História Home - Imagine Jihan - Capítulo Único

Sabe aquele momento em que a chuva é iminente e o céu é coberto pelas preliminares? O cheiro de chuva é uma delícia, apesar de eu ser incapaz de explica-lo sem metáforas. O clima é frio e perfeito para ficar a tarde inteira com os braços enlaçados na pessoa mais importante da sua vida. E era isso que eu estava fazendo há cinco minutos. Sim, estava. No momento estou parado na porta do pequeno apartamento que divido com Jisoo, olhando para o meu pãozinho no lado de fora me encarando de volta. Não preciso dizer que estou com a maior cara de cachorro abandonado. Poxa, é querer muito meu amor comigo? Poxa vida!

“Jeonghan, pare com essa cara agora! Não me faça sentir culpado por ir e deixar um cachorro chorando na sarjeta”.

“Então não vá! Não seja esse tipo de pessoa” Disse cutucando seu peito acusatoriamente. “Simples”

Ele suspirou. 

“Sabe que eu preciso, é o jantar de casamento dos meus pais” Ele disse com aquela típica cara de adulto explicando algo a uma criança pela terceira vez.

“Você é egoísta demais, vá e me deixe” quando eu empurrei a porta com força para fechá-la na sua cara e completar minha cena dramática o idiota enfia a mão no meio, não preciso dizer que a abri assustado envolvendo sua mão nas minhas e a beijando várias vezes.

“Me desculpe, me desculpe, me desculpe!”

“Argh jeonghan!” sua cara de dor era linda, desculpe.

“Tudo bem já passou, vá pra sua casinha jantar com seus papais” dei um beijinho em sua testa, com o tom de voz totalmente diferente de minutos atrás. Com isso Jisoo soltou uma curta risada tão gostosa de ouvir, quando o olhei ele estava com um sorrisinho lindo no canto dos lábios.

“Se eu soubesse que só teria que me machucar pra você ficar manso eu mesmo teria fechado a porta contra minha mão” fechei a cara.

“Vá logo!” disse apontando para o elevador, a cara séria. Não que eu estivesse realmente sério por dentro.

“OK, OK” dito isso ele se aproximou do meu rosto, nossos lábios se tocaram e um beijo calmo começou, sendo cortado logo em seguida. Suspirei, droga.

O vi indo até o elevador e apertando o botão do mesmo, logo se virando pra mim.

“Eu te amo” O mais novo disse e então se foi.

Entrei com a sensação que metade de mim havia entrado naquele elevador. Parece besteira, mas é só meu atual estado de carência extrema. Juro que não sou assim sempre. Fui para a cozinha, abri a geladeira, olhei tudo e não peguei nada. Argh! Odeio isso. Odeio quando ele tem compromisso no nosso tempo. E odeio mais ainda quando é com seus pais pois eles não nos aceitam e apesar de eu adorar mostrar a cara pra eles a minha paciência para conservadores é zero.

O impressionante é que eu não sei quando Hong Jisoo se tornou tão necessário na minha vida, eu não pedi por isso. Eu literalmente não pedi, ele simplesmente foi se encaixando em mim.

#Flashback on

Estava frio e eu havia acabado de sair da faculdade, curso música e sou extremamente satisfeito por isso. No momento eu estava no meu café favorito tomando cappuccino e sentado no último cubículo na frente da grande vitrine do estabelecimento, que da vista para a rua. Sem pressa alguma eu bebericava o conteúdo do copo enquanto apenas me desligava do ambiente, quando um garoto sorridente se sentou na minha frente. O encarei na tentativa de repeli-lo, não é proibido um cliente sentar com outro desconhecido quando o café está lotado, mas quando olhei em volta o ambiente estava quase vazio.

“Posso ajuda-lo?” Perguntei educadamente.

“Claro, qual seu nome?” O jovem perguntou ainda com o sorriso no rosto, sua voz é linda, mas sua atitude intrometida não.

“Jeonghan, por quê?” 

“Oh, que belo nome, combina com você.” Ele me analisou por uns segundos e voltou a olhar nos meus olhos.

“Eu sei disso, obrigado.” Sorri, e beberiquei mais do cappuccino. O garoto soltou uma risada e balançou a cabeça.

“Convencido.”

“Realista.” O corrigi. Logo uma moça se aproximou entregando um café expresso ao outro. Arqueei uma sobrancelha diante disso.

“Você mandou entregar seu café aqui sendo que tem várias mesas vazias?”

“Sim, algum problema?” Perguntou desafiador.

“Oh claro que não, fique a vontade e aproveite pra pagar meu cappuccino” disse com um pequeno sorriso.

O rapaz riu e tomou um pouco do café, mantendo o contato visual.

“Eu ainda nem te chamei para o primeiro encontro e você já exige que eu pague o lanche?” disse divertido. Encontro? Quem disse que eu quero um encontro?

“Se for pra pagar a conta considere esse o primeiro”.

“Hmm... Que tal você perguntar meu nome primeiro?” Eu nem lembrava que não sabia o nome do garoto. O analisei, era bonito, sorriso encantador, traços elegantes e não sei, mas tinha um ar nobre. Besteira, sim. Mas bem interessante também.

“Não sei se quero mesmo saber...” menti, eu realmente fiquei curioso.

“Ah jeonghannie, não seja assim” ele usou uma expressão sentida e eu revirei os olhos.

“Não seja tão informal. Qual seu nome?” Ele sorriu.

E que sorriso.

“Hong Jisoo”

Lindo. O nome. Ele também mas ninguém liga.

“Eu não perguntei seu nome completo”

“Aish, não seja chato” ri com sua reação. Para um intrometido ele é até legal. Olhei para o relógio e vi que iria me atrasar se não fosse logo.

“Ok, tenho que ir” sua expressão murchou, confesso que também não queria ir logo, ele era um bom passatempo, mas infelizmente seu tempo acabou. Quando eu estava levantando ele segurou meu pulso.

“Posso te ver de novo?” Ele estava meio sem jeito mas não quebrava o contato físico e visual. Analisei seu rosto, que mal teria? Provavelmente não daria em nada mesmo. Sorri.

“Claro” Ele soltou meu pulso com um sorriso, peguei uma caneta que estava jogada pela bolsa de ombro e escrevi meu número em um guardanapo. E então saí. Eu tinha certeza que ele esqueceria o papel no bolso da calça e botaria pra lavar junto com a chance de me ligar.

E foi exatamente isso que aconteceu. Mas então ele apareceu na cafeteria de novo. E então gravamos nossos números no celular um do outro. Depois saímos. 

E isso leva ao presente.

#Flashback off

Eu estava mergulhado em lembranças enquanto encarava o teto. Esperando que o tempo passasse rápido. Depois do primeiro encontro na cafeteria passaram-se dois anos e eis o resultado. Eu sou completamente apaixonado por Hong Jisoo. De todas as formas possíveis. É um tipo de amor que ultrapassa o físico. Uma questão de alma. Eu anseio pelo seu toque, mas só sua simples respiração me acalma. Sua voz é como melodia. É um amor lindo e sincero. Eu realmente amo cada pedaço dele. Suspirei e voltei à realidade.

Depois de jantar decidi dormir mas antes peguei o celular e comecei a digitar uma mensagem.

“Quando for dormir fora não se esqueça de avisar ¬¬”

Enviado.

Ora, que eu saiba ele tem casa e tem que avisar quando não vai dormir nela.

Logo recebi uma resposta:

“Também te amo ;)”

“Aish” deixei o celular de lado e deitei para dormir, conforme eu ia me entregando ao sono a chuva ia aumentando, aquela chuva pra ficar agarradinho.... 

Eu estava quase entregue ao sono, quando a porta do quarto abriu. Sorri. Não precisava olhar para saber quem era. Em poucos segundos o espaço ao meu lado foi preenchido, braços me envolveram e me apertaram contra um corpo quente e confortável. Eu não poderia estar mais derretido e manhoso que agora. Envolvi sua mão que me abraçava por trás e a entrelacei com a minha. Jisoo afundou seu rosto em meus cabelos os cheirando em seguida. Ele sempre fazia isso, passava horas deitado com o rosto enfiado no meu cabelo, e eu não poderia amar mais. As vezes reclamava mas era só pra ouvir sua risada entre meus fios.

"Finalmente em casa" ele falou sonolento, sua respiração batendo no meu pescoço, meu corpo se arrepiou e eu apreciei a sensação de tê-lo só para mim.

Nossos corpos estavam grudados, nossa anatomia perfeitamente esculpida para essa situação, com o encaixe perfeito eu deixei me embalar novamente, mas dessa vez ao som de sua respiração e batimentos.

Eu não poderia estar em qualquer outro canto, porque aqui, nos braços de quem eu aceitei como alma gêmea, é meu verdadeiro lar.

"Amo você" eu disse, e depois disso ambos dormimos.