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História Home Sweet Home - Olhos que condenam


Escrita por: vanaheim

Capítulo 3 - Olhos que condenam


Fanfic / Fanfiction Home Sweet Home - Olhos que condenam


Para não perder o ritmo do exercícios Derek subia as escadas com uma espécie de corridinha. Vez ou outra saltava de dois em dois degraus.

Desde que encontrara tempo – isso há três dias – encarava os lances de escadas como o último desafio. Até vigésimo terceiro andar; visando perder a barriga que seu amigo fez o favor de mencionar na tarde anterior.

Ao som de Wonderwall ele mantinha o pique. A camisa estava colada no seu dorso, de quando em quando o gosto salgado invadia sua boca; o maior desejo de Derek naquele momento era um bom e demorado banho. E um copo d’água bem gelada.

Um pequeno impasse tornou impossível realizar seus simples desejos de imediato. Assim que alcançou o seu andar e o corredor que o levaria ao seu apartamento foi surpreendido por duas figuras paradas defronte a sua porta.

Um era atarracado e já de idade avançada; olhava com certa fixação para o relógio no pulso e para a prancheta que empunhava. Ao seu lado logo atrás havia alguém com as mãos enfiadas no bolso do casaco, a cabeça oculta pelo capuz.

Derek se aproximou, olhando-os com curiosidade. E somente quando já estava bem próximo foi que lembrou-se do presente que ficara de chegar entre ontem e hoje, segundo o seu prestativo amigo.

Mentalmente xingou-se. Passara boa parte do dia achando que aquela história seria uma pegadinha de Jackson. Que não teria evoo nenhum, que acabou deixando o assunto de lado.

O moreno viu-se encarando a dupla mudamente. Precisamente o mais alto, encapuzado, julgando que ele seria o dito cujo.

Para a sua sorte, ou não, o senhor baixinho fez isso para si. O contato. Acenando e sorrindo em sua direção.

— O senhor se chama.... Derek Hale? — Indagou. Lendo nome escrito no papel.

Derek confirmou com um breve balançar de cabeça. Estava levemente inclinado, com os olhos semicerrados; ele tentava ver o rosto do suposto evoo. Sinceramente, não sabia muito bem o que fazer. Ainda estava um pé atrás com àquela situação em que fora enfiado.

— Ótimo. Que bom. — Disse-lhe o mais velho, suspirando satisfeito. — Estou aqui há uns bons minutos. O porteiro garantiu que o senhor estava em casa.

O entregador balbuciou. Seu esforço de esconder sua irritação era mínimo.

Derek lembrou-se vagamente de não ter olhado-o na recepção. Mas ainda assim eles deveriam ao menos ter ligado avisando.

De qualquer forma, não fazia diferença naquele momento.

— Pois bem. Só preciso que assine aqui. E aqui. — O entregador indicou uma linha escura no finalzinho da folha, ao direcionar a prancheta ao homem.

Derek hesitou por um instante, mas acabou pegando o objeto. Empunhou a caneta e apertou com certa força, imaginando ser o pescoço do seu amigo. Sorria amarelo enquanto assinava. Não demorou mais do que um segundo e logo entregou a prancheta.

O homem mais velho observou o papel, antes de assentir satisfeito. De dentro da bolsa carteiro que usava puxou uma caixa pequena e alguns papéis.

— as instruções. O comprovante. — Ele balançou os papéis dobrados e a caixa em seguida. — e esse é o controle.

— Controle?

Derek murmurou. Fitando a caixa com confusão. Não havia nada ornamentando ela, palavras ou imagem, era lisa e cinzenta e não maior que seu punho.

— É. Para caso ele saia da linha. — Explicou o homem mais velho.

Ele olhou de um lado a outro. Girou nos calcanhares e encarou o evoo com irritação.

— se adiante.

O entregador mandou. Empurrando o encapuzado até que estivesse defronte ao seu novo dono. Com um movimento brusco – e desnecessário – arrancou-lhe o capuz.

As orelhas pontudas tremeram ao movimento do tecido. De soslaio ele fitou o humano; um movimento sútil, quase imperceptível.

— Se apresente. — Ditou. E resmungou baixinho: — sempre tímidos.

Como era de se esperar o evoo se curvou em uma breve mesura.

— Stiles Stilinski. Ao seu dispor. — ele murmurou. Ergueu o rosto e passou a encarar o moreno nos olhos.

Derek se distraiu com aqueles olhos brilhantes. Era como âmbar refulgindo a luz do sol. Um brilho característico que os fabricados possuíam. A pele era salpicada de pontos escuros. Ele esticou um sorriso e Derek tentou sorrir também. Seus olhos se recaiam sobre o colar que circulava o pescoço do evoo. Uma auréola grossa e prateada, de uso comum entre os fabricados.

— Ou...

O moreno reclamou. Sentindo seu peito doer. Ele tratou de soltar o ar que havia prendido.

— Derek. — O Hale pigarreou.

Stiles se empertigou. Pondo-se ereto. Sustenta o sorriso e o olhar incisivo sobre Derek. Que começava a se incomodar.

O entregador – que observava a cena em silêncio – deu um sorrisinho e se aproximou.

— Se me permite, Senhor. — Ele sussurrou para o outro. Pondo-se entre o Hale e o Stilinski, que dera um passo para trás. — Esse aí é dos bons. Lava, passa, cozinha, é pau pra toda obra. — Garantiu, dando uma boa olhada nas descrições no papel.

Derek o observava com o cenho franzido. Vendo-o se aproximar um pouco mais, colocar a mão em forma de concha no canto da boca e lhe sussurrar:

— E, convenhamos, serve para outras coisas também caso seja da sua preferência.

Ele riu baixinho. Cutucando o moreno com o cotovelo.

Derek viu – de relance – o sorriso do evoo estremecer, mas ele disfarçou bem.

— O senhor não acha que está sendo muito inconveniente?

Indagou o moreno. Tomando para si a caixa e os papéis.

O entregador recuou encabulado.

— Perdão. — Disse-lhe. — bem, aparentemente, está tudo certo. Caso tenha alguma dúvida tem um contato na vértice do recibo, uma linha direta exclusiva para os consumidores.

O entregador recuou depois de falar. E se afastou apressado.

Derek e Stiles se entreolharam. E assim permaneceram, se encarando em silêncio. O moreno imaginou que aquela fosse o momento em que alguns descreveriam como o “elefante na sala”. Elefante esse que ele não fazia a mínima ideia do que fazer por hora.

O moreno coçou a nuca, incerto. Não gostava nem um pouco da situação em que se encontrava. De dar ordens – era isso que ele estava esperando? – por isso preferia as papeladas, computadores e a contabilidade.

Ele se virou para a porta por fim. Destrancando-a e a empurrando.

— Pode entrar. — Balbuciou, dando espaço para o castanho.

O evoo fitou-o de esguelha, antes de marchar para o interior da casa. Passou a olhar em volta com certa curiosidade.

Derek empurrou a porta com o calcanhar. Nervoso com a sua  mais nova companhia. Seguiu-o até a sala, repassando mentalmente o que dizer. Tendo em mente que deveria ter se preparado melhor, ao invés de ficar duvidando da falta de noção do Jackson.

Stiles havia parado em frente a televisão. Os olhos se moviam inquietos, causava um reflexo estranho na tela plano. As mãos permaneciam enfiadas nos bolsos do casaco a todo momento, os dedos se moviam imparáveis no interior.

O Hale de apoiou o no dorso sofá. Observava o castanho da mesma forma que vinha fazendo. Como se fosse um problema sem solução. Não tinha o que dizer para o outro. Berta fora naquele dia e cumpriu com seu papel de diarista.

— Quer assistir? — Perguntou por fim.

Stiles o encarou pelo reflexo na televisão. Mas nada disse.

— Algum programa? — o moreno insistiu. Pegando o controle de cima do estofado, balançando-o em direção ao evoo.

Mudo. Foi assim que ele permaneceu. Como se não possuísse o dom da fala.

Derek conteve o ímpeto de perguntar se ele era mudo. Pois lembrava-se muito bem dele ter pronunciada quatro palavras. Aquilo era um pouco estranho. Pois também se lembrava – com exatidão – de quando entrava no prédio do jornal e falava com os seguranças e eles lhe respondiam com prontidão.

— O gato comeu a sua língua? — o moreno esboçou um sorriso divertido.

Stiles o ignorou, aparentemente. Vagou até uma das prateleiras. Dedilhou alguns dos livros e observou os porta-retratos.

Derek bufou, girando nos calcanhares. A vontade de esganar seu amigo só aumentava. Àquilo não estava dando certo. E as chances de dar eram menos que três. Ele deixou o evoo de mão e seguiu para o seu quarto, visando o tão sonhado banho.

Ele se despiu ali mesmo e seguiu para o banheiro. Foi só quando se trancou que percebeu que ainda segurava a caixa. Derek a observou de forma minuciosa, mesmo que não tivesse muito que se olhar ali. Achava-a um tanto pequena e leve para um controle.

O Hale a abriu e fitou o objeto. O controle era menor que a palma da sua mão. Era cinza metálico e estava cravejado em uma espuma escura, de modo que ficasse parado e os botões pudessem ser visualizados de cara. Eram três ao todo. Os desenhos indicativos eram em relevo; um cadeado aberto, uma espécie de meia-lua e um pequeno raio.

Derek encarava àquela coisa com a mais pura confusão. Não fazia a mínima ideia do que aquilo significava . Ele o deixou na parte superior do armário acima da pia e jogou a caixa fora; com a ideia de que, certamente, o manual tiraria suas dúvidas. Embora o que fazer com o evoo fosse algo que não estaria ali.

Ele se banhou devidamente e demorou-se no ato. Mas quando terminou se sentiu revigorado. Sua barriga até roncou e uma ideia finalmente lhe veio em mente. O evoo, Stiles, já estava ali mesmo.

O Hale se cobriu com o roupão e se adiantou, embora seu quarto estivesse à uma porta de distância. Quando a abriu foi surpreendido por uma cena inesperada.

Stiles estava no seu quarto. Agachado e remexendo no calção que usara para correr.

— Mas o que você está fazendo aqui? — Derek balbuciou surpreso. Fitando melhor o castanho, observando melhor a cena. As roupas que ele segurava. — Solta isso.

Ele gritou encabulado. Não era sua intenção acabou saindo alguns tons mais altos. Acontece quando se tem um estranho mexendo nas suas roupas, principalmente quando as íntimas estão envolvidas.

Stiles fitou o rosto avermelhado do humano. Enquanto se levantava. Erguendo consigo a peça de roupa, pelo bolso, com o indicador. A box vermelha caiu no chão e o calção logo em seguida.

— Mas q... Sai logo daqui. — o Hale esbravejou, apontando para a porta.

O evoo se retirou do cômodo sem dizer uma palavra. Não sem antes, claro, lhe lançar aquele olhar suspeito.

Derek ignorou as esquisitices do evoo, por hora, e se apressou em recolher suas roupas sujas. Tratou de joga-las no cesto, empurrando-as bem fundo. Seu rosto estava em brasas. E uma pergunta recorrente percorria sua mente; que merda?

Ele se vestiu com a mesma pressa. Pronto para deixar claro que o seu quarto era zona proibida. E trancou-o devidamente ao sair.

Derek encontrou o evoo na sala. Estirado na poltrona

“Ótimo, já está se sentindo. “ Derek resmungou mentalmente.

Ele se pôs de frente para o evoo e cruzou os braços rente ao peito.

— O que estava fazendo? — Quis saber.

Stiles o olhou com atenção. Dos pés a cabeça e logo se desinteressou, focando na prateleira de livros. Contava-os da esquerda para a direita, com o intuito de se distrair.

— Anda, responde. — O moreno exigiu, inquieto. — Você sabe falar.

Stiles suspira lentamente. E o encara por fim.

— Sua roupa estava suja.

— Sim...

— lugar de roupa suja é no cesto, certo?

Derek hesita sob o olhar insistente do castanho.

— Você ia colocar no cesto? — Perguntou desconfiado.

Stiles deu de ombros. Voltando para a sua recontagem.

Derek semicerrou os olhos para o fabricado. Achando difícil de engolir aquela desculpas. Podia jurar que o viu mexendo nos bolsos.

Acabou deixando o assunto de lado, supondo que imaginou coisas na hora da surpresa.

— vá preparar o jantar. A cozinha fica logo ali.

Ele pontou para o corredor, movendo os dedos como uma seta. A medida que se sentava no sofá e pegava o controle.

O moreno sentiu o olhar incisivo do evoo sobre si. Sabia que ele não tinha movido um músculo, a não ser a cabeça para lhe encarar.

Derek o encarou de soslaio.

— Você não escuta muito bem não é?! — O moreno o encarou com um sorrisinho.

Stiles esticou os lábios num sorriso desenhoso.

— A audição de um evoo é muito boa. — ele garantiu. — Escutei cada palavra que você pronunciou. Inclusive a música que cantarolou no banheiro: Mas você nunca teve dúvida. Eu não acredito que alguém. Sinta por você o mesmo que eu sinto agora.

Derek coçou a nuca encabulado. Praguejando mentalmente. Havia esquecido do detalhe, de que agora tinha companhia.

— Então vá preparar alguma coisa. — Ele resmungou, se recostando no assento. — Já que escuta tão bem. Ou você não sabe?

Indagou, fitando o evoo com as sobrancelhas erguidas.

— E você, sabe? — Stiles quis saber.

— Como é?

— Perguntei se você sabe cozinhar.

— sei mas...

— então vá preparar a própria comida. — o Stilinski resmungou com mal-humor.

Derek ficou mudo por um instante. Se empertigou e passou a encarar o evoo com indagação.

— o que foi que disse? — Balbuciou. Achando ter escutado errado. Estranhando a resposta.

— Você não escuta muito bem, não é?— O castanho sorriu.

Derek se ergueu e se aproximou do evoo à passos duros. O cara estava lhe tirando do sério na sua própria casa.

— escuta aqui...

— Escuta aqui você. — Stiles o cortou. Fazendo o homem parar ao se levantar também. Pondo-se diante dele. — Encoste esse dedo em mim e eu juro que eu o quebro, de um jeito que você dificilmente vai conseguir mexe-lo outra vez.

Ele afirmou. Derek o encarava nos olhos. Os poucos centímetros de altura que o evoo possuía a mais não eram tão intimidadores quanto os seus olhos.

— Está com fome? Faça a tua comida. Não sou teu empregado.

Derek piscou os olhos, atordoado, vendo-o girar nos calcanhares e se afastar. Derek o seguiu, após de recuperar do choque, ainda surpreso com a resposta. Do corredor ele ouvia o som das portas batendo, vindo da cozinha.

Assim que adentrou o cômodo notou os talheres em cima do balcão. O evoo estava debruçado para o interior da geladeira. Quando se ergueu, trouxe consigo um pedaço de bolo mal cortado. Ele lambia os dedos.

— você é muito abusado. — Derek afirmou. Sem nada mais brilhante para dizer.

— e você um preguiçoso. — Stiles resmungou. Sentando no banco e encarando o bolo no prato. — Não tem nada decente para comer aqui.

Derek massageou as têmporas, fechando os olhos com força. Aquela criatura malcriada só podia ser um delírio seu.

Sua barriga roncou alto. E ele decidiu dar sua atenção a ela, ao invés de perde-la com o evoo.

— Vou pedir uma pizza.

Ele murmurou baixinha. Pensaria no que fazer com aquele abusado enquanto comia.

— eu quero. — Stiles afirmou de boca cheia.

— É claro que quer.

Derek resmungou entredentes. Lançando um olhar irritado ao castanho. Se perguntando o motivo de ainda não ter chutado ele dali. Percebendo que seria muita crueldade da sua parte. Talvez ele o mandasse para quem lhe presenteou.


Notas Finais


⁽⁽◝( •௰• )◜⁾⁾

₍₍◞( •௰• )◟₎₎


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