História Hold On - Prólogo.

Dor.

Uma palavra derivada de uma perda, uma sensação perseguidora com uma finalidade destrutiva. Lágrimas rolando pelo rosto, soluços saindo pela boca e um grande aperto no coração. Nada parece aliviar o sofrimento e os flashbacks insistem em surgir na minha cabeça, o que dá a ­­­impressão de que a minha mente faz de propósito para eu relembrar todos os nossos momentos juntos, contribuindo assim para o aumento da angústia dentro do meu peito.

Não era pra ter sido assim.   

Todos os nossos sonhos, todas as nossas promessas, todos nossos planos para um futuro feliz junto um do outro, foram destruídos num piscar de olhos, sem que eu mesma entendesse o porquê. Nada mais de chamadas com o nome “Amor” piscando na tela do meu celular, nem mensagens de bons dias, nem mais “eu te amo” pra juntar a todas os outros que ele me mandava. Não houve sequer um único motivo pra isso acontecer, uma desculpa, nem mesmo uma palavra que fosse. Ele se foi como se nada do que vivemos tivesse acontecido. Sem um beijo de despedida, sem um mísero adeus.

Ele se foi como se eu não existisse para ele.

Mas, mesmo passados anos, ele continua existindo para mim. Eu nunca irei esquecer o meu primeiro beijo, a minha primeira transa… Eu nunca irei esquecer o meu primeiro e grande amor. Os seus olhos cor de mel, os seus lábios macios, os seus cabelos loiros… Tudo dele continua bem presente na minha mente. Foram várias as tentativas para fazer o contrário, mas todas elas falharam.     

“Eu te amo tanto, baby.”

Fechei meus olhos suspirando.

Eu não quero acreditar que foi tudo uma grande ilusão... Que o meu verão de 15 anos foi uma mentira.

Passo as costas das minhas mãos no meu rosto, na intenção de enxugar as lágrimas perdidas pelo meu rosto enquanto viro costas à grande janela do meu quarto com vista incrível para Los Angeles. Caminho até ao closet e nas pontas dos pés, consigo pegar na caixa que está disfarçada entre roupas que pouco utilizo por já estarem bastante gastas. Era sempre assim quando me via sozinha: Pegava na caixinha de recordações e entrava num estado profundo de melancolia ao relembrar todos os bons momentos que passei em Toronto. Encarava as fotografias e sorria, mesmo com os olhos marejados, ao me lembrar do contexto em que estas foram tiradas. Perdidas no meio de tantas, tinha algumas com meu irmão e meu pai, mas todas as outras incluíam Justin.

Uma lágrima percorreu o meu rosto após pegar numa foto em que estávamos abraçados de lado e ele beijava a minha têmpora enquanto eu sorria. Ri ao ver que ali seus cabelos estavam tão grandes que quase lhe tapava os olhos. Sorri mais uma vez ao lembrar de quando ele fazia o hair flip.

Por vezes eu passava horas encarando todas elas. Melhor, eu passava horas o encarando. Ele podia ter sido o motivo de todo o sofrimento mas também foi o causador dos melhores momentos da minha vida e eu nunca me cansaria de relembrar todos eles. A época em que vivi em Toronto foi, sem dúvidas, a melhor da minha vida. Até porque, aqui era tudo tão monótono… Sem interesse pra mim.

Ouvi chamarem meu nome e logo depois baterem na porta do quarto. Rapidamente guardei tudo, depois de falar um “já estou indo”, corri para o banheiro tentando me recompor antes de ir abrir, para que quem quer que fosse que estivesse ali não percebesse a minha situação. Era algo que eu já fazia com frequência pois não gostava nem queria deixar Ryan, meu irmão, ou Samantha, minha melhor amiga, preocupados.     

Mas, pela minha sanidade, eu iria tentar por uma última vez. Mesmo que possa doer mais do que está doendo agora, eu irei fazer tudo o que for necessário para que seja a minha última tentativa de me fazer esquecer do meu Justin.