- São adoráveis, não são?
- Sim, são ótimas.. Fica realmente difícil escolher. - Yuri ajeitava os óculos, observando as crianças correrem de um lado para o outro.
Enquanto Yuri e a moça responsavel pela adoção do orfanato conversavam, Viktor notou um garoto isolado dos outros, sentado próximo á janela com um olhar distante.
- E aquele garoto sozinho?
- Ah, o nome dele é Dimitri. Ele tem 6 anos, e está aqui desde os 4. Depois da morte da mãe, o Pai começou a beber e ficou muito agressivo.. Se você se aproximar, vai perceber que ele tem uma pequena cicatriz na sobrancelha, de uma taça de vidro que quebrou na sua cabeça.
- Nossa, isso é horrível. Ele está bem? - Yuri olhou para o garoto com um olhar de pena.
- Não dá pra saber. Ele só fica ali sozinho e sempre que tentam se aproximar, morde. É como um felino tentando se defender. O Pai o entregou sem precedentes, a verdade é que deve estar aliviado de ter se livrado da criança.
- Não devem estar fazendo a abordagem certa. Ele parece inofensivo pra mim. - Quando Viktor parou para observa-lo, percebeu que tinha cabelos pretos e olhos claros. Não sabia muito bem o tom pela distância e o sol que penetrava pela janela aberta, mas pensou ter visto uma certa raiva neles. Ele se aproximou sorrateiramente e se agaixou ao lado do pequeno. - O que está olhando? - O pequeno não respondeu. - Não é muito de falar, uhn? Meu nome é Viktor. Eu sou casado com aquele rapaz ali. - Ele se virou, apontando pra Yuri que tinha uma conversa animada com uma criança do outro lado da sala.
- Eu sei quem você é.
- Você me viu na TV? Quer dizer que gosta de patinação no gelo? - Viktor ficou animado ao pensar.
- Não gosto não. - O menino fez um biquinho e voltou a olhar pela janela. Viktor não sabia o que fazer pra se aproximar do garoto, mas lembrou de uma certa pessoa que agia de uma maneira semelhante. Então decidiu dar uma cartada de sorte.
- Então, do que você gosta? Doces? Games? - O garoto não respondia, como se não tivesse o menor interesse em nada que Viktor dizia. - Talvez.. tigres? - De repente ele olhou pra Viktor, parecendo ligeiramente ligado na conversa. Viktor deu um sorrisinho no canto da boca e suspirou, já preparado pra chamar a atenção do garoto. - Você já viu um? - O garoto fez que não com a cabeça. - Eles são enoooormes! E o pêlo, wow! É muito brilhoso e macio. Sabe, na minha casa tem vários tigres de pelúcia. - Viktor começou a fazer inveja ao menino. - Se você viesse comigo, eu poderia te mostrar. - De repente o menino fez uma cara de espanto.
- F-fique longe! Pedófilo!
- O quê? Não, calma. Fique calmo, não é nada desse tipo, eu só estava tentando.. AAAAAAAAI. - O grito de Viktor chamou a atenção de todos na sala. Yuri se virou pra olhar e o russo gemeu: - Ele me mordeu!
-
- Ah, desculpe. Meu marido é um pouco.. escandaloso. Onde estávamos? - Yuri falou enquanto dava um sorriso gentil para a menina a sua frente. Ela não falava muito; Não por não gostar, mas por que era uma garota muito timida. Se expressava com as mãos e apontou para os óculos de Yuri. - Ah, isso? Bem, são óculos. Quer dizer, você sabe o que são óculos.. Não sabe? Desculpe, estou nervoso. - A menina segurou um risinho, se divertindo com o atrapalhamento do japones. Então ela apontou pros próprios olhos. Em um deles, ela fez um sinal de "legal" e para o outro um "legal invertido". Yuri sorriu, a achando fofa demais pra ser verdade. - Você pode me dizer seu nome?
- Ha..na.
- Que nome bonito. Então, Hana. Eu estou prestes a trocar essa lente, acho que estou ficando velho e meu grau aumentou. O que acha de me acompanhar? Nós tomariamos um sorvete, passeariamos num bosque enorme e cheio de flores. E quem sabe talvez nós poderiamos te conseguir um par de óculos? Eu acho que você ficaria ainda mais bonita com eles e poderia ver muito melhor. Mas, eu quero uma coisa em troca de toda essa diversão. Você teria que vir morar comigo e meu marido, receber muitos abraços e beijos, ter um quarto próprio com uma cama quentinha, além de ser obrigada a comer muita comida gostosa. Você acha que aguenta toda essa pressão? - Ela deu um sorriso que fez o coração de Yuri derreter e assentiu com a cabeça. Viktor, que observava a cena de longe já estava aos prantos.
- Eu amo esse homem! - Yuri se virou ao ouvir os soluços e falou:
- Aprendeu? É assim que se faz.
- Você é tão malvado, Yuri!
-
Depois de conversar com Yuri, o garoto percebeu que as intenções de Viktor não eram ruins. Yuri falava para as crianças do cachorro fofo que tinham e de todas as traquinagens que já fez até então, enquanto Viktor dirigia rindo com as histórias que presenciou. Por uns segundos, ele desviava a atenção das ruas para olhar o seu marido. Ele se sentia tão sortudo.. Não podia querer mais nada. Só queria poder congelar aquele momento para sempre.
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