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História Home Sweet Home - Benevolência


Escrita por: vanaheim

Capítulo 5 - Benevolência


Fanfic / Fanfiction Home Sweet Home - Benevolência

"Meu destino selado " aquela pequena frase perturbou Derek. Ecoando em sua cabeça com uma insistência irritante. Ele não sabia explicar exatamente o real motivo. Via-se surpreso com a inquietude que ela lhe causava. Era como se tivesse acabado de assistir um filme gore e se livrar das imagens fosse impossível. E mesmo – não tão intenso – valia para " tudo me incomoda. "

Elas iam e viam o tempo todo. Forçando-o a refletir e disseca-las. Pensar e repensar. Estava literalmente preso nelas. Passara boa parte da tarde pensando nisso, nos seus reais significados; incomodado a ponto de mal tocar na sua comida.

Toda aquela confusão e curiosidade faziam-no encarar o fabricado de uma forma diferente. Não como um inquilino indesejado e irritante mas sim alguém digno de pena e empatia.

De vez em quando lançava olhares para o pescoço de Stiles. Observando o contraste entre o objeto metálico e a pele alva e pontilhada. Era semelhante a um colar, uma bijuteria estranha que certamente ele olharia no pescoço de algum modelo em um desfile. Mas a forma como o evoo se referia ao objeto era bem mais agressivo. Derek poderia sim pesquisar, mas jamais seria a mesma coisa que ouvir da boca de quem usava. Ele tentava pensar em uma forma menos invasiva para falar sobre isso com o evoo.

Tentava entender. Compreender o que Stiles queria dizer.

Talvez por isso tenha o encarado por tanto tempo. Muito, até ser pego no ato.

— o que é?

Stiles perguntou, os olhos estavam semicerrados, estranhando o olhar do homem sobre si. A minutos percebi a seus movimentos, via os olhares por tempo demais, os de esguelha. O incomodava. Tirava a sua concentração do livro que folheava.

Derek se empertigou. Não deixou se envergonhar por ter sido pego. De certo modo achou bom. Pois viu ali a oportunidade de entrar no assunto.

—o que você quis dizer com “destino selado "?

Murmurou – expressava sua confusão com expressão confusa – sustentando o olhar sobre o castanho. Sua curiosidade e vontade de entende-lo falava mais alto.

Stiles o fitou fixamente. Ponderando se daria assunto ao outro ou não. Se não era melhor continuar com a pseudo-leitura.

— o que você quer? — perguntou desinteressado.

Derek rolou os olhos, soltando longo suspiro.

— você me ouviu muito bem.

— vai me dizer que não sabe o que significa isso!?

Stiles balbuciou com ironia. Puxou o zíper do casaco, deixando mais visível adereço prateado.

— não Stiles. Eu não sei. — Derek afirmou de má vontade, Stiles era uma pessoa difícil mesmo. Como se tentasse esmagar uma bala com os dentes o tempo todo. — mas caso queira me iluminar com a sua vossa sabedoria fique à vontade...

Stiles grunhiu, até fechar o livro com força, como se esmagasse o inseto impertinente.

— diz claramente a minha posição hierárquica na sua sociedade, embora muitos sonsamente neguem. Que sou um escravo. Fim.

Derek piscou os olhos confuso, atordoado, achando forte o uso da palavra. Olhando para o fabricado com uma expressão inelegível.

Stiles deixou uma risada seca escapar.

— mas não sei engane, parrudo. — ele avisou. — pode me dar choques à vontade, me trancafiar até, mas não vou abaixar minha cabeça.

O moreno torceu o nariz em uma careta.

— não irei dar choque em você. — Derek afirmou de prontidão, quase assustado com pensamento do evoo. Se perguntando de onde ele tinha tirado aquela história ponto tudo bem que eu tinha mais pressão azedo – em alguns momentos, na maior parte deles – mas para Stiles chegar a pensar aquilo de si...

Stiles hesitou por um instante como se não fosse a resposta que esperasse.

— muito bem. — Murmurou. Balançou a cabeça como se aprovasse.

Mas Derek não deu-se por satisfeito com a resposta.

— você não confia em mim, eu entendo. É praticamente recíproco.

— por que eu deveria confiar no humano que me comprou? — disse Stiles. Fazendo questão de bar ênfase na palavra.

Derek ficou na defensiva. Aquela era uma boa observação, embora não fosse verdade.

— não comprei eu ganhei. —murmurou sem pensar. Pois lembrou-se da brilhante ideia do seu amigo, sobre o "presente perfeito".

Stiles grunhiu claramente ofendido.

— isso só deixa a coisa toda pior do que já é. — afirmou com olhar afiado, que facilmente cortaria os cabelos um tanto longos do homem. — não sou objeto, nem um bichinho ponto já passou pela sua cabeça que eu falo, penso, que tenho sentimentos?

O evoo falou baixo e calmo. mas a irritação era nítida. Foi o mesmo que ter esbravejado.

Derek ergueu as mãos como se estivesse no meio de uma rendição. Dando-se por vencido.

— Tem razão. Escolhi as palavras erradas. Me desculpe. — Murmurou, ainda sentido o impacto das palavras.

Stiles franziu o cenho, ainda desconfiado.

— O que disse? — Perguntou confuso.

— Eu me desculpei. — Derek afirmou.

O evoo semicerrou os olhos, olhando-o de cima a abaixo, desconfiado.

O Hale se levantou da poltrona na qual estava sentado, decidido a pôr um fim naquela discussão e impasse, ao menos por hora. Ele se aproximou do castanho e ergueu a mão na sua direção.

— que isso?

Stiles indagou. Fitando a mão do homem com estranheza.

— uma trégua, para um bom convívio, que tal? — Ele ergueu as sobrancelhas grossas. Esperando pela resposta.

— Porque?

— se você vai ficar aqui, por um tempo, não podemos ficar desse jeito. Nos alfinetando, brigando, o tempo todo. Essas vinte e quatro horas já foram mais do que suficientes não acha?!

Stiles hesitou. Pensando de forma massiva nos prós e contras. Nos prós e contras dos prós e contras. Olhando o moreno com fixação, dos pés a cabeça.

— é... Podemos tentar. — Balbuciou ainda incerto e desconfiado.

— Você ao menos quer? — Disse-lhe Derek.

Stiles apertou segurou sua mão e a apertou.

— Não irei cozinhar. — Ele disse com altivez.

Derek sorriu.

— deveria ter deixado os termos claros.

O evoo o soltou e olhou de esguelha para o livro que folheava minutos antes.

Derek aproveitou a distração para espiar o colar e olha-lo melhor. Lamentando ser ignorante no assunto.

— então... Esse colar tem outra função além de ser simbólico?

Stiles riu sem humor. Olhando para o humano como se dissesse “dar para acreditar nesse cara?”

— Em que mundo você vive? — O evoo balbuciou, sem acreditar.

Derek deu de ombros um pouco acanhado. Apesar da sua família ter uma boa condição, eles nunca tiveram um/uma fabricado. Por diversos motivos. Ele mesmo nunca se interessou em pesquisar sobre. Muito embora já tenha se passado quase 50 anos desde o surgimento dos sub-humanos. E que um amigo seu do tempo da escola tivesse uma.

Ele tratou de explicar isso ao evoo.

Stiles meneou brevemente. Parecendo menos irritado do que há minutos atrás. Com um suspiro, se pôs em pés de frente para o homem. Aberto a uma explicação.

— o colar tem três funções. Prender, disciplinar e executar. — disse-lhe Stiles, enumerando nos dedos.

O moreno engoliu em seco. Enquanto o castanho explicava que o choque – que mencionara minutos antes – era acionado pelo controle. Que também servia como uma espécie de chave.

Stiles enfiou a mão no bolso do casaco e puxou um punhado de papéis. Papéis esses que Derek reconheceu como o “manual de instrução.” Ele logo lembrou-se da noite anterior, da invasão ao seu quarto.

— então foi isso que pegou... — Derek sussurrou. Não estava chateada. Apenas surpreso por não ter dado falta. Ou ter se dado ao trabalho de procurar.

Stiles deu de ombros. Lançando um olhar decepcionado ao manual.

— queria mesmo te pega o controle. — confessou. — mas não encontrei.

Derek franziu o cenho, pensativo. Observando o evoo com atenção e pensando no objeto mencionado. Talvez ainda estivesse no calção, pensou. Mesmo achando impossível, já que o evoo o revistara.

Para a completa surpresa de Derek, Stiles segurou sua mão outra vez. Fechou seu punho e esticou o indicador, levando-o até o pescoço. Onde o enfiou na fina brecha entre o metal e a pele. Com o colar pressionando seu dedo contra o pescoço com certa força, Derek sentiu o pulsar da artéria. Ele temeu que aquele barulho estanho fosse se repetir.

Stiles parecia não possuir o mesmo temor. Pois moveu o dígito do homem sobre a silhueta interna da coleira.

— Está sentindo? — Ele quis saber, olhando a expressão confusa do humano.

Derek meneou brevemente. Sentindo na ponta do seu dedo uma fina fenda, como um risco entalhado no metal.

— Sim. — Disse-lhe. — O que é isso? — Indagou, fitando os olhos brilhantes do evoo.

— Uma lâmina de cinco centímetros. — Stiles disse-lhe calmamente. Como se estivesse comentando sobre o frio que o vento daquela tarde carregava. — uma a cada centímetro. Que, se acionada, é capaz de arrancar um dedo.

Derek umedeceu os lábios, sentindo sua garganta seca. Com cautela recolheu o dedo, receoso de acionar aquela coisa.

— Já imaginou? — Disse pensativo. — A força necessária para isso? Direto na carótida?

— Para... — O moreno pediu. Agoniou-se só em imaginar. Sentido uma leve coceira, um formigar naquela região.

— Já vi isso acontecer... — Stiles insistiu, como se não tivesse escutado. Possuía uma expressão sombria e ao mesmo tempo entristecida.

— Já?! — Derek guinchou. E pigarreou por estranhar a própria voz.

— Ele tentou... Éramos amigos. — O castanho comentou. E enclausurou-se em um silêncio repentino.

Derek tentava processar tudo aquilo que ouvira. Seu estômago parecia ter levado um nó cego, revirado e retorcido. Enjoado, até, àquilo era desumano. Sua mão pousou no ombro de Stiles; que se retraiu com o toque e segurou seu pulso. Mas o moreno manteve a mão exatamente onde estava.

— Como se tira isso? — Ele quis saber. Ignorando o aperto que recebia.

Stiles se assustou, a ponto de esquecer da mão. O encarou sem entender, desarmado.

— Tirar? — murmurou o castanho. Julgando ter escutado errado.

— É, Stiles, tirar. — O Hale confirmou.

Stiles assentiu debilmente.

— É, hum... — balbuciou, olhando atordoado para o papel que segurava. — precisamos... Do controle?!

Derek meneou brevemente. Se empertigou, decido. Deu as costas ao evoo e seguiu para o seu quarto com passos apressados. Sentia o castanho em seu encalço.

Ele foi direto ao cesto. Atrás do calção que estava usando quando o evoo chegou; esse que revirou do avesso, até os bolsos.

— Não está aí...

Stiles informou-o. Com um misto de receio e expectativa. Achando tudo aquilo surreal. Que no final seria uma peça pregada pelo homem.

Derek meneou, já esperava que não estivesse. Ele lançou um olhar furtivo para o quarto, para debaixo de sua cama. Ele se aproximou e se agachou, buscando pelo objeto.

— onde eu coloquei isso... — balbuciou distraído, fitando a cômoda.

— Não está na sala. — Disse-lhe Stiles.

Derek fechou os olhos e tentou refazer seus passos. Desde que recebera o evoo até o momento em que foi se banhar, que fora a última vez em que pôs os olhos no objeto.

— Isso. — Ele disse, se levantando de prontidão, retornando para o banheiro. Foi direto à lixeira, a abriu e encontrou o que buscava, a pequena caixa do controle.

— Vazia... — Ele lamentou, ao espiar o interior.

Stiles o fitou por um instante, antes de desviar os olhos para o espelho e encarar o reflexo. Sem saber o que pensar sobre tudo.

Derek seguiu o olhar do castanho e um estalo ocorreu em sua mente, a ponto de fazê-lo sorrir.

— É, é isso. — afirmou o homem, se aproximando um pouco mais, erguendo e esticando o braço. Tateando a parte de cima do armário, até seus dedos esbarrarem em algo. — Aqui está.

Ele puxou e balançou o controle em frente ao rosto do Stilinski.

Stiles mais uma vez hesitou. Seguiu os movimentos do objeto quase como se estivesse hipnotizado.

— Vai mesmo fazer isso? — Perguntou, olhando do rosto do moreno para o objeto. Aquilo parecia irreal.

— Claro... — Derek garantiu. — Não quer?

— Quero. Só que... — Stiles se apressou em dizer. Os olhos saltados e inquietos. — porque está fazendo isso? Quero dizer, mal nos conhecemos. E eu não tenho sido exatamente legal com você.

Ele não conseguia entender, naquele instante. Realmente não esperava por aquilo.

— Que tipo de pessoa eu seria se deixasse você andando com isso por ai? — Derek disse. Lançando um olhar averso ao aparelho. — tendo em mãos o que pode tira-lo. — Balbuciou baixinho. Não compactuava com aquilo.

Stiles ficou mudo. Pela primeira vez não foi por opção, simplesmente não tinha palavras. Encarava Derek como se um terceiro olho tivesse surgido na testa do homem.

— Então, como fazemos?

Derek indagou, um pouco empolgado. Virando o objeto em suas mãos.

O evoo piscou os olhos voltando a realidade. Ele encarou o manual e passou a folheá-lo, lê-lo com menos calma do que deveria. Acabando por encontrar o que procurava na última folha. Em letras muito curtas, quase ilegíveis.

— "aperte o botão central. assim ativar a ponta da chave. Encaixe na entrada do colar e espere por 3 segundos, casa tem absoluta certeza.” — Stiles narrou. Concentrado em cada letra.

— bem... Parece fácil.

Deck balbucio, tentando pensar positivo. Encarava o controle como se tivesse em mãos uma granada prestes a explodir. Os botões eram pequenos e ficava muito perto um do outro. Aquilo deixava nervoso, agora quer sabia a função de cada um. Era como pisar em ovos, em um campo minado.

Com muito cuidado – cuidado excessivo, até – ele pressionou o botão que possuía o desenho de um cadeado aberto. Controlando o tremor que quis surgir em sua mão.

Algo fininho como a cabeça de um lápis sacou da ponta ovalada ambos deram atenção demais para o simples objeto que se assemelhava a ponta de um pen drive, desprovido da parte metálica.

Derek foi o primeiro a deixar a pequena peculiaridade do objeto de lado. voltando a si, se empertigando.

— vire-se. — Ele pediu ansioso.

— O que?

— a entrada fica na lateral. — Derek explicou. Estreitando os olhos para a coleira.

Stiles assentiu brevemente e logo se virou. Derek manteve o cuidado em empunhar o controle. Enquanto encaixava a ponta em uma pequena fenda, que parecia uma entrada USB.

— o que pretende fazer depois?

Indagou o moreno. Vendo a ansiedade entalhar o rosto do castanho. Ele manteve o encaixe pelos segundos exigidos, até ouvir um sonoro “click”, como um destrancar.

Embora tivesse guardado as palavras para si, Stiles sabia muito bem o que queria fazer. Os planos não mudaram. A certeza lhe veio quando sentiu a coleira escorregar pelo pescoço, pender-se frouxamente no seu casaco, antes de cair e se chocar contra o chão com um som metálico e ruidoso.

Instintivamente Stiles levou as mãos ao pescoço. Tateando cada centímetro de pele, apertando a carne com total incredulidade.

Derek observou com atenção. Fitando a marca que se destacava, causada pelos anos ininterruptos de uso.

— e aí, qual a sensação? — perguntou um tanto empolgado.

— Estranha... Mais muito boa. — O evoo afirmou distraído, quase perdido. Estava descrente. Passara anos usando aquela coisa. — Parece que me livrei de um peso.

Derek balançou a cabeça em compreensão. Lançou um olhar rápido para o colar, antes de se agachar e pegá-lo. Pensaria no que faria com aquilo depois.

— Bem melhor. — Ele garantiu, tentando anima-lo. Embora sentisse o clima bem mais leve. — isso não combinava com você.

Stiles riu baixinho. O que deixou Derek surpreso pois parecia-lhe um riso e sorriso bastante sincero, não o irônico. Mas não tão surpreso quanto quando, num rompante, os braços do evoo lhe envolveram o torso, lhe causando um breve sobressalto.

— Ó... — Ele exclamou desconcertado. Não esperava por aquela reação.

Stiles engoliu um pouco do seu orgulho pela gratidão.

— Obrigado. — disse-lhe sincero.

— É... — Derek balbuciou. — Não precisa agradecer. — disse-lhe, dando tapinhas na costa do castanho. De certo modo retribuindo aquele inesperado abraço.


Notas Finais


O filme "Cloud atlas (a viagem)" foi, sem dúvidas, a minha maior inspiração para escrever essa estória. E é baseado no núcleo da Sonmi.
Fica a dica, para quem estiver a fim de assistir um bom filme.


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