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História Hold my hand and sing me to sleep - Ansiedade


Escrita por: FeLissi

Notas do Autor


olaaaaa
eu sumi, né? me desculpem >< :(
eu fiquei muito ocupada então, como sabia que não teria muito tempo pra escrever de forma constante, decidi ir acumulando alguns capítulos e agora acho que não demoro mais para postar
como vocês tiveram que esperar muito pela atualização e sei como isso é chato vou postar dois capítulos hoje mesmo.
enfim, esse capítulo foi bem mais parado, mas espero que vocês gostem mesmo assim, vem bastante coisa por aí ;)
beijos e boa leitura :3 <3

Capítulo 7 - Ansiedade


                Lisa andou para casa em passos lentos e arrastados, a lua ainda brilhava alta no céu, mas algumas nuvens começaram a cobri-la e seu brilho foi se perdendo na noite. As nuvens foram se juntando e escurecendo cada segundo mais e a água começou a cair dos céus aos poucos, fria e rasa. E a menina ficou parada, deixando que cada gota entrasse em contato com sua pele e molhasse seu corpo enquanto ela tentava absorver os últimos minutos daquela madrugada confusa. 

                O rosto assustado e triste de Jennie ainda vagava pelos pensamentos da mais nova e Lisa ficava repetindo a cena da outra a olhando e indo embora várias e várias vezes, até que ficasse torturante demais. 

                Foi assim que Jennie se sentiu da última vez? Como a simples imagem de alguém virando de costas e correndo poderia ser tão ruim e causar tanto impacto e desespero? Era tão sufocante pensar que ela poderia não voltar e tudo se perderia de novo. Lisa tinha perdido sua chance uma vez e talvez o destino não a achasse digna de ter outra. 

                Aos poucos, Lalisa começou a se mover de novo, a chuva, agora mais forte, começava a lavar seus pensamentos para longe e deixar apenas um vazio sem raciocínio na sua mente e no seu peito; e o vazio era insuportavelmente sufocante. 

                Aquele resto de noite foi longo e torturante, a cada minuto Lisa via seu sono se esvair ainda mais e, quando finalmente conseguiu dormir, já tinha perdido a noção do tempo em que ficara acordada se revirando na cama bagunçada. 

                Em seus pesadelos, Jennie empurrava seu braço com força e raiva e virava de costas friamente, indo embora sem deixar nem um pouco de esperança para trás. Lisa via isso acontecendo repetidamente, sem cessar. O cenário do sonho era escuro e nada parecia certo, às vezes, a imagem do quase beijo interrompia seus pensamentos e depois ela se perdia no ar, se misturando com a neblina do pesadelo. Algumas imagens de apenas alguns segundos cortavam os sonhos e faziam com que tudo fosse muito caótico, era como um pesadelo infernal e interminável com tudo que Lisa mais temia acontecendo infinitamente. 

                Lalisa acordou assustada com o barulho do despertador cortando seus pesadelos, era impossível saber quantas poucas horas tinha conseguido dormir, se é que tinha chegado a completar uma hora de sono. Sua noção do tempo tinha se perdido no meio da noite. Se sentia no mundo de Hécate, deusa das trevas e do inconsciente coletivo, mergulhada nas águas de toda aquela ansiedade, medo e escuridão, sem nenhuma promessa de um dia voltar à tona. 

                Aos poucos, foi se levantando e começando a se arrumar. Lisa estava tomada por medo, não conseguia deixar de sentir como se tivesse estragado tudo para Jennie. A reação de sua mãe não tinha sido das melhores e isso não era um sinal nem um pouco bom. 

                Se ela não tivesse fugido anos atrás, teria sido diferente agora? Jennie ainda precisaria passar por isso? 

                Enquanto olhava para o porta-retratos com a foto das quatro ainda reunidas, a ideia de perder Jennie, assim como perdeu Rosé e Jisoo, lhe embrulhou o estômago e quase a fez vomitar. A ideia era desesperadora e fez com que Lisa sentasse no chão do quarto e chorasse feito uma criança desamparada. 

                Chorou por não ter nada que pudesse fazer, chorou por tudo ter dado errado mais uma vez, chorou por ter chegado a pensar que tudo ficaria bem, por ter se permitido, naqueles poucos segundos em que seus lábios se aproximavam dos de Jennie, esquecer de tudo que estava errado e fora do lugar, por ter se deixado criar esperanças e alegrias que agora estavam destruídas sem ter pra quem pedir ajuda. Se sentia novamente como a menina de 13 anos que fugiu de seus sentimentos mais sinceros e se escondeu dentro de casa, vendo o pai ir embora e a melhor amiga se afastar de sua vida. Mas agora não tinha terminado com um abraço compreensivo de Jennie e não teria Jisoo para ajudá-la a melhorar. 

                O gato da família veio roçar-lhe as pernas e Lisa o abraçou com força, na esperança de encontrar ali algum apoio, antes de precisar se arrastar para ir até a escola, apenas para tentar encontrar e conversar com a mais velha.

                                                                              ****

                Jennie não tinha respondido suas mensagens e sua carteira se encontrava vazia, fazendo com que, para Lisa, todo o resto da sala de aula parecesse vazio também. A ansiedade tomou conta de todo o seu corpo e não fazia mais sentido ficar ali, parada, vendo o professor de física despejar fórmulas e números incompreensíveis no quadro negro enquanto o resto dos alunos conversavam num burburinho agonizante.  Os barulhos do ambiente se confundiram com os pensamentos de Lalisa e se juntaram num alarido eletrizante e desesperador, fazendo com que tudo girasse pela segunda vez. De repente, Lisa não conseguia mais entender o que o professor falava, nem as palavras que os colegas diziam entre risadas estridentes, ainda conseguia ouvir o som chegar aos seus ouvidos, mas todos eles se confundiam e ela não conseguia entender as palavras nem os ruídos. Tudo estava misturado em pleno caos e toda aquela situação se tornava insuportável. Ela só queria que Jennie estivesse ali e que elas estivessem em paz, que estivesse tudo bem, então todo o resto voltaria ao lugar certo. 

                No meio de toda a confusão mental, Lisa conseguiu ouvir o som agudo do sinal, que anunciava a segunda aula, cortar todo o prédio da unidade escolar, deixando um eco estressante adentrar todas as salas e corredores. 

                Saiu num impulso desesperado da sala, caminhando em direção à saída da escola, não conseguia achar o sentido de ficar ali se Jennie não estava, não conseguia parar de pensar que poderia ter perdido todas as chances que um dia teve com a mais velha e que podia nunca mais poder vê-la. E isso a assustava. Lisa não podia estar mais apavorada. 

                Ela passava quase que correndo pelo corredor principal da escola e, quando estava quase na porta de saída, Jennie passou de cabeça baixa.

                O coração de Lalisa pulou e a situação inteira lhe atingiu em um baque. Ficou estática, paralisada, sem saber como reagir enquanto todas as imagens da noite passada vinham à sua mente todas de uma vez. Quando voltou a si, Jennie já estava quase no fim do corredor e, mais uma vez, a imagem da mais velha indo embora fez com que Lisa se desesperasse. E o desespero fez com que corresse até Jennie e lhe agarrasse o braço. 

                A mais velha lhe fitou assustada e distante. 

                - Me solta, Lisa. Eu preciso ir. 

                - Jennie, por que você não me responde? Fala comigo, por favor... 

                - Eu tenho aula. A gente tem aula, me deixa ir embora! – Jennie lutava contra a tentativa da mais nova de lhe segurar. 

                - O que aconteceu? Por favor, fala comigo... eu fiquei tão preocupada. 

                - Lisa me solta! – As palavras saíram num grito e Lisa se assustou.

                Jennie puxou o braço com todas as forças e Lisa foi empurrada para trás pelo impulso, a manga do casaco da mais velha se levantou até um pouco em cima do pulso e foi possível ver alguns arranhões, seus olhos eram de quem tinha chorado a noite inteira. 

                 - Ela te bateu Jennie?! – Lisa gritava e agora segurava a amiga pelos ombros, a mesma se mantinha calada tentando se soltar. - Me responde Jennie Kim! – A mais velha continuava estática, as imagens da noite passada percorriam sua memória, a cortando aos poucos. - Já chega, eu vou até lá!
                 Jennie voltou a si e agarrou Lisa que a tinha soltado e caminhava até a porta, podia-se ver a raiva que passava por todo o seu corpo. 
                -Lisa! Para! Ela não me bateu! Ela não fez nada de errado. 
                  Lisa a encarou, desacreditando em tudo que ela afirmava. Mas os olhos cansados de Jennie imploravam que ela parasse, então Lisa ficou ali, paralisada, encarando o rosto perdido e devastado de Jennie. Ela parecia destruída, como se a noite passada lhe tivesse tirado todas as forças.
                Jennie soltou aos poucos o braço da amiga enquanto a mesma a observava virar de costas e ir embora, pela segunda vez, em direção a sala. 
                                                                                    ***
                Jennie dormiu todas as aulas e Lisa não conseguiu prestar atenção em nenhuma das palavras que o professor falava, alguma coisa sobre a revolução francesa. Só conseguia pensar no que podia ter acontecido com a mais velha na noite anterior e quanto disso era sua culpa. 
                O cabelo castanho de Jendeuk caia sobre suas costas, os fios ondulados se misturavam e embaraçavam. Lisa não conseguia parar de pensar em todas as coisas que tinham acontecido.
                Não conseguia esquecer o jeito que Jennie tinha colocado gentilmente seu cabelo atrás da orelha antes que a beijasse pela primeira vez, a sensação de ter os lábios da mais velha tão próximos aos seus, a maneira que a lua era refletida pelas águas da piscina enquanto seus rostos se aproximavam mais uma vez, anos depois, e a estranha sensação de que, mesmo depois de tanto tempo afastadas, suas bocas ainda sabiam o exato caminho para chegar uma a outra. 
                E então seu pensamento viajou por outras lembranças, algumas mais antigas, outras ainda recentes. A corrida para conseguir alcançar o ônibus no dia da patinação, a maneira que Jennie caía e a tensão ao ficarem tão próximas uma da outra no chão; quando correram de mãos dadas até o condomínio e quando ainda eram menores e conversavam deitadas no chão da quadra, frente a frente, se encarando; o primeiro dia de aula no ensino fundamental e depois no terceiro ano do ensino médio, em ambos entrando de mãos dadas; quando Lisa pintou o cabelo pela primeira vez e ficou tudo uma bagunça loira e ressecada até que aprendesse a cuidar; a primeira vez que Jennie comentou que talvez gostasse de uma menina e não de um garoto quando tinham 12 anos e estavam sentadas de pijamas na cama de casal no quarto da mesma e o jeito que seus olhos se encontraram e Lalisa se encheu de esperança nesse mesmo momento. E todas as outras coisas que os anos de convivência e amizade tinham trazido para as duas: As boas e as ruins. Nesse momento Lisa já não sabia mais dizer quais doíam mais.
                A possibilidade de perder tudo isso, de tudo virar apenas lembranças que nunca mais poderiam ser alcançadas, fez com que o estomago da mais nova se revirasse em agonia. 
                Jennie ainda dormia, mas Lisa não poderia estar mais acordada, presa à ansiedade e ao medo do que viria a seguir. 

 


Notas Finais


Gostaram?? Ele não é um dos meus preferidos, mas sinto que precisava trabalhar melhor esse tipo de sentimento porque ele reflete exatamente o momento atual da fic. Espero que tenham gostado e que continuem lendo e aocmpanhando, fico muito feliz quando comentam ou favoritam, obrigada e desculpa novamente pela demora para postar <3 <3 <3


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