Capítulo 13: Entre a razão e o coração.
Itachi olhara para o garoto durante longos segundos, os olhos fixos e cheios de raiva naquele instante. Indra não deveria ter atrapalhado, não mesmo.
-Você poderia nos ter acertado. -Falou, em voz alta, claramente alterado.
-Acha mesmo que eu iria arriscar acertar a minha garota? -Ergueu uma sobrancelha, o arco abaixando lentamente.
-Papai... Eu não… -Fora interrompida.
-Conversamos mais tarde sobre isso, está bem? -Indra desviou os olhos para ela em um rápido instante.
-E o que vão conversar, hum? Vai fazer a cabeça dela contra mim? Aceite, Indra, você não tem chances. -Se encararam durante longos segundos, um silêncio torturante se fez ali.
-Chances? Chances pra quê? -Sakura os encarava, completamente confusa com todo aquele diálogo.
-Cale sua boca. Não sabe o que diz! -Indra cerrou os punhos, os pés firmes contra o solo.
-Será que eu não sei? -Itachi o cutucou, bem na ferida. Indra parecia recuar.
Ambos se olharam por mais alguns segundos, nada diziam, apenas travavam uma batalha mental. O clima pesara ali, qualquer um podia sentir.
-Venha, vamos voltar para o acampamento. -Estendera a mão para Sakura que, realmente, não sabia o que fazer em uma situação como aquela.
-Eu… -Olhou de um para o outro, parando em Itachi, como se pedisse desculpas apenas com o olhar. Estava confusa, o coração dividido em partes.
Por fim, decidiu ir com Indra, os olhos tristonhos a seguiam. A sensação era tão estranha, mais parecia ter feito algo extremamente errado pela qual seria punida logo em seguida.
-Sakura… O que pensa que estava fazendo com Itachi naquela floresta? -Pararam no meio do caminho, o mais velho a olhando com severidade.
-Eu… Eu ia treinar com ele, aprender a usar arco e flecha, mas… Eu o beijei. -Fechou os olhos, com medo da resposta de Indra, as mãos a frente do corpo, juntas em sinal de apreensão.
-Oras, não precisa ficar com medo, hm? Sabe que não vou fazer nada que possa te machucar. -Os longos dedos deslizaram pelo cabelo macio da rosada.
-Sim, eu sei. -Suspirou, criando coragem para encará-lo. -O que o nii-san quis dizer sobre você não ter chances?
-Esqueça isso. -Indra desviou o olhar, as bochechas coradas como dois morangos.
-Certo. Han… Quando chegaram da caçada? Não ouvi os barulhos dos cavalos. -Voltaram a caminhar, um ao lado do outro. O vento parecia mais gélido que o normal.
-Bem, chegamos há pouco, Shura foi preparar algo para comermos. -Passara um dos braços em volta dos ombros da menina, a puxando para mais perto de si.
-O papai sabe cozinhar muito bem. Sabia que ele andou me ensinando? -Falara com um sorriso nos lábios, como se nada tivesse acontecido.
-Mesmo? Tenho a certeza de que vai se sair tão bem quanto ele. -Indra abriu um sorriso também, era bom vê-la feliz.
-Mas o papai Shura cozinha muito bem. Espero conseguir decorar todas as ervas e temperos que ele usa. -Andavam um ao lado do outro, a mão de Sakura por sobre o braço de Indra.
-Onde estavam? -Dizia Shura ao ouvir os passos e risadas dos dois. Parecia concentrado em mexer o caldeirão de ferro.
-Na floresta, fui buscar Sakura para ter mais aulas com você. -Dissera Indra, os olhos pareciam inquietos ao falar.
-Hum… Venha, pequena. Sente-se aqui, vou lhe mostrar como fazer carne de coelho. -Estendera o braço para fazê-la sentar por ali.
-Irei dar uma volta pelo acampamento. -Fizera um gesto rápido com a cabeça e se retirou dali, precisava checar os arredores do local.
Indra olhara para o céu, os olhos se fechando com a claridade até ouvir um barulho dentro da mata, o olhar se fixando ali, ouvidos atentos a qualquer outro som estranho.
-Tem alguém… -Pegara o arco rapidamente e o equipara com uma flecha, adentrando a floresta com cautela, o sharingan ativo.
Indra se assustou, vendo o enorme bicho de dentes expostos. Mais uma criatura da floresta? Não, aquilo não podia ser daquela dimensão. Mirara nos olhos da criatura, soltando a flecha. Ela chiou, sacudindo os braços durante longos segundos enquanto caía para trás, expelindo um líquido viscoso e negro.
-Odeio quando isso acontece… -Respirou fundo, meio ofegante pelo susto. De onde aquela criatura tinha vindo?
De repente, Indra fora arremessado em uma árvore, havia mais criaturas naquele lugar e agora o atacavam. Estava sozinho, mas talvez alguém escutasse o barulho e o viesse ajudar.
-Droga! -Tentou se colocar de pé, mas as costas doíam de um jeito que paralisara seus músculos. Os olhos apertados em dor.
Um dos monstros caíra sobre o chão, chiando como o outro, uma espada fincada em sua cabeça. Quem a havia atirado?
-Mais sorte da próxima vez. -Dissera Itachi, encarando o corpo de Indra sobre o chão.
-Obrigado. -Dissera alguns segundos mais tarde, tentando engolir o próprio orgulho.
O outro apenas deu um sorriso de canto, esquivando-se dos tentáculos daquelas criaturas que se sacudiam no ar, quebrando galhos de árvores e quase o acertando.
-De onde essas coisas vieram? -Dissera Itachi, pulando sobre uma árvore para desviar dos golpes violentos. As criaturas pareciam não desistir.
-Não faço a menor ideia. -Indra se levantou lentamente, gemendo de dor. O arco em mãos enquanto tentava acertar.
-Vai mesmo conseguir atirar? -Pulara sobre a cabeça de um deles, lhe enfiando um punhal nos olhos enquanto o deslizava para rasgar seu "rosto".
-Argh! -Os braços se cansaram, cedendo enquanto a flecha caía sobre o chão, realmente havia sofrido com o impacto na coluna.
Itachi matara os outros dois, retirando os punhais para limpá-los e usá-los depois. Olhara para Indra, indo em sua direção.
-Então, pensei que fosse duro na queda. -Riu baixinho, o ajudando a se manter de pé.
-Cale a boca. -Claramente, o humor de Indra não era um dos melhores naquele momento.
-Foi apenas uma piada. -Suspirou, vendo que a vestimenta do outro fora rasgada e tinha uma extensa trilha de sangue.
-Péssimo momento para fazer uma piada. -Sussurrou, os olhos apertados em sinal de dor.
-Preciso te levar para o acampamento, não seria muito adequado fazer isso aqui. -Referia-se a cuidar das feridas e limpar todo aquele sangue.
-Faça como quiser. -Respirou fundo, sentindo o corpo ser carregado pelo outro. Os pássaros cantavam alto, podia-se ouvir o bater de suas asas.
-Está assim, irritado, só pelo que viu entre mim e Sakura? -O olhou pelo canto dos olhos, quase chegando a barraca para atendimentos médicos.
-Sabe que não o quero perto da minha garota. -Dissera de maneira severa, mesmo com a dor que sufocava sua garganta.
-Ela não é sua, Indra. -Falou rapidamente, com firmeza, aquele assunto o irritava.
-Não? Tudo bem… Mas eu também não vou desistir dessa guerra. -Falou por fim, o corpo deitado sobre uma pequena maca de pano.
-Agora fique quieto, vou limpar as feridas. -Itachi estava sério, rasgando os tecidos da roupa do outro.
-Não vá tentar me matar enquanto eu estou aqui me contorcendo de dor. -Embora fosse uma piada, soou mais sério do que o esperado.
-Prefiro tentar fazer isso em uma situação em que você possa revidar. -Itachi retrucou, os olhos concentrados em não abrir mais aqueles machucados.
Embora estivessem naquele estranho clima, os dois tinham respeito um para com o outro, mas, quando o assunto era Sakura, o clima não ficava nada bom.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.