave, livre de preocupações.

— Vamos só ficar aqui por um tempo — o de cabelos castanhos murmurou, sua respiração fazendo leves cócegas no pescoço de Jeongguk.

— Tudo bem — ele respondeu, dando-se a liberdade de colocar os braços ao redor de Taehyung também, puxando-o para tão perto quanto era possível, aproveitando o calor do outro.

Jeongguk não sabia o que o deixava mais maravilhado: a visão de Taehyung sob a luz precária do quarto, deixando seu rosto ainda mais peculiarmente belo — se é que era possível —, ou o modo como suas mãos eram quentes no pescoço de Jeongguk, seu corpo aconchegante contra o dele, como se eles fossem feitos para estar exatamente daquela maneira. Ele imaginou se era desse jeito que a felicidade deveria fazer alguém se sentir, tão completo e confortável, acolhido, apaixonado, feliz. Jeongguk pensou que, se fosse assim, talvez Taehyung fosse a sua felicidade.

E Jeongguk, egoísta como era, não estava disposto a deixar Taehyung — sua atestável felicidade — escapar dele assim tão cedo.

— Prometa que vai estar aqui quando eu acordar — Taehyung murmurou, apertando seus dedos na pele de Jeongguk, como que para se assegurar de que ele estava ali. — Prometa que não vai mais embora.

Jeongguk afundou os dedos nos cabelos macios de Taehyung, fechando os olhos também, e deixando que todas as outras sensações tomassem conta dele aos poucos. Seu corpo estava confortavelmente morno, e ele não se sentira tão bem em muito tempo.

— Eu prometo — sussurrou para o outro. — Não pretendo ir embora tão cedo, Kim Taehyung.

Taehyung ergueu o rosto para deixar um beijo suave e demorado sobre os lábios de Jeongguk, os olhos fechados e a respiração fora de compasso.

— Não se esqueça que eu também sou excepcionalmente apaixonado por você, Jeon Jeongguk — ele falou pausadamente, os lábios a apenas alguns centímetros dos de Jeongguk, e um sorriso mínimo no rosto.

Sem esperar por uma resposta, Taehyung deitou a cabeça sobre o ombro de Jeongguk mais uma vez. O de cabelos mais escuros tentou imaginar se era possível que Kim Taehyung fosse tão apaixonado por si quanto Jeongguk era por ele, mas decidiu que, no final, isso não importava. Se eles tivessem um ao outro, tudo se resolveria.

Ele já havia admitido para si mesmo que era louco por Taehyung, fosse isso uma boa coisa ou não. E tudo o que restava agora era convencer o outro de que aqueles sentimentos, guardados e reprimidos por tanto tempo, eram legítimos.

Porque, para Jeongguk, já não restava dúvida alguma de que nunca havia amado alguém até conhecer aquele garoto de cabelos castanhos que agora adormecia aos poucos em seu colo. Nunca havia amado de verdade até ter o privilégio de se apaixonar por Kim Taehyung.

 


Notas Finais


AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

eu não esperava um capítulo assim quando comecei a escrever??? mas tudo apenas fluiu fora do meu alcance, foi inevitável kfjdkjfdkjf aliás, desculpa se alguém pensou que teria algum lemon a essa altura do campeonato... mas, cá entre nós, hard smut realmente não me parece combinar com a atmosfera de HMT, entendem?

totalmente fora de tópico, mas eu também resolvi postar um capítulo felizinho porque aconteceram tantas coisas ruins no kpop hoje :(

pessoal, importante agora: esse é, provavelmente, o penúltimo ou antepenúltimo capítulo da fic :c eu sei que é triste, porque eu também vou sentir muita falta de HMT, mas toda história tem um final... e o da fic está bem próximo, infelizmente. mas não fiquem tristes! pelo contrário, fiquem felizes porque o otp está finalmente perto do final feliz :')


enfim, fiquem bem, pessoinhas do meu coração que eu amo demais <3 beijos e até o próximo!


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