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História Honey Bunny - Capítulo 2.


Escrita por: BabyK

Notas do Autor


ME DESCULPEM PELA BOSTA QUE ISSO FICOU T________T
EU DESAPRENDI A ESCREVER, ÓH DEUS ;;

Capítulo 2 - Capítulo 2.


Taemin encarava o vidro maravilhado.

Ele nunca nem chegou perto de peixe algum que não fosse assado em seu prato, e estar parado, em frente a um dos vários tanques do aquário repleto de animais marinhos era incrível.

Paredes inteiras feitas de vidro temperado e extremamente grosso, projetado para aguentar toneladas de água e ataques de animais. A iluminação era pouca, mas era azulada, destacando apenas os aquários iluminados, enfeitados com corais e areias coloridos, formações rochosas e algas de variadas cores. Vez ou outra, tubos de vidro finos e grossos, interligando o teto com o chão, apareciam, e, por ali, nadavam peixes menores.

Jinki observava o mais novo com um sorriso em seu rosto. Divertia-se vendo a alegria do outro; e o narizinho que não parava de mexer, mostrando seu interesse em tudo que colocava os olhos, era adorável.

-Achei que já tivesse vindo aqui – Jinki comentou, observando um cardume que passou correndo pelo vidro.

-Hm – Taemin balançou a cabeça para os lados – Não gosto de sair sozinho.

E, realmente, Jinki consegue contar nos dedos as vezes em que Taemin já saiu sozinho do apartamento. Eram raras até as vezes em que ele saía acompanhado.

-Jin – O meio-coelho chamou, e Jinki logo voltou sua atenção ao menor – Me fala sobre eles.

Jinki sorriu, prontamente apontando um peixe no fundo do aquário, ao longe.

-Tá vendo aquele tubarão? – Aproximou-se de Taemin para melhor lhe indicar qual peixe era – Chama tubarão-martelo por causa do focinho. Repara como o ele é dele é achatado – Ele virou-se de frente para o mais novo, gesticulando a forma do focinho com as mãos – Os olhos ficam nas laterais, junto com os narizes, mas ele não enxerga muito bem. Nenhum deles, na verdade. Eles caçam pelo cheiro e por um sensor eletromagnético na ponta do nariz.

-Se são predadores, por que não atacam os outros peixes dentro do aquário?

-Eles são bem alimentados pra não terem a necessidade de caçar os outros.

Nesse mesmo instante, o tubarão anterior passou nadando bastante próximo ao vidro. Taemin abriu a boca em surpresa.

-Meu Deus, ele é enorme...!

-Sabe, se você deitar no chão quando um tubarão estiver atrás de você, ele não vai conseguir te pegar. Eles costumam caçar de baixo pra cima ou em linha reta. Dificilmente eles abaixam a cabeça para tentar morder.

-Sério?! Eu nunca pensei nisso.

Jinki riu.

-Eu acho que isso é normal, já que você não trabalha com nada disso – Afagou a cabeça do menino – Vem cá – Jinki puxou-o pelo pulso até outro aquário próximo, muito maior que o anterior, e apontou para um peixe enorme, preto de bolinhas brancas – Aquele é um tubarão-baleia.

-Aquilo é um tubarão? – Taemin comprimiu os olhos para tentar identificar qualquer traço ameaçador que pudesse existir, mas não encontrou nenhum – Tem certeza que aquilo é um tubarão?

Jinki riu.

-Tenho. É um tubarão-baleia. Chegam a medir até quase vinte metros. Têm todo esse tamanho, mas são inofensivos. Quer vir ver as arraias? O aquário fica no chão e você anda por cima dele, acho que vai gostar.

-Hm!!

E o rabinho do meio-coelho balançou tão rapidamente que, mesmo se ele negasse, era fácil saber a verdade.

 

-Whooooaaa!! Olha o tamanho disso!! É quase um tapete! – Taemin exclamou, andando por cima de uma arraia-gigante.

Jinki divertia-se com cada comentário inocente que o mais novo soltava, e, vez ou outra, soltava informações sobre os peixes que passavam por eles.

-É, elas são bonitinhas, mas não se deixe enganar. Já viu o tamanho do ferrão na ponta da cauda? Uma picada e você vai querer cortar seu braço fora de tanta dor.

-Mmmmnnnnnnhhh – Taemin arrepiou-se ao fazer uma careta de choro – Não gosto mais delas.

E, novamente, Jinki se divertia.

-Relaxa, Honey Bunny – Cutucou o nariz do outro – Tô só te botando medo. É só não nadar em locais perigosos e estar bem protegido se for mergulhar no aquário. Não pisando em cima dela ou ameaçando, ela não vai te fazer mal. Além disso, você ia gostar de ver uma dessas por baixo. A boca e o nariz ficam na barriga, mas os dois juntos parecem uma carinha feliz. Aquela maior ali – Jinki apontou para uma mais distante, estupidamente maior que as outras – É chamada Jamanta. Chegam a atingir sete metros de envergadura e não têm espinho na cauda. São inofensivas. Se alimentam, praticamente, só de plâncton.

 

Continuaram a andar e pararam, então, em frente a um aquário com peixes menores, mas com uma maior variedade de espécies. Taemin, instantaneamente, grudou no vidro. E sem que o mais novo percebesse, Jinki colocou-se por trás dele, encaixando o queixo em seu ombro; levou a mão esquerda à sua cintura, enquanto a direita entrelaçou nos dedos do menino e, desta forma, Jinki guiava a mão de Taemin e ia apontando seu indicador para cada peixe.

Apontou para um polvo ao longe.

-Os polvos não possuem esqueleto, mas possuem três corações.

Apontou para um cavalo-marinho.

-Cavalo-marinho é uma das poucas espécies no mundo em que o macho carrega os ovos dos filhotes no lugar da fêmea, depois de fecundados.

Apontou para um casal de tartarugas que passou nadando acima de suas cabeças.

-As tartarugas-marinhas, diferentemente das terrestres, não conseguem retrair a cabeça e os membros para dentro do casc-

-Mãe, um coelho!

Taemin e Jinki franziram o cenho e se entreolharam no mesmo instante, antes de se virarem para ver quem tinha falado.

-Sshh, filho! É feio apontar! – A mulher tentou abaixar a mão do garoto, mas ele voltou a apontar o dedo para o meio-coelho.

-Mas, mãe, ele é um animal também, não é?

-Olha aqui, é falta de educação você dizer essas coisas, eu já te falei. Se não parar, a gente vai pra casa.

-Mas, mãe! Se ele é animal, ele não deveria estar num zoológico também?

-Já chega. A gente tá voltando pra casa – A mulher tomou a mão do menino nas mãos e, para a surpresa de Jinki e Taemin, a mãe da criança virou-se de frente para eles e se curvou – Peço desculpas pelo meu filho – E foi embora arrastando a criança que seguia a contragosto.

Jinki suspirou, pousando as mãos no ombro do mais novo, apertando carinhosamente.

-Hey, não fique triste por causa desse tipo de comentário. Crianças, hoje em dia, saem falando qualquer coisa...

Mas aquilo foi o bastante para matar o ânimo de Taemin ali mesmo.

 

 

•ᴥ•

 

 

Taemin acordou num campo de gramas altas, camuflando-o por completo enquanto permanecesse deitado. O céu de nuvens macias e brancas que passavam lentamente com o vento, e o pedaço da copa frondosa de uma cerejeira eram as únicas coisas que a vegetação alta em seu redor lhe permitia ver. Foi quando sentou que sentiu cada pequeno pelo em seu corpo arrepiar.

Num primeiro momento, pensou estar numa ilha, já que em redor do pedacinho de terra em que estava só havia azul, mas foi quando seu cérebro conseguiu distinguir com clareza as formas que o rodeava que ele percebeu que estava em uma ilha flutuante. Todo o azul que pensava ser mar era céu. E abaixo de sua de sua pequena ilha, sim, era mar de nuvens; um tapete branco e todo ondulado que ia até onde a vista conseguia alcançar.

Ele estava acima das nuvens... Ou num mar de nuvens?

Haveria um verdadeiro mar abaixo dele, ou apenas um cair infinito?

Se fosse um mar de nuvens, haveria um céu de mar?

 

Foi um pequeno barulho por entre a grama alta que desviou a atenção do garoto de seu devaneio particular para o pequeno camundongo que corria em direção a beirada da ilha. Taemin desesperou-se e praticamente se atirou para perto da beirada da ilha, esperando conseguir salvar o pequeno mamífero, mas o camundongo fora mais rápido. E quando Taemin pensou que ali seria o momento da gravidade atuar e fazer com que o animal caísse, um vulto escuro passou voando, carregando o camundongo consigo.

Outro vulto passou depois daquele. E outros mais.

Quando Taemin prestou atenção, percebeu que eram arraias voadoras, e que o camundongo de antes estava voando em cima de uma com toda a naturalidade possível.

Talvez se ele...?

Taemin levantou-se, deu alguns passos para trás e mordeu o lábio, prestando atenção nas arraias que se aproximavam.

Ele só teria uma chance, de qualquer jeito.

E Taemin correu e saltou, e-

 

*CLANG!*

 

-O QUE-OUCH!! – Taemin esfregou com a mão o lado do rosto que bateu no chão ao cair da cama. Colocou-se sentado, olhando para todo o lençol espalhado pelo chão. Procurou o relógio em seu criado-mudo: 2h37min. Suspirou, sabendo que o barulho de louça quebrando na cozinha era obra de Lee Jinki e sua insônia.

Levantou-se vagarosamente do chão e arrastou-se, ainda sonolento, para fora do quarto. Deu um passo marcado por vez, coçando os olhos com o nó dos dedos.

-Jinki – Murmurou fraco quando chegou na porta da cozinha, cobrindo o bocejo com a mão e enxugando as lágrimas que se formaram com a manga do pijama.

-Oh, Taemin?! – O mais velho largou os cacos de vidro por cima da pia e correu abraçar o garoto que, por pouco, não voltava a dormir ainda em pé – Desculpa te acordar. Pode voltar a dormir. Tá tudo bem.

-Não – O garoto resmungou, ainda sonolento – Você vai quebrar a cozinha toda.

E Jinki não conseguiu conter a risada por causa do comentário espontâneo do garoto.

-Não vou, prometo.

Mas Taemin era teimoso, e chacoalhou a cabeça para os lados.

-Eu te ajudo, seja lá qual for a gororoba que você tá fazendo – Distanciou-se do mais velho, já caminhando em direção ao fogão, diminuindo o fogo e buscando uma colher de pau para mexer o conteúdo da panela.

Jinki sorriu derrotado. Às vezes ele se perguntava quem tomava conta de quem ali. Caminhou até a pia e continuou a recolher os cacos, mas não demorou muito para que soltasse algum palavrão ao se cortar com um dos pedaços de vidro do prato quebrado.

Taemin imediatamente soltou a colher de pau e tomou a mão de Jinki nas suas. O mais velho esperava que o mais novo colocasse o dedo cortado debaixo da água da torneira; passasse sabão; tudo, menos levar o dedo cortado até a boca e lamber o corte.

Se Jinki se encontrava levemente sonolento antes, agora, com certeza, todo pouco de sono que tinha evaporou ao observar atônito ao gesto inesperado. Bem... Taemin era metade animal... Não era algo de se estranhar, certo? Animais tendem a lamber os ferimentos uns dos outros... Certo?

Ora essa, Jinki era formado em biologia. Quem mais, além dele, para saber desse tipo de coisa?

Mas não era como se seu cérebro estivesse registrando muita coisa naquele momento. Não quando as maçãs do rosto coraram e ele, inconscientemente, engoliu a própria saliva.

-Seja mais cuidadoso, Jin – Taemin sussurrou, roçando levemente parte dos lábios umedecidos na ponta do dedo de Jinki, e o mais velho pode apostar que o garoto fizera isso sem nem perceber. Jinki assentiu, mas mal prestou atenção nas palavras que saíram daqueles lábios, se não nos lábios em si.

-Tá-T-Tá...

 

Taemin pôde sentir sua própria consciência enublar ao olhar nos olhos de Jinki e percebê-los focados em cada movimento que seus lábios faziam. Conseguiu ouvir as próprias veias começarem a pulsar aceleradamente e prendeu a respiração ao perceber seu próprio cheiro mudar novamente. Isso não era bom.

Isso era péssimo.

E a luz da lua serena caindo sobre a silhueta de Jinki de nada o ajudava.

Taemin soltou-se de Jinki de repente e afastou-se, caminhando de volta para o fogão.

-Vai pra sala assistir alguma coisa que a hora que eu terminar, eu te chamo – Foi sua palavra final, e nem sequer olhou para Jinki quando deu a ordem.

O mais velho limitou-se em assentir e fazer o que fora mandado.

 

Taemin pousou uma mão no lado do fogão desocupado, apoiando seu peso, e com a outra mão, esfregou o rosto. Droga. Ele estava ficando atordoado novamente. Precisava dar um jeito nisso, e rápido.

 

Não era a primeira vez que Taemin decidia acompanhar Jinki em sua insônia em intermináveis noites como um bom amigo.

Geralmente, Taemin e Jinki ficariam lado a lado no sofá; talvez o mais novo até deitasse em seu colo, se sentisse vontade. Mas naquela noite, Taemin fez questão de sentar no lugar mais distante do mais velho.

 

 

•ᴥ•

 

 

Dois dias depois, Jinki acariciava os pelos da orelha do mais novo debruçado sobre seu peito enquanto estavam deitados no sofá, vendo um programa de culinária qualquer em mais uma madrugada de insônia.

-Você anda quieto nos últimos dias – Jinki apontou – Continua pensando naquilo?

Taemin não precisava ser um gênio para saber a que Jinki se referia.

-Hm... – Taemin balançou vagarosamente a cabeça para cima e para baixo – Não é a primeira vez que eu ouço isso... Acha que ele tem razão? – Jinki estava pronto para negar, mas o mais novo continuou – Eu não sou um humano... E nem um animal... Sou um meio-termo entre as duas coisas e não sei em qual delas eu deveria tentar me encaixar. Uma vez eu ouvi de alguém que somos uma subespécie. Que regredimos na evolução, e o melhor que a gente fazia, era ser mão-de-obra, ou algo do tipo...

-Primeiro de tudo. Eu não concordo com o que aquele garoto falou. Não acho que você deveria ir parar em um zoológico, e nem acho que nenhum tipo de animal mereça ser trancafiado-

-Mas você trabalha num aquário.

-Touché – Jinki sorriu tristonho, mas acabou dando de ombros – Não tenho muita opção de onde ir pra poder trabalhar no que eu gosto... Não aqui na capital – Suspirou novamente – Segundo, não acredito que “regredir” seja bem a palavra. Eu diria que “avançar” seria mais correto – Jinki afastou minimamente o rosto para olhar para Taemin – Olha só pra você. Tem os ouvidos aguçados, olfato sensível e é naturalmente mais rápido que a maioria dos humanos. Se alguém regrediu na evolução aqui, fui eu – Terminou rindo, a fim de aliviar a atmosfera, mas ao perceber a carinha do mais novo que ainda continuava triste, Jinki tentou outra abordagem – O que foi? Tem algo mais que tá te preocupando?

-Eu... – Taemin mordeu o lábio, passando os dedos em uma de suas orelhas e puxando-a para baixo, para que entrasse em seu campo de visão – Já pensei se talvez não fosse melhor tentar ser mais... Humano – Puxou a orelha com mais força – Já que não tem como me consertar pelo DNA, talvez por fora... – Taemin puxou com mais força – Se eu me livrasse disso aqui... Cortasse fo-

-O que você tá fazendo?! – Jinki colocou-se sentado num sobressalto, segurando ambas as mãos do menino e olhando em seus olhos arregalados – Taemin, o que você tá dizendo?! O que você tá pensando?! Não se atreva a fazer uma coisa dessas. Não se atreva nem a pensar em uma coisa dessas – Soltou uma das mãos para que pudesse acariciar a orelha que fora judiada momentos atrás, passando o polegar gentilmente sobre o pelo – Suas orelhas são lindas. Seu rabinho é lindo. Você é lindo – Taemin mordeu os lábios, sentindo os olhos umedecerem – E você é perfeito – Taemin abaixou a cabeça, e Jinki resolveu cutucar a testa do menino com o indicador – Coloca isso na sua cabeça. Você. É. Perfeito.

 

Com as orelhas caídas, Taemin procurou aconchego no peito mais velho, e achou-o facilmente quando fora abraçado apertado. Afundou a narinas no pescoço do outro, buscando inalar o cheiro de Jinki que sempre o acalmava. Conteve alguns soluços... Outros conseguiram passar pela garganta... Mas em todos eles, Taemin encontrava-se abraçado a Jinki como se sua vida dependesse disso. Permaneceu assim até pegar no sono, e, Jinki, em momento algum, enfraqueceu seu abraço.

Surpresa foi Jinki adormecer pouco depois também.

 

 

•ᴥ•

 

 

Jinki estava parado em pé na cozinha, de frente para o fogão, no qual uma panela cheia d’água estava posta, mas chama nenhuma estava acesa. Tinha um pacote de macarrão nas mãos e lia as instruções no verso meticulosamente, ao ponto de formar pequenos morros em sua testa pelo cenho franzido.

Macarrão...

Taemin fazia isso o tempo todo. Não deveria ser tão difícil, certo?

Ele sabia que o mais novo tinha razão quando dizia que ele teve sorte de não desenvolver nenhum câncer – pelo menos, não que ele soubesse – por esquentar comida congelada todo santo dia quando ainda morava sozinho.

Suspirou fundo, abrindo a embalagem com os dedos. Parou por um momento, lembrando que sequer havia esquentado a água ainda. Deveria colocar algo a mais na água, não deveria? Taemin sempre colocava alguma coisa...

Jinki estava com os braços cruzados, pensativo, segurando o pacote aberto de macarrão em uma das mãos, quando um grito agudo e assustado que soou do fundo do apartamento fê-lo jogar macarrão para todo lado.

Olhou espantado para o corredor que interligava a sala e os quartos.

-Taemin? – Chamou, embora não muito alto.

-Ah! Droga!

-Taemin?! – Chamou mais alto, dessa vez, caminhando apressadamente até o corredor. À medida que se aproximava, barulho de água corrente se fazia mais forte. Taemin estava no banheiro? – Taemin? – Confirmou suas suspeitas quando olhou para baixo e viu água vazar por debaixo da porta.

-Hyung! Socorro! Aah! Droga!! Fica parado, saco!!

De repente, pareceu que um grande volume de água caiu. Jinki ouviu o mais novo gritar novamente e já conseguia sentir os pés molhados pela água que vazava por debaixo da porta. Ouviu barulhos de metal se chocando contra a superfície do banheiro; ouviu Taemin gritar outra vez e também o barulho de algo pesado caindo contra o piso.

-Yah!! – Jinki bateu na porta do banheiro repetidas vezes – Taemin?! Tá tudo bem?! Taemin??

-Hyung... – Ouviu-se um choro manhoso do mais novo – Acho que eu quebrei o banheiro...

-Quê?! – Jinki olhou incrédulo para a porta de madeira a sua frente.

Quebrar o banheiro? Isso já não era demais?

-Tae, abre a porta! O que tá vazando aí?!

A porta foi destrancada, e a cena que Jinki viu diante de si lhe cortou o coração: Taemin estava completamente encharcado; as orelhas pingando; de joelhos para evitar escorregar mais do que já fazia no chão coberto por uma grossa camada de água, e cobrindo suas partes íntimas com uma toalha tão encharcada quanto ele. O mais novo olhou para ele com os olhos brilhosos em pânico.

-Jiiinhhngkii~ – Taemin resmungou com voz chorosa – Eu... – Ele fungou – Eu destruí o banheiro~~

-Tae!! – Jinki ajoelhou-se de frente ao garoto, retirando os fios molhados grudados no rosto, mas qualquer traço de preocupação com o meio-coelho se esvaiu, junto com a cor de seu rosto, assim que ele pôs os olhos no banheiro – Meu Deus, Tae, você estourou o chuveiro!! – Jinki levantou-se correndo até o vazamento, molhando-se pela água que espirrava do cano estourado – Ah! Meu! Deu-ARGH! – Mas o pobre coitado nem bem deu três passos antes de escorregar e cair de costas, batendo a cabeça com força.

-Jinki!! – Taemin engatinhou até o mais velho, escorregando uma ou outra vez pelo caminho – Jin!! Machucou?!

-Ouch! – O mais velho sentou-se com dificuldade, esfregando a mão no lugar da pancada. A essa altura, ele já estava tão encharcado quanto o meio-coelho. E isso não era nada bom. Nada bom – Eu-Whoa! – Tentou se colocar em pé, mas acabou escorregando e pousando de quatro no chão – E-Eu... – Olhou para o chafariz que se tornara seu chuveiro – A gente tem que botar o chuveiro de volta – Tomou um escorregão no primeiro passo que deu, mas conseguiu se segurar na parede ao lado.

-Jin-Jinki, cuidado! – Taemin continuou engatinhando atrás dele, com medo demais de se machucar, caso se levantasse.

-E-Eu tô tentan-ARGH! – Agarrou-se no registro do chuveiro – Não era pro piso ser antiderrapante?! – Resmungou.

E o pobre Taemin apenas soube olhar para a camiseta grudada nas costas molhadas do mais velho. Jinki tentou olhar para cima para ver o estrago do chuveiro, mas estava bem debaixo da água que caía.

-Eu preciso... – E, novamente, ele escorregou. Desta vez levando Taemin consigo para o chão, caindo de costas por cima do garoto que chiou ao sentir, não só a água fria lhe encharcar novamente, como o súbito peso em cima de si – Tae!! – Jinki, em seu desespero, começou a dar tapinhas no rosto do garoto, para que ele abrisse os olhos – Tae? Tae!! Fala comigo!!

E o meio-coelho não soube dizer com qual milagre a toalha encharcada ainda permaneceu por cima de seu corpo àquela altura, mas pôde jurar que teve a visão surrealista mais angelical de sua vida quando reabriu os olhos. Era por isso que ele sempre evitou o banheiro quando sabia que Jinki estava tomando banho, ou o quarto do mais velho quando sabia que ele estava lá. Os hormônios do meio-coelho eram uma bomba relógio, e ver Jinki com os cabelos molhados, roupa colada ao corpo, gotas de água traçando os mais sinuosos caminhos e pingando pelo rosto, sob a luz celestial que se tornou a do banheiro, apenas fez com que continuasse a contagem regressiva para a explosão. Se ele quisesse, poderia beijar aqueles lábios facilmente, mas... Ele não deveria nem pensar nisso. Ele é um coelho.

O pobre garoto umedeceu os lábios inconscientemente, mas mordeu-os em seguida.

Se ele fizesse isso, Jinki o botaria para fora como qualquer outra pessoa sã faria.

E lá foi ele prender a respiração de novo.

-Tae? – Mas antes que Jinki pudesse se aproximar mais do rosto do garoto, o meio-coelho jogou-o longe e colocou-se sentado num sobressalto.

-E-Eu... – Taemin esfregou o rosto e correu os dedos pelos cabelos molhados, fitando o chão – Eu vou ligar pro síndico e pedir pra desligar a água até a gente conseguir consertar isso.

-Eu... Vou pegar a escada na despensa... – Jinki sugeriu então.

E Taemin não sabe dizer porque decidiu se levantar naquela hora, pois bastou colocar os pés no chão para que escorregasse e acabasse agarrado ao gancho das toalhas para não cair. Ele já havia começado a ficar atordoado.

-Maldição... – Ele murmurou consigo mesmo, voltando a dar cautelosos passos em direção a porta.

-Tae, cuidado!

-Eu sei!

 

Aquilo não estava acontecendo.

Aquilo não podia estar acontecendo.

Taemin repetia feito um mantra em sua cabeça.

 

-Você tá quase lá... – Taemin deu um passo – Cuidado... – Deu outro passo, ignorando por completo o fato de Jinki estar a um metro e meio de distância e rumando para o mesmo caminho – Muito bom, muito bom. Quase lá... – Respirou fundo, mas não foi uma das decisões mais espertas que já teve. O cheiro de Jinki nunca lhe incomodou tanto na vida. Levantou um braço trêmulo na direção da maçaneta da porta – Qu-Quase l-AAH!

Taemin bateu os joelhos com força no chão, mas conseguiu segurar na porta. Mas ele não gostou, nem um pouco, do vento frio que batia em sua cauda naquele momento.

Ah não...

-Tae-

-Não olha!!

 

Talvez se Taemin não tivesse dito isso, Jinki nem teria percebido que sua toalha caíra no chão. Certamente o rabo preto é de grande destaque na pele branquinha, mas o mais velho estava mais preocupado com o bem-estar do garoto do que... Bem...

Jinki já vira aquela cauda inúmeras vezes antes, mas... De fato, aquele era um bumbum muito bonito.

Talvez... Até sexy com o pompom preto peludo... E Taemin com o traseiro quase empinado na situação em que se encontrava...

Oh...

Jinki rapidamente desviou os olhos para o chão e cobriu os olhos com uma mão. Apenas tirou-a dali quando ouviu a porta do banheiro se fechar e teve certeza de que Taemin já tinha saído. O mais velho mal deu dois passos em direção a porta quando escutou um tombo vindo do corredor.

-Merda de piso de madeira!! – Ele escutou Taemin bufar.

 

 

•ᴥ•

 

 

Taemin apertou os dedos envoltos na escada até que suas pontas ficassem brancas quando sentiu um arrepio correr em sua espinha e eriçar seus pelos do corpo. Rangeu os dentes.

Jinki estava na escada, dois degraus acima do chão, tentando consertar o chuveiro, e a fivela de seu cinto estava bem na cara do meio-coelho. Taemin começou a bater o pé contra o piso molhado do banheiro; tentava prestar atenção nas ondas que se formavam na água, ao invés do cheiro que o estava sufocando.

Engoliu a seco.

 

No quê ele foi se meter?

 

O garoto ainda estava de toalha. Começou a ajudar Jinki a tentar consertar o chuveiro logo que cortaram a água do apartamento. Sabia que se entrasse em seu quarto para se enxugar e trocar de roupa, não sairia mais dali, e ele não podia deixar Jinki resolver sozinho um problema que ele havia causado. Mas o mais velho o estava matando daquela forma.

Taemin fechou os olhos com força quando sentiu uma onda de calor passar pelo corpo. Inalou bruscamente, segurando-se como todas as forças na escada para não perder o equilíbrio. Tentou prender a respiração novamente, mas quando inalou o cheiro que estava bem em frente a ele, voltou a ficar atordoado.

Eles estavam bem no meio do inverno e Taemin sentia como se fosse explodir em lava.

Talvez o mais velho tivesse lhe perguntado alguma coisa, mas Taemin estava concentrado demais em se conter para sequer ter prestado atenção. O cheiro de Jinki estava deixando sua cabeça mais leve. Não sabia dizer se estava suando ou eram gotas de água escorrendo pelo cabelo ainda molhado; não sabia se desmaiaria ou acabaria atacando Jinki antes disso. Na verdade, rezava para que Jinki terminasse o que quer que estivesse fazendo antes disso acontecer, assim ele poderia se trancar em se quarto o quanto antes.

-..min? Taemin?! – E o garoto pulou para fora de sua pele quando sentiu a mão quente do mais velho tocar seu ombro. Arregalou os olhos quando sentiu seu coração acelerar mais do que nunca – Tae? Você tá ofegando. Tá tudo bem?

-Jin... Me deixa sozinho, por favor... – Sussurrou, ainda cabisbaixo.

-Sozinho? Tá maluco? Você tá quente – Jinki observou quando tocou o garoto – Tá com febre?!

Taemin se esquivou de outro toque.

-Então eu vou sair – Respondeu n’outro sussurro, e imediatamente afastou-se da escada, correndo aos tropeços e escorregos para fora do banheiro.

-Taemin!! – Jinki desceu da escada às pressas, e, mesmo que estivesse escorregando e esbarrando nas paredes tanto quanto o meio-coelho, Taemin ainda era mais rápido. Sempre foi. Bastou Jinki colocar um pé para fora do banheiro para escutar o barulho da porta do quarto do mais novo se fechar com força e ser trancada logo em seguida. E ele ficou ali, parado, apoiado no batente da porta olhando o quarto do mais novo, sem saber o que havia acontecido.

Jinki fitou o chão, de cenho franzido, pensativo.

Piscou várias vezes tentando pensar por qual razão Taemin teria agido daquele jeito. A última vez que Taemin agiu estranho foi por causa de sua mutação leporídea.

Jinki já tinha uma leve ideia do que aquilo poderia ser...

 

 

•ᴥ•

 

 

Taemin deslizou as costas pela porta até se sentar no chão, ofegando fortemente.

Era suor, agora ele tinha certeza.

Abriu os olhos, mas eles estavam pesados. Não sabia o que fazer.

Engoliu a seco.

 

-Taemin? – Sentiu um arrepio correr pela espinha quando escutou o mais velho gritar do corredor e, no mesmo momento, pressionou as orelhas contra a cabeça. Não queria escutar aquela voz. Não agora. Era perigoso demais.

Levantou-se com a ajuda da cama ao lado na qual ele se apoiou, e procurou pelo fone de ouvido desesperadamente dentro da gaveta do criado-mudo. Tomou o celular que repousava por cima do móvel e caminhou em ziguezague até o canto mais distante da porta, abaixo de uma das janelas, e sentou-se ali.

Encostou o corpo nu na parede gelada, plugou o fone em seu celular, levou-o até os ouvido, e deixou que a primeira música que estivesse na playlist tocasse, qualquer que fosse. Suspirou em alívio, fechando os olhos.

 E ficou.

 

Ficou até parar de ofegar.

Até conseguir respirar normalmente e seu corpo parar de arder em brasa.

Ficou até sentir a mente sã novamente.

Apenas ficou...

 

Não prestou atenção por quanto tempo, no entanto. Talvez por umas vinte e seis músicas. Talvez mais. Ninguém estava contando, de qualquer forma.

 

Abriu os olhos quando sentiu uma brisa fresca passar pela janela e mexer seus cabelos, e a primeira coisa que focalizou foram as cortina se mexendo acima de sua cabeça.

Suspirou.

E ele chegou a pensar que talvez isso não fosse chegar a acontecer enquanto estivesse aqui...

Pausou a música do celular, tirou os fones de ouvido e o desplugou-os. Discou para alguém que talvez – apenas talvez – soubesse o que fazer nessa situação.

-Mãe? – Ele sussurrou. Dentro de casa, ele era o único com mutação. Não tinha certeza se sua mãe conseguiria ajudar, mas preferiu arriscar – Eu... – Suspirou fundo – Acho que... É de eu sair daqui...

Taemin falou sério quando disse que sairia.

 

 

•ᴥ•

 

 

*Thud!* fez a bolinha que bateu no teto.

 

Já se passaram quatro horas...

 

*Thud!*

 

Jinki desistiu de consertar o chuveiro aquela noite e apenas enxugou a água do banheiro com panos. Secou-se com uma toalha reserva e decidiu que o melhor que faria, era colocar seu pijama. Estava deitado em sua cama, observando o branco apagado do teto no quarto escuro, jogando uma bolinha para cima de novo e de novo.

 

*Thud!*

 

Se a situação fosse tão delicada quanto pensava que fosse, não adiantaria esmurrar a porta do garoto e chamá-lo, não importa quantas vezes tentasse. Só iria piorar a situação. E Jinki detestava se sentir impotente.

Tinha certeza que não teria um pingo de sono aquela noite.

 

*Thud!*

 

E foi a última vez que jogou a bolinha, porque naquele mesmo momento, Jinki escutou movimentação acontecer no quarto em frente ao seu. Franziu o cenho de imediato e girou a cabeça para a própria porta. Pensou que o mais novo estivesse dormindo a essa altura, mas, pelo visto, estava enganado. Se não estava dormindo, o que Taemin estaria fazendo?

Prendeu a respiração quando escutou a porta do quarto do meio-coelho se abrir, para prestar atenção. E foi ao som de rodinhas sendo arrastadas pelo corredor que Jinki arregalou os olhos e pulou para fora da cama, correndo aos tropeços até a porta de seu quarto e abrindo-a bruscamente.

-Taemin?!

E o dito garoto parou no meio do corredor, junto da mala que arrastava em uma das mãos. Abriu um sorriso e virou-se para o mais velho.

Um sorriso tão forçado...

-Achei que talvez hoje tivesse conseguido dormir... – Comentou, referindo-se sobre a insônia do outro.

-Aonde você tá indo?

O sorriso do garoto vacilou por um momento, e, aos poucos, foi baixando a cabeça, e o sorriso se desfez numa linha fina.

-Pra quê essa mala? Tae, volta pra cama. Tá tarde, já.

 

Taemin apertou o puxador da mala com força.

Sentiria falta da preocupação do mais velho para consigo.

 

Suspirou ao retirar um envelope dobrado do bolso de trás da calça. Analisou-o, vendo seu nome escrito em preto e em letras tortas, antes de estender sua mão para o mais velho e oferece-lo.

-Tem o dinheiro do conserto do chuveiro e do aluguel – Informou Taemin simplório, jamais levantando os olhos para os do mais velho.

-Ótimo. Então pode pagar você mesmo quando vier a cobrança – Jinki respondeu sem rodeios, não movimento um músculo sequer para pegar o envelope.

Taemin apertou o envelope com os dedos por reflexo, amassando ainda mais o papel dobrado. Não esperava esse tipo de resposta; rápida e direta, e talvez até um pouco grossa. Mas não podia dizer que ficou chateado. Pelo contrário, fê-lo engolir a própria saliva e seu coração acelerar.

Piscou os olhos algumas vezes, dissolvendo aquela resposta em sua mente, mas logo se recompôs. Abriu outro sorriso vazio e caminhou até a cozinha, arrastando a mala consigo.

-Taemin?! – E Jinki o seguiu a passos rápidos, sendo capaz de ver o momento em que o mais novo rumou em direção ao balcão da cozinha e estava prestes a depositar o envelope ali.

Bem, ele nunca conseguiu.

Jinki estapeou o envelope longe antes que o mais novo conseguisse. Taemin permaneceu imóvel, encarando de olhos arregalados a própria mão vazia.

-Por que você tá fazendo isso, Taemin? Por que de repente? Por que não me disse nada?!

O garoto comprimiu os lábios.

-É complicado, Jinki...

-Então facilita.

E, novamente, Taemin surpreendeu-se com o tipo de resposta curta e grossa que Jinki lhe deu, levando os olhos arregalados em direção aos do mais velho. E estes eram mais sério do que ele esperou.

-Não dá mais pra eu ficar aqui, Jinki...

-Me dê uma razão convincente e sensata e eu te deixo ir – Ele cruzou os braços.

Taemin suspirou derrotado, desviando os olhos para o chão e nem um pouco contente com a situação. Mordeu o canto dos lábios e seu pé, automaticamente, começou a bater repetidas vezes no chão como fazia quando estava nervoso.

-Jinki... Eu sou um coelho... – Bufou cansado, correndo os dedos pelos cabelos em frustração – Que droga, Jinki. Você deveria saber, que droga! – Esfregou o rosto com as mãos e respirou fundo, tentando se acalmar – Que droga...

-Isso tudo é só por causa do cio?

E Taemin arregalou os olhos novamente por entre os dedos. Olhou Jinki incrédulo.

-Você sabia...?

O mais velho suspirou, dando de ombros, descruzando os braços e escondendo as mãos dentro do bolso da calça do pijama.

-Eu andei suspeitando.

Taemin bufou, rindo em deboche logo em seguida.

-E você ainda tem coragem de dizer “só por causa do cio”? – Ele soltou do puxador da mala, rapidamente apontando o indicador para o peitoral do mais velho – Tem noção do quanto isso é difícil? Estressante?! Qual o seu problema, Jinki?! – Empurrou o mais velho para trás, embora não com muita força – Você diz que estudou biologia, mas não tem nem ideia de como a porra de um cio de coelho funciona! – Empurrou-o novamente – Você não sabe como é difícil tentar arrumar lugar pra morar, quando todo mundo acha que você vai estuprar essa pessoa quinze segundos depois que ela fechar a porta atrás de você!!

Taemin terminou a frase aos berros, ofegante. Levou os olhos para o teto, porque já estava nervoso demais que temia acabar chorando. Esfregou o rosto com as mãos, bufando irritado.

-Eu não quero que isso aconteça com a gente, Jin... – Sussurrou, derrotado – Eu não quero acabar pulando em você quando um dia eu não conseguir mais me controlar. Eu não quero que fique um clima estranho entre a gente aqui... – Abaixou o rosto, correndo os dedos pelos cabelos novamente – Você é uma das pessoas mais queridas na minha vida... Eu não quero que você acabe me odiando por causa disso...

Jinki esticou o braço, afagando o ombro do garoto, e logo enrolando seus dedos ali, segurando-o no mesmo lugar enquanto caminhava para mais perto.

-Eu sei como é o cio de leporídeos – Jinki arqueou as sobrancelhas, sério, mas falando manso e pausadamente – Eu sei que não funciona por estações do ano, e eu sei que é induzido – O mais velhos deslizou a mão até seus dedos se entrelaçarem nos do mais novo. Olhou bem nos olhos avermelhados e nervosos do garoto – Fui eu que causei isso?

 

Jinki não havia perguntado aquilo.

Taemin se recusava a acreditar que Jinki, de uma hora para outra, inflara tanto o próprio ego a ponto de achar que ele fora o causador da situação de desespero do meio-coelho.

O garoto arregalou bem os olhos diante daquela pergunta, bufou debochado, mas desviou o rosto, sabendo que o rubor de suas maçãs do rosto era humilhante demais.

Não tinha coragem de responder ‘sim’.

 

-E-E que diferença faz?

Jinki bufou, já começando a perder a paciência.

-Eu não vou te deixar sair daqui, põe isso na tua cabeça.

-Você não decide as coisas por mim, Jinki. E o que você pretende não me deixando ir embora, afinal?

-Eu quero te ajudar a passar por isso, Taemin!! – Jinki ergueu a voz.

-Como?! – Taemin ergueu-a mais ainda, e em seguida riu debochado novamente – Vai fazer o quê? Virar meu pau amigo?

-Sim, se isso te impedir que acabar transando com qualquer um por aí, caso você perca o controle – Jinki respondeu por entre os dentes, puxando Taemin para mais perto, deixando-o atônito – Pra ser honesto, eu tinha pensado que você gostava de mim, depois de todas as vezes que você já esfregou o queixo no meu ombro.

Apenas ouvir aquilo já fora o suficiente para que seu coração batesse rápido novamente. Forçou-se a virar o rosto para o lado quando sentiu o hálito do outro bater-lhe na pele do rosto.

Não era essa a fuga que ele esperava fazer. Estar próximo de Lee Jinki desse jeito, definitivamente, não estava em seus planos.

Torceu para que o mais velho tivesse dormido por stress ou cansaço, e deixaria o envelope por cima do balcão com um bilhete escrito sua finalidade. Tinha tudo pronto: ligou para mãe, e combinaram que ela o buscaria na rodoviária quando seu ônibus de volta para casa desembarcasse. O táxi que o levaria à rodoviária já deveria até estar lá embaixo, esperando-o impaciente. Mas qualquer resolução que ele tivesse em sua cabeça havia evaporado em questão de minutos e Lee Taemin nunca se encontrou tão perdido na vida. Não teve nem a capacidade de conseguir bater o pé em nervosismo; no lugar disso, começou a ofegar à mesma medida que a visão embaçava.

Já estava de saco tão cheio de ter que passar por isso...

-Você enlouqueceu, Jin... – O que era para ter saído como uma afronta, saiu como uma voz chorosa que apenas se acentuou pelo gemido sôfrego que lhe escapou pela boca.

-Ah... Honey Bunny... – Jinki trouxe-o contra o peito, encaixando o rosto do garoto na curva de seu pescoço e afundando seu nariz nos cabelos morenos.

Taemin sentiu o corpo todo se arrepiar e uma onda de calor crescer da ponta dos membros para o interior do corpo quando escutou o apelido e foi envolto no forte abraço.

-Não me chama assim... Por favor – E mesmo que por inconsciência, seus dedos se enroscaram na blusa do pijama do mais velho.

-Piora? – Jinki perguntou num sussurro.

Um aceno de cabeça foi tudo o que Taemin respondeu.

-Sshh... Tá tudo bem... – Acariciou as costas das orelhas do meio-coelho da maneira que sabia que ele gostava – Vai passar... – Jinki afastou o rosto para olhar o garoto que, teimosamente, ainda mantinha o rosto escondido no pescoço do outro. O mais velho sorriu torto, calmamente encaixando seu indicador e polegar no queixo do outro e girando seu rosto para que olhasse para ele.

Taemin sabia o que Jinki pretendia, mas não queria deixar que fizesse. Por outro lado, estava tão assustado que apenas sabia tremer. O mais velho tentou beijá-lo, e a primeira reação que o meio-coelho teve foi de se afastar bruscamente, mas não fora muito longe. Na verdade, mal conseguiu se distanciar, porque Jinki o segurava firmemente perto de si.

Taemin o olhava de olhos arregalados e úmidos; apavorados. Ofegava tanto que já estava quase soluçando de choro. Teria sorte se não acabasse enfartando.

Jinki era louco, e o meio-coelho nunca teve tanta certeza disso quanto no momento em que, pela segunda vez, tentou beijá-lo; e dessa vez teve certeza de segurar bem o rosto do garoto no lugar para que não fugisse. Taemin soltou um gemido baixo e agudo, mas de desespero. Sentiu o corpo inteiro arrepiar; parecia que havia engolido pedras de gelo pela sensação no estômago; e precisou enroscar os dedos com mais firmeza na blusa do pijama do mais velho, porque já não tinha mais certeza se conseguia se aguentar em pé sozinho.

Mas Jinki sabia ser tão teimoso quanto o meio-coelho, e não se limitou em apenas àquele selo. Prendeu o lábio inferior do garoto com os próprios e pressionou-os de novo. Tombou a cabeça para o lado, para melhor capturar os lábios do garoto, e beijo-o de novo. Dessa vez, Taemin reagiu, mesmo que pouco, e retribuiu o finalzinho do selo, com um gemido sôfrego ainda confuso e ofegante. Jinki sorriu contra os lábios do garoto, e com esperanças renovadas, voltou a beijá-lo com mais vontade, ganhando confiança à medida que Taemin respondia aos poucos.

Quando se separaram, o meio-coelho abriu os olhos, e fitou o mais velho, ainda como medo estampado neles. Tudo em seu redor rodava e não conseguia focar em outra coisa, senão a pessoa a sua frente. Ensaiou a frase na cabeça, umedeceu os lábios e tomou fôlego, mas não conseguiu proferir qualquer palavra.

-Ji-Jin... – Acabou chamando o mais velho, na intenção de pedir ajuda, mas Jinki calou-o roçando o polegar sobre os lábios e encostando a testa na do mais novo.

Jinki fechou os olhos e beijou a dita testa. Taemin estava pegando fogo, e o mais velho pôde notar o brilho de gotículas de suor que se formavam. Com o polegar, puxou o lábio inferior para baixo, fazendo o menor partir os lábios e fazer-se audível seus ofegos. Jinki baixou os lábios até ali, e atreveu-se a enroscar sua língua na do outro.

Taemin respirou bruscamente, puxando com força os panos da blusa do pijama do mais velho. Jinki conduziu-o com poucos passos até a parede mais próxima calmamente. O meio-coelho suspirou aliviado quando sentiu o cimento gelado em suas costas, mas de pouco adiantou a sensação, porque Jinki não demorou a tirar as mãos do rosto do garoto, apenas para enroscá-las em sua cintura, apertá-lo contra si e aprofundar o beijo como podia.

O mais novo não conseguiu reprimir um gemido quando a língua do mais velho movimentou-se em sua boca. As mãos tremiam, por mais que puxasse a blusa do mais velho. O corpo ardia em brasa, e ele tinha certeza que se Jinki não parasse logo, ele acabaria desmaiando por falta de ar.

Mas quem disse que Taemin queria parar?

Podia estar enlouquecendo, e mesmo assim, ainda preferiria continuar daquele jeito. O peito parecia uma caldeira prestes a explodir, seu estômago decidiu dar piruetas, e suas partes íntimas talvez tivessem criado vida própria. Mas... Taemin gostava demais do cheiro do mais velho para conseguir parar agora...

Malditos hormônios...~

 

De repente, Taemin gemeu alto. Um único gemido até agora, mas um que o fez jogar a cabeça para trás com força, ao ponto de batê-la contra a parede, e simplesmente ignorar a pancada por conta de outra sensação melhor. Jinki simplesmente havia investido seu quadril contra o do mais novo, e Taemin vira estrelas. Nem estavam duros por completo ainda, mas o mais novo já lacrimejava por conta de tamanho nervoso e desespero.

Em algum canto lúcido de sua mente, ele sabia que estava fazendo a maior besteira de sua vida, e que se menosprezaria depois por ter sucumbido a algo que lutou tanto para suportar.

Mas a parte mais fraca já não aguentava mais passar por aquilo sozinho. Além disso... O mais velho tinha razão. Entre um estranho e o próprio Jinki, com quem conviveu por mais de dois anos e confiava mais do que qualquer outra pessoa naquela cidade... Taemin não precisava nem pensar. Além disso, não fora ele que pulou no mais velho e o beijou contra vontade. Jinki queria, mesmo depois dos protestos e avisos do meio-coelho.

 

Sentiu as mãos do mais velho deixarem sua cintura e percorrerem suas costas, abraçando-o com mais firmeza.

 

Se Jinki não tinha medo, talvez ele também não devesse...

 

Taemin cedeu, envolvendo os braços trêmulos no pescoço do mais velho e reciprocando os beijos na mesma intensidade que os recebia. Corria e enroscava os dedos pelos cabelos do mais velho a cada beijo trocado; a cada vez que as línguas se enroscavam. Surpreendeu-se quando Jinki simplesmente desceu as mãos na parte de trás de suas coxas e o levantou contra a parede, rapidamente investido sua pelve contra a dele novamente.

O garoto gemeu alto pela segunda, desta vez abraçando-se contra o mais velho e encolhendo até as orelhas.

Estava ofegando tanto que mal conseguia falar.

-J-Jin-Jin... – A voz era chorosa e coberta em desespero – Tá-T-Tá doendo muito... – Jinki, por reflexo a aquela declaração, acabou apertando os dedos contra as nádegas do garoto, arrancando-lhe outro gemido arrastado, fazendo-o afundar o rosto na curva de seu pescoço.

-Tá tudo bem... – Jinki sussurrou – Vai passar logo... Tá tudo bem – Ajeitou o garoto em seu colo, rumando em direção ao quarto – Vai passar logo... – E aí estava o mais novo novamente roçando o queixo em seu ombro.

 

A porta do quarto do mais velho já estava aberta por quando ele saiu no encalço do mais novo para impedí-lo de ir embora. E não se deu ao trabalho de fechá-la quando deitou Taemin em sua cama. Moravam apenas os dois, afinal.

 

-Jin-Jinki... – Taemin sussurrou num último momento de lucidez – Tem mesmo certeza? – Umedeceu os lábios e engoliu a seco – Se isso acontecer, eu... E-Eu não vou mais conseguir parar... Se-Sempre que eu acabar desse jeito... E-Eu-

-E quem disse que eu tô reclamando? – Jinki respondeu em meio a um dos sorrisos calorosos que só ele sabia dar, ajeitando-se por cima do mais novo e entre suas pernas. Correu os dedos pelos cabelos do garoto, tirando-o de seus olhos, e afagou brevemente uma das orelhas de coelho, sorrindo novamente.

Beijou a testa do garoto úmida de suor, e desceu roçando o nariz, finalizando com um meigo beijo de esquimó. Mas logo retomou a beijar os lábios do meio coelho, e as mãos começaram a passear pelos corpos um dos outros, descartando peças de roupa pouco a pouco.

Uma jaqueta...

Uma blusa de pijama...

Botões desabotoando...

A forquilha da calça se abrindo...

Uma calça de pijama sendo jogada para o meio do quarto...

 

Foi quando Jinki enlaçou os dedos no cós da calça do mais novo que esse segurou suas mãos brevemente. Desviou os olhos.

Taemin parecia mais envergonhado naquele momento, em especial.

-Cui-Cuidado com o meu ra-rabinho...

 

Jinki olhou-o surpreso, piscando os olhos arregalados e boquiaberto.

Bem... Definitivamente ele não esperava escutar esse tipo de coisa. E certamente não teve a intenção de que o pênis duro pulsasse por conta própria quando ouviu aquela frase.

No minuto seguinte, Taemin já estava sem calça ou cueca, e Jinki debruçado sobre ele, beijando-o impacientemente de maneira bagunçada e roçado as ereções. Vez ou outra, Taemin arqueava as costas com gemidos abafados pela boca do outro.

Jinki desceu uma das mãos pela lateral do corpo do mais novo, e ancorou-a a uma das nádegas no mesmo momento em que desceu os beijos para o maxilar do meio-coelho.

-Jin-Ki... – Taemin ofegou, arqueando a cabeça para trás. A visão estava embaçada e gotículas de lágrimas ameaçavam escorrer – Jinki...!

E diante das reclamações do mais novo, Jinki soltou a nádega que segurava e alinhou seu membro na entrava do mais novo. Roçou brevemente o queixo no ombro do meio-coelho, sabendo que aquilo enlouqueceria o garoto mais ainda, e penetrou-o aos poucos.

Taemin enroscou os dedos no cabelo do mais e o puxava com força à medida que Jinki o abria ao meio. Um gemido que começou baixo no fundo da garganta acabou saindo alto, em pelos pulmões, quando Jinki terminou de penetrá-lo. A cabeça tombada para trás e os olhos revirados.

-Jinki... Jin... – Taemin engoliu a seco – Jin-Jinki...

O meio-coelho não precisaria nem ter falado para o mais velho entender. Começou a rebolar com cuidado, sem muita força, nem exagerando na hora de tirar e colocar o pênis de volta para não machucar o mais novo.

-Jinki... ! – Taemin correu as unhas da mão esquerda pelas costas do mais velho, enquanto a mão direita continuava enroscada em seus cabelos – Jin-J-Jinng-Kihnnn! Jinki! E-Eu... Ah! Eu... Preciso de mais, Jin... – Taemin mordia os próprios lábios esperando não parecer como qualquer puta barata na visão do mais velho, mas era difícil controlar. Jinki estava tentando não ser bruto, mas o garoto sentia que derreteria se não tivesse algo batendo dentro de si logo – Jinki!!

-Jesus... Honey bunny... – Jinki ofegou próximo ao rosto do garoto, ajeitando as pernas finas do outro em sua cintura para que pudesse fazer da maneira que Taemin queria.

Foi aí que Jinki passou os braços pelas costas e cintura do mais novo, e começou a estocar com toda força que conseguia.

-JINKI! – Taemin arranhou as unhas de uma mão pelas costas do mais velho novamente, mas a outra procurou o lençol acima da cabeça e o puxou com toda força. As costas arquearam por conta própria – Jinki! Jinki! Jinki! Ah! Ah! Assim... Assim...! Meu Deus, Jin!

E o mais velho afundou o rosto no pescoço do garoto, e sequer pensou quando sugou a pele leitosa.  Taemin contorceu-se embaixo dele com a sensação, deixando escapar outro dos gemidos obscenos.

-Jinki!! Não para... ! Não para! Não para!! Assim... – Taemin já não sabia mais se estava chorando de prazer, ou se sequer estava respirando. Só sabia que o peso do corpo do mais velho por cima de si era uma sensação maravilhosa, e que seu pênis indo fundo e rápido dentro de si eram tudo o que ele precisava agora – Tão bom-nnhggg! Meu Deus... Jinki!!

-Min... Min!! – Jinki grunhiu próximo à sua orelha – Eu não consigo mais...! Eu não consigo mais segurar... – Cerrou os dentes – Eu não-

 

E Taemin jurou que sentir Jinki gozar dentro de si, preenchendo-o de sêmen quente, foi a melhor sensação do mundo. O garoto se agarrou ao mais velho até que seu próprio clímax esvaísse; até que os olhos desvirassem e as costas voltassem em sua posição normal.

 

Jinki inclinou-se para o lado minimamente quando se deitar para não esmagar o garoto, mas ainda mantinha um braço por cima da barriga do meio-coelho.

-Que decepção... Eu tô tão fora de forma – Jinki resmungou, rindo consigo mesmo, e acabou contagiando o mais novo que escondeu o rosto na curva de seu ombro entre risadas.

-Você é inacreditável – Taemin murmurou, ainda rindo minimamente, dando um soco fraco brincalhão no peitoral do mais velho. E quando a risada morreu em seus lábios, Taemin mordeu-os, olhando para o mais velho por baixo da franja. Empurrou Jinki pelo ombro até que suas costas tocassem a cama, e sentou-se por cima do abdômen do mais velho. Olhou acanhado para o mais velho, com os lábios ainda entre os dentes e as orelhas caídas em vergonha – Jin... ?

Jinki arregalou os olhos.

-Você... Quer outro round?!

Taemin deu de ombros, desviando os olhos.

 

 

 

Bem...

Jinki nunca mais teve insônia.


Notas Finais


Eu sei que animais "montam", mas ah, gente, ele também é meio-humano, pow u_ú
EU DESAPRENDI A ESCREVER LEMON ;A;
DESCULPA PELO FIASCO, GENTE!!! ;---;

Eu dei uma modificada no cio de coelhos pra encaixar na fic, mas eles realmente têm cio induzido. As fêmeas, geralmente têm de 2 a 3 dias férteis no mês, mas se botar elas junto de um macho, elas começam a ovular rçrçrçrçrç
Agora, não há santo nesse mundo que aguentaria Lee Taemin no cio de 2 a 3 dias por mês, né?
E é pra tudo terminar bem por aqui, certo? Então acaba assim.

"Acaba" entre aspas, porque eu tô pensando e postar um bônus depois OIHSDOÇGHOIGHOSGHSO


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