Capítulo 10: Um velho sábio.
Sakura brincava com os cavalos, entretida e completamente imersa naquele momento. Itachi cuidava de sua segurança ao longe, os braços cruzados e os olhos fixos nos movimentos da garotinha. Estava pensativo, e cada pensamento seu o fazia sentir um pouco de raiva, sentimento este totalmente destinado a Madara.
-Nii-san! -Acenou para o irmão, o cabelo cor de rosa balançando no ritmo do vento.
-Algum problema, hime? -Assumiu uma postura mais tensa, preocupado com a menina que lhe chamara.
-Não! Venha aqui! Olhe só como a crina é macia! -Ria abertamente, os dedos pequenos deslizando por entre os fios das crinas dos cavalos.
-Oras, pensei que fosse algo mais importante. -Pôde suspirar aliviado pela primeira vez naquele dia. Aproximou-se dela a passos lentos, inclinando-se na direção do animal.
-É importante. Eu quero um exatamente igual a esse. -Dissera de maneira autoritária, referindo-se ao enorme cavalo de cor caramelo e crina loira.
-Não vai mesmo desistir dessa ideia de ter um cavalo? -Itachi suspirou, bagunçando o cabelo da menina.
-Não. Eu quero um. -Disse, por fim, colocando um biquinho nos lábios rosados.
-Eu darei um jeito. -Ele cedeu aos caprichos da menininha, não fazia mal ter um cavalo a mais na tribo, ainda mais se fosse para ela.
Itachi virou o rosto rapidamente, colocando-se a frente de Sakura. Ouvira um barulho, passos se aproximando do local. Os olhos voltaram a tomar a coloração escarlate, analisando o campo em que estavam.
-Sakura. -Uma voz masculina sussurrou com tons de rouquidão.
-Papa! -Abriu um enorme sorriso e passou por Itachi, correndo em direção aos braços estendidos de Madara.
-Sakura! Não! -Itachi tentou ir atrás dela, mas não adiantou de muita coisa. A garotinha já estava nos braços do homem.
-Papa! Eu senti tanto a sua falta. -O abraçou pelo pescoço, os braços curtos atravessando o enorme cabelo negro.
-Também senti a sua, querida. -Fechou os olhos por longos instantes, inalando o cheiro doce que vinha da menina em seus braços.
-Solte-a, Madara. -Itachi falou de maneira ríspida, os olhos fixados em todos os movimentos que ele viesse a fazer.
-Eu não estou aqui para brigar. -O mais velho abriu os olhos, ainda negros, encarando o outro.
-Quer mesmo que eu acredite que veio pedir paz? Sei muito bem para onde quer levar Sakura! -Dera alguns passos a frente, tocando o ombro da menina.
-O papa vai me levar para passear? Estou tão cansada… Nii-san me levou de um lado para o outro o dia todo. -Bocejou, fechando as mãos para coçar os olhos.
-Não, querida. Vamos voltar para casa, hum? -Levantou o olhar para Itachi, o encarando com atenção, temendo algum ataque.
-Casa? Não vou deixar... -Ele interpretara de outra maneira, mas não poderia simplesmente destilar a verdade para a menininha ouvir.
-Itachi… -Madara se colocou de pé, deixando a menina no chão, ao seu lado, enquanto a segurava pela mão.
-Solte… -Disse, como se fosse o seu último aviso.
Silêncio predominou no local, Sakura olhava de um para o outro com a boca aberta, sem entender absolutamente nada do que acontecia ali. Itachi apertou os punhos, o manto se desfazendo em pequenas criaturas de penas negras.
-Eu não vou lutar com você… -Disse o mais velho, as palavras saindo com calma.
-Não lute. -Em poucos segundos, não havia mais a figura humanoide de Itachi, apenas corvos que voavam ordenadamente, abrindo e fechando o bico em barulho ensurdecedores.
-Papa! Passarinhos! -A menina estendeu a mão e um dos corvos pousou ali, a encarando no fundo dos olhos.
O corpo de Sakura foi pesando e caiu ao chão. Itachi a havia prendido em uma ilusão para que dormisse enquanto resolviam os assuntos. Os corvos encaravam Madara, ferozes e prontos para atacar.
-Se você pudesse me ouvir! -Falou o mais velho, os olhos tomando cor de sangue, pretendendo se defender de qualquer coisa que estivesse por vir.
-Ouvir? -A voz sussurrava, mas não se sabia de onde vinha. Soava como o uivo do vento.
-Eu não iria levar Sakura… -Tentou se explicar.
-Quer mesmo que eu acredite em você, maldito traidor? Vai esperar que eu abaixe a guarda para levar a menina. -Os corvos se agitavam mais ainda, voando ao redor do homem.
-Não! Você está errado, Itachi! Fui procurar os pais de Sakura, porque achei que fosse o certo a se fazer. Ela é apenas uma criança. Não pode ser rodeada por mentiras. -Madara não recuou ao ser cercado pelos animais.
Houve silêncio, os pássaros foram se retraindo, voltando a dar forma para o seu criador.
-Deveria ter nos falado antes. Não tentado tomar a garota a força. -Itachi cruzou os braços, disposto a ouvir o resto do discurso.
-Sim, eu sei, mas tenho certeza de que não me deixariam levá-la. Pensei no bem de Sakura, nada mais. -Abaixara a cabeça por poucos instantes. -Mas agora é diferente. Tenho a certeza de que seu lugar é ao nosso lado.
-Finalmente abriu os olhos para isso. -O mais novo deixou os ombros cederem, aliviado por ouvir aquilo. -Sakura foi abandonada no meio de uma floresta, nunca acreditei que seus pais pudessem ter sido boas pessoas.
-Eu deveria ter pensado sobre isso. -Madara olhou a pequena que dormia tranquilamente sobre o gramado e se abaixou ao lado dela, colocando-a em seu colo.
-Vamos voltar para o acampamento. -Itachi o tocou no ombro, dando um sorriso sincero.
………………………………..………………………………..……………
-Conseguem sentir? -Obito falou, de repente, dando um susto nos irmãos.
-Sentir o quê? Ficou louco? -Sasuke deu um breve empurrão no ombro do mais velho.
-Deixe-o falar, Sasuke! -Indra resmungou, passara o dia inteiro de pé, observando os arredores.
-Itachi está se aproximando com Sakura… -Fizera uma breve pausa. -Madara também.
-Madara? -Shura ergueu o olhar, procurando por ambos. Os músculos estavam rígidos. -Será que estão lutando?
-Com Sakura no meio? Duvido muito. -Falou Obito, brevemente.
Rapidamente, a imagem dos três surgiu. Madara com a menina nos braços e Itachi ao lado, sorrateiro e de olhos atentos a qualquer movimentação em sua volta.
-Itachi ficou louco? Como ele pôde entregar a Sakura dessa forma? -Shura parecia querer avançar, tamanha era sua raiva.
-Fiquem aí. -Indra tocou a palma aberta no peito do irmão, o impedindo de continuar seu trajeto.
-Mas… -Sasuke começou.
-Façam o que eu disse. -Indra se pronunciou novamente, usando seu tom de voz mais autoritário. Fora o primeiro a descer da árvore e se aproximar do trio. -O que pensam que estão fazendo?
-Indra… Escute o que Madara tem a dizer. -Falou o mais novo, tomando a criança em seus braços. Sakura dormia devido ao efeito do genjutsu.
-Estou ouvindo. -Falara ríspido, os braços cruzados sobre o peito, sinalizando o completo desgosto que tinha por conversar qualquer coisa que fosse com aquele homem.
Madara se pronunciou, contando a mesma história que falara para Itachi, com os mesmos detalhes. Indra parecia ceder aos poucos, os ombros abaixando enquanto o maxilar perdia a rigidez.
-Da próxima vez que fizer algo parecido, vou te caçar, nem que tenha de chegar ao Inferno. -Dissera em um tom firme, não se deixando abater pela história contada.
Indra se afastou lentamente, com um ar de ameaça e juntou-se aos outros para contar o que realmente havia acontecido. Naquela mesma noite, todos buscaram seus cavalos e partiram em direção ao acampamento, deixando o reino para trás e um certo príncipe bastante interessado.
………………………………..………………………………..……………
Madara estava em seu cavalo, Sakura em seu colo, já livre do genjutsu. O homem a olhava a cada instante, certificando-se de que a menina estaria bem. Odiava-se por ter tido ao menos a ideia de levá-la para longe de si, a amava mais do que a si mesmo.
-Papa? -A rosada sussurrou, surgindo por sob o manto negro que lhe servia de cobertor.
-Sim, minha pequena? -Desviou os olhos da estrada por alguns segundos, percebera que Indra direcionara o olhar para eles assim que ouviu a menina falar.
-Eu te amo. -Colocou os pequenos braços em volta da cintura de Madara, deixando o rosto repousar em seu peito.
-Eu também a amo, hime. -O mais velho sorriu, sentindo-se o homem mais especial daquele planeta, mas parecia que Indra não gostara nenhum pouco daquela história.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.