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História Hope (HIATUS) - 2


Escrita por: caploom

Capítulo 2 - 2


Fanfic / Fanfiction Hope (HIATUS) - 2

Seul, Coréia do Sul

O céu da cidade coreana ficava cada vez mais escuro com o passar das horas. Saki se deitou em sua cama após seu appa e seu irmão saírem de seu quarto. Ficou um tempo olhando para o teto, seu corpo não estava totalmente tranquilo, mas é claro que Jimin havia a acalmado como sempre fazia, porém, tudo se tornava diferente quando ele saía de perto da menina, não mudou desta vez. 

A sensação de insegurança a consumiu de forma devastadora assim que seu irmão mais velho saiu de sua vista, parecia que não o veria novamente, mas não considerava aquilo como um tipo de premonição ou coisa parecida, ela sempre se sentia assim quando estava longe do mesmo. 

Se levantou com cuidado, suas pernas estavam meio bambas, sua cabeça rodava, estava enjoada. 

Olhou no relógio que se encontrava pregado na parede perto da porta de entrada do cômodo, eram 3:35 da madrugada, sabia que havia se passado um bom tempo desde que seus parentes haviam saído de seu quarto. Se olhou no espelho de sua penteadeira... Era deprimente o que via. 

Cabelos desgrenhados, camisola branca surrada e meio manchada de vermelho, olheiras profundas e escuras, olhos inchados, boca ressecada e pele mais pálida que o normal. Tampou o rosto com as mãos, não podia acreditar que Jimin havia a visto daquela forma. Mais ridículo ainda era saber que sentia vergonha do próprio irmão, que se preocupava com a forma que ele a via, que queria parecer bem para ele, por ele. Talvez por ele ser praticamente a única pessoa com quem ela ainda se importasse, a única pessoa que ela sentia amor exalado, amor verdadeiro, a única pessoa que ela sabia que a amava não importava o jeito que ela estivesse. 

Mesmo assim, nada justificava estar tão horrível. Saki se sentia tão feia, tão acabada, tão triste, tão péssima, não tinha auto-estima o suficiente, nem chegava a ter uma para ser sincera, nunca chegou a ter. Sempre se achou magra demais, pálida demais, nunca gostou de seu nariz e muito menos de seus olhos. Sempre sofreu no colégio por ter olhos claros e tão diferentes dos das outras garotas, não chegava a ser algum tipo de preconceito, mas ela ser tão diferente... causava espanto nas pessoas. 

Ela não ligava para isso de se arrumar, via as adolescentes que conhecia sempre andando bem arrumadas e muito bem vestidas, mas nunca sentiu vontade de fazer o mesmo, nunca se achou atraente, por que tentar melhorar o que nunca fora bom? 

Pegou sua escova de cabelo e se posicionou em frente ao espelho novamente, passou a mesma por uma camada de fios e assim o desembaraçou com cuidado, viu o resultado, havia ficado escorrido. Era um cabelo castanho, pesado e bem liso. Podia afirmar que nesse aspecto havia puxado a família de seu pai, exceto pela cor castanha nada escura ao qual seus genes escolheram por pigmentação. Se irritou jogando a escova para frente e se levantou de uma vez indo em direção ao seu closet; ela não tinha jeito, já sabia. Tirou a camisola que vestia se preocupando em não olhar para o próprio corpo, preferia evitar mais decepções. Colocou uma outra roupa para dormir e jogou a outra dentro da cesta de roupas sujas, o mesmo fez com os lençóis da cama. 

Sabia que tinha quem fizesse aquilo por ela, mas sempre insistiu em ajudar nos afazeres da casa, era muito apegada com os funcionários que trabalhavam na mansão desde que ela era uma  criancinha. Assim que terminou, se jogou na cama novamente, pronta para tentar dormir tranquila dessa vez.

Enquanto isso, assim que se retiraram do quarto de Saki, o pai da mesma foi para seus aposentos sem dizer mais nenhuma palavra sequer para Jimin. O mais novo apenas suspirou olhando para a porta de sua irmã, então foi se deitar. Mas acordou ainda perto de amanhecer com a voz de Senhyan, uma das funcionárias da casa, chamando por seu nome, com a cabeça na fresta da porta.

— Senhor Jimin, desculpe te acordar... O senhor seu pai saiu agora há pouco de casa e mandou eu lhe chamar para que vá receber sua noiva. — Jimin coçou os olhos sem entender muito bem o que se ocorria, já que por um momento, percebeu que não entendeu de imediato o que a empregada havia dito.

— Que horas são? — murmurou tão baixo que Senhyan teve de entrar no quarto para poder ter melhor entendimento sobre as palavras do menino.

— São quatro e cinqueta e quatro da manhã. 

Jimin gemeu de cansaço, esticou os músculos soltando alguns resmungos sobre o horário, o quarto enorme do garoto estava escuro, além de ser madrugada, as luzes estavam desligadas e todas as cortinas se mantinham fechadas. Jimin se levantou e foi até o interruptor de seu quarto. 

Revelou que estava vestido apenas por uma calça leve de seda. Se sentia extremamente sufocado se dormia com algo sob o tronco. Senhyan tentou esconder seus olhares direcionados ao filho de seu patrão; Jimin sempre fora extremamente bonito e causava séries de suspiros vindo das mulheres que o conhecia, seu corpo era bem delineado, seus músculos bem formados mostravam que o tempo ao qual ele dedicava à exercícios físicos, realmente valia a pena. 

Ele sabia bem do quanto era visto como um homem bonito, então se limitou em soltar uma leve risadinha quando deduziu que sua empregada sentia desejo por ele desde que começou a trabalhar na casa, apesar de nunca ter dado muita atenção para isso por ser acostumado com a atenção feminina que 
recebia constantemente. 

— Você não se levanta apenas depois das seis da manhã, Senhyan? — o jovem questionou à mulher que ainda permanecia no cômodo confortável. 

Ele procurava entre algumas de suas roupas meio jogadas pelo chão algo que o deixasse um pouco mais apresentável para sair do quarto às quatro e cinquenta e quatro da manhã. Senhyan analisava os pequenos gomos que se contraíam cada vez que o homem a sua frente se movia para mexer nas peças de roupas, engoliu um pouco de saliva molhando a garganta e puxando um longo suspiro, enchendo seus pulmões de ar. 

— Senhyan?

— Ah? Ah, sim! Desculpe. — ficou ereta arrumando o uniforme com cuidado e mexendo em seu coque. — Me perguntou algo?

Jimin riu levemente. Achava engraçado como Senhyan ficava quando estava perto dele. Vestiu uma camiseta preta e confortável e bagunçou os fios de seu cabelo, os prensando entre os dedos. 

— Você não começa a trabalhar depois das seis? 

— Sim, é isso. — sorriu em direção ao moreno. — Seu pai me acordou pedindo para que eu lhe desse o recado já que ele estava com pressa por algo que deve ter acontecido na empresa. Não vi problemas em acatar um pedido do senhor Park, mesmo estando fora do meu horário de trabalho. 

— Claro que não seria um problema para você, não é? — negou com a cabeça revirando os olhos divertidamente, sem que a moça pudesse ver. — Pode sair agora, por favor Senhyan? Avise Sawari que desço logo. 

Senhyan assentiu e foi até a porta murmurando um “com licença”. O menino logo gargalhou um pouco assim que sua funcionária fechou a porta de seu quarto, sabia que ela já deveria estar extremamente animada por saber que ele se lembra do horário em que a mesma começa o serviço. Talvez isso significasse para ela que ele presta o mínimo de atenção no que ela faz.

Park Jimin foi para o banheiro e escovou os dentes lentamente. Demorou o máximo possível para completar uma ação que fazia todos os dias em pouquíssimo tempo. A verdade era que ele não estava cem por cento disposto para receber sua companheira de madrugada. Ele estava certo de que amava Sawari, mas também estava certo de que não era normal alguém ir visitar um outro alguém tão tarde. 

Molhou o rosto e analisou seu reflexo no espelho largo preso na parede, os pingos gélidos escorriam por seus traços nem tão finos, era visível como estava com muito sono. Depois que saiu de seu quarto, olhou diversas vezes em direção à porta do quarto de Saki, suas pernas praticamente gritavam o obrigando a ir ver como sua irmã estava, sentia que se simplesmente saísse poderia estar traindo a mesma sem ter notícias sobre seu estado mental naquele momento. 

Jimin nunca soube exatamente quando a menina havia começado a ter os tipos de sintomas que tinha nos tempos atuais, talvez não se lembrasse por nunca ter procurado saber sobre o assunto, na maioria da vezes, ele estava sempre mais interessado em ouvir as doces e animadas histórias que sua garotinha contava sempre que voltava das aulas de piano que frequentava três vezes na semana; se perguntassem a ele um dos acontecimentos que ela possa ter contado à ele na época, provavelmente ele não saberia, geralmente ele se perdia vendo como ela se expressava se movendo com delicadeza, tomando cuidado em cada som que saía de sua boca, reparava até mesmo no quanto o cabelo da mesma crescia cada vez mais a cada dia, a deixando cada vez mais bonita. 

Jimin sabia que poderia dar um membro do corpo ou até mesmo a própria vida por sua irmã mais nova, ele nunca tivera uma figura materna ou muito menos feminina quando era mais novo, sempre teve apenas Saki, sempre cuidou dela, sempre a ajudou; e ele sabia tanto quanto ela, que a garota era e sempre seria a mulher de sua vida.

Respirou fundo com uma enorme dúvida em sua mente, não conseguia se responder sobre a questão de que ou ela estava dormindo, ou estaria atormentada novamente. Seu pai não estava em casa, Jimin poderia passar mais algum tempo com Saki e fazê-la se sentir mais confortável, porém, cravou em seu pensamento que seria melhor continuar seu trajeto até às escadas, se convencendo de que Saki estaria finalmente dormindo.

Ainda indeciso sobre o que deveria fazer, voltou a andar indo até a escada que o levaria até o andar de baixo da casa. Tentou reverter sua respiração para o estado normal, se preparando para agradar sua futura esposa que com certeza já estaria impaciente com tanta demora. Assim que pôs os pés na sala, viu Sawari sentada no sofá principal e consequentemente o maior. Folheava uma revista de poucas páginas. Seu cabelo preto azulado estava médio, isso fez o herdeiro Park mais velho revirar os olhos, foi teimoso em insistir que ela não cortasse as madeixas naturalmente pesadas, mas um pouco onduladas, quase nada. Mas ela sempre fora tão teimosa quanto ele. 

Assim que Sawari ouviu as passadas, olhou para cima, fitando seu noivo que sorriu em cumprimento, o rosto cheio e redondo da mulher, também fora preenchido por um sorriso intenso. Ela se levantou, abriu os braços e agarrou o pescoço de seu namorado, aspirou seu cheirinho de sono e gargalhou baixinho imaginando que era uma chata por atrapalhar o sono de alguém. Jimin agarrou a cintura contornando e confortando o corpo de sua noiva junto ao seu.

— O que faz aqui essa hora, hum? — ele questionou a ela ainda sentindo o aroma do perfume da moça. O abraço era muito bom, Sawari tinha seus 1,69 de altura bem aceitáveis, já que seu corpo não deixava a desejar em questão de curvas, Jimin considerava o abraço de sua noiva um dos melhores. O mais quente. O mais acolhedor e o mais confortável. Depois, é claro, do abraço de Saki. Os braços de Saki lhe traziam um sentimento de paz, amor e calmaria, poderia facilmente passar longos minutos confortando e sendo confortado pela ligação que eles tinham um com o outro.

— Meu amor, eu não acredito que se esqueceu da nossa viagem! — a mulher reclamou após distanciarem seus corpos. Jimin semicerrou um de seus olhos, provando que realmente não lembrava do que ela estava falando. — Íamos viajar, Jimin. Nós íamos viajar hoje de manhã, eu te disse que viria para cá esta madrugada para não nos atrasarmos. Eu realmente não acredito que se esqueceu de algo tão importante. 

— Sawari... eu... me desculpe, mas eu não estou lembrado de viagem alguma. —Sawari suspirou tão pesado, que sua garganta chiou. Ela analisava as expressões da figura masculina que se sentava do outro lado do sofá. — Minha cabeça anda cheia de coisas, como poderia me lembrar de... uma viagem?

— Uma viagem, Jimin? Uma viagem? Não era “uma viagem”, era “a viagem”. Nossa viagem. Passamos meses planejando a droga dessa viagem e você simplesmente me diz que não se lembra? 

— Por que ao invés de surtar assim você não me lembra pelo menos de qual era o nosso destino? — ele passou as mãos em seu rosto depois que tentou argumentar com a mulher de personalidade forte. 

— Te lembrar do nosso destino?! — a voz dela saiu rouca juntamente com uma risada sarcástica. Não se sentia bem em se conter para não tentar agredir o homem que pretendia se casar em pouquíssimo tempo. — Nós vamos para o Japão, Jimin. Japão! Onde eu nasci, nós vamos para visitar a minha família, você ia conhecer meu pai e minha mãe que mesmo doente, me liga todos os dias dizendo que está ansiosa para te conhecer! É assim que considera agradecer toda a atenção e consideração que minha família e eu temos em relação à você? Se esquecendo da droga da nossa viagem?! —Jimin coçou a cabeça sentindo a mesma doer depois de tanta informação de uma só vez, compreendia que foi um completo imbecil por ter esquecido algo tão importante, mas também já havia deixado bem claro para Sawari que não conseguia suportar por muito tempo pessoas que se descontrolavam com facilidade e principalmente por coisas relacionadas à ações dele, todos sabiam de como ele sempre fora distraído e esquecido. Todos já eram acostumados. 

Menos sua noiva, a mulher com quem conviveria nos próximos anos de sua vida.

— Para onde nós íamos. — ele se ergueu olhando nos olhos da jovem. — Sawari, eu sinto muito, mas... não acho que eu esteja no momento perfeito para uma viagem que pode durar mais de um mês. Tenha completa certeza de que eu estava tão animado e ansioso quanto você, mas agora eu simplesmente não posso colocar esse tipo de lazer acima do que está acontecendo aqui em casa. A situação de Saki parece estar piorando e eu não quero deixar meu appa e muito menos ela aqui, preciso tentar achar uma solução, ajudar de alguma forma... mas longe deles eu sou um inútil diante de uma situação séria como essa.

— Isso não muda sua situação, Jimin. Não muda o fato de eu estar extremamente chateada com você. — Sawari cruzou seus braços, mas logo em seguida fez uma careta, desfazendo os braços juntos ao corpo. — A Saki o quê? 

— Saki parece estar cada vez pior. Todos aqui em casa estão preocupados com a saúde dela. 

— Mas mais um vez? Ela está pior que da última vez, Jimin? — a mulher se aproximou de seu noivo, pegou em suas mãos e procurou seus olhos diante da cabeça cabisbaixa do mesmo naquele instante. — Ah, Deuses... me desculpe, querido... eu não sabia. Não procurei saber antes... fui tão egoísta, me desculpe. — logo puxou o corpo de Jimin mais uma vez para perto de si, beijou seu ombro com lerdeza e fechou os olhos por alguns segundos. 

Antes de ser noiva de Jimin, Sawari era em primeiro lugar, a melhor e única amiga de Saki. Sawari morava na mansão em frente à mansão dos Park, assim que se mudou, com seis anos, não demorou para fazer amizade com a pequena Saki de três. Uma amizade engraçada por conta da diferença de tamanhos; a verdade era que Sawari costumava pedir para ajudar Jimin a cuidar e divertir a pequenina Saki, isso tudo na época em que o menino havia sido adotado como o mais novo e único herdeiro homem do senhor Park Kwan, isso tudo foi um dos motivos para que os irmãos Park terem ficado um tempo sem uma babá. 

Jiminie, Sakay e Sawa, como se chamavam na época, eram inseparáveis. Faziam tudo juntos, e Sawari, apesar de nunca ter escondido a jovem paixão que sempre teve pelo  menino de cabelos escuros e pele um pouco amarelada, mostrava que era grudada com eles, não apenas por um, mas por realmente valorizar a relação que o trio tinha. Saki sempre sentiu ciúmes da posse que sua melhor amiga tomava sobre seu irmão ao passar do tempo, sentia mais ciúmes ainda por ver sua amiga crescendo, ficando mais alta, mais bonita... se sentia deprimida por estar ciente de que nunca conseguiria acompanhá-los, enquanto ela ficava um pouquinho mais velha, eles avançavam anos a mais e ficavam cada vez maiores e mais maduros, a deixando cada vez mais de lado, por ser nova demais. 

Com quinze anos, depois de várias tentativas, Sawari conseguiu virar namorada do garoto que mais queria, foi um baque para a irmã do mesmo quando descobriu que mais um motivo havia surgido para que ela fosse esquecida de vez, já que o trio estava virando dupla, e pior ainda, um casal. Também foi um choque depois de um ano, quando Sawari procurou por sua melhor amiga aos prantos, pedindo ajuda e apoio, pois Jimin havia terminado o relacionamento com a mesma, Saki não soube o que fazer, não soube o que dizer, tinha apenas treze anos mal completados! Sawari então voltou para o Japão, seu país natal, afim de voltar a viver com seus avós, já que seus pais não pretendiam voltar por conta do trabalho, um buraco se abriu no peito de Saki, ela não conseguia se sentir totalmente segura sabendo que sua melhor amiga estava longe de si. 

Tudo só piorou ainda mais quando Jimin passou a chegar em casa bêbado ou então com várias garotas diferentes, dizendo ele que eram suas namoradas e ficantes. Dizendo ele que era jovem e que não pertencia à uma mulher só. Foi a época em que seu pai – como um homem rígido que sempre fora – o forçou a passar alguns meses fora da Coréia, mais precisamente em uma escola de Tóquio, ele demorou mais que o esperado para voltar, foi quando Saki passou a ter seus ataques de “alucinações” e personalidade; preocupado, seu irmão voltou para a Coréia, mas com uma novidade, estava finalmente noivo de Sawari.

— Espero que você possa entender... — mesmo cheio de receio, Jimin sussurrou após se distanciar. 

— Ah, meu amor... eu sei o quanto isso te abala... sei como é protetor em relação à Saki desde que... bom, desde que sua mãe foi embora e desde que seu pai ficou mais durão que o normal. — levou sua mão direita até a bochecha cheia de Jimin. — Mas eu não queria que nossa viagem fosse cancelada assim, de última hora. — foi a deixa para que o garoto bufasse e revirasse os olhos castanhos, segurou o pulso de sua noiva tirando sua mão do contato com sua pele. 

— Você chama isso de entender?! Eu devo então te lembrar que minha irmã é sua melhor amiga? 

— Eu sei. Eu sei muito bem da minha relação com ela, eu não preciso que você me lembre de algo que eu sei há anos, Jimin! Eu só acho que... vocês dão motivos para a Saki ser assim, por ela estar cada dia pior, vocês vêem ela piorando e deixam tudo como está! E como consequência? Você acaba nunca tendo tempo pra si mesmo.

— Ter tempo para mim mesmo está fora de questão enquanto minha irmã for minha prioridade número um. Como alguém em que a Saki confia, pensei que já tivesse entendido o tamanho do sofrimento e dos problemas dela desde que nossa mãe nos deixou pra viver com a merda de uma amante e nunca mais voltou, nem mesmo uma ligação! E como presente? O que nós fizemos? O que você e eu fizemos, Sawari? — provavelmente Sawari nunca tenha visto Jimin tão irritado como estava naquele momento, ele sempre fora um homem que nunca gostou de desavenças, gritaria, barraco, mas quando sua irmã era o alvo atingido, ele não conseguia, não podia ficar calado e apenas concordar.

— Nós ficamos ao lado dela. Aceitamos ajudá-la mesmo sabendo que era a hora de darmos um enorme passo na nossa vida pessoal!

— Não.

— É, Jimin! É, e você sabe disso!

— Não, Sawari! Para e se escuta, eu tenho certeza de que sua memória está em perfeita ordem, sei que se lembra que nós não estávamos aqui quando ela precisou. Estávamos no Japão, transando. Quando... quando eu paro para me colocar no lugar da minha irmã... ela ficou sozinha nesta casa com o meu pai em estado amargurado, ela não teve a mim! A única pessoa com quem ela podia contar. 

— Para de nos culpar por isso, Jimin! Nós sabíamos desde o início que não íamos viver felizes para sempre os três. Ou você pretende o quê? Levá-la para morar conosco depois que estivermos casados? Manter ela com nossos filhos enquanto criamos eles? Se desliga um pouco disso, Saki é sua irmã, não sua filha.

— Tem razão, nada de filha. Não é isso o que rotula ela para mim. — Sawari se calou, se sentou em uma das poltronas próximas e respirou fundo olhando para as próprias mãos. 

— Não vamos mesmo mais viajar? —murmurou sem levantar o olhar para seu noivo. Jimin travou o maxilar e passou os dedos entre seu cabelo liso.

— Acho que nossa conversa deixou bem clara a resposta pra essa pergunta. — sua resposta não soou ignorante, nem tampouco fria, foi apenas uma resposta direta, soou como algo óbvio. — Vou subir, preciso ver se está tudo bem com ela. — Park continuou a falar, mas logo já se virando para se retirar e esfriar a cabeça podendo ver que sua irmã não estava em crise.

— Eu vou com você. Acho que é o mínimo que posso fazer para que você entenda que eu também me importo com ela. 

Ambos subiram para o andar superior, Jimin ajudou Sawari com suas malas e as deixou em seu quarto, logo seguindo em direção ao quarto pouco distante ao seu. Abriu a porta com  cuidado, vendo que o cômodo não se encontrava escuro; sorriu ao se lembrar de que Saki morria de medo do escuro e insistia em dormir com o abajur ligado ao lado de sua cama. 

Sawari grudou-se no braço forte de seu futuro marido enquanto seguia seu olhar em direção à cama, após se aproximarem da cama grande e clássica, puderam avistar que a menina dormia pesadamente na mesma, apesar de demonstrar que em qualquer circunstância, acordaria sem dificuldade alguma. Sawari coçou um pouco a garganta se sentindo incomodada com o medo de poder acordar sua amiga. Recuou um pouco abaixando a cabeça, ao sentir que se sentia culpada por quase nunca visitar sua melhor amiga, que no momento, precisava tanto de atenção. Não demorou para que ela apertasse um pouquinho mais o braço de seu companheiro e anunciasse que sairia do quarto pois se sentia cansada, mas ela mesma sabia que o motivo era não se sentir bem estando entre a relação de irmãos que pairava no ar em relação aos Park. 

Ela se sentia ameaçada e frágil quando o assunto era Saki, sabia que nunca poderia competir em relação a atenção de Jimin, sabia que não conseguiria ganhar ou até competir, mesmo que quisesse.

Assim que sua noiva se retirou, Jimin se aproximou totalmente da cama de sua irmã adotiva e se abaixou olhando para seu rosto, não sabia se lamentava por vê-la dormir, ou se deveria sentir alívio por ver que ela finalmente havia relaxado. Reparou que ela não usava mais a mesma roupa e seu cabelo estava dividido estranhamente. Deu uma risada baixa negando com a cabeça. Tocou a mão da mais nova com extremo cuidado e já se preparava para se levantar e se retirar do cômodo antes que a jovem que tanto amava acordasse. Foi quando em um mero instante de deslize, ele pôde ouvir em um tom rouco e sonolento:

—Jiminie? — ele fechou os olhos imediatamente, respirando fundo e se acalmando diante do susto e da sensação que seu apelido saído da boca de Saki, havia causado em si. 

Ele abriu os olhos novamente e acertou sua visão diretamente no rosto da mais nova, ainda um pouco inchado pelo sono e pelo choro recente. O menino levou o dedo indicador até os lábios juntos um ao outro, simbolizando silêncio e logo Saki sorriu sem mostrar os dentes, admirando o quanto seu irmão era bobo. Jimin então retribuiu o sorriso, mas de uma forma mais feliz, alegre e calorosa. Beijou a mão da garota e finalmente se levantou saindo do quarto, mesmo que por dentro se sentisse trêmulo por medo de deixá-la sozinha mais uma vez.



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