A campainha tocou pelo que pareceu ser a centésima vez. Um arranhar arrastado ecoando pelos cômodos, ruim de se ouvir.
Sentado no seu sofá Derek grunhiu exasperado, jogando a cabeça para trás. O homem esfregava o rosto com impaciência, perguntando aos céus se era pedir muito assistir seu jogo de beisebol em paz.
Como se já não bastasse a sua irmã, Laura, que saíra não tinha nem vinte minutos.
Lançando um último olhar a tevê, o moreno se levantou. E passou a caminhar em direção a porta, embalado ao som da campainha.
Quem quer que fosse possuía o dedo nervoso. E uma pressa irritante.
— Já vai!! — Berrou mal-humorado. — droga.
Derek odiava o som daquela coisa.
Uma boa pergunta lhe veio em mente assim que alcançou a entrada. O motivo de ainda não ter mandado trocar aquela porcaria.
Ele abriu a porta de supetão e deu de cara com o seu amigo, Jackson.
— Ei, D.
O loiro cumprimentou-o com um tapinha no ombro. E foi se convidando a entrar.
— Boa noite, entre. — Resmungou o moreno em ironia.
Enquanto fechava a porta Derek o seguiu com o olhar, estranhando a visita repentina.
— Jackson. — Chamou-o, seguindo-o até a sala. — à quanto tempo.
Ele murmurou. Fazendo questão de dar ênfase. Não o via há dias. E os desencontros só aumentavam.
— Saudades? — O Whittemore sorriu, jogando-se na poltrona.
Derek observou a cena com atenção. Sentando-se no sofá.
— Nem tanto.
Jackson olhou em volta brevemente, antes de focar sua atenção no amigo.
— Como anda as férias? — perguntou por fim. Atento a reação do outro.
Derek bufou fechando a cara. Tentava não pensar naquele assunto. Embora fosse algo impossível. Os dias pareciam bem mais longo agora. Aquilo sempre ressurgia com o pequeno começo de frase “e se eu não estivesse...” Fora forçado a isso. Por um motivo bastante tosco, ao seu ver; excesso de trabalho. Fracamente! Sua irmã sempre foi uma controladora. E ser o CEO do jornal que pertencia a sua família agravou esse seu lado.
E não era um exagero. Tanto que ela o visitou, só para ver se ele estava andando na linha.
— uma droga. — Derek garantiu. — Dois dias que mais parecem anos.
Jackson o encarava com um olhar cético. O que fez o Hale erguer as sobrancelhas em indagação.
— Céus. Laura tinha razão em te afastar. — Disse por fim.
— O que disse?
Derek se inclinou para frente, os olhos semicerrados como se tivesse escutado errado. Jackson tratou de erguer as mãos, como se apaziguasse a situação.
— É só que... Você não para, Derek. — Ele disse com cuidado. — Sua vida é só trabalho, trabalho e trabalho. Não foi por isso que a Paige te deu um pé na bunda?
Derek mastigou algumas boas palavras, que estava tentando a cuspir no outro homem.
— Tenho quase certeza de que o real motivo se chama Mariano. — O moreno resmungou entre dentes.
Jackson assentiu brevemente. Fingindo não perceber o olhar irritadiço sobre si.
— isso diz muito sobre um homem. — Ele balbuciou. Aproveitou aquele gancho para entrar no assunto. O motivo de estar ali.
Derek franziu o cenho. Tentando entende-lo.
— o que quer dizer?
— Você andava comparecendo? — O loiro quis saber.
— Oras. Nós saíamos para jantar fora todos os finais de semana. — Derek garantiu.
Jackson suspirou. Negando com a cabeça.
— Sexo, meu amigo. Quero saber se vocês andavam transando. — Disse-lhe. —Se você andava metendo o teu pau na vagina dela.
O Whittemore murmurou. E para completar sua explicação fez gestos obscenos com a mão. Penetrando o círculo formado por seus dedos da mão direita com o indicador da esquerda.
Derek respirou fundo, sentindo o rosto quente.
— Claro que sim, idiota. — Ele afirmou encabulado.
— Quantas vezes por semana? — Jackson quis saber, erguendo uma das sobrancelhas.
— Você virou terapeuta de casais agora ou o que?
Derek resmungou com impaciência. Já de saco cheio daquele assunto.
— Viu só? — Ele apontou para o amigo. — Vocês não transavam.
— a vida não só sexo Jackson. — o moreno se defendeu.
— queria que você seguisse a mesma linha de pensamento sobre o trabalho. — Jackson murmurou e sorriu. — aposto que você disse isso pra ela, não foi?!
Derek fechou a cara. Já estava mais do que pronto para chutar a bunda do amigo para fora do seu apartamento.
— Você veio até aqui só para tirar uma com a minha cara? — Ele resmungou. — Se for pode ir. Está atrapalhando as minhas queridas férias.
Jackson riu baixinho. Irritar Derek era muito fácil, mas nunca perdia a graça.
— Não, clara. Embora esse seja o ponto alto do meu dia, não foi esse o motivo.
— Não irei te emprestar nenhum centavo. — O moreno afirmou. Olhando-o com desconfiança.
O Whittemore levou a mão ao peito. Como se estivesse ofendido.
— Eu não vim por isso, está bem?
— Estou um pouco surpreso. — O Hale riu irônico. — A que devo a honra?
— Seu mal-agradecido. — O loiro resmungou. — Vim trazer o seu presente.
— Meu aniversário é daqui a duas semanas.
Derek falou-lhe desconfiada. Olhando bem para as mãos vazias do amigo. Enquanto se perguntava se – o que quer que fosse – estaria no bolso.
— Sei disso. — Jackson garantiu entediado. — Era para ser entregue no dia. Mas recebi uma mensagem dizendo que chegaria hoje ou amanhã.
O homem falava com animação. Embora estivesse com um pouquinho de receio com a reação de seu amigo.
— e o que é?
Derek perguntou curioso. E por hora Jackson a ignorou.
— Você fica aqui sozinho nesse apartamento. Berta só vem uma vez por semana fazer a faxina...
— Jackson... — Derek pediu. — Não enrola caramba.
— Você precisa de uma companhia. — O loiro garantiu. — em todos os sentidos, pelo visto.
— Do que diabos você está falando? — O moreno grunhiu. — Vá direto ao ponto.
— Eu comprei um evoo para você. Surpresa. — O Whittemore exclamou, sorrindo amarelo.
— Você o que?
Derek piscou os olhos, atordoado. Pedindo aos céus que tivesse escutado errado.
— Comprei um evoo? — Jackson balbuciou com cautela. — Preferia uma niice? Pensei que fosse regra. Depois de pegar uma mulher você pegar um cara.
Jackson murmurou pensativo. E Derek franziu o cenho em uma careta.
— Não quero. — o moreno pontuou. Se perguntando por onde andaria a noção do outro. Pois aparentemente ele não tinha.
— agora já é tarde. — Jackson afirmou. — A qualquer momento ele pode chegar.
Ele olhou na direção da porta. Como se fosse acontecer naquele instante, para confirmar suas palavras.
— pode levar. Estou muito bem sozinho.
— Ele vai te fazer companhia. — O loiro insistiu. Os lábios tremiam como se a qualquer momento fosse rir. O que só servia para irritar o Hale. — Ele pode ajudar Berta na limpeza. E assim você poderá alimentar seu espírito mão-de-vaca, quando você parar de sair para comer porcarias. E perder esse bucho ai vai ser um bônus. — Ele olhou para a barriga do moreno com censura.
— está ne chamando de gordo? — Derek resmungou
O loiro resolveu não responder. Mas os olhos estavam fixos no abdômen estufado do outro. No volume estufando a camisa.
— Jackson... — Derek murmurou. Aquilo não parecia uma boa ideia, não mesmo. Gostava da privacidade que possuía. — Isso...
— Não se devolve, ou se recusa um presente. — O louro cortou-o. — Ainda mais um tão caro.
Derek ficou em silêncio por um tempo. Fitando-o fixamente.
— Isso é o que mais me choca.
— O que? — Jackson franziu o cenho.
— Você gastando dinheiro comigo.
Derek conseguiu sorrir. Embora estivesse nervoso. Francamente um evoo?
Jackson deu de ombros. E permaneceu ali horas a fio. Até o relógio indicar que já se passava das nove e que naquele horário entregador nenhum apareceria. Ele se foi – recusando o convite para passar noite – deixando o amigo sozinho e paranoico.
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