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História Hollow - Eu estou te deixando livre para ir.


Escrita por: lifeselena

Notas do Autor


Penúltimo capítulo. Eu nem sei o que dizer!!!! As partes em itálico são throwbacks dos capítulos 6 e 4. Só que pela perspectiva da Selena, já que ambas cenas foram narradas pelo Justin. Boa leitura ♡

Capítulo 21 - Eu estou te deixando livre para ir.


Fanfic / Fanfiction Hollow - Eu estou te deixando livre para ir.

“Eu escolhi te amar em silêncio, porque em silêncio eu não encontrei rejeição, em silêncio ninguém te ganhou, apenas eu.”

Minha testa parece doer um pouco, envolvida pela pressão que mantenho enquanto a encosto na enorme janela de vidro, no final de um dos corredores de cima.

Encaro a imensidão estrelar acima do meu corpo, de todos os corpos. Uma imensidão de pontos luminosos e solitários, se vistos de perto, mas tão juntos e iluminados vistos daqui. Por isso, me sinto privilegiada nesse exato momento.

Penso em Justin deitado de forma inerte naquela sala; penso em mim ansiosa, esperando pelo talvez.

Lembro do nosso segundo encontro e de como as coisas andaram depressa. Eu era um pouco, talvez muito irredutível, mas sempre acabei cedendo a ele.


– Quando você passou a gostar tanto das estrelas? – ele me questionou e eu dei um meio sorriso. Gostava daquele assunto; finalmente ele tinha acertado um.

– Eu não sei, tenho isso comigo desde pequena. – respondi um pouco risonha.

– Minha mãe sempre dizia que quando contamos nossas dores as estrelas, deixamos nós mesmos mais leves. – ele comentou sereno.


Mordo os lábios quase sentindo que posso os engolir. Então, em tom quase segredado, começo:

– Eu me sinto um pouco tola fazendo isso. Mas eu acho que se eu não falar sobre, irei explodir em trilhões de átomos, agora estufados no que sou. – pisco algumas vezes e limpo a umidade do vidro, ampliando minha visão nas estrelas presas - querendo elas ou não - no céu. – Vocês sabem porque parece que isso tudo me tirou o chão? É como se eu estivesse pisando sobre o nada agora, e qualquer passo em falso, me jogará em um precipício que ninguém terá coragem de me tirar.

Movo minha mão direita em punho fechado e coço meus olhos doloridos de forma agressiva. Tentando impedir que eu desabe novamente.

– Bem, – murmuro em tom quase sonolento, mas acontece porque soa abafado – todos os problemas que eu tive, exatamente tudo o que eu tive que enfrentar me pareceu extremamente difícil no momento. Mas eu passei por tudo, e no fim, lá no fundo, eu sabia que eu iria conseguir.

Engulo a seco sentindo as paredes pouco inchadas da minha garganta se contraírem ao reprimirem meu choro, que parece pretender iniciar um novo ciclo.

– Esse é a grande questão de vê-lo lá, cercado de fios e mais fios e dependendo de coisas para respirar, quase imóvel. – minha voz oscila – Eu não sei se vou conseguir suportar. Se ele desistir, eu não vou saber curar a ferida que ele deixará.

Encosto ainda mais minha cabeça no vidro já embaçado. As lágrimas trilham caminhos incertos até caírem e molharem lugares alternados. Começo a chorar baixinho, em tom quase inaudível.

Assusto-me quando sinto dois braços cobertos por um tecido de lã rosado me abraçarem por trás, mas logo me acostumo ao cheiro e a quentura do corpo amigável dela.

– Você precisa ir para casa. – sua voz é sussurrada em meu ouvido.

– Não, eu não preciso. – rebato calma, embora convicta.

– Precisa sim. – a loura diz de modo autoritário, mas comum ao se virar e prender meu rosto entre suas mãos afinadas. – Você precisa tomar banho, tirar essas roupas ainda meladas de sangue e ver o seu irmão.

Brandon

Me perco um pouco na profundidade azulada de seus olhos.

– E se ele acordar? E se ele precisar de mim ou e se ele...? – questiono meio atônita, meio parada.

– Sel, você vai saber tudo o que acontecer com ele, seja bom ou ruim. – Ashley afirma. – A UTI tem seus horários de visitas. Até ele ir para o quarto, você não precisa dormir aqui. Os pais dele vão. Foi um dia cheio, pare de ser injusta com você um pouco e tente descansar.

Sem mais saídas ou talvez vencida pela dor em meus músculos, assinto de forma positiva.

– Onde você irá dormir? – questiono enquanto caminhamos lado a lado.

– Na casa da Doutzen. Não te deixarei sozinha. – ela sorri; e embora eu também tente, não consigo de todo modo.

Segundo dia.

Minha cabeça parece doer de uma forma compreensível e forte, na região das têmporas para ser específica. Eu apenas ignoro por já saber que algo do tipo aconteceria, em vista do modo e de quantas vezes eu chorei na noite passada.

Conserto meu corpo dolorido sobre o colchão e tento me acostumar com a pouca claridade que invade o quarto de hóspedes da casa de Doutzen. O sol ainda não saiu de vez, parece sentir medo de se jogar por completo no céu.

Movo-me com cuidado sobre o colchão e acomodo levemente o corpo menor e aquecido de Brandon, que permanece agarrado a mim. Enquanto Ashley suspira de forma alta na cama ao lado.

– Você já está acordada? – Brandon cochicha, sobressaindo por completo sua voz carregada de um timbre preguiçoso e matinal.

Viro meu corpo e encaro seu rosto um tanto amassado e avermelhado. Seus cabelos um pouco maiores estão completamente bagunçados.

– Como está o Justin? – ele prossegue.

– Eu não sei. – balbucio ao coçar os olhos.

– Você não precisa ficar triste. Eu tenho certeza que ele vai ficar bem. – suas mãos mornas tocam meu rosto ao passo que ele move os dedos me fazendo carinho cuidadoso.

Então, ele sorri. Sinto que uma lanterna é acesa pela primeira vez nesse buraco sem fim onde caí dentro de pouca horas. Eu o amo e nunca conseguirei explicar tal sentimento.

Terceiro dia.

Encaro as ondas se quebrarem de forma tímida e mais fraca quando chegam à beira da praia, quase que completamente vazia, por conta do frio que se aproxima junto com o Outono. Reparando a forma como tudo aquilo é monótono, mas acolhedor. Me perco na linha horizontal ao meu alcance e me pergunto como coisas bonitas conseguem existir nesse mundo insuportável de se estar. 

Lembro dele.

Então, uma voz conhecida e singela toca em minha mente, cantarolando os versos daquela música.


– Você aceita dançar comigo? – ele perguntou, me pegando de surpresa, em tom elevado por causa do som.

– Você já está pedindo demais, não acha? – rebato de forma automática e cruzo os braços. Ele estava começando a me irritar, outra vez.

– Eu te trouxe até aqui, por que não arriscar? – Justin sorri.

– Eu não gosto dessa música que está tocando. – respondo indiferente, movendo meus olhos para o que acontece em um ponto distante.

– E se eu disser que sei de uma que talvez você goste? – seus dedos tocam minha pele do queixo me fazendo encará-lo.

– Quem garante? – rebato e rolo os olhos, mas não sei se ele percebe.

– Faça o teste antes de pestanejar. – sua mão esquerda é estendida. Ele espera que eu a segure, suponho.

– Tudo bem. – digo, cedendo por fim, mas é mais para que isso termine de uma vez, por isso logo digo, – Mas só isso e você me leva para casa.

Ele assente, risonho e despreocupado, caminhando comigo para um ponto mais afastado, mas ainda perto. Ele faz parecer aquilo tudo o mais normal possível e coloca meus braços em sua nuca lisa e descansa as mãos em minha cintura.

– Agora pode se aproximar, eu não mordo! – Justin avisa. Eu rolo os olhos pela milésima vez só naquela noite.

Chega a ser engraçado o quanto ele parece não se importar com o meu jeito.

– Como você é chato, garoto. – digo risonha e em seguida aperto meus braços nele, aproximando mais nossos corpos e apoiando minha cabeça em um de seus ombros.

Então ele começa a cantar uma melodia agradável e calma, me fazendo prestar atenção na letra e em sua voz. Então começo a percebê-lo e talvez, diminuindo a irritação que tenho dele.


“Eu vou pegar o meu tempo, certificar-me de que o sentimento é certo, em vez de ficar a noite toda, querendo saber onde você está.” Eu me lembro exatamente daquela melodia, da letra e de sua voz angelical. E de como ficamos ensopados no fim da noite.

Fecho meus olhos delicadamente. O vento me rouba por uns instantes e brinca com meus fios escuros, levando todos estes para trás. A brisa me molha um pouco com os respingos salgados do mar, que consigo até sentir o gosto, sem precisar utilizar meu paladar.

Sorrio. É Justin, agora além de noites inteiras tentando saber onde você está, estou passando os dias também. Penso.

Então, percebo o quanto estou sendo injusta com ele. Percebo o quanto aquilo tudo parece estar sendo mais sobre mim do que sobre ele, quando deveria ser o contrário. Percebo a pressão que coloco em seu corpo machucado e cicatrizado pelas consequências da minha vida e das minhas dores. E aqui mesmo, quieta sobre a areia úmida e pálida, tomo uma decisão.


Empurro a porta pesada e pouco transparente, já acostumada com o cheiro e a sensação de estar aqui.

As pessoas parecem já me conhecer e algumas enfermeiras às vezes conseguem me deixar entrar sem que seja no horário de visitas.

“É a menina que ficou gritando na recepção.” É dessa exata forma que ganhei uma reputação por aqui.

Passo o tempo que consigo aqui com ele, mas não me deixam dormir no local, de toda forma. E em uma das minhas horas, observando-o, ouvi alguém dizer que os três primeiros dias são cruciais para um paciente em coma, como as primeiras 24 horas.

– Oi, babaca. – profiro ao sentar-me ao seu lado e segurar sua mão, como de costume. – Como você está? Eu espero que bem.

Começo a perceber que passo mais de dez minutos observando minuciosamente as pintinhas espalhadas em seu rosto, ainda arranhado.

– Bem, Justin. – respiro fundo. – Eu tive muitas horas para pensar em você e percebi que tenho colocado muita pressão na sua decisão, não acha? – pergunto, mesmo sabendo que sou a única capaz de falar no momento. – A questão é que, eu não posso te prender aqui. Não posso exigir de você que fique. Eu só estou vendo de outro lado do círculo, do lado que sofre por te ver aqui, mas você, ver e sente dor pelos dois. E isso deve machucar muito mais.

Meus olhos ardem, por isso, pisco por diversas vezes de forma irritada, quase exigindo que as lágrimas não se atrevam a descer. Não quero que ele pense que estou voltando atrás no que digo.

– O que eu quero dizer é que, eu estou te deixando livre para ir. O mundo não merece alguém tão bom como você vivendo nele. – aperto de forma fraca seus dedos mais esbranquiçados que o normal. – Eu estou tirando de você o peso de ficar, Justin. E se você sentir que precisa ir embora e que não tem mais forças para lutar, eu não vou ficar chateada e sabe por que? Porque eu amo você, e nesses três dias pensando, eu percebi que amar é sobre muitas coisas e uma delas é sobre deixar as pessoas ir, mesmo que pareça difícil, mesmo que doa. 

Desvio um pouco meu olhar para as máquinas acesas e cercadas de fios e números e linhas, linhas do coração dele.

– Você tem sido um herói para mim durante todo esse tempo. Eu acho que nunca serei grata o suficiente, então venho aqui, te oferecer o que pode parecer mais simples para uns, mas completamente significante para mim: Eu estou te deixando livre para escolher, ficar ou morrer, seja lá o que você decidir. Se você optar e achar que não dá mais. Está tudo bem.

No exato momento em que completo minhas palavras e seguro até o extremo o choro preso em minha garganta, balanço a cabeça e pisco duas vezes olhando para o mesmo lugar. Mas não, não foi coisa da minha cabeça. Ele realmente apertou a minha mão.

Nesse momento o choro se esvai, mas eu sorrio.

– Justin! – minhas palavras saem rapidamente e eu beijo a ponta de seus dedos.

Chamo pelas enfermeiras de forma eufórica e alegre, pela primeira vez dentro desses dias.

Mas logo volto ao mesmo vazio de sempre e escuto tamanhas palavras soarem abafadas: “Querida, isto é normal para um paciente em coma, não significa que irá acordar, mas é um bom avanço.”

[...]

O rosto singelo de Ashley me encara quando adentro a casa de Doutzen; parece querer me dizer algo ou apenas tenta encontrar algo em minha expressão abatida. Brandon parece entretido em algum gibi, largado no sofá escuro.

– Ele apertou minha mão, mas as enfermeiras disseram que isso era normal, não significa dizer que ele irá acordar. – profiro cética quando me aproximo de seu corpo no sofá e apoio minha cabeça em seu ombro.

– Ele apertou sua mão? Fodam-se o que os médicos e a ciência pensa, isso quer dizer que ele está te ouvindo e que ele vai acordar! – o tom da loura é humorado e alegre, mas não me deixa esperançosa de toda forma.

Seu corpo se move e ela me encara com um enorme sorriso no rosto, atingindo seus olhos nitidamente claros.

– Eu não sei Ashley. Disse para o Justin que eu estava o deixando livre para partir. – profiro e uma pequena ponta atinge meu estômago.

– Você o que? – suas sobrancelhas se arqueiam. – Por que disse isso se não é o que realmente o seu coração deseja?

– Porque é justo isso, justo para ele. Não é sobre isso que se trata o amor? As vezes precisamos pôr as dores do outro acima das nossas. – digo ao passo em que gesticulo rápida, um pouco nervosa com a feição irritada da loura.

– Você acha mesmo que o Justin vai desistir de você agora? – ela nega com a cabeça. – Ele não desistiu de você quando tudo era mais difícil, nem por causa dos segredos. E ainda mais agora que vocês estão realmente livres para viver juntos.

– O que você quis dizer com “livres”? – questiono ao passar uma mecha para trás da orelha e encará-la melhor.

– O Paul foi preso! A polícia encontrou a casa de prostituição; ele foi pego assim que chegou na Inglaterra, mas já o trouxeram para cá. – suas palavras saem de forma desenfreadas e animadas. – Foi isso o que eu iria contar assim que você chegou. A Doutzen me ligou.

Sinto meu coração saltar dentro de mim e quase me derrubar por inteira por dentro. Sorrio de forma automática e abraço o corpo de Ashley da forma mais apertada que consigo.

Minha mente demora para processar as coisas. 

No fim de tudo, uma pequena parte do nosso plano, do plano dele, dera certo.

– Estamos livres para viver outra vez. – a loura sussurra com a voz vacilante, talvez ela esteja chorando, assim como eu.


Notas Finais


OIOI AMORES!!!
Eu estou muito emocionada porque é o último capítulo e foi um desafio pra mim essa história. Eu sou muito grata por todas vocês, farei um textinho no Epílogo, que é o próximo.
Vai ser um pouco longo o próximo capítulo, então tenham paciencia. O desfecho do Justin aparecerá no próximo, o do Paul, da Ashley também.
Para quem está me perguntando e quase me esganando sobre o Justin e pedindo pra eu não matá-lo: Calm down. Um coma não é tão simples assim, amores, mas tudo vai se encaixar.
Não posso responder os cometários agora pois estou na casa da minha vó e usando o 4G.
Não sei quando vou postar de novo mas não demorarei e possivelmente volto com outra fic, duas na verdade.
VCS JA OUVIRAM FETISH E STAINED?????
Beijo em todaaas 💗 prometo responder os cometários amanhã.


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