Derek se encostou na parede do corredor – que levá-lo-ia dos quartos até a sala – estava próximo ao portal da entrada. Ele tomou um longo fôlego e esfregou os olhos com força. O moreno levou a caneca que carregava ao lábios e soprou a fumaça que se erguia do líquido preto, que não tardou em beber em longos goles. A fim espantar o sono que lhe perseguia.
Derek dormiu mal àquela noite. Muito mal, cochilara em pequenos intervalos. O seu mais novo inquilino o deixou inquieto. A ameaça de ter seu dedo quebrado abriu portas para outras possibilidades. Tornando impossível a façanha de fechar os olhos e adormecer devidamente.
Aquilo não estava certo. Ele pensou nisso a todo momento. Fabricados não deveriam de portar, falar daquela forma.
O moreno mordeu o lábio inferior, ainda incerto, atento ao barulho da televisão. Puxou o celular do bolso da calça e discou o número do l do problema. Que ainda teve o disparate de recusar três vezes.
“puta merda, Derek, sabe que horas são?” Jackson grunhiu em lamento.
Derek pouco se importou se o tinha acordado ou de era só fingimento.
— hora de acordar?!
“É sábado. “ resmungou sonolento. “Para o seu bem, espero que seja algo de extrema importância.”
Derek ouviu o outro resmungar. E já estava começando a se irritar. Era ele quem deveria estar mal-humorado e reclamando.
— Acompanhado? — Ele supôs.
“Sim. Da minha sombra. Não existe companhia melhoooorr.” O loiro bocejou.
— Que seja.
Derek grunhiu e se virou, passando a espiar a sala. O evoo estava ajoelhado em frente a tevê. Pulava de canal em canal sem parar, nada parecia entretê-lo. E fazia isso há minutos, talvez horas. Derek não sabia ao certo, o encontrara assim.
Está até um pouco impressionado. Pelo castanho se manter na mesma posição e praticamente com a cara enfiada na tela do aparelho. Derek desistiu de aconselha-lo – de que ficar tão próximo poderia ser prejudicial a visão – quando o evoo arremessou um travesseiro na sua cara. Sua tevê e sala foram tomadas. E por hora ele teve que bater em retirada e reorganizar suas ideias. Tentar ser legal com o cara não estava funcionando.
“Então... O que houve?” o Whittemore perguntou com impaciência.
— Onde você comprou esse evoo? — O Hale balbuciou baixinho. Pois lembrava-se bem das palavras de Stiles, dele se vangloriando da audição que possuía.
“ele já chegou?” Jackson falou quase gritando. Parecia bem mais desperto agora.
— sim, cara. Não escutou o que eu disse? — disse entre dentes. Lançando um olhar ao evoo, que finalmente se decidiu e começou a assistir um desenho. — ontem. Onde comprou?
“No ninfeu, oras. A única empresa que fabrica.” O loiro falou-lhe com desdém.
Derek pôde visualizar perfeitamente o revirar de olhos do outro homem. O que só aumentou sua vontade de esgana-lo.
“Porque quer saber?”
Derek respirou fundo, fitando o que sobrou do café em sua caneca. Insistindo nos sussurros.
— Ele... O evoo deveria ser tão... Agressivo? Respondão? — Ele indagou incerto. Tentando se lembrar de episódios semelhantes, mas nada lhe vinha em mente.
Jackson demorou a responder. Como se ponderasse ou se duvidasse das palavras que escutou.
“Não.” Disse por fim. “ele deveria receber suas ordens sem questionar”
Derek fez uma careta para a frase do amigo.
“mas porque está perguntando isso?” Jackson quis saber. “ele fez algo estranho?”
Derek se afastou da sala, seguindo corredor adentro até alcançar a cozinha.
— Se recusou a preparar a comida. — Relatou o moreno. — e ameaçou quebrar o meu dedo.
Aquilo o incomodou bastante, a ponto de fazê-lo dormir com a porta trancada. Coisa que não fazia desde que saíra da casa dos pais. Ele tinha quase certeza de que o evoo ficou zanzando pelo corredor. Pois a luz estava ligada e ele via a sombra se esticar por debaixo da porta.
Cena digna de um filme de terror. Que contribuiu para a sua insônia.
“ele ameaçou você?” Jackson riu. Mais pelo nervosismo e incredulidade do que por outra coisa. “Jesus Cristo, Derek. Como assim?!”
— Não sabe o que é uma ameaça? — Derek rosnou impaciente. Apertou a alça da caneca com tanta força que pensou que fosse quebra-la. — Ele ameaçou quebrar a porra do meu dedo caso eu o tocasse.
“E você tentou?”
Foi baixo, como um chiado de estática mas Derek conseguiu ouvir a risadinha do homem.
— Não. Seu idiota de mente imunda. Não desse jeito. — Ele afirmou irritadiço. Não estava com cabeça e nem paciência para as gracinhas.
“Ok, certo, tudo bem. “ Jackson balbuciou, como se tentasse apaziguar a situação. “isso é estranho.”
— Até no nome. — Derek concordou com um suspiro. Deixando a caneca em cima da bancada, sentando em uma das cadeiras, de frente para a entrada.
“você acha “Liam” um nome estranho?”
Derek travou no exato momento em que decidira colocar as louças sujas na pia.
— O nome dele não é Liam. É Stiles. — Ele falou com cautela.
“o que? Claro que não.” Jackson guinchou surpreso. “ tenho certeza de que comprei um que de chama Liam. L-i-a-m.
— Pois então ele mentiu. — Derek balbuciou, sem saber ao certo o que pensar. — para mim e para o entregador. Que, a propósito, leu o nome na prancheta.
“Mas que merda. “ praguejou o homem.
— Você só me mete em roubada.
“deveria ser o presente perfeito.”
Derek grunhiu insatisfeito. Engolindo algumas boas palavras.
“Me manda uma foto dele. “ o Whittemore pediu.
Derek saiu da aba da chamada. Felizmente havia pensado nisso na noite anterior. Fotografou o evoo enquanto ele distraidamente devorava duas fatias de pizzas enroladas uma na outra. Estranhamente sorria, como se nunca tivesse comido nada parecido.
Ele a enviou e logo retornou para a chamada. Aguardando as palavras do Whittemore.
“Céus... Isso está errado. Muito errado.” Ele disse depois de um tempo.
— Seja específico. — Derek pediu.
“Não é esse o evoo que eu comprei. “ Jackson afirmou e praguejou. “inferno. Não acredito que fui tapeado.”
— Jackson... — Derek o advertiu. Se àquela fosse mais uma das gracinhas do homem... Ele esqueceria as ameaças vazias e o estrangularia de verdade.
“Estou falando sério. “ o loiro garantiu. “ o que eu comprei se chamava Liam. Era baixinho, loiro, olhos azuis. Obviamente não é esse daí”
Derek suspirou. Fechou os olhos e respirou profundamente.
— O que eu faço agora? — Perguntou calmamente. Ou ao menos tentou. A frase soara como um rosnado.
“Hã... Devemos reportar, acho. O comportamento também. “ Ele explicou. “provavelmente houve uma troca. “
Derek meneou em concordância. Mesmo ele não estando ali para ver.
— E ai?
“ai que eles levam esse impostor e mandou o seu comprei. “
— E quanto tempo isso vai levar?
O moreno perguntou com um suspiro. Esfregando os cabelos um tanto longos com a mão livre.
“Sei lá, cara. Por hora tranca ele no porão. “ Jackson riu baixinho.
— Eu moro em um apartamento, seu animal. — Derek bradou. — e eu não irei prender ninguém.
O moreno xingou-o mais um pouco. Aquela ideia só podia ter saído daquela boca mesmo.
“cagão.” Jackson falou-lhe. Ignorando completamente as outras frases.
Derek desligou na cara do homem. E conteve o ímpeto de arremessar o celular para o outro lado
Àquelas férias – supostamente – eram para que ele relaxasse, certo? Super estava funcionando...
Enquanto lavava as loucas do café, e as da noite anterior, Derek sentia que seu humor só piorava. Remoendo a situação. Seu rosto se contorcia em uma carranca crônica.
Derek retornou à sala minutos depois. Encontrou o evoo no mesmo lugar e na mesma posição. Sentando sobre os calcanhares, os olhos vidrados na televisão.
Ótimo, sua tevê havia encontrado um novo dono.
— Já decidiu o que vai assistir?
Ele perguntou, enquanto se sentava na poltrona.
Stiles o encarou com tédio. Mudando de canal outra vez e continuou.
— certo. Isso é um hobby estúpido. Passa o controle pra cá.
O Hale pediu, esticando o braço e balançando a mão. O evoo encarou o movimento do membro, antes de fitar o humano.
— N, a, o, til. Não.
— Não tem vergonha na cara não? — Perguntou o moreno. Ainda surpreso.
— Porque eu deveria? — o evoo não o encarou. — Aposto que pensou que teria moleza ao me comprar. E você nem quer assistir de verdade.
— E como sabe disso? — Derek ergueu as sobrancelhas, contrariado. — além de super audição você é vidente?
— Você só está incomodado porque estou pulando de canal em canal.
— Você está fazendo isso a horas. — Derek grunhiu.
— Exato. — Stiles assentiu. — Antes de você levantar. Por tanto eu cheguei primeiro.
— Esse apartamento é meu, sabia?
— Pensasse nisso antes de me comprar. — O Stilinski deu de ombros. De relance ele espiava o humano, atento as suas reações.
Derek praguejou baixinho. Apoiou a cabeça na mão, balançando em negação. Ele fitou seu celular por um instante, buscando se entreter com ele. Estava a ponto de pegar aquele mala, enfiar no carro e despejar na casa do Jackson. Tacando o foda-se para a etiqueta dos presentes. Se é que poderia considera-lo como um. Viu algumas mensagens de Laura e as ignorou completamente, tal como as do grupo. Quando abriu a conversa do seu tio e fizera menção em respondê-lo sentiu algo duro acertar sua coxa.
Ele fitou o objeto de relance, percebendo que era o controle. Derek ergueu os olhos e fitou o evoo com irritação.
— Qual é o deu problema? — Ele quis saber. Sustentando o olhar sobre o castanho.
— Você. Esse apartamento. A coleira. Esse mundo.
Stiles afirmou pegando uma das almofadas do sofá.
O Hale piscou os olhos atordoado. Processando as palavras do outro. Vendo-o seguir para o outro lado do cômodo, forrar o chão com a almofada e se deitar.
— O que vai fazer? — Perguntou desconfiado.
O evoo o fitou de relance e permaneceu assim por um tempo.
— dormir. — Disse simplesmente. — devo relembrar a você que de tentar algo haverá consequências?
— Cara... — Derek suspirou. — Não tenho a mínima intenção de fazer ou tentar algo contra você. E tem um quarto para isso, dormir.
Ele explicou, indicando na direção do corredor com o polegar.
Stiles o encarou com os olhos semicerrados, desconfiado. Antes de grunhir, se virar e puxar o capuz para cobrir a cabeça.
O Hale ficou encarando-o por um tempo. O suficiente para chegar a conclusão de aquele evoo não batia muito bem da cabeça. Com o calor que estava fazendo naquele dia, ficar enfurnado assim em um casaco. Ele voltou sua atenção para a televisão; passou a buscar algo que o entretece, um filme ou um jogo.
•×•
Derek trancou a porta assim que pagou o entregador. Pôs a comida na cozinha e tratou de ir chamar o evoo, que já não se encontrava na sala.
Não o deixaria com fome enquanto ele estivesse ali, ao menos isso.
Derek lançou um olhar rápido para a varanda, olhando de um lado para o outro, mas ele não se encontrava ali e a porta estava devidamente fechado.
Foi assim que ele se lembrou da noite anterior. Do corredor, das sombras, dos passos. Derek correu corredor adentro visando o seu quarto. A porta estava entreaberta, ele entrou de supetão.
Se tinha uma coisa que Derek preservava mais que tudo para sua intimidade e privacidade. Se ela já tinha sido ferida quando seu amigo Jackson resolveu lhe presentear com um fabricado. Existe uma coisa que Derek que odiava é aqui entrasse em seu quarto ou que mexessem nas suas coisas sem a sua permissão.
Felizmente o seu quarto estava vazio. Assim como seu banheiro. O que lhe surpreendeu um pouco. Pois realmente esperou encontrá-lo ali, bisbilhotando.
Derek espiou o corredor olhou de um lado a outro. e botou que a porta do banheiro estava quase escancarada, geralmente ficava fechada final.
Ele se aproximou com cautela. Tomava cuidado para não ver o que não deveria. Mas caso estivesse vazio ele fecharia a porta. Já que pensava, com todo aquele jeito arisco, o evoo ao menos a fecharia caso usasse.
E Stiles está eu já estava mesmo ali. De frente para o espelho – nu dá cintura para cima – por onde, surpreso, ele encarava o moreno.
Derek notou uma tatuagem na nuca do castanho – logo abaixo do colar – um “#MS10024” que ele não fazia a menor ideia do que significava.
O evoo havia esgueirado o indicador através o objeto. Mantendo-o entre a pele e o metal. Fazia uma leve pressão. Como se o empurrasse para o lado lentamente.
Curioso, era como Derek de encontrava. Estava a ponto de perguntar o que ele estava fazendo, mas conteve-se uma vez que eles mal trocaram algumas palavras decentes. Foi nesse exato momento que um som agudo ecoou pelo local. Estridente e presente. Um som agourento, tão detestável quanto a sua campainha, que se repetiu três vezes.
— Mas o que foi isso?
Stiles o fitou pelo reflexo. Antes de se virar e encara-lo devidamente.
— Vai dizer que não sabe... — o evoo riu com amargura. Afastando o dedo do colar, antes que ele apitasse uma última vez.
Ele falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. De conhecimento geral. O que Derek se sentir estúpido.
— para ser sincero eu não sei. — Confessou.
— Meu destino selado.
Stiles balbuciou. Vestindo sua camisa surrada e o casaco em seguida. Antes de sair do cômodo, deixando o humano confuso para trás.
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